‘Minha mãe foi cortesã e não me envergonho’:qual é a melhor plataforma de aposta

Crédito, MANISH GAEKWAD

Legenda da foto, Rekhabai,qual é a melhor plataforma de apostafoto da décadaqual é a melhor plataforma de aposta1990,qual é a melhor plataforma de apostaCalcutá, na Índia

Em vezqual é a melhor plataforma de apostase fecharqual é a melhor plataforma de apostacasa como as outras cortesãs (mulheres artistas), ela vestia um belo sári, noite após noite, cantando e dançando para gruposqual é a melhor plataforma de apostahomens que vinham assistir às suas apresentações no kotha – uma palavraqual é a melhor plataforma de apostaidioma hindi que designa o local onde as dançarinas profissionais se apresentavam para os homens ou, até mesmo, um bordel.

Sua vida havia lhe ensinado que as dificuldades, muitas vezes, eram o caminho da oportunidade – ou, pelo menos, da sobrevivência.

A conturbada vidaqual é a melhor plataforma de apostaRekhabai agora é temaqual é a melhor plataforma de apostaum livro, intitulado The Last Courtesan – Writing My Mother’s Memoir (“A última cortesã – escrevendo as memórias da minha mãe”,qual é a melhor plataforma de apostatradução livre). O autor é seu filho, Manish Gaekwad.

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“Minha mãe sempre quis contarqual é a melhor plataforma de apostahistória”, afirma Gaekwad. Ele não sente vergonha nem constrangimento por narrar a história como ela aconteceu. Depoisqual é a melhor plataforma de apostaviver com a mãe no kotha até o final da adolescência, a vidaqual é a melhor plataforma de apostaRekhabai não tem segredos para ele.

“Crescendo no kotha, a criança observa muito mais do que deveria”, ele conta. “Minha mãe sabia e não sentia necessidadequal é a melhor plataforma de apostaesconder nada.”

Gaekwad escreveu seu livro com base nas memórias contadas porqual é a melhor plataforma de apostamãe. A obra oferece ao leitor uma visão surpreendentemente honesta da vidaqual é a melhor plataforma de apostauma cortesã indianaqual é a melhor plataforma de apostameados do século 20.

As cortesãs – também chamadasqual é a melhor plataforma de apostatawaifs, na cultura popular indiana – já existiam desde cerca do século 2 a.C. no subcontinente indiano, segundo Madhur Gupta, dançarinaqual é a melhor plataforma de apostaOdissi – dança típica do leste da Índia – e autora do livro Courting Hindustan: The Consuming Passions of Iconic Women Performers of India (“Cortejando o Hindustão: as paixões que consumiam emblemáticas mulheres artistas da Índia”,qual é a melhor plataforma de apostatradução livre).

“Elas eram mulheres artistas, cuja função era oferecer entretenimento e prazer à realeza e aos deuses”, segundo Gupta.

Até o domínio britânico, as cortesãs indianas eram consideradas artistas respeitadas. Elas eram profundamente qualificadas nas suas artes, ricas e apadrinhadas por alguns dos homens mais poderosos daqual é a melhor plataforma de apostaépoca.

Crédito, BHANSALI PRODUCTION

Legenda da foto, O filme indiano Gangubai Kathiawadi é baseado na vida das cortesãs do país.

“Mas elas também enfrentavam a exploração nas mãos dos homens e da sociedade”, afirma Gupta.

A cultura das cortesãs na Índia começou a declinar quando os britânicos criaram leis destinadas a restringir essa prática. Eles as consideravam dançarinas ou profissionais do sexo.

O seu status caiu ainda mais depois da independência da Índiaqual é a melhor plataforma de aposta1947, quando muitas cortesãs foram forçadas e prostituir-se para sobreviver. A prática extinguiu-se por completo, mas as históriasqual é a melhor plataforma de apostacortesãs famosas e suas vidas fascinantes foram perpetuadasqual é a melhor plataforma de apostalivros e filmes.

Uma dessas histórias é exatamente aqual é a melhor plataforma de apostaRekhabai.

Ela nasceuqual é a melhor plataforma de apostauma família pobre na cidadequal é a melhor plataforma de apostaPune, no oeste da Índia. Era a sextaqual é a melhor plataforma de aposta10 irmãos. Rekhabai não se lembra exatamente da data ou do ano, poisqual é a melhor plataforma de apostanoçãoqual é a melhor plataforma de apostatempo é nebulosa.

Cansadoqual é a melhor plataforma de apostagerar cinco meninas, seu pai, embriagado, teria tentado afogá-laqual é a melhor plataforma de apostaum lago quando ela nasceu.

Com nove ou 10 anosqual é a melhor plataforma de apostaidade, Rekhabai casou-se para liquidar uma dívida da família. Mais tarde, ela foi vendida pelos sogros para um kotha na regiãoqual é a melhor plataforma de apostaBowbazar,qual é a melhor plataforma de apostaCalcutá, no leste do país.

Rekhabai ainda não era adolescente quando começou a aprender a cantar e dançar, para se tornar tawaif. Masqual é a melhor plataforma de apostavida e seus ganhos eram controlados por uma mulher da família que também era cortesã no mesmo local.

