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Netanyahu 'ignorou recomendação' sobre cortar financiamento do Hamas, diz ex-chefe do Mossad:royal roleta
A reação militarroyal roletaIsrael já matou 29 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde da Faixaroyal roletaGaza, administrado pelo Hamas.
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Fim do Matérias recomendadas
Levy foi chefe do departamentoroyal roletafinanças para a guerra do Mossad – o serviço secreto israelense – até 2016. Ele afirma que disse a Netanyahu várias vezes que Israel tinha os meios necessários para destruir o Hamas, que controla a Faixaroyal roletaGaza, "usando apenas instrumentos financeiros".
Levy conta que Netanyahu nunca respondeu àroyal roletaproposta.
Questionado se ele achava que haveria uma conexão entre a alegada relutância do primeiro-ministroroyal roletaatacar as finanças do Hamas e o ataqueroyal roleta7royal roletaoutubro, Levy é categórico.
"Sim, é claro", respondeu ele. "Existe uma boa possibilidaderoyal roletaque... [teríamos] evitado [a entrada de] muito dinheiro"royal roletaGaza e que "o monstro construído pelo Hamas provavelmente [não seria] o mesmo monstro que enfrentamosroyal roleta7royal roletaoutubro."
O Hamas teria precisadoroyal roleta"bilhões, não milhões"royal roletadólares, segundo o antigo cheferoyal roletaespionagem, para construir centenasroyal roletaquilômetrosroyal roletatúneis sob a Faixaroyal roletaGaza e pagar por uma força militar estimadaroyal roleta30 mil combatentes.
Levy afirma que apresentou a Netanyahuroyal roleta2014 um fluxoroyal roletafinanciamento específico. Era um suposto portfólio multimilionárioroyal roletainvestimentos que, segundo a inteligência israelense, era controlado pelo Hamas e administrado na Turquia.
Levy afirma que Netanyahu decidiu não agir com base naquela informação.
O Hamas rejeita o direito à existênciaroyal roletaIsrael e tem como compromisso aroyal roletadestruição. O grupo é muito mais do que uma força militar. É um movimento político, com apoio financeiro que se estende para muito além da Faixaroyal roletaGaza.
"Falamos sobre o Catar e o Irã como principais financiadores", afirma Levy, sobre suas discussões com Netanyahu. "A Turquia,royal roletacertos aspectos, é até mais importante, pois é um ponto focal crítico para que o Hamas administre [sua] infraestrutura financeira."
O BBC Panorama investigou documentos obtidos algum tempo antes do ataqueroyal roleta7royal roletaoutubro, que revelam a extensão do portfólioroyal roletainvestimentos do Hamas.
Esses documentos são o relatoroyal roletaum períodoroyal roletaoito meses que termina no inícioroyal roleta2018. Segundo a inteligência israelense, eles mostram como o Hamas consegue parte do seu dinheiro.
Acredita-se que cercaroyal roleta40 empresas do Oriente Médio e do norte da África estejam no portfólio, incluindo países como a Arábia Saudita, Argélia, Sudão, Egito, países do Golfo e também a Turquia.
Os supostos investimentos incluemroyal roletatudo, desde construçãoroyal roletarodovias, produtos farmacêuticos e equipamentos médicos até o turismo, mineração, prospecçãoroyal roletaouro e projetos imobiliáriosroyal roletaluxo.
Desde 2022, seis das empresas relacionadas nos documentos foram indicadas pelo Tesouro americano como sendoroyal roletapropriedade do Hamas ou controladas pelo grupo, direta ou indiretamente. Os Estados Unidos restringiramroyal roletacapacidaderoyal roletafazer negócios, por meioroyal roletasanções.
Ao ladoroyal roletacada empresa relacionada no portfólio, encontra-se o que se afirma ser o valorroyal roletacada holding controlada pelo Hamas. Para algumas das companhias, o valor chega à casa dos milhõesroyal roletadólares. O valor total éroyal roletaquase US$ 423 milhões (cercaroyal roletaR$ 2,1 bilhões).
Afirma-se que grande parte desse valor está relacionada a imóveis.
Os investimentosroyal roletaimóveis mantêm seu valorroyal roletamercado e têm o potencialroyal roletagerar renda na formaroyal roletaaluguéis. Eles são um "caminho perfeito" para uma organização como o Hamas administrar suas finanças, afirma Tom Keatinge, diretor fundador do Centroroyal roletaEstudosroyal roletaSegurança e Crimes Financeiros (CFCS, na siglaroyal roletainglês) do Royal United Services Institute (Rusi), um think tank (centroroyal roletapesquisa e debates) com sederoyal roletaLondres.
Uma das empresas sancionadas pelos Estados Unidos é a companhia imobiliária turca Trend GYO.
No documentoroyal roleta2018, essa empresa é indicada por várias vezes como Anda Turk. Os documentos mostram que este era um antigo nome comercial da companhia, antesroyal roletamudar seu nome para Trend e passar a ser negociada na bolsaroyal roletavalores da capital turca, Istambul.
Os ataquesroyal roleta7royal roletaoutubro – ou, como o Hamas os chama, a "Operação Inundação Al-Aqsa" – foram recentemente elogiados pelo ex-presidente da Trend, Hamid Abdullah al-Ahmar. Ele deixou o cargoroyal roleta2022, mas permanece na chefia da companhia proprietária da Trend.
Em uma conferênciaroyal roletaIstambulroyal roletajaneiroroyal roleta2024, al-Ahmar foi filmado dizendo: "Nós nos encontramos... quando a Inundação Aqsa está no seu auge, uma enchente estrondosa e esmagadora que nunca irá parar até que a ocupação da amada Palestina seja derrotada."
