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A luta dos universitários indígenas para não desistir das aulasjoker jewels como ganharensino remoto nas aldeias durante a pandemia:joker jewels como ganhar
Problemas como os enfrentados por Penha têm sido vivenciados por outros milharesjoker jewels como ganharuniversitários indígenas no país. O estudo a distância improvisadojoker jewels como ganharmeio à pandemia encontra problemas como a faltajoker jewels como ganharaparelhos eletrônicos, internet ruim, faltajoker jewels como ganharapoio pedagógico e ausênciajoker jewels como ganharlocal adequado para os alunos estudarem.
Especialistas consideram que a inclusãojoker jewels como ganharindígenas no ensino remoto tem sido extremamente precária. E a situação deve se estender por mais tempo, porque muitas instituiçõesjoker jewels como ganharensino vivem um períodojoker jewels como ganharincertezajoker jewels como ganharrelação ao retorno das aulas presenciais,joker jewels como ganharrazão da piora do cenário da pandemia no Brasil nos últimos meses.
'Um período estressante'
"Tem sido um período complicado e muito estressante", desabafa Penha sobre o ensino remoto. Ela afirma que não abandonou as aulas durante a pandemia porque acredita que é fundamental ter um curso superior para ter uma profissão. "Tenho que continuar (estudando)", diz.
A internet na aldeia dela funciona por meiojoker jewels como ganharsatélite. "É bem fraca", diz a jovem. Em muitos momentos, não há conexão. "Já perdi muitas aulas por causa da internet. Cheguei a perder provas por causa disso", comenta.
No início das aulas virtuais, ela não tinha computador. Por meiojoker jewels como ganharum editaljoker jewels como ganharinclusão digital da UnB no ano passado, destinado a alunosjoker jewels como ganharbaixa renda, ela conseguiu R$ 1,5 mil. "Tive que me virar com meus pais para complementar mais R$ 1 mil e comprar um notebook, porque esse valor (do edital) não era suficiente", relata.
O aparelho logo se tornou um outro problema. Ela relata que cercajoker jewels como ganhar25 dias após a compra, o notebook começou a desligar várias vezes. "Ele começou a apagarjoker jewels como ganharrepente. Muitas vezes tive que assistir aulas pelo celular, que não é lá essas coisas, porque tem pouca memória", relata.
Quando não consegue assistir a uma aula, por problemas no notebook ou na internet, ela manda mensagens aos professores logo que consegue se reconectar. "Eu avisei que estou na aldeia e expliquei as dificuldades com o notebook e com a internet", relata. "Os professores entenderam a minha situação, me disseram para ficar tranquila", diz Penha.
Ela relata que concluiu três disciplinas do seu segundo semestre no curso, entre agosto e dezembrojoker jewels como ganhar2020. "Tive que trancar duas disciplinas. Não consegui terminar as cinco do semestre porque era muita coisa. As dificuldades com o computador e com a internet tornaram tudo mais complicado", lamenta.
Na semana passada, Penha iniciou um novo semestre. Segundo ela, as dificuldades continuam. "Mandei o meu notebook para o conserto (durante as fériasjoker jewels como ganharjaneiro), mas ainda tá complicado porque ele voltou muito lento", diz.
Na mesma aldeia dela há outros universitários que enfrentam dificuldades semelhantes. Entre eles está o primojoker jewels como ganharPenha, Leonel Alcides,joker jewels como ganhar30 anos, que cursa ciências biológicas na UnB.
Ele também comprou um computador com o editaljoker jewels como ganharR$ 1,5 mil da UnB — e, assim como a prima, relata que precisoujoker jewels como ganharmais R$ 1 mil para adquirir o aparelho. "A situação está difícil. Nem mesinha tenho para acompanhar as aulas. Coloco as coisas na cadeira para conseguir estudar", relata.
