As brasileiras que são vítimascomo jogar sportingbet'stalking': 'Tenho medocomo jogar sportingbetsaircomo jogar sportingbetcasa e não voltar':como jogar sportingbet

“Foi quando ele passou a criar outros perfis e a me mandar solicitação sem parar. Para piorar,como jogar sportingbetalguns, ele até tentava fazer chamadacomo jogar sportingbetvídeo”.

Fernanda estava sendo vítimacomo jogar sportingbetstalking, termocomo jogar sportingbetinglês que designa o crimecomo jogar sportingbetperseguição no qual alguém invade repetidamente a vida privada da vítima presencialmente ou na internet.

“Vivi essa situação durante semanas. Ele parava e, depois, voltava. Até que um dia, resolvi atender uma das ligações”.

Foi quando, pela primeira vez, Fernanda conseguiu ver seu perseguidor: um homem que ela diz nunca ter visto antes.

“Perguntei o que ele queria e disse que já tinha procurado a polícia", conta ela.

"Foi quando ele me exigiu dinheiro para não matar minha mãe, porque ele dizia saber onde morava, mesmo sem eu nunca ter lhe falado.”

Ao desligar a chamada, a atriz levou as gravações para a polícia. Mas ninguém foi formalmente acusado do crime até agora.

“Nesse meio tempo, minha casa passou a ser rondada por carros, meu imóvel foi assaltado e já gravei dois drones a noite rondando a casa onde vivo com meus pais”, diz Fernanda.

A atriz que teve que passar a fazer tratamento para ansiedade após o caso: “Tenho medo dele estar mais próximo do que imagino”.

Fernanda diz que a última tentativacomo jogar sportingbetcontato do perseguidor aconteceu no finalcomo jogar sportingbet2023.

“Depois que publiquei um relato nas redes sociais, alertando outras mulheres, ele meio que parou, mas ainda sinto receio”, afirma a atriz.

"Hoje, tenho medocomo jogar sportingbetsaircomo jogar sportingbetcasa e não voltar, pois não sei quando estou ou não sendo perseguida.”

155 casos por dia

Histórias como acomo jogar sportingbetFernanda são mais comuns do que se imagina.

Dados do Fórum Brasileirocomo jogar sportingbetSegurança Pública (FBSP) apontam para uma médiacomo jogar sportingbetcercacomo jogar sportingbet155 casoscomo jogar sportingbetstalking registrados por dia nas delegacias brasileiras.

Para se ter uma ideia, apenascomo jogar sportingbet2022, 56.560 casos do tipo foram registrados no país.

São Paulo (17.019), no Rio Grande do Sul (5.424) e no Paraná (4.801) são os que concentram a maior parte dos registros policiaiscomo jogar sportingbetstalking no Brasil.

Em geral, a maioria dos casos registrados envolvem vítimas mulheres, entre 16 e 24 anos, e homens como perseguidores.

"Mas também existem registroscomo jogar sportingbetmulheres que perseguem homens”, diz Jamila Ferrari, delegada coordenadora das Delegaciascomo jogar sportingbetDefesa da Mulher (DDM) do Estadocomo jogar sportingbetSão Paulo.

No mundo, o termo stalking começou a ser usado no final da décadacomo jogar sportingbet1980 para descrever a perseguição insistente a celebridades pelos seus fãs.

No entanto, foi apenascomo jogar sportingbet1990, na Califórnia, Estados Unidos, que a conduta passou a ser criminalizada pela primeira vez.

Atualmente, países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália já possuem legislações específicas para lidar com o stalking.

A lei que criminaliza o stalking no Brasil écomo jogar sportingbet2021 e prevê prisãocomo jogar sportingbetseis meses a dois anos e multa para esse tipocomo jogar sportingbetconduta. 

A pena pode ser aumentada quando a vítima é criança, adolescente, idoso ou mulher.

O crime é definido como perseguição reiterada por qualquer meio, como a internet, que ameaça a integridade física e psicológicacomo jogar sportingbetalguém, interferindo na liberdade e na privacidade da vítima.

Juliana Brandão, pesquisadora sênior do FBSP, explica que, por ser um crime novo na legislação brasileira, muitos casos ainda não são registrados, porque muitas vítimas não sabem que esse tipocomo jogar sportingbetatitude é um crime.

