Cartilha da desinformação: como agem os grupos que usam redes sociais para espalhar fake news e mobilizar eleitores:como nunca perder nas apostas esportivas
Essa ideia não nasceu no 8como nunca perder nas apostas esportivasjaneiro. Por maiscomo nunca perder nas apostas esportivasum ano, mensagens que circularam nas redes sociais espalharam a falsa ideiacomo nunca perder nas apostas esportivasque as urnas eletrônicas não eram seguras ecomo nunca perder nas apostas esportivasque a Constituição, por meiocomo nunca perder nas apostas esportivasseu artigo 142, autorizaria uma intervenção militarcomo nunca perder nas apostas esportivascasos excepcionais para restabelecer a ordem.
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NG DE CONTA
Atlético Mineiro: Previsão dos Jogos como nunca perder nas apostas esportivas Hoje
O Galo tem uma partida emocionante hoje à noite e você não pode perdê-la! Como fã apaixonado, é importante ficar por dentro das últimas notícias e previsões. Vamos dar uma olhada na previsão do jogo do Atlético Mineiro como nunca perder nas apostas esportivas hoje.
A forma do time
Atlético Mineiro tem tido um desempenho impressionante na temporada atual, com uma série como nunca perder nas apostas esportivas vitórias significativas. A equipe está como nunca perder nas apostas esportivas {k0} alta forma e com certeza será um desafio para os oponentes como nunca perder nas apostas esportivas hoje. Confiante e determinado, o Galo está pronto para dar tudo como nunca perder nas apostas esportivas si na partida.
Os oponentes
Hoje, o Atlético Mineiro enfrenta um oponente formidável. A chave para a vitória será uma sólida defesa e uma ofensiva agressiva. Os jogadores devem se concentrar como nunca perder nas apostas esportivas {k0} manter a posse da bola e aproveitar as oportunidades como nunca perder nas apostas esportivas marcar.
A chave para a vitória
Para sair vitorioso, o Atlético Mineiro deve se concentrar como nunca perder nas apostas esportivas {k0} manter uma boa comunicação como nunca perder nas apostas esportivas {k0} campo e manter a calma sob pressão. A equipe deve se concentrar como nunca perder nas apostas esportivas {k0} aproveitar as falhas do oponente e capitalizar como nunca perder nas apostas esportivas {k0} suas próprias oportunidades como nunca perder nas apostas esportivas marcar. Com sorte, o Galo terá uma noite como nunca perder nas apostas esportivas sucesso.
Previsão final
Embora a partida como nunca perder nas apostas esportivas hoje seja um desafio, acreditamos que o Atlético Mineiro terá sucesso. Com sua forma atual e espírito indomável, a equipe está pronta para enfrentar qualquer desafio. Nossa previsão final: vitória do Atlético Mineiro!
Não se esqueça como nunca perder nas apostas esportivas torcer e desejar sorte ao seu time favorito. E lembre-se como nunca perder nas apostas esportivas assistir à partida hoje à noite!
para expressar uma vitória, sucesso ou resultado positivo como nunca perder nas apostas esportivas {k0} uma determinada
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Fim do Matérias recomendadas
O uso das redes sociais para espalhar desinformação e engajar eleitores é um fenômeno deste século 21. E isso vale para todo o espectro ideológico, ressalta Darren Linvill, professor da Universidadecomo nunca perder nas apostas esportivasClemson, do Estado americano da Carolina do Sul, e pesquisador do Watt Family Innovation Center Media Forensics Hub.
"Acontece na extrema direita e na extrema esquerda, assim como no centro. Estácomo nunca perder nas apostas esportivastoda parte."
Uma toneladacomo nunca perder nas apostas esportivascocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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Muitos movimentoscomo nunca perder nas apostas esportivasdireita e extrema direita, contudo, acabaram se beneficiando do fatocomo nunca perder nas apostas esportivasterem sido os primeiros a explorar as redes sociais como plataforma para comunicação política, pontua Lisa-Maria Neudert, pesquisadora do Oxford Internet Institute, ligado à Universidadecomo nunca perder nas apostas esportivasOxford.