O estudante comenta que o númerojoker jewels como ganhardisciplinas que cursou no primeiro semestrejoker jewels como ganharensino remoto representou menos da metade das que ele fazia quando o curso era presencial. "Foi muito puxado e fiquei muito perdido. Não consegui acompanhar tudo nesse primeiro período (online)", diz ele, que está no quinto período do curso.
Em meio aos problemasjoker jewels como ganharconexão, Leonel relata que também sente dificuldades para aprender os conteúdos. "Nas aulas remotas, ficamos sem saber o que aprender. Presencialmente a gente aprende mais", relata. Ele afirma que sente falta do apoio dos professoresjoker jewels como ganharsalajoker jewels como ganharaula e da companhiajoker jewels como ganharoutros indígenas que também são universitários, por meiojoker jewels como ganharcoletivos criados por eles.
Materiais entregues com a ajudajoker jewels como ganharbarco
Pelo país, as instituiçõesjoker jewels como ganharensino criaram diferentes alternativas para tentar incluir os estudantes indígenas na educação remota. Nem todos os casos se restringem ao estudo online.
Mesmo se definindo como pioneira no métodojoker jewels como ganharensino a distância no país, a Faculdade Fael também precisou rever o acesso dos estudantes indígenas às disciplinas no atual período.
Na cidadejoker jewels como ganharJacareacanga, no Pará, por exemplo, muitos indígenas iam ao polo da Fael para acompanhar alguns conteúdos das aulas ou pegar materiais para estudar. Com a pandemia, porém, muitas aldeias passaram a impedir que os moradores deixassem o local para evitar o riscojoker jewels como ganharcontágio; Em razão disso, a Fael distribuiu kits com material universitário aos estudantes. Segundo a empresa, o objetivo é fazer com que os alunos não interrompam os estudos por causa da pandemia.
Uma das responsáveis por auxiliar os estudantes nas aldeias da região é Geizy Ribeiro, que trabalha na assistência acadêmica da faculdade. Em uma embarcação, ela leva os materiais necessários para os alunos, como livros, exercícios e avaliações. Muitos alunos indígenas da Fael têm estudado somente por meio das apostilas entregues pela faculdade.
"São poucos alunos da região que têm acesso à internet, nem todos têm computador. Os que têm apenas celular preferem fazer no computador, porque acham melhor, por isso vinham até o laboratório da faculdade. Muitos não conseguiram vir nos últimos meses, por causa da pandemia", diz Geizy à BBC News Brasil.
De acordo com Geizy, na faculdade há cercajoker jewels como ganhar200 estudantes do povo munduruku, que tem uma populaçãojoker jewels como ganharaproximadamente 14 mil pessoas na região.
Os estudantes, segundo ela, pagam a mensalidade do curso com dinheiro do benefício do Bolsa Família ou do próprio salário, principalmente aqueles que são servidores públicos. Durante a pandemia, cercajoker jewels como ganhar20 alunos tiveramjoker jewels como ganhartrancar seus cursos por faltajoker jewels como ganharcondições financeiras.
Para aqueles que continuam estudando, Geizy se tornou o principal apoio na região. Ela, que conhece o idioma munduruku por ter sido professorajoker jewels como ganharaldeiasjoker jewels como ganharJacareacanga, é a responsável por orientar os alunos da faculdade. "Eu uso um rádio amador para me comunicar com os estudantes que estão nas aldeias", conta.
Um dos alunos da Fael na regiãojoker jewels como ganharJacareacanga é o indígena Dionísio Crixi,joker jewels como ganhar54 anos, do povo munduruku. Antes do avanço do novo coronavírus, ele costumava ir com frequência à cidade para usar o laboratório da faculdade. Por meiojoker jewels como ganharum barco, levava cercajoker jewels como ganharuma hora até chegar ao polo mais próximo da áreajoker jewels como ganharque mora. Porém, desde março passado tem evitado sair da aldeia.
Dionísio comenta quejoker jewels como ganharjulho passado perdeu o irmão, que teve covid-19. Muitos outros parentes seus também foram infectados pelo novo coronavírus. "Tem sido um período bem difícil. Até a entradajoker jewels como ganharassistência na aldeia foi proibida para não prejudicar ninguém. Estamos isolados", relata ele, que trabalha na aldeia como professor da língua materna do povo munduruku.