“Na maioria dos casos, o stalking acontece com o fimcomo jogar sportingbetum relacionamento, porém temos notado um crescimentocomo jogar sportingbetcasoscomo jogar sportingbetdesconhecidos que passam a perseguir mulheres pelas redes sociais, principalmente, quando estas se recusam a ter contato”, diz Brandão.

“Nesse caso, falamoscomo jogar sportingbetcyberstalking, cuja perseguição acontece no ambiente virtual e acaba até tendo mais impactos na vida da vítima do que atos presenciais.”

Solanocomo jogar sportingbetCamargo, presidente da Comissãocomo jogar sportingbetPrivacidade, Proteçãocomo jogar sportingbetDados e Inteligência Artificial da Ordem dos Advogados do Brasilcomo jogar sportingbetSão Paulo, explica que o stalking se diferencia dos demais crimes contra a mulher pelo seu foco na perseguição persistente e indesejada.

"Enquanto outros crimes, como a violência doméstica ou o assédio sexual, podem envolver atos isolados ou específicoscomo jogar sportingbetviolência ou coerção, o stalking caracteriza-se pela repetição e pela persistência do comportamento persecutório”, diz Camargo.

Pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil classificam o stalking em três níveis:

Camargo ressalta que o stalking é um crime progressivo, o que significa que pode escalarcomo jogar sportingbetum nível mais leve para um mais grave ao longo do tempo.

"Por isso, é absolutamente imprescindível que as vítimascomo jogar sportingbetstalking busquem ajuda logo nos primeiros sinaiscomo jogar sportingbetperseguição, para prevenir a escalada do comportamento abusivo do criminoso”, alerta.

'Tremiacomo jogar sportingbetmedo'

A radialista sul-matogrossense Verlinda Robles começou a ser vítimacomo jogar sportingbetstalkingcomo jogar sportingbet2017.

Tudo começou com uma ligação na rádio. Na época, ela apresentava um programa, e um ouvinte da cidadecomo jogar sportingbetCosta Rica, no interior do Mato Grosso do Sul, passou a ligar todos dias oferecendo uma música para Verlinda.

“Sempre fui simpática com todos os ouvintes, mas fui percebendo que aquilo não era normal", diz ela.

"Agradecia o carinho pelo meu trabalho, mas dizia que aquilo já estava fugindo do normal e pedia para ele pararcomo jogar sportingbetligar.”

Mas o pedido não surtiu efeito. O homem voltou a ligar para a rádio e a pedir para falar com a radialista. Verlinda voltou a pedir que ele parasse, mas ela diz que seu perseguidor "não queria entender”.

Ela conta que a situação fugiu do controle quando o perseguidor que conseguiu seu númerocomo jogar sportingbettelefone particular.

“Era impressionante, não tinha hora. Ele me ligava no trabalho, a tarde e atécomo jogar sportingbetmadrugada", diz.

"Chegoucomo jogar sportingbetum pontocomo jogar sportingbetque eu não atendia mais telefonemas, porque sempre era ele. Eu bloqueava um número, ele me ligavacomo jogar sportingbetoutro.”

Foi quando o perseguidor passou a fazer contato com Verlindacomo jogar sportingbetoutras formas e a ligar nos telefonescomo jogar sportingbetseus amigos.

O homem passou a comprar presentes que deixava na rádio, mas ela conta que recusava todos e pedia para devolver.

"Mas ele continuava. Eu me sentia ofendida, porque já não bastasse a perseguição ele achava que podia me comprar. Lembro que, quando via ele, eu tremiacomo jogar sportingbetmedo.”

Em meio à perseguição, Verlinda resolveu se mudarcomo jogar sportingbetbuscacomo jogar sportingbetnovas oportunidadescomo jogar sportingbettrabalho.

Do norte do Mato Grosso do Sul, a radialista foi morar no sul do Estado, onde acreditava estar livre do seu perseguidor.

Passado alguns dias, um colega da rádio onde ela estava trabalhando falou para ela que tinha um homem que estava ligando todo dia me mandando um abraço.

Era o perseguidorcomo jogar sportingbetVerlinda.

Na mesma semana, ela entrou no site da operadoracomo jogar sportingbettelefonia para pegar um boleto para pagarcomo jogar sportingbetconta. Foi quando Verlinda viu que já estava paga.

"Na hora, achei estranho, pois sabia que não tinha feito o pagamento. Quando fui averiguar com a operadora, descobri que o endereçocomo jogar sportingbetentrega da conta tinha sido trocado e quem tinha pago era quem estava me perseguindo.”