"Na Europa, os movimentoscomo nunca perder nas apostas esportivasextrema direita estão entre os primeiros que olharam para as redes sociais. Quando os partidos políticos começaram a experimentar nesse mundo, também foram os partidoscomo nunca perder nas apostas esportivasdireita - e acho que isso lhes deu enorme vantagem", avalia.
No Brasil, os estudoscomo nunca perder nas apostas esportivasanálise descritiva feitos desde que as redes sociais mudaram a maneira como as pessoas se comunicam e consomem notícias sinalizam que o compartilhamento é maior entre gruposcomo nunca perder nas apostas esportivasdireita e extrema direita, pontua o cientista social Tiago Ventura, pós-doutorando no Center for Social Media and Politics da New York University.
Foi o que observaram no último ciclo eleitoral Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, plataforma que fez parte da força-tarefa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra desinformação durante a campanhacomo nunca perder nas apostas esportivas2022 e que monitoroucomo nunca perder nas apostas esportivasforma anonimizada 15 mil gruposcomo nunca perder nas apostas esportivasWhatsApp nesse período.
"Do primeiro para o segundo turno, a gente percebia que havia uma estratégia muito claracomo nunca perder nas apostas esportivaspropagaçãocomo nunca perder nas apostas esportivasfake news, e isso era mais difundido nos grupos que tinham um teor maiscomo nunca perder nas apostas esportivasdireita", relata Fakhouri.
"Nos nossos gráficos conseguimos ver que foi muito superior o númerocomo nunca perder nas apostas esportivasfake news a favorcomo nunca perder nas apostas esportivasBolsonaro quando comparado ao volumecomo nunca perder nas apostas esportivasnotícias falsas a favorcomo nunca perder nas apostas esportivasLula. Eles já tinham uma estrutura pra fazer isso — e faziam com muita consistência."
A estrutura e a consistência às quais ele faz referência fazem parte do ecossistema da desinformação que se desenhou no Brasil com a chegada das redes sociais e a ascensãocomo nunca perder nas apostas esportivasJair Bolsonaro como liderança da direita conservadora.
Pesquisadores que se debruçam sobre o tema vêm mapeando nos últimos anos as estratégias por trás das campanhas desinformativas ligadas ao bolsonarismo — uma espéciecomo nunca perder nas apostas esportivas"cartilhacomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação", que a BBC News Brasil reuniucomo nunca perder nas apostas esportivasentrevistas e detalha a seguir:
Produção da narrativa
O ciclo começa com a produção do conteúdocomo nunca perder nas apostas esportivassi, que pode ter diferentes origens:como nunca perder nas apostas esportivasperfis com poucos seguidores ou muito populares nas redes sociais às chamadas plataformascomo nunca perder nas apostas esportivasjunk news, sitescomo nunca perder nas apostas esportivasnotícias que operam sem os rigores e valores do jornalismo.
O tom da mensagem,como nunca perder nas apostas esportivasgeral, é polêmico e controverso, e não por acaso — as emoções engajam (especialmente o medo, a indignação e a surpresa, como mostra a pesquisacomo nunca perder nas apostas esportivaspsicologia social), e a ideia, nesse caso, é mobilizar o máximocomo nunca perder nas apostas esportivaspessoas possível.
A estratégia vai ao encontro do discurso do escritor Olavocomo nunca perder nas apostas esportivasCarvalho, falecidocomo nunca perder nas apostas esportivas2022 e considerado "guru" ideológico do bolsonarismo, que afirmava que direita e esquerda estariamcomo nunca perder nas apostas esportivasmeio a uma "guerra cultural" e que pautar o debate público seria uma estratégia para fortalecer o campo da direita conservadora.
"Ele costumava dizer que, 'para pautar, você tem que chocar'", diz Pedro Bruzzi, sócio da consultoria Arquimedes, que desde 2018 monitora as redes sociais.
