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Guerra do Iraque, 20 anos: como a busca por armas365betitdestruição365betitmassa do país fracassou:365betit
A mensagem logo chegou aos ouvidos do então primeiro-ministro britânico, Tony Blair. Espiões levaram a notícia antes dos diplomatas.
Copa do Mundo 2030 será realizada 365betit Qatar, entre 21 365betit novembro e 18. Uma competição será disputada por 32 🏧 seleções nacionais da futebol que se qualificarão através dos processos para qualificação realizados pelo setor 2019 2022
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Fim do Matérias recomendadas
“Provavelmente, eu fui o primeiro a dizer ao primeiro-ministro: ‘goste você ou não, ponha as barbas365betitmolho porque parece que eles estão organizando uma invasão’”, declarou à BBC,365betitrara entrevista, o então chefe do MI6 e presença frequente365betitWashington, Richard Dearlove.
O MI6 estava a ponto365betitse envolver profundamente365betitum dos episódios mais importantes e controversos da365betithistória.
Para os Estados Unidos, a questão das armas365betitdestruição365betitmassa era secundária. A prioridade era derrubar o líder iraquiano, Saddam Hussein.
“Teríamos invadido o Iraque mesmo se Saddam Hussein tivesse um elástico e um clipe365betitpapel”, afirma Rueda. “Teríamos dito, ‘oh, ele vai arrancar nossos olhos’.”
Entre dúvidas e informações irreais
Para o Reino Unido, quando chegou a hora365betit"vender" o Iraque para um público duvidoso, a suposta ameaça representada pelas armas químicas, biológicas e nucleares iraquianas era fundamental.
Chegou-se a afirmar que o governo britânico teria inventado as afirmações sobre as armas365betitdestruição365betitmassa. Mas ministros da época sustentam que seus próprios espiões garantiram que as armas realmente existiam.
“É muito importante compreender que eu confiei nas informações365betitinteligência que estava recebendo. E acho que era meu dever confiar nelas”, afirma Tony Blair.
Ele conta que, na véspera da invasão, ele pediu – e recebeu – novas confirmações do Comitê365betitInteligência Conjunto. Blair se recusa a criticar os serviços365betitinteligência por terem fornecido informações erradas.
Mas outros ministros afirmam que tiveram dúvidas na época.“Por três vezes, questionei Richard Dearlove sobre a origem dessa inteligência”, afirma o então ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jack Straw.
“Eu simplesmente tinha um sentimento incômodo sobre ela. Mas Dearlove garantiu,365betittodas as ocasiões, que aqueles agentes eram confiáveis.”
Mas Straw destaca que,365betitúltima instância, a responsabilidade é dos políticos, pois são eles que tomam as decisões.
Questionado se ele considera o caso do Iraque uma falha365betitinteligência, Dearlove responde simplesmente “não”.
Ele ainda acredita que o Iraque tinha algum tipo365betitprograma365betitarmas e que elementos podem ter sido movidos através da fronteira com a Síria.
Outras pessoas discordam. Para David Omand, então coordenador365betitInteligência e Segurança do Reino Unido, “foi uma falha grave”.
Omand afirma que um viés365betitconfirmação fez com que os especialistas do governo ouvissem fragmentos365betitinformações favoráveis à ideia365betitque Saddam Hussein tivesse armas365betitdestruição365betitmassa e desprezassem as informações contrárias.
Algumas pessoas dentro do próprio MI6 também contam que tinham preocupações. “Senti na época que o que estávamos fazendo era errado”, conta um funcionário que trabalhou no caso do Iraque. Ele nunca havia falado antes e pediu para permanecer anônimo.
“Não havia avaliações, nem informações365betitinteligência novas ou confiáveis [no início365betit2002] que indicassem que o Iraque havia retomado programas365betitarmas365betitdestruição365betitmassa, nem que o país representasse ameaça iminente”, afirma o ex-funcionário.
“Acho que, do ponto365betitvista do governo, foi a única coisa que eles conseguiram encontrar... As armas365betitdestruição365betitmassa eram o único ponto365betitque eles poderiam alegar legalidade”, segundo ele.
As informações365betitinteligência existentes no primeiro semestre365betit2002 eram fragmentadas.
Agentes do MI6 há muito tempo no Iraque tinham pouca ou nenhuma informação sobre as armas365betitdestruição365betitmassa. Havia uma busca desesperada365betitnovas informações,365betitnovas fontes, para impulsionar o caso – particularmente, porque um dossiê estava planejado para setembro.
Outro funcionário do MI6 lembra-se365betitter decodificado uma mensagem que dizia que “não havia trabalho mais importante” para o serviço365betitinteligência do que convencer o público britânico365betitque aquele era um caso365betittomada365betitação. Eles afirmam que foi questionado se aquilo seria algo apropriado e a mensagem foi apagada.
No dia 12365betitsetembro, Dearlove entrou365betitDowning Street – a residência oficial do primeiro-ministro britânico – com notícias365betituma fonte nova e importante. Essa pessoa afirmava que os programas365betitSaddam haviam sido retomados e prometeu fornecer mais detalhes365betitbreve.
A fonte não havia passado por todas as verificações e suas informações não foram enviadas para os especialistas. Mesmo assim, os detalhes foram repassados para o primeiro-ministro.
Dearlove nega as acusações365betitque ele se aproximou demais365betitDowning Street, chamando-as365betit“ridículas”. Mas ele não comenta os detalhes do caso, nem fontes específicas.
Nos meses que se seguiram, essa nova fonte nunca mais forneceu informações.
Segundo outras fontes365betitinteligência, acabou se concluindo que a fonte estava inventando e o controle365betitqualidade das informações estava desmoronando.
