O que o Rio Grande do Sul pode aprender com as falhas na resposta ao Katrina nos EUA:casa de aposta presidente brasil

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Legenda da foto, Passagem do furacão Katrina, nos EUA, deixou quase 1,4 mil mortos e maiscasa de aposta presidente brasil1 milhãocasa de aposta presidente brasildesalojadoscasa de aposta presidente brasil2005

Quase 20 anos depois, as falhascasa de aposta presidente brasilplanejamento e preparação, a extensão dos danos e os desafios na reconstrução continuam sendo um símbolo no país e uma lição para outros locais afetados por desastres naturais.

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Enquanto muitos dos estragos eram considerados inevitáveis, diante da força do furacão, hoje há consensocasa de aposta presidente brasilque a devastação nos Estados Unidos foi agravada pela demora e ineficácia da resposta.

Segundo Jeffrey Schlegelmilch, diretor do Centro Nacionalcasa de aposta presidente brasilPreparação para Desastres da Universidade Columbia,casa de aposta presidente brasilNova York, o Katrina até hoje continua sendo "um exemplo muito importante" dos erros a evitarcasa de aposta presidente brasilcatástrofes do tipo.

Problemas no sistemacasa de aposta presidente brasilproteção

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Legenda da foto, Diques se romperam, provocando inundação que destruiu bairros inteiroscasa de aposta presidente brasilNova Orleans
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Novo podcast investigativo: A Raposa

Uma toneladacasa de aposta presidente brasilcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

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Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa

Schlegelmilch diz à BBC News Brasil que parte dos problemas vinhacasa de aposta presidente brasillongo prazo, e já se sabia há muito tempo que Nova Orleans era vulnerável a inundações.

Maior cidade do Estado da Louisiana, Nova Orleans está localizada às margens do Lago Pontchartrain e do rio Mississippi,casa de aposta presidente brasiluma área abaixo do nível do mar, e contava com um sistemacasa de aposta presidente brasildiques para se proteger das águas.

"Sabia-se que havia fragilidades no sistema", afirma Schlegelmilch. "Tambémcasa de aposta presidente brasiltornocasa de aposta presidente brasilcomo o rio Mississippi, como bacia hidrográfica, estava sendo usado, e como a agricultura e o desviocasa de aposta presidente brasiláguas reduziam algumas das barreiras naturais para evitar inundações."

O Katrina chegoucasa de aposta presidente brasil29casa de aposta presidente brasilagostocasa de aposta presidente brasil2005. Um dia depois, os diques se romperam, provocando uma inundação que destruiu bairros inteiros e deixou 80% da cidade submersa.

Em análises e estudos feitos após a tragédia, especialistas concluíram que, caso tivessem sido construídoscasa de aposta presidente brasilmaneira adequada, os diques poderiam ter suportado a tempestade.

No entanto, o próprio US Army Corps of Engineers (Corpocasa de aposta presidente brasilEngenheiros do Exército dos Estados Unidos, agência federalcasa de aposta presidente brasilengenharia pública que projetou o sistemacasa de aposta presidente brasilproteção da cidade) admitiu posteriormente uma sériecasa de aposta presidente brasilproblemas na construção dos diques.

O projeto havia sido baseadocasa de aposta presidente brasildados desatualizados, tinha design defeituoso e problemascasa de aposta presidente brasilqualidadecasa de aposta presidente brasilmateriais, resultado da faltacasa de aposta presidente brasilfinanciamento apropriado.

Segundo Tim Frazier, diretor docente do programacasa de aposta presidente brasilgestãocasa de aposta presidente brasilemergências e desastres da Escolacasa de aposta presidente brasilEstudos Continuados da Universidadecasa de aposta presidente brasilGeorgetown,casa de aposta presidente brasilWashington, tanto o governo federal quanto o Estado e o município falharamcasa de aposta presidente brasilrelação à manutenção e aperfeiçoamento dos diques.

"Mas a realidade é que os diques foram erguidos para proteger uma cidade que nunca deveria ter sido construída nesse local", diz Frazier à BBC News Brasil.

Moradores deixados para trás

Crédito, Mario Tama/Getty Images

Legenda da foto, Pelo menos 100 mil moradores ficaram para trás após rompimentocasa de aposta presidente brasildiques

Quando os diques se romperam, cercacasa de aposta presidente brasil1,2 milhãocasa de aposta presidente brasilpessoas já haviam deixado a região afetada, que englobava também outras cidades próximas. Mas pelo menos 100 mil moradores haviam ficado para trás, alguns por opção, outros por não conseguirem sair por conta própria.