Olavocomo nunca perder nas apostas esportivasCarvalho ministrou durante anos um curso onlinecomo nunca perder nas apostas esportivasfilosofia — apesarcomo nunca perder nas apostas esportivasnão ter concluídocomo nunca perder nas apostas esportivasformação universitária na área.
Formou milharescomo nunca perder nas apostas esportivasalunos, alguns dos quais se tornaram parte do primeiro escalão do governo Bolsonaro, como Ernesto Araújo e Abraham Weintraub.
"Você tem que chocar, tem que causar, tem que falar palavrão — ele dizia isso. É a 'chuva dourada', sabe? 'O que é golden shower' pautou o debate no meio do Carnaval. Bolsonaro pautou o debate com um tuíte", diz ele, referindo-se ao episódio ocorridocomo nunca perder nas apostas esportivas2019. A postagem, que fazia referência a uma prática sexual, foi excluída dias depois.
Bruzzi, que atualmente pesquisa a relação entre política e mídias sociaiscomo nunca perder nas apostas esportivasseu doutorado na EAESP-FGV, conta que, quando começou a observar as redescomo nunca perder nas apostas esportivas2018, "as campanhascomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação eram toscas" nos meios bolsonaristas — algo que vai mudando com o passar dos anos.
"Era a fake news da 'mamadeiracomo nunca perder nas apostas esportivaspiroca'", ele ilustra, referindo-se à notícia falsa que circulou naquela eleição e que acusava o Partido dos Trabalhadores (PT)como nunca perder nas apostas esportivasdistribuir o objetocomo nunca perder nas apostas esportivascreches pelo país.
"Eles não tinham tanto refino, mas tinham uma percepção, já naquela época, dessa construção,como nunca perder nas apostas esportivaspautar o debate. Isso é importante também."
Testecomo nunca perder nas apostas esportivasreceptividade
Definido o conteúdo, o passo seguinte é verificar se ele provoca engajamento.
A equação do engajamento tem diversos fatores. Um deles são os influenciadores, gente que cresceu nas redes sociais, seja amparada por uma institucionalidade (como jornalistas e políticos) ou não (perfis que se tornam famosos sem que seus donos já fossem pessoas públicas).
Outro elemento importante é a predisposição que o público tem para embarcar no tema.
"A fake news pode até impactar, mas, se não tiver apelo na sociedade, o assunto vai morrer", ressalta Bruzzi.
É o que apontam as pesquisas na áreacomo nunca perder nas apostas esportivaspsicologia social. As pessoas estão mais inclinadas a assimilar uma informação que estácomo nunca perder nas apostas esportivaslinha com mensagens e valores que acreditam ser verdade.
É o fenômeno chamadocomo nunca perder nas apostas esportivas"viéscomo nunca perder nas apostas esportivasconfirmação": as visões e opiniões que confirmam as crençascomo nunca perder nas apostas esportivasquem as está lendo são vistas como mais críveis, independentemente da qualidade do argumento.
Além disso, alguém que acreditacomo nunca perder nas apostas esportivasalgo que não é verdade tem menos inclinação para aceitar argumentos que contradigam essa crença, como aponta um estudo publicadocomo nunca perder nas apostas esportivas2016 pelos pesquisadores americanos Christopher Paul e Miriam Matthews,como nunca perder nas apostas esportivasque apresentam estas e outras características da psicologia humana que ajudam a entender porque as notícias falsas se espalham mais rápido do que as verdadeiras.
Na fase do testecomo nunca perder nas apostas esportivasreceptividade, os assuntos que têm maior potencial para gerar impacto passam para a etapa seguinte, a da amplificação, enquanto aqueles que não engajam são remodelados ou simplesmente abandonados.
Felipe Bailez, da Palver, dá um exemplo prático nesse sentido que observou no monitoramento das redes.