Dionísio cursa pedagogia. Ele afirma que, apesar das dificuldades, não pensoujoker jewels como ganhardesistir da faculdade.
"Quero estudar mais porque não quero ficar para trás, quero avançar e ter mais conhecimento até onde der", diz. Ele comenta que também quer aprender, cada vez mais, a ler e escreverjoker jewels como ganharportuguês para que possa ensinar os indígenas. "Primeiro, a gente estuda a nossa língua e depois faz a tradução para o português", diz Dionísio, que deve se formar neste ano.
Desistências
Muitos universitários indígenas acabaram trancando o curso por causa das dificuldades do ensino remoto na pandemia.
Ertiel Amarilia, do povo Guarani Kaiowá, cursou somente um mêsjoker jewels como ganharhistória no iníciojoker jewels como ganhar2020 na Universidade Estadualjoker jewels como ganharMato Grosso do Sul (UEMS). O jovemjoker jewels como ganhar20 anos, que morajoker jewels como ganharuma aldeia no municípiojoker jewels como ganharAmambaí, no interior do Mato Grosso do Sul, decidiu trancar o curso logo no começo do ensino remoto.
"Foi muito difícil fazer as atividades sozinho (no ensino remoto)", diz. Os estudantes indígenas da UEMS recebem apostilas com os conteúdos das aulas para que possam estudar. As avaliações são feitas por meio dos exercícios nas apostilas. O método foi escolhido porque muitos universitários da região não possuem nenhum acesso à internet.
"O mais difícil era não poder tirar as dúvidas na hora, como nas aulas presenciais. Como eu era iniciante (no curso), não fazia a mínima ideiajoker jewels como ganharcomo fazer as atividades sem ter um professor por perto", comenta o jovem. Ele relata que ficou ainda mais desestimulado porque não tinha internetjoker jewels como ganharcasa e não conseguia fazer pesquisas para se aprofundar nos assuntos abordados.
Sem estudar, o jovem viajou no mês passado para o interior do Rio Grande do Sul para trabalhar na colheitajoker jewels como ganharmaçã para uma empresa. "Na regiãojoker jewels como ganharque moro é difícil achar emprego. A situação piorou na pandemia e agora preciso trabalhar", relata. Ele deve retornar para ajoker jewels como ganharaldeiajoker jewels como ganharmarço. "A universidade era uma esperança para mim", diz o jovem, que não sabe se irá retomar o cursojoker jewels como ganharalgum momento.
Desde o início da pandemia, Kâhu Pataxó, que coordena ações nacionaisjoker jewels como ganharestudantes indígenas, acompanhou diversos relatosjoker jewels como ganharuniversitários que abandonaram seus cursos. "Não é uma situação nada fácil. Há muitos casosjoker jewels como ganharindígenas que precisam se deslocar para outras comunidades para tentar acessar a internet para estudar. Outros precisam ir para a cidadejoker jewels como ganharbuscajoker jewels como ganharsinaljoker jewels como ganhartelefone para ter acesso aos conteúdos", diz Pataxó, que lidera o Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).
"Há, por exemplo, casosjoker jewels como ganharuniversitários que tinham que se deslocar por três dias da aldeia à cidade para conseguir internet. Por causa dessa dificuldade, não conseguiram continuar estudando", comenta Pataxó.
Ele relata que acompanhou diversos casosjoker jewels como ganharuniversitários indígenas que somente irão retornar ao curso superior quando a situação da pandemia melhorar e as aulas presenciais forem retomadas.
Em 2018, o Brasil tinha cercajoker jewels como ganhar57 mil indígenas matriculados na educação superior, segundo o Censo da Educação Superior do Instituto Nacionaljoker jewels como ganharEstudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). É o levantamento mais recente sobre o tema. Esse número corresponde a cercajoker jewels como ganhar0,7% do totaljoker jewels como ganharestudantes do ensino superior no Brasil.