"Não se percebeu que tantas pessoas precisariamcasa de aposta presidente brasilajuda, fossem idosos com problemascasa de aposta presidente brasillocomoção ou pessoas pobres, que não tinham carro nem dinheiro para pagar um meiocasa de aposta presidente brasiltransporte e deixar a área", ressalta Frazier. "Além disso, não havia para onde ir."

Muitos morreram afogados instantaneamente, outros sucumbiram a ferimentos dias depois. Famílias inteiras passaram horascasa de aposta presidente brasilcima dos telhados, à esperacasa de aposta presidente brasilresgate.

"Não havia um plano para uma evacuação dessa magnitude", observa Schlegelmilch.

O então prefeitocasa de aposta presidente brasilNova Orleans, Ray Nagin, foi criticado na época por só ordenar a evacuação obrigatória da cidade na véspera da chegada do Katrina, o que teria dificultado a saídacasa de aposta presidente brasilparte dos moradores.

"Havia dúvida sobre se o prefeito tinha autoridade legal para ordenar a evacuação ou para usar os ônibus escolares", lembra Schlegelmilch.

"Quando a questãocasa de aposta presidente brasilquem tinha autoridade foi resolvida, já era tarde demais, a tempestade estava muito próxima."

Milharescasa de aposta presidente brasilpessoas que tiveramcasa de aposta presidente brasildeixar suas casas foram direcionadas ao estádio Superdome e ao Centrocasa de aposta presidente brasilConvenções, no que era para ser uma solução temporária, enquanto aguardavam resgate para serem transferidos para outros abrigos.

No entanto, os desabrigados acabaram passando dias nesses locais, sob calor intenso, sem água, comida, medicamentos ou segurança,casa de aposta presidente brasilpéssimas condiçõescasa de aposta presidente brasilinfraestrutura e higiene que deixaram claras as deficiências e a desorganização na resposta imediata.

"Houve atraso na tomadacasa de aposta presidente brasildecisõescasa de aposta presidente brasilevacuação, decisõescasa de aposta presidente brasiltrazer recursos. Subestimaram os danos que poderiam ocorrer", salienta Schlegelmilch. "E também não havia muita flexibilidade no sistema."

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Legenda da foto, Milharescasa de aposta presidente brasilpessoas desalojadas foram direcionadas ao estádio Superdome

Trocacasa de aposta presidente brasilacusações e faltacasa de aposta presidente brasilcoordenação

Em meio à trocacasa de aposta presidente brasilacusações entre autoridades locais, estaduais e federais, a faltacasa de aposta presidente brasilcoordenação e a burocracia contribuíram para o caos.

As principais críticas recaem sobre o governo federal e, principalmente, a Federal Emergency Management Agency (Agência Federalcasa de aposta presidente brasilGestãocasa de aposta presidente brasilEmergências, FEMA na siglacasa de aposta presidente brasilinglês), responsável por coordenar a resposta nacional a situaçõescasa de aposta presidente brasilemergência.

Na época liderada por um administrador com pouca experiênciacasa de aposta presidente brasildesastres, a agência foi acusadacasa de aposta presidente brasilatrasar e bloquear esforçoscasa de aposta presidente brasilsocorrocasa de aposta presidente brasilmeio a trâmites burocráticos e confusão sobre o tipocasa de aposta presidente brasilautorização necessária, impedindo que ajuda e suprimentos chegassem aos necessitados.

"Havia relatoscasa de aposta presidente brasilpessoas morrendocasa de aposta presidente brasildesidratação por faltacasa de aposta presidente brasilágua, enquanto caminhões com água não tinha permissão para entrar na cidade porque não traziam o formulário correto ou a assinatura necessária", lembra Frazier.

Gruposcasa de aposta presidente brasilbombeiros altamente treinados para situaçõescasa de aposta presidente brasilemergência foram enviados a Nova Orleans, mas passaram diascasa de aposta presidente brasilum hotelcasa de aposta presidente brasiloutro Estado recebendo treinamento sobre temas como assédio sexual antescasa de aposta presidente brasilpoderem chegar aos locais atingidos.

Ônibus requisitados para transportar os desabrigados chegaram com vários diascasa de aposta presidente brasilatraso ecasa de aposta presidente brasilnúmero muito menor do que o necessário. Trens saíram da região sem passageiros por não ter autorização para transportar as pessoas que precisavam evacuar.