Quando, às vésperas do segundo turnocomo nunca perder nas apostas esportivas2022, a deputada Carla Zambelli sacou uma arma e a apontou para um homemcomo nunca perder nas apostas esportivasum bairro nobrecomo nunca perder nas apostas esportivasSão Paulo, uma sériecomo nunca perder nas apostas esportivasperfiscomo nunca perder nas apostas esportivasinfluenciadores bolsonaristas se manifestaram inicialmente emcomo nunca perder nas apostas esportivasdefesa.
"Quando viram que aquilo falhou, todo mundo se colocou contra."
Credibilidade do porta-voz: desinformação participativa
Para que o conteúdo atinja o maior númerocomo nunca perder nas apostas esportivaspessoas possível, além do apelo emocional do tema e da inclinação da audiência para engajar nele, a percepçãocomo nunca perder nas apostas esportivascredibilidade dos porta-vozes é fundamental.
E, nesse aspecto, dois atores são importantes: quem produz a mensagem e quem a distribui.
O geradorcomo nunca perder nas apostas esportivasconteúdo,como nunca perder nas apostas esportivasgeral, é alguém com "peso no debate", diz Bruzzi: um influenciador, um político ou alguém que possa ser considerado "autoridade"como nunca perder nas apostas esportivasdeterminado tema.
Aquele que "entrega" a mensagem, porcomo nunca perder nas apostas esportivasvez — que a compartilha no Facebook, no Instagram ou no grupo da família no WhatsApp —, é geralmente alguém muito mais próximo do interlocutor.
"A desinformaçãocomo nunca perder nas apostas esportivasextrema direita, que é muito associada ao bolsonarismo no Brasil, atuacomo nunca perder nas apostas esportivasmaneira coordenada e difusa ao mesmo tempo", pontua Bruzzi, referindo-se,como nunca perder nas apostas esportivasum lado, às lideranças que lançam os temas e,como nunca perder nas apostas esportivasoutro, às pessoas comuns, que os amplificam e colocamcomo nunca perder nas apostas esportivasevidência quando compartilham e fazem os conteúdos circularem.
O WhatsApp tem um peso mais relevante no Brasil do quecomo nunca perder nas apostas esportivasoutros países no contexto da desinformação.
E essa característica é também um desafio para os cientistas dessa área — como a informação é criptografadacomo nunca perder nas apostas esportivasponta a ponta, realizar pesquisa com dados na plataforma é mais difícil do quecomo nunca perder nas apostas esportivasoutras, e geralmente envolve acessos a grupos públicos, que são uma janela para apenas parte do que acontece nessa rede.
Ventura ressalta que, nos questionários que aplicacomo nunca perder nas apostas esportivassuas pesquisas, é comum que as pessoas digam que a rede por onde mais recebem notícias falsas é o WhatsApp.
Nesse sentido, ele chama atenção para um levantamento recente do Reuters Institute que apontou que quase metade (48%) dos brasileiros entrevistados disse consumir notícias pela plataforma.
"O WhatsApp não tem feed (um campo específico onde o conteúdo é exibido e o usuário pode navegar por ele)como nunca perder nas apostas esportivasnotícias, então tudo isso é consumido via envio e compartilhamento."
Ativação: expansão no debate público
Esse é o momentocomo nunca perder nas apostas esportivasque o assunto toma conta do debate público.
Os pesquisadores ouvidos pela reportagem ressaltam terem observado, nos últimos anos, que este costuma ser o momentocomo nunca perder nas apostas esportivasque o ex-presidente Jair Bolsonaro entra na conversa.
"Os nomes influentes testam os temas. Se não pegou, 'flopou', eles esquecem, enquanto Bolsonaro só vai na 'bola boa' — a gente viu issocomo nunca perder nas apostas esportivasvários episódios", diz Bruzzi.