É provável que algumas das novas fontes estivessem inventando informações para ganhar dinheiro ou porque queriam a derrubada365betitSaddam Hussein.
Em janeiro365betit2003, encontrei na Jordânia um desertor do serviço365betitinteligência365betitSaddam. Ele afirmou ter participado do desenvolvimento365betitlaboratórios móveis para trabalhar com armas biológicas, fora do campo365betitvisão dos inspetores das Nações Unidas.
Suas afirmações foram incluídas na apresentação do então secretário365betitEstado americano Collin Powell para as Nações Unidas,365betitfevereiro365betit2003 – mesmo com o alerta365betitalgumas pessoas do governo dos Estados Unidos365betitque aquelas informações não eram confiáveis.
Outra fonte365betitconfiança dos EUA e do Reino Unido, conhecida como “Curveball”, também estava inventando detalhes sobre os laboratórios.
As provas não vieram
É preciso lembrar que Saddam,365betitfato, teve armas365betitdestruição365betitmassa no passado.
Poucas semanas antes da guerra365betit2003, visitei a aldeia365betitHalabja, no norte do Iraque, onde ouvi moradores locais descreverem o dia365betitque o exército365betitSaddam Hussein lançou armas químicas sobre eles,365betit1988. A verdade sobre o que aconteceu com aquelas armas só surgiria depois da guerra.
Saddam havia ordenado a destruição365betitgrande parte do seu programa365betitarmas365betitdestruição365betitmassa no início dos anos 1990, após a primeira Guerra do Golfo.
Segundo um dos principais cientistas do Iraque, ele esperava, com isso, conseguir um atestado365betitseu favor dos inspetores365betitarmas das Nações Unidas.
O líder iraquiano pode ter pretendido retomar esses programas posteriormente. Mas ele havia destruído tudo365betitsegredo,365betitparte para manter o blefe365betitque poderia ainda ter algo que pudesse ser usado contra o vizinho Irã, contra quem havia acabado365betitsair365betituma guerra.
Por isso, quando os inspetores da ONU pediram ao Iraque que comprovasse que havia destruído tudo, não era mais possível.
Um cientista iraquiano revelou posteriormente que eles haviam descartado um composto mortal, que as agências365betitinteligência ocidentais disseram que não havia sido contabilizado, despejando-o no solo. Mas eles fizeram o descarte perto365betitum dos palácios365betitSaddam. Eles temiam que, por isso, poderiam ser mortos pelo líder do país.
O resultado365betittodo esse quadro foi que o Iraque nunca conseguiu realmente provar que não detinha mais armas365betitdestruição365betitmassa.
No fim365betit2002, os inspetores da ONU voltaram ao Iraque,365betitbusca das armas. Alguns desses inspetores falaram pela primeira vez à BBC.
Eles se lembram365betitexaminar locais onde a inteligência do Ocidente indicava que poderia haver laboratórios móveis. Eles encontraram apenas o que um deles chama365betit“glorioso caminhão365betitsorvete”, coberto365betitteias365betitaranha.
Enquanto a guerra se aproximava, o público britânico não sabia das preocupações, com fontes deixando365betitfornecer informações e inspetores não que não conseguiam obter provas.
Um ex-funcionário resume a situação com a palavra “pânico”. “Meu futuro está nas suas mãos”, disse Blair para Dearlove, meio que brincando,365betitjaneiro365betit2003, enquanto aumentava a pressão para encontrar provas das armas365betitdestruição365betitmassa.
“Foi frustrante, na época”, relembra Dearlove. Ele acusa os inspetores365betit“incompetência” por não terem encontrado nada.
O sueco Hans Blix, chefe das inspeções químicas e biológicas da ONU, declarou à BBC que, até o início365betit2003, ele acreditava que houvesse armas no Iraque, mas começou a duvidar da365betitexistência depois que as indicações365betitinteligência não puderam ser confirmadas. Ele queria mais tempo para conseguir respostas, mas não conseguiu.
Veio a invasão
A inexistência365betituma prova concreta não impediu o início da guerra,365betitmarço365betit2003.
“Eu tentei evitar as ações militares até o último momento”, declarou Tony Blair à BBC.
O presidente americano George W. Bush, temendo que seu aliado britânico perdesse o voto no parlamento às vésperas da guerra, chegou a oferecer a ele,365betitchamada365betitvídeo, a possibilidade365betitnão participar da invasão e envolver-se apenas posteriormente, mas Blair não aceitou.
Ele defende365betitdecisão como questão365betitprincípios, devido à necessidade365betitcombater Saddam Hussein, e também porque era preciso manter as boas relações entre o Reino Unido e os EUA. “[A não participação na guerra] teria trazido impactos significativos ao relacionamento”, afirma Blair.
“Quando eu era primeiro-ministro, todos sabiam com certeza para quem o presidente americano telefonaria primeiro, fosse o presidente Clinton ou o presidente Bush. Era para o primeiro-ministro britânico”, segundo Blair.
“Hoje, estamos fora da Europa. Será que Joe Biden ligaria primeiro para Rishi Sunak? Não tenho essa certeza”, acrescentou o ex-primeiro.ministro.
Mas, mesmo depois da guerra, não foram encontradas armas365betitdestruição365betitmassa no Iraque – o que traria consequências profundas e duradouras, tanto para os espiões, quanto para os políticos.
“Tudo desabou”, afirma um ex-funcionário do MI6, relembrando uma análise interna das fontes após a guerra.
Ouça a série da BBC Rádio 4 Shock and War: Iraq 20 Years On (em inglês), que deu origem a esta reportagem, no site BBC Sounds.
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