Os dias e semanas após a chegada do Katrina também foram marcados por relatoscasa de aposta presidente brasilviolência, com tiroteios e saques. Tropas da Guarda Nacional enviada por outros Estados demoraram a chegar à área afetada por problemas burocráticos e faltacasa de aposta presidente brasilcomunicação.

Uma comissão especial criada pela Câmara dos Representantes para investigar a preparação e a resposta ao Katrina concluiu que houve "falhascasa de aposta presidente brasiltodos os níveiscasa de aposta presidente brasilgoverno".

Danos e disparidades

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Legenda da foto, Após a passagem do Katrina, 80% da cidadecasa de aposta presidente brasilNova Orleans ficou submersa

À medida que a extensão da tragédia ficava mais clara, os americanos tiveramcasa de aposta presidente brasilconfrontar a sériecasa de aposta presidente brasilerros que deixaram o país mais rico do mundo, acostumado a enviar ajuda a vítimascasa de aposta presidente brasildesastrescasa de aposta presidente brasiloutras nações, tão vulnerável a tamanha devastação e incapazcasa de aposta presidente brasilmanejar a crisecasa de aposta presidente brasilseu próprio território.

O Katrina foi o desastre natural mais caro da história dos Estados Unidos, com danos calculadoscasa de aposta presidente brasilmaiscasa de aposta presidente brasilUS$ 190 bilhões (R$ 977 bilhões),casa de aposta presidente brasilvalores revisadoscasa de aposta presidente brasil2024 pelo governo americano. Cercacasa de aposta presidente brasil200 mil casas foram totalmente destruídas ou seriamente danificadas.

O númerocasa de aposta presidente brasilmortos, inicialmente estimadocasa de aposta presidente brasil1.833 pessoas, foi posteriormente revisado para 1.392. A populaçãocasa de aposta presidente brasilNova Orleans, que antes eracasa de aposta presidente brasilaproximadamente 485 mil habitantes, caiu pela metade e até hoje não voltou ao nívelcasa de aposta presidente brasilantes do Katrina, com 370 mil moradores segundo os dados mais recentes.

Apesarcasa de aposta presidente brasilo furacão e a inundação terem afetado tanto moradores negros quanto brancos, a resposta e a reconstrução deixaram claras as desigualdades sociais e raciais. Em Nova Orleans, 60% dos moradores são negros, e a taxacasa de aposta presidente brasilpobreza nessa parcela da população é o triplo da verificada entre os habitantes brancos.

Muitos dos mais pobres não tinham seguro residencial e viviamcasa de aposta presidente brasilcasas alugadas ou sem títulocasa de aposta presidente brasilpropriedade, dificultando o recebimentocasa de aposta presidente brasilauxílio financeiro para recuperar os imóveis. O aumento nos preços dos aluguéis após a reconstrução impediu que muitos voltassem para os bairroscasa de aposta presidente brasilque viviam.

Enquanto as partes turísticas e os bairros mais afluentes foram reconstruídos, áreas mais pobres ecasa de aposta presidente brasilmaioria negra, como Lower Ninth Ward, que fica na beira do Mississippi e foi uma das mais devastadas, até hoje não se recuperaram completamente.

"Para quem estácasa de aposta presidente brasilfora, a cidade parece recuperada", afirma Schlegelmilch. "Mas há muitas pessoas que nunca se recuperaram. Muitos partiram e nunca mais voltaram."

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Legenda da foto, O furacão Katrina foi um dos desastres naturais mais devastadores a atingir os EUA

Mudanças após o Katrina

O fracasso da resposta ao Katrina levou a uma sériecasa de aposta presidente brasilreformas na políticacasa de aposta presidente brasilgestãocasa de aposta presidente brasilemergências nos Estados Unidos.

Entre as mudanças está uma melhor coordenação entre diferentes agências e níveiscasa de aposta presidente brasilgoverno, com definição clara sobre o papelcasa de aposta presidente brasilcada um e adoçãocasa de aposta presidente brasilacordos e autorizações preliminares para que a ajuda possa ser acionada imediatamentecasa de aposta presidente brasilcasocasa de aposta presidente brasildesastre.