"O casocomo nunca perder nas apostas esportivasBolsonaro e a Nicarágua durante a sabatina do Jornal Nacional. Esse tema já estavacomo nunca perder nas apostas esportivasalta no WhatsApp,como nunca perder nas apostas esportivasascendência. Dias antes ele vinha crescendo", ilustra Bailez, da Palver.
A questão da Nicarágua é um exemplocomo nunca perder nas apostas esportivascomo o ecossistema da desinformação vai se sofisticando com o tempo e passa cada vez mais usar notícias verdadeiras para construir narrativas falsas.
O governocomo nunca perder nas apostas esportivasDaniel Ortega, que está no poder desde 2007, tem uma relação conflituosa com a Igreja Católica. Em agostocomo nunca perder nas apostas esportivas2022, chegou a prender o bispo Rolando Alvarez, que denunciava violações dos direitos humanos no país.
No Brasil, as mensagens que circulamcomo nunca perder nas apostas esportivasgrupos bolsonaristas sobre o país nessa época trazem esse histórico acompanhadocomo nunca perder nas apostas esportivasfotoscomo nunca perder nas apostas esportivasLula com Ortega ecomo nunca perder nas apostas esportivasinsinuaçõescomo nunca perder nas apostas esportivasque, se eleito, o petista promoveria perseguição religiosa no Brasil.
Foi esse o teorcomo nunca perder nas apostas esportivasuma das publicaçõescomo nunca perder nas apostas esportivasEduardo Bolsonarocomo nunca perder nas apostas esportivassuas redescomo nunca perder nas apostas esportivas19como nunca perder nas apostas esportivasagostocomo nunca perder nas apostas esportivas2022, uma montagem com os dizeres "Lula e PT apoiam invasõescomo nunca perder nas apostas esportivasigrejas e perseguiçãocomo nunca perder nas apostas esportivascristãos".
A postagem foi removidacomo nunca perder nas apostas esportivassetembro por determinação do TSE, por "deturpar e descontextualizar quatro notícias a fimcomo nunca perder nas apostas esportivasgerar a falsa conclusão, no eleitor,como nunca perder nas apostas esportivasque o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores apoiam invasãocomo nunca perder nas apostas esportivasigrejas e a perseguiçãocomo nunca perder nas apostas esportivascristãos".
Em 22como nunca perder nas apostas esportivasagosto — três dias depois dos posts do filho — Bolsonaro participa da sabatina do Jornal Nacional com a palavra "Nicarágua" escrita na mão.
Em setembro, ao condenar a derrubada do sinal da CNN do ar naquele país, o presidente toca no assunto e afirma que Ortega é apoiado por Lula.
No mês seguinte, já próximo do primeiro turno, questiona o petista sobre o regime na Nicarágua no debate da Band.
"A base já sabe como reagir a um tópico que aparececomo nunca perder nas apostas esportivasevidência quando Bolsonaro o traz. A oposição passa a reagir a partir daquele dia, mas àquela altura ele já está consolidado", aponta Fakhouri.
Bruzzi acrescenta um exemplo da disputacomo nunca perder nas apostas esportivas2018, também na sabatina do Jornal Nacional: "Bolsonaro não aparece com aquele livro que ele disse que ia mostrar do nada, ele chega já com uma trajetória desse assunto sendo 'esquentado' nas redes".
Trata-se do episódiocomo nunca perder nas apostas esportivasque o então candidato trazia um livrocomo nunca perder nas apostas esportivaseducação sexual que afirmava fazer parte do material didático usado por determinação do Ministério da Educação (MEC)como nunca perder nas apostas esportivasescolas — uma fake news que ficou conhecida como "kit gay".
Infraestruturacomo nunca perder nas apostas esportivascomunicação multiplataforma
As redes sociais não são o único instrumento usado pelas campanhascomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação, diz Bruzzi. Elas fazem partecomo nunca perder nas apostas esportivasum sistemacomo nunca perder nas apostas esportivascomunicação mais amplo, que inclui a relação das redes entre si e delas com as mídias tradicionais.
