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Por que é tão difícil prever um grande terremoto como o que atingiu a Turquia?:
Todo ano são registrados oficialmente mais200 mil terremotosnosso planeta, apesar de, na verdade, milhões deles ocorrerem nesse mesmo período.
Muitos passam ao largo dos registros oficiais porque são demasiadamente leves para que possamos senti-los ou porque acontecemzonas remotas que não são monitoradas pelas autoridades.
Outros, como omagnitude 7,8 que atingiu e deixou vítimas na Turquia e na Síria nesta segunda-feira (6/2), deixam milharesmortos e um rastrodestruição.
Mas seria possível retirar pessoas com antecedênciaáreas que serão afetadas — como acontece durante a passagemum furacão, por exemplo?
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A resposta é não. Isso porque é impossível prever quando um terremoto vai acontecer — salvo por alguns minutos.
Lei física
A razão é que a maioria dos terremotos ocorre pela liberação repentinauma grande tensão na crosta terrestre.
Essa tensão vai se acumulando gradualmente devido aos movimentos das placas tectônicas, normalmente ao longouma falha geológica, explica o site da British Geological Survey.
Por isso, é impossível prever quando os terremotos vão ocorrer, "basicamente pela forma como essa energia é liberada", afirmou à BBC News Mundo, o serviçoespanhol da BBC, Richard Luckett, sismólogo da instituição.
"Sabemos que a tensão está sendo acumulada nas grandes falhas e sabemos onde elas estão, mas não temos como saber quando essa energia vai ser liberada", diz.
Luckett recorre ao exemplo que normalmente usa para explicar o fenômeno às crianças.
"Se você puser um tijolo sobre uma folhalixa e lentamente retirá-la com algo, o tijolo vai se mover. Você pode repetir esse experimento dez vezes: embora aplique todas as vezes a mesma força, verá que o tijolo vai se movimentar repentinamente depoisdiferentes intervalostempo", diz Luckett.
"Em termos físicos, é completamente imprevisível", acrescenta.
Saber se uma placa tectônica onde um país onde está situado acumula pressão "não ajuda a prever terremotos, pois não sabemos quando essa energia será liberada", diz.
O que especialistas podem saber é onde há probabilidadeocorrer um terremotogrande intensidade, "já que eles têm relação com o tamanho da falha", esclarece Luckett.
Mesmo assim, isso não contribui para prever qual será a intensidadeum terremoto, já que a pressão pode ser liberadauma sériepequenos tremores ouum grande e único abalo.
No caso do evento que causou danos na Turquia e na Síria foram dois fortes tremores seguidos.
Sinais?
Mas há outros sinais a que devemos ficar atentos? Talvez uma mudança no clima ou comportamento dos animais que podem nos ajudar a prever um terremoto?
Acredita-se que os animais possam sentir as primeiras ondas que são geradas pelo terremoto - e que nós não percebemos.
"Os terremotos não têm nada a ver com o estado do tempo e certamente não há uma ligação com as mudanças climáticas", esclarece o especialista.
"São sistemas completamente diferentes", acrescenta.
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Mas, segundo ele, o caso dos animais é interessante.
Há uma sérieestudos sobre como alguns bichos exibem um comportamento distinto ante a iminênciaum terremoto.
Diz-se, por exemplo, que os cachorros latem mais ou que os animaisforma geral fazem mais barulho.
Segundo Luckett, "quando um forte terremoto acontece, provoca ondas distintas que viajam através da terra. As primeiras são muito pequenas, não causam dano, e muitas vezessequer percebemos", explica.
"Mas os animais, sim", ressalva.
Ainda assim, eles não ajudam a prever um terremoto.
"Os animais sentem essas vibrações, mas isso ocorre uma vez que o terremoto já aconteceu", assegura o especialista.
"Eles nos avisam do perigo um pouco antes (o tempo depende do intervalo entre as ondas pequenas e as grandes), da mesma forma que os alarmes", explica.
"Neste sentido, os dispositivos são mais sensíveis que os animais", completa.
Luckett diz não acreditar que será possível prever terremotos.
"O que poderemos fazer é aprimorar nossas formasdetectá-los."
Outras técnicas analisadas
Especialistasgeofísica têm se concentrado, entre outras áreas, nos chamados "terremotos lentos".
São "deslizamentos que ocorremuma falha geológica,geral, eparticular nas zonassubducção entre duas placas que estãocontato", explica Víctor Cruz-Atienza, pesquisador do InstitutoGeofísica da Universidade Nacional Autônoma do México.
Ele e seus colegas publicaram2021 um estudo sobre esse tipoterremoto que ocorrecertas regiões sísmicas, como a do sudeste mexicano, onde duas placas interagem.
Diferentemente dos tremores que sacodem a superfície, os terremotos lentos liberam energia pouco a pouco durante semanas ou meses, o que os torna imperceptíveis e nada destrutivos.
Mas especialistas afirmam que estudá-los é muito importante para entender melhor como os terremotos são gerados. Embora um tremor lento nem sempre antecipe um "normal", é um fator a ser levadoconsideração.
Em 2018, outros pesquisadores usaram com sucesso na Islândia um cabocomunicaçõesfibra ótica para avaliar a atividade sísmica.
O método testado pela equipepesquisadores, liderada por Philippe Jousset, do Centro AlemãoPesquisasGeociências (GFZ), com sedePotsdam, usou 15 kmcabofibra ótica originalmente instalado1994 entre duas usinasenergia geotérmica na Islândia.
Um pulsolaser enviado por uma única fibra do cabo foi o suficiente para determinar se havia alguma interferência.
Quando o solo e, consequentemente, o cabo se esticou ou comprimiu, os pesquisadores conseguiram gravá-lo.
Eles detectaram o tráfego local, a atividade sísmica e até mesmo os pedestres que passavam. Também captaram o sinalum forte terremoto na Indonésia.
O instrumento que deve ser anexado a cada cabo para tornar o monitoramento possível ainda é caro, mas os pesquisadores trabalhavamalternativas acessíveis.
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