Foram implementadas exigências mais rígidascasa de aposta presidente brasilplanejamento e treinamento conjunto entre autoridades locais, estaduais e federais, para que estejam preparadas para agircasa de aposta presidente brasilforma coordenada. Gestores também são melhores treinados para aceitar e coordenar a ajudacasa de aposta presidente brasilvoluntários.

"Ainda temos problemascasa de aposta presidente brasilresposta, mas há menos barreiras legais e burocráticas do que na época do Katrina, quando voluntários estavam prontos para trabalhar, mas sendo instruídos a não agir", observa Schlegelmilch.

Para evitar a faltacasa de aposta presidente brasilsuprimentos vista durante o Katrina, quando caminhões com água e comida não conseguiam chegar às pessoas afetadas, hojecasa de aposta presidente brasildia há maior organização para abastecer previamente locais que serão designados como abrigo.

Também foram feitas reformas para aprimorar o planejamento e a coordenação entre hospitais e larescasa de aposta presidente brasilidosos para transferir doentes para centros médicos mais capacitadoscasa de aposta presidente brasilcasocasa de aposta presidente brasilemergência.

O Congresso americano aprovou ainda uma lei que exige que a evacuação e abrigocasa de aposta presidente brasilanimaiscasa de aposta presidente brasilestimação sejam incluídos nos planoscasa de aposta presidente brasilemergência. Durante o Katrina, muitos se recusaram a deixar suas casas sem seus cães e gatos.

Reconstrução

Os especialistas consultados pela BBC News Brasil ressaltam que a reconstrução após um desastre da magnitude do Katrina ou do que atinge o Rio Grande do Sul pode levar décadas, mas também representar uma oportunidadecasa de aposta presidente brasilrepensar a forma como as comunidades são construídas.

"Pode exigir mais dinheiro, demorar um pouco mais, mas evitará que essas casas sejam perdidas (novamente) no futuro", afirma Schlegelmilch, lembrando que é também uma oportunidadecasa de aposta presidente brasillevarcasa de aposta presidente brasilconta questões sociais,casa de aposta presidente brasilequidade ecasa de aposta presidente brasiljustiça ambiental.

"Muitas vezes há pressão para reconstruir o mais rápido possível. Isso normalmente significa que as comunidades mais influentes e ricas são reconstruídas rapidamente, e as comunidades pobres e marginalizadas ficam ainda mais para trás", diz Schlegelmilch.

Frazier ressalta que muitas vezes comunidadescasa de aposta presidente brasillocais vulneráveis são construídascasa de aposta presidente brasilforma menos resiliente do que deveriam.

"É mais barato", diz Frazier. "Há uma disposiçãocasa de aposta presidente brasilarriscar a exposição a tempestades por causa dos custos associados aos níveiscasa de aposta presidente brasilpreparação que minimizariam o risco."

Em Nova Orleans, o sistemacasa de aposta presidente brasildiques e barreirascasa de aposta presidente brasilproteção contra inundações foi reconstruído e aprimorado, a um custo estimadocasa de aposta presidente brasilcercacasa de aposta presidente brasilUS$ 15 bilhões.

Especialistas concordam que a cidade está melhor preparada do que na época do Katrina, mas alertam que ainda há riscos, especialmente à medida que mudanças climáticas podem afetar a intensidade e frequência dos furacões.

"(A região) enfrentou outras tempestades. Certamente não da extensão do Katrina, mas algumas bastante significativas, e se saiu melhor", observa. "Mas a questão é: estamos tão bem preparados como deveríamos? A resposta, provavelmente, é não."

Frazier salienta que um dos desafios enfrentados globalmente é testar a eficácia das reformas.

"Depoiscasa de aposta presidente brasilcada desastre, tentamos determinar o que deu errado, criamos novas políticas para corrigir problemas e fragilidades. Mas não temos uma boa maneiracasa de aposta presidente brasiltestar as mudanças até o próximo desastre."

Para Schlegelmilch, apesarcasa de aposta presidente brasilavanços, lições importantes do Katrina até hoje não foram aprendidas.

Segundo ele, muitos dos incentivos políticos continuam sendo para resposta e recuperação, e não preparação e planejamento para evitar que catástrofes aconteçam.

"(Quando há um desastre natural) todo mundo fala: 'Não poderíamos ter previsto'", observa Schlegelmilch. "Isso é categoricamente falso. Sempre há pilhas e pilhascasa de aposta presidente brasilrelatórios onde isso foi analisado. Sabemos das vulnerabilidades, mas optamos por não nos preparar."