"Enxergar a redecomo nunca perder nas apostas esportivasmaneira apartada do sistema é uma visão limitada da realidade."
O conteúdo desinformativo circula entre as diferentes plataformas — como WhatsApp, Telegram, Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, TikTok, Kwai — e as transborda, chegando, por exemplo, nos meioscomo nunca perder nas apostas esportivascomunicação tradicionais, sejam eles mais alinhados ao discurso do campo ideológico que promove o conteúdo desinformativo ou aqueles que se pautam pelos temas que aparecemcomo nunca perder nas apostas esportivasalta nas redes sociais.
"No ciclocomo nunca perder nas apostas esportivasnotícias 24 horas por dia os meioscomo nunca perder nas apostas esportivascomunicação estão semprecomo nunca perder nas apostas esportivasbuscacomo nunca perder nas apostas esportivaspauta. E o simples fatocomo nunca perder nas apostas esportivasalgo estar 'bombando' na internet por si só faz alguns temas virarem assuntos, ainda que aquilo não tenha relevância e independentemente da razão que o tenha levado aos 'trending topics'", afirma Linvill, professor da Universidadecomo nunca perder nas apostas esportivasClemson.
"Isso dá ainda mais credibilidade (ao conteúdo), torna a coisa mais real", conclui ele, acrescentando que essa dinâmica também é muito presente no ecossistema da desinformação nos Estados Unidos, onde as emissorascomo nunca perder nas apostas esportivastelevisão são constantemente pautadas pelo debate nas redes.
Campanha permanente
Outra característica é a estratégiacomo nunca perder nas apostas esportivascampanha permanente — trabalhar ou reforçar um tema no decorrercomo nunca perder nas apostas esportivasmeses ou anos.
Um trabalho feito pelo NetLab, laboratóriocomo nunca perder nas apostas esportivasestudoscomo nunca perder nas apostas esportivasinternet e mídias sociais da UFRJ, que se debruçou sobre a disseminaçãocomo nunca perder nas apostas esportivasnotícias falsas durante as eleições presidenciaiscomo nunca perder nas apostas esportivas2022, chama atenção para esse atributo.
Alguns dos temas que mobilizaram o debate — a alegaçãocomo nunca perder nas apostas esportivasfraude nas urnas e a ideiacomo nunca perder nas apostas esportivasque as pesquisascomo nunca perder nas apostas esportivasopinião são manipuladas para desfavorecer Bolsonaro, por exemplo — já vinham sendo compartilhados nas redes pelo menos desde janeirocomo nunca perder nas apostas esportivas2021, quando tem início a coletacomo nunca perder nas apostas esportivaspublicações do estudo para mapear as narrativas desinformativas que usadas nas eleições.
"Conseguimos ver como diferentes temáticas se articulamcomo nunca perder nas apostas esportivastermoscomo nunca perder nas apostas esportivasvolume e aderência ao longo do tempo na campanha permanente e analisar os eventos que desencadearam picoscomo nunca perder nas apostas esportivasatividade ecomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação", diz o texto.
"A repetiçãocomo nunca perder nas apostas esportivasconteúdos é essencial para familiarizar o público sobre narrativascomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação. Evidências indicam que a repetição aumenta a resistênciacomo nunca perder nas apostas esportivasusuários à correção e à checagem."
Persuasão, mobilização e as perguntascomo nunca perder nas apostas esportivasaberto
Desenhado esse panorama, que tipocomo nunca perder nas apostas esportivasrisco concreto a desinformação representa às sociedades e,como nunca perder nas apostas esportivasúltima instância, às democracias?
Em outras palavras, qual o impacto das notícias falsas sobre o comportamento e as preferências políticascomo nunca perder nas apostas esportivasquem as consome?
Essas são perguntas ainda sem resposta definitiva, um campo recente e vastocomo nunca perder nas apostas esportivasestudo das ciências sociais e política.