Não há, ao menos por enquanto, dados sobre o impacto que o ensino remoto durante a pandemia causou na inclusão dos indígenas na educação superior.
A antropóloga Mônica Nogueira avalia que o atual momento é o período mais difícil desde o início dos anos 2000, quando começaram as políticas públicasjoker jewels como ganharacesso dos indígenas ao ensino superior — por meiojoker jewels como ganharações como o vestibular indígena e as cotas.
"Testemunhei desistência entre indígenas nesse períodojoker jewels como ganharpandemia. Não que não queiram estudar ou não tenham se empenhado, mas é porque realmente estamos vivendo condições muito adversas", lamenta Nogueira.
A antropóloga afirma que a atual situação se torna ainda mais preocupante porque as dificuldades dos indígenas no ensino superior já haviam aumentado nos anos anteriores à pandemia.
"Aumentaram as oportunidadesjoker jewels como ganharingresso, mas as condições para permanência (nas universidades) se tornaram mais difíceis nos últimos anos", diz Nogueira.
"Muitas universidades aderiram à modalidadejoker jewels como ganharvestibular indígena e investiramjoker jewels como ganharprocessos preparatórios para os indígenas se candidatarem aos cursosjoker jewels como ganhargraduação e pós-graduação. Mas as unidadesjoker jewels como ganharensino têm perdido orçamento ano a ano. Então, mais indígenas ingressam nas universidades, mas os recursos para a permanência estão diminuindo", acrescenta a antropóloga, que é coordenadora do Mestradojoker jewels como ganharSustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT) da UnB.
Apoio aos estudantes
As dificuldades do ensino durante a pandemia evidenciam as falhas da inclusão dos universitários mais vulneráveis, como indígenas e quilombolas, aponta o professor Gersem José dos Santos, membro da coordenação do Fórum Nacionaljoker jewels como ganharEducação Escolar Indígena (FNEEI).
"Nós, indígenas, sabemos que a tecnologia não é um agente salvacionista, mas é muito importante. Os povos indígenas não são contra o uso das tecnologias, principalmente quando servem para atender direitos, como o acesso à Educação", declara Santos, que é professor da Faculdadejoker jewels como ganharEducação da Universidade Federal do Amazonas.
"Ninguém é contra o ensino remoto. Ele pode ser uma saída, principalmente no atual período. Mas é preciso criar a base para isso. É preciso ter uma infraestrutura que passa pelo acesso a equipamentosjoker jewels como ganharqualidade e inclusão digital", acrescenta Santos.
Coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Afer Jurum afirma que o acesso dos indígenas à internet nunca foi uma preocupação do poder público. "Os governos anteriores lançaram planos nacionaisjoker jewels como ganharbanda larga, mas não contemplaram os indígenas. Hoje, o reflexo disso está nos problemas que os estudantes indígenas têm para acessar a plataforma digitaljoker jewels como ganharensino remoto", declara.
"O desenvolvimento do ensino requer internet hojejoker jewels como ganhardia, mas isso se torna difícil com os problemasjoker jewels como ganharconexão nas aldeias. Quando há internet nas aldeias, éjoker jewels como ganharbaixa qualidade. Sem dúvida isso está prejudicando o ensino remoto e causando um dano irreparável aos estudantes.", afirma Jurum à BBC News Brasil.
O Ministério da Educação (MEC) afirma que contratou 400 mil chipsjoker jewels como ganharinternet banda larga para estudantesjoker jewels como ganharsituaçãojoker jewels como ganharvulnerabilidade, entre eles os indígenas. "Os chips oferecem internet 4G pré-paga, as universidades e institutos federais informam quantos chips precisam e distribuem aos estudantes", informa a pasta,joker jewels como ganharnota à BBC News Brasil.