Ele prosseguiu, convocando a conferência a "trabalhar para criminalizar o sionismo como um movimento racista e terrorista".
O BBC Panorama escreveu para al-Ahmar, mas não recebeu resposta. Já a companhia Trend informou que as acusações do Tesouro americano sobre ligações entre a empresa e o Hamas eram "injustas e infundadas".
As autoridades da Turquia afirmaram que investigaram a Trend e não encontram "abuso do sistema financeiro do nosso país" e que a Turquia respeita as normas financeiras internacionais.
Mas o Hamas também tem diversas outras fontesroyal roletafinanciamentoroyal roletalongo prazo.
Um dos primeiros e mais importantes financiadores chama-se Yahya Sinwar, agora chefe do braço político do Hamasroyal roletaGaza.
Israel afirma que ele começou a levantar fundos para o Hamas enquanto era prisioneiro no país. Em 1988, Sinwar foi preso por assassinar palestinos que ele suspeitava estarem espionando para Israel.
O ex-funcionário da agênciaroyal roletasegurança israelense Micha Koubi afirma que o interrogou por maisroyal roleta150 horas. Ele conta que Sinwar conseguiu estabelecer relações com o Irã enviando mensagens secretas da prisão.
Em 2007, um ano depois que o Hamas foi eleito para assumir o poder na Faixaroyal roletaGaza, Israel e o Egito reforçaram o bloqueio sobre a região. Os dois países vizinhos alegaram preocupações com aroyal roletasegurança.
Para Koubi, as conexõesroyal roletaSinwar no Irã o ajudaram a romper o bloqueio.
"Ele enviou mensageiros para o Irã, para iniciar o contato", conta Koubi. "Ele pediu que eles enviassem... armas. E eles concordaramroyal roletaajudar [o Hamas] com tudo o que eles precisassem. Aquilo foi só o começo."
O dinheiro para o Hamas também chegava do Catar, pelas vias legais e clandestinas, segundo Udi Levy.
Israel reconheceu que parte do dinheiro era entregueroyal roletaespécie com aroyal roletaaprovação. Os fundos eram alocados para pagar os salários dos funcionários do governo do Hamas e fornecer apoio humanitário para a população da Faixaroyal roletaGaza.
"Os cataris [tinham] um enviado especial que vinha todo mês, com um jato particular para Rafah [no sul da Faixaroyal roletaGaza] com uma mala", conta Levy. "Ele entravaroyal roletaGaza, entregava a mala para o Hamas, cumprimentava e voltava, era assim."
Levy declarou ao BBC Panorama que acredita que "um montante significativo desse dinheiro" seguia para "apoiar o braço militar do Hamas".
Outros bilhões foram fornecidos por agências das Nações Unidas, pela União Europeia, pela Autoridade Palestina na Cisjordânia e por inúmeras entidades assistenciais. Todo esse dinheiro era destinado a fins humanitários.
Tom Keating acredita que é uma "avaliação razoável" pensar que esse dinheiro pode ter subsidiado o braço militar do Hamas. Para ele, "é dinheiro que [o Hamas] pode usarroyal roletaoutros projetos, como construir túneis, como armar o seu exército".
É impossível saber se e quanto dinheiroroyal roletadoadores pode ter sido apropriado pelo Hamas para fins militares.
O grupo nega ter desviado qualquer dinheiro recebidoroyal roletaassistência. Ele declarou ao BBC Panorama que o seu braço militar tinha suas próprias fontesroyal roletafinanciamento.
O primeiro-ministro israelense já deixou clararoyal roletaoposição à criaçãoroyal roletaum Estado palestino e afirma que objetivo estratégico está relacionado àroyal roletaposição sobre o financiamento do Hamas.
Em 2019, Netanyahu declarou aos seus colegas do partido governista Likud que "qualquer pessoa que desejar impedir o estabelecimentoroyal roletaum Estado palestino precisa fortalecer o apoio ao Hamas e transferir dinheiro para o Hamas... Esta é parte da nossa estratégia – isolar os palestinosroyal roletaGaza dos palestinos na Cisjordânia."
Manter o Hamas suficientemente forte para ser um rival eficiente contra o Fatah – o adversário do grupo na Cisjordânia – evitaria a possibilidaderoyal roletasurgir uma "liderança palestina unificada com quem seria preciso negociar algum tiporoyal roletaacordo final", afirma Khaled Elgindy, especialistaroyal roletaassuntos palestino-israelenses do think tank Middle East Institute,royal roletaWashington DC, nos Estados Unidos.
Mais recentemente, Netanyahu negou que quisesse fortalecer o Hamas e afirmou que só havia permitido a entradaroyal roletadinheiro do Catar na Faixaroyal roletaGaza para evitar uma crise humanitária.
Agora, Netanyahu prometeu destruir o Hamas. Não haverá "nenhum elemento"royal roletaGaza que financie o terrorismo, segundo ele.
Mas, com tanta destruição na Faixaroyal roletaGaza e a morteroyal roletatantos palestinos, Israel pode atingir o efeito contrário.
"O Irã provavelmente irá continuar a armar e apoiar financeiramente o Hamas", segundo Elgindy. "Mais do que isso, enquanto houver uma razão para que um grupo como o Hamas tente adquirir essas armas, esses recursos e essas capacidades, eles irão fazer."
"Porque as justificativas, as razões para isso ainda persistem."
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