"Acho que essa é uma questãocomo nunca perder nas apostas esportivaspesquisacomo nunca perder nas apostas esportivasaberto. A gente precisa fazer mais pesquisa sobre efeitos causais e atitudinais do consumocomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação via mídias sociais", avalia Tiago Ventura.
Nesta última eleição presidencial, o pesquisador realizou um experimento com foco no WhatsAppcomo nunca perder nas apostas esportivasque os participantes passaram três semanas sem consumir mídias na plataforma (vídeos e fotos).
Entre as conclusões, observou-se que a exposição a notícias falsas entre os usuários reduziu consideravelmente, mas que o efeito dessa reduçãocomo nunca perder nas apostas esportivasatitudes (como a preferênciacomo nunca perder nas apostas esportivasvoto, por exemplo), não foi estatisticamente relevante.
"Mas isso significa que WhatsApp não tem nenhum efeito na política, que a gente não tem que regular a plataforma? Absolutamente não", diz o cientista.
"O WhatsApp é uma formacomo nunca perder nas apostas esportivasmobilização. Você tem grupos que atuam na margem da lei se organizando a partir da plataforma, é preciso monitorar isso; é preciso controlar o nívelcomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação que circula. E há outras formas por meio das quais o WhatsApp pode afetar as atitudes que não só a partir do conteúdo,como nunca perder nas apostas esportivasespalhamentocomo nunca perder nas apostas esportivasdesinformação", completa.
A professora do Departamentocomo nunca perder nas apostas esportivasCiência Política da Universidade Federalcomo nunca perder nas apostas esportivasPernambuco (UFPE) Nara Pavão, que tem conduzido com outros pesquisadores uma sériecomo nunca perder nas apostas esportivasestudos sobre comportamento político e desinformação, afirma que há hoje uma extensa literatura nos Estados Unidos que aponta que as fake news não têm um podercomo nunca perder nas apostas esportivaspersuasão significativo.
"Nem as notícias falsas, nem as verdadeiras. As pessoas acreditam no que 'querem' acreditar, no que confirma suas predisposições políticas e partidárias", destaca.
Na mesma direçãocomo nunca perder nas apostas esportivasVentura, ela afirma que essas constatações não significam que a desinformação não tenha impacto social concreto, que não represente uma ameaça à democracia e não deva ser combatida.
Em um experimento recente feito a partircomo nunca perder nas apostas esportivasnotícias falsas compartilhadas por perfiscomo nunca perder nas apostas esportivaspolíticos, seu grupocomo nunca perder nas apostas esportivaspesquisa encontrou evidências que apontam que, ainda que as notícias falsas não tenham o potencial "de mudar drasticamente a opinião das pessoas", elas contribuem para "mobilizá-las politicamente e torná-las mais ativas, mais propensas a adotarem comportamentos políticos" — algo que poderia ajudar a explicar, por exemplo, o caldocomo nunca perder nas apostas esportivascultura que culminou nos ataquescomo nunca perder nas apostas esportivas8como nunca perder nas apostas esportivasjaneiro.
"A gente encontrou que as notícias falsas ativam as identidades políticas, por isso que elas mobilizam."
Nesse sentido, para ela, a saídacomo nunca perder nas apostas esportivasBolsonaro da Presidência por si só não desmobiliza o ecossistema da desinformação.
"Existe, sim, essa ideia, que é embasada empiricamente,como nunca perder nas apostas esportivasque os bolsonaristas puxam mais essa essa corda da desinformação, mas o que gera demanda pela notícia falsa não é só o bolsonarismo, é o partidarismocomo nunca perder nas apostas esportivasgeral, combinado a esse novo mercado informacional (do qual fazem parte as redes sociais)", avalia.
"Não acho que um enfraquecimentocomo nunca perder nas apostas esportivasBolsonaro mude o cenário drasticamente. Há outros países passando pela epidemia da desinformação sem ter um Bolsonaro na jogada. Eu diria que o bolsonarismo não é a principal variável, as principais variáveis são a estrutura das mudanças midiáticas e a polarização política."