Mas a medida do MEC é criticada por ativistas das causas indígenas. Isso porque apontam que muitos universitários não conseguiram ter acesso a um chip, pois o procedimento para obter o item foi feitojoker jewels como ganharmodo virtual. Outra dificuldade relacionada a essa ação, segundo especialistas, é que muitas aldeias estãojoker jewels como ganharáreas sem nenhum tipojoker jewels como ganharsinaljoker jewels como ganharinternet e os estudantes teriamjoker jewels como ganharse deslocar para outros locais para conseguir conexão.
"O mais adequado seria o MEC colocar internet via satélite nas escolas indígenas, para atender duas demandas: as próprias escolas que necessitam da internet para dar uma melhor assistência aos alunos e os universitários indígenas", opina Kâhu Pataxó.
O MEC não informou se fará novas ações para auxiliar os indígenas ou outras populações mais vulneráveis durante o períodojoker jewels como ganharensino remoto.
A pasta afirma ainda que manteve, desde o início da pandemia, o repasse dos valores da Assistência Estudantil, recurso destinado a alunos mais vulneráveisjoker jewels como ganharinstituições públicas, como os indígenas. Por meio da verba, cada instituiçãojoker jewels como ganharensino avalia como executará os recursos,joker jewels como ganharações como moradia estudantil, alimentação, transporte, inclusão digital ou cultural e apoio pedagógico.
A Assistência Estudantil é considerada fundamental para manter os estudantes indígenas nas universidades públicas. É por meio desses recursos que muitos conseguem pagar a internet e até comprar alimentos. Mas o recurso deve sofrer cortes neste ano.
De acordo com o Fórum Nacionaljoker jewels como ganharPró-reitoresjoker jewels como ganharAssuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), a previsão, conforme o Projetojoker jewels como ganharLei Orçamentária Anual, éjoker jewels como ganharque o Plano Nacionaljoker jewels como ganharAssistência Estudantil (Pnaes) sofra cortejoker jewels como ganhar17,5% a 21% nas instituições federaisjoker jewels como ganharensino superior — os cortes variam conforme a verbajoker jewels como ganharcada lugar.
"A previsão para este ano éjoker jewels como ganharque o Pnaes tenha um cortejoker jewels como ganharrecursos superior a R$ 200 milhões. Essa redução representa menos estudantes atendidos e menos bolsas estudantis", diz a coordenadora nacional do Fonaprace, Maísa Miralva da Silva.
A BBC News Brasil questionou o MEC sobre os impactos que os cortes na verba repassada à Educação podem causar na Assistência Estudantil. A pasta não respondeu até a conclusão desta reportagem.
Problemas históricos e a pandemia
As dificuldades enfrentadas pelos universitários indígenas no atual período não se restringem às questões diretamente relacionadas ao ensino superior.
O cenário da pandemia, com uma vacinação lenta pelo país e o aumentojoker jewels como ganharcasosjoker jewels como ganharcovid-19 nos últimos meses, preocupa. A situação, dizem especialistas, atinge diversos universitários indígenas que tentam se dedicar ao ensino remoto enquanto convivem com o temor constantejoker jewels como ganharque o novo coronavírus afete duramente seu povo.
Até sexta-feira (19/02) já haviam sido registrados 43,1 mil casosjoker jewels como ganharcoronavírus entre indígenas, sendo 571 mortesjoker jewels como ganhartodo o país, segundo a Secretaria Especialjoker jewels como ganharSaúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.
Mas conforme a Apib, também até sexta, foram registrados 48,9 mil casosjoker jewels como ganharcovid-19 entre indígenas no país e 969 morreram. A diferença entre os dados ocorre porque a Sesai não contabiliza casosjoker jewels como ganharindígenas que não moramjoker jewels como ganharaldeias ou que vivemjoker jewels como ganharcontexto urbano.
"Essas dificuldades do atual período vêmjoker jewels como ganhartodas as dimensões possíveis, não é apenasjoker jewels como ganharrelação ao acesso às aulas. Existe também o contexto psicológico, porque muitos indígenas enfrentam mortes por conta da covid-19", aponta Gersem dos Santos.