Durante a guerra sino-indianaqual é a melhor plataforma de aposta1962, essa mulher saiu do kotha e Rekhabai teve a chancequal é a melhor plataforma de apostaassumirqual é a melhor plataforma de apostaprópria vida. Suas apresentações à luzqual é a melhor plataforma de apostavelas a ajudaram a ganhar independência e a fizeram perceber que ela podia serqual é a melhor plataforma de apostaprópria provedora e protetora, se tivesse coragem suficiente.

Este princípio a orientaria pelo resto da vida.

Liberdade e conflitos

Crédito, MANISH GAEKWAD

Legenda da foto, O kotha da Casa do Congresso Nacional Indianoqual é a melhor plataforma de apostaMumbai (oeste da Índia), na décadaqual é a melhor plataforma de aposta1980

Ao contrário das personagens famosas dos filmesqual é a melhor plataforma de apostaBollywood, como Umrao Jaan e Pakeezah, Rekhabai nunca desejou ter um homem.

Ela decidiu não se casar novamente, apesarqual é a melhor plataforma de apostater uma longa listaqual é a melhor plataforma de apostaprotetores que a cortejavam. Seus pretendentes variavamqual é a melhor plataforma de apostapequenos criminosos até ricos xeques e músicos renomados, mas casar-se significaria deixarqual é a melhor plataforma de apostavidaqual é a melhor plataforma de apostatawaif e deixar o kotha.

Ironicamente, o kotha – o pequeno espaço no qual ela se apresentava, morava, criava seu filho e onde abrigou diversos familiares,qual é a melhor plataforma de apostadiferentes épocas – tornou-se seu símboloqual é a melhor plataforma de apostaliberdade e poder.

Ainda assim, o kotha também era um espaço repletoqual é a melhor plataforma de apostaconflitos e dificuldades, onde as circunstâncias destruíam a inocência, eliminavam a humanidade e evocavam emoções destrutivas, como raiva, medo e desespero.

No seu livro, Gaekwad narra algumas lembranças profundamente perturbadoras contadas porqual é a melhor plataforma de apostamãe, como o casoqual é a melhor plataforma de apostaque um marginal sacou uma arma para atirarqual é a melhor plataforma de apostaRekhabai por ter se recusado a se casar com ele.

Em outro ponto, Rekhabai relembra o abuso que sofreuqual é a melhor plataforma de apostaoutras cortesãs, com ciúmes do seu sucesso. Algumas tentaram intimidá-la contratando gângsteres para ficar à espreita no ladoqual é a melhor plataforma de apostafora do seu quarto, enquanto outras a chamaramqual é a melhor plataforma de apostaprostituta – o que não era o caso.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, As cortesãs foram retratadasqual é a melhor plataforma de apostadiversos filmes indianosqual é a melhor plataforma de apostaBollywood

Mas o kotha também formou a mulher determinada que ela acabaria se tornando. Foi ali que Rekhabai descobriu seu talentoqual é a melhor plataforma de apostadançarina e o poder que ela exercia sobre os homens que procuravam escapar das suas próprias inseguranças ou do tédio e da melancolia da vida.

Foi no kotha que ela aprendeu a ler os homens pela forma como eles a tratavam e a aplacar os egos quando necessário – ou despedaçá-los, se eles ameaçassem destruir o seu próprio.

“Eu dominava a linguagem do kotha. Eu tinha que falar quando era necessário”, ela conta.

Mas, ao lado daquela artista charmosa, esperta e exuberante, o kotha também viu Rekhabai transformar-sequal é a melhor plataforma de apostauma mãe coruja, intensamente protetora, que fazia tudo ao seu alcance para dar uma vida melhor para o seu filho.

Quando Manish Gaekwad era bebê, ela o mantinha ao seu lado no kotha. Rekhabai relembra como ela corria para ver como estava a criança entre cada apresentação, se achasse que havia ouvido seu choro.

Mais tarde, ela o mandou para um internato e comprou um apartamento, para que ele pudesse convidar seus amigos para passar a noite sem constrangimentos.

Rekhabai se orgulhava pelo homem que seu filho se tornou, embora o ensino médioqual é a melhor plataforma de apostainglês e a criação mais refinada do internato tenha feito com que ele ficasse diferente delaqual é a melhor plataforma de apostamuitas formas.

Ela relembra uma história encantadora, quando seu filho a visitou nas férias da escola e pediu garfo e colher para comer.

“Eu conhecia o garfo [kaanta,qual é a melhor plataforma de apostahindi], mas nunca havia ouvido aquele nomequal é a melhor plataforma de apostainglês antes [fork]... Precisei ir ao mercado comprar quando você explicou [o que era aquilo]”, conta ela no livro.

No final dos anos 2000, a cultura das cortesãs havia desaparecido por completo. Rekhabai deixou o kotha para viver no seu apartamentoqual é a melhor plataforma de apostaCalcutá. Ela morreuqual é a melhor plataforma de apostaMumbai, no oeste da Índia,qual é a melhor plataforma de apostafevereiro.

Gaekwad conta que irá admirarqual é a melhor plataforma de apostamãe para sempre, comqual é a melhor plataforma de apostacoragem, seu talento e seu gosto pela vida.

“Espero que os homens leiam este livro.” Segundo ele, os homens indianos têm essas “noções sobre a figura materna,qual é a melhor plataforma de apostaque ela precisa ser um modeloqual é a melhor plataforma de apostapureza”.

“Mas espero que este livro ajude as pessoas a identificar a individualidade das suas mães e aceitar quem elas são como pessoas, independentemente do seu relacionamento conosco”, conclui Gaekwad.