A radialista resolveu então denunciar o casocomo jogar sportingbetsuas redes sociais. A publicação feitacomo jogar sportingbet2019 viralizou.

"Não sei até hoje como ele conseguiu alterar meu endereçocomo jogar sportingbetpagamento. Para eu voltar para o meu endereço, foi uma odisseia.”

A radialista também fez um boletimcomo jogar sportingbetocorrência contra o homem e se tornou uma das primeiras vítimascomo jogar sportingbetstalking no Brasil a conseguir uma medida protetiva contra um perseguidor.

Verlinda diz que muita gente até hoje pergunta porque ela não o denunciou antes.

"Sentia tanta vergonhacomo jogar sportingbetchegar na delegacia e os policiais acharem que estava querendo aparecer que fui querendo fugir dele, sem procurar ajuda.”

Com a medida protetiva, a perseguição cessou, conta Verlinda. Ela soube que, alguns meses depois, seu perseguidor morreu por problemascomo jogar sportingbetsaúde, mas os traumas ficaram.

“Confesso que até hoje olho embaixo da cama ao chegarcomo jogar sportingbetcasa por medocomo jogar sportingbetter alguém me perseguindo", diz.

"Não alugo casa sem ter grades na janela; e até para me relacionar com as pessoas tenho dificuldade. É uma sombra que, infelizmente, levo na minha vida.”

Como reagir e denunciar

Daniel Barros, do Institutocomo jogar sportingbetPsiquiatria do Hospital das Clínicas (HC) da Universidadecomo jogar sportingbetSão Paulo (USP), explica que, quando a vítimacomo jogar sportingbetstalking é uma pessoa famosa, o perseguidor tem na maioria das vezes um transtorno mental.

“O stalking com anônimos, na maior parte dos casos, não tem a ver com transtorno mental, tem a ver com gênero, do sujeito simplesmente não aceitar o fim do relacionamento ou ser rejeitado por alguém”, explica o psiquiatra.

Um estudo publicadocomo jogar sportingbet2009, no periódico Law and Human Behavior, que fez um perfilcomo jogar sportingbet200 pessoas condenadas por stalking constatou que,como jogar sportingbetmédia, apenas 25% dos casoscomo jogar sportingbetperseguição duram maiscomo jogar sportingbetum ano.

Segundo a pesquisa, o fator que leva à perseguição duradoura é o vínculo que a vítima tinha com o autor.

Assim, no casocomo jogar sportingbetex-maridos ou ex-namorados perseguidores, o stalking tende a durar mais. “O mais importante é não falar com o perseguidor", afirma Barros.

"Não troque mensagem, não fale, não tenha nenhum contato, e leve a sério a situação, pois falar com ele tende a aumentar esse comportamento, porque o perseguidor entende que conseguiu o que queria:como jogar sportingbetatenção.”

Jamila Ferrari, delegada coordenadora das Delegaciascomo jogar sportingbetDefesa da Mulher (DDM) do Estadocomo jogar sportingbetSão Paulo diz que o principal sinalcomo jogar sportingbetque uma pessoa é vítimacomo jogar sportingbetstalking é se sentir ameaçada pelas constantes investidas do perseguidor.

“O enfrentamento sem dúvida é feito com informação. Informar constantemente às pessoascomo jogar sportingbetque existe esse crime e punição para quem comete é uma das medidas mais importantescomo jogar sportingbetprevenção”, diz a delegada.

Atualmente, a vítimacomo jogar sportingbetstalking no Brasil pode procurar ajudacomo jogar sportingbetqualquer delegaciacomo jogar sportingbetpolícia.

Contudo, especialistas dizem ser aconselhável que,como jogar sportingbetcasos mais graves, a pessoa perseguida busque apoio tambémcomo jogar sportingbetadvogados, serviçoscomo jogar sportingbetassistência psicológica e gruposcomo jogar sportingbetapoio.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil recomendam algumas medidas que podem ajudar a diminuir as chancescomo jogar sportingbetser vítimacomo jogar sportingbetstalking:

“Nessas situações, mediante provas e identificação do autor, a vítima pode obter na Justiça uma ordemcomo jogar sportingbetrestrição contra o perseguidor, obrigando-o a manter distância da vítima, sob penacomo jogar sportingbetser presocomo jogar sportingbetflagrantecomo jogar sportingbetcasocomo jogar sportingbetviolação da ordem”, ressalta Solano.