Outro problema são as disputas territoriais. "A pandemia trouxe questões como a vulnerabilidade dos indígenas. A faltajoker jewels como ganhardemarcaçãojoker jewels como ganharterras é um problema muito grande. Faltam políticas públicas sobre o nosso território. Os agentes que cometem invasõesjoker jewels como ganharterras indígenas não estãojoker jewels como ganharhome office", declara Dinamam Afer, da Apib.
"Essas dificuldades territoriais também influenciam o estudante que tevejoker jewels como ganharsair dajoker jewels como ganharuniversidade e voltar para ajoker jewels como ganharterra. Ele também faz parte da comunidade e precisa ajudar nesse enfrentamento, muitas vezes", acrescenta o indígena.
Em razão dos diversos problemas trazidos no contexto da pandemia, especialistas apontam que seria fundamental haver apoio psicológico a esses estudantes. "Pouquíssimas instituiçõesjoker jewels como ganharensino oferecem esse tipojoker jewels como ganharatendimento (psicológico) aos universitários indígenas. Alguns (que conseguem receber esse tipojoker jewels como ganharapoio), acabam recebendo esse atendimento por meiojoker jewels como ganharprojetos articulados pelos movimentos indígenas", diz Gersem dos Santos.
A inclusão dos indígenas no ensino superior
As dificuldades atuais evidenciam também os problemas históricosjoker jewels como ganharinclusão dos indígenas no ensino superior.
Eles costumam estudar grande parte do ensino fundamental na aldeia, onde tem como principal língua a que é falada pelo seu povo. Depois, por volta do ensino médio, costuma estudar na sede do município. E quando consegue uma vagajoker jewels como ganharuma universidade,joker jewels como ganharmuitos casos precisa deixar ajoker jewels como ganharterra e viajar muitos quilômetros para que possa fazer uma graduação.
"O ensino recebido pelo indígena ao longo da vida varia muito. Eventualmente, eles trazem deficiênciajoker jewels como ganharrelação à cultura acadêmica e a conteúdos específicos", diz a antropóloga Mônica Nogueira.
Especialistas defendem que é fundamental que os indígenas recebam apoio pedagógico, assim como outras populações mais vulneráveis como os quilombolas. "É uma obrigação das universidades", diz Kâhu Pataxó. Ele aponta, porém, que muitos indígenas não têm recebido nenhum tipojoker jewels como ganharapoio das universidades no atual período, o que também tem colaborado para que muitos abandonem o curso superior.
Segundo o Ministério da Educação, cabe a cada universidade analisar o desempenho dos indígenas e as medidas necessárias para auxiliá-los durante o ensino remoto.
Em meio à pandemia, os universitários indígenas convivem com a incerteza da conclusão do curso superior. Para muitos dos que continuaram estudando, o prazo para se formar deve ser ainda maior, porque tiveramjoker jewels como ganhardeixar algumas disciplinas para depois porque não conseguiram acompanhar toda a grade curricular.
"Perder alguns semestres significa estender um períodojoker jewels como ganharsacrifícios por parte deles e, frequentemente,joker jewels como ganhartoda a família", comenta Mônica Nogueira.
Maria da Penha, por exemplo, terá que ficar ao menos um semestre a mais para concluir o curso por não ter conseguido acompanhar todo o conteúdo do primeiro períodojoker jewels como ganharensino remoto. Apesar disso, ela diz que continuará estudando e mantém o sonhojoker jewels como ganharse tornar a primeira entre os oito irmãos — ela é a filhajoker jewels como ganharnúmero seis — a ter um diploma do ensino superior.
Para ela, concluir o cursojoker jewels como ganharServiço Social é também uma formajoker jewels como ganharajudar o seu povo. "Na minha aldeia não tem assistente social e quando a gente precisajoker jewels como ganharum, é preciso chamar alguémjoker jewels como ganharfora. Então, penso que se eu me formar, as coisas podem ficar mais fáceis nesse sentido por aqui", diz Penha.
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