O mistério da origemmulti 81 slotuma das mais enigmáticas línguas europeias:multi 81 slot

Há uma razão surpreendente para a camaradagem entre esses dois pequenos grupos étnicos, localizadosmulti 81 slotlados opostos da Europa. Embora suas línguas não aparentem nenhuma semelhança, elas compartilham uma série desconcertantemulti 81 slotpalavras e elementos gramaticais que são reconhecidos por acadêmicos armênios e bascos.

Quando vi o khachkar armênio pela primeira vez, tinha acabadomulti 81 slotchegarmulti 81 slotBiarritz, no País Basco francês, onde a Associação AgurArménie (armênia-basca) também promove a amizade entre os dois grupos aparentemente distintos.

Além disso, ao passar desajeitadamente pelo memorial arrastando a mala na mão, notei que o khachkar de San Sebastián parecia familiar. No Museu Bascomulti 81 slotBayonne, pertomulti 81 slotBiarritz, eu vi lápides bascas medievais que apresentavam uma semelhança impressionante com o padrão artístico do monumentomulti 81 slotSan Sebastián.

Pode ser uma mera coincidência? Muitos armênios acreditam que não. Ao contrário da crença popularmulti 81 slotque os bascos são uma ilha cultural, teorias sobre a origem da Armênia sugerem a existênciamulti 81 slotvínculos linguísticos, toponímicos, mitológicos e atémulti 81 slotDNA entre armênios e bascos.

Embora essa hipótese remonte a séculos atrás, ela ganhou força mais recentemente por intermédio do linguista armênio Vahan Sargsyan, que publicou vários livros e estudos sobre o assunto, incluindo o primeiro dicionário armênio-bascomulti 81 slot2001.

Mas é um tema controverso. A teoria predominante no mundo basco, inclusive no sitemulti 81 slotturismo do governo, é quemulti 81 slotorigem etnolinguística é isolada. Isso quer dizer que a língua e o DNA deles são únicos — e acredita-se que derivem diretamentemulti 81 slotcaçadores-coletores que chegaram a essa região muito antes da introdução da agricultura neolítica, há 7,5 mil anos.

No entanto,multi 81 slot2015, testesmulti 81 slotDNA realizados pelo geneticista Mattias Jakobsson, da Universidademulti 81 slotUppsala, na Suécia, colocarammulti 81 slotxeque essa possibilidade. A equipe dele encontrou fortes correspondênciasmulti 81 slotDNA entre esqueletosmulti 81 slotagricultores ibéricos neolíticos, que datammulti 81 slot5,5 mil a 3,5 mil anos atrás, e os bascos modernos,multi 81 slotacordo com a revista científica Science. Mas a descoberta não encerrou a discussão.

Os pesquisadores também admitiram que não podiam "descartar inteiramente a possibilidademulti 81 sloto basco ainda ter suas origensmulti 81 slotuma línguamulti 81 slotcaçadores-coletores que foi mantida e levada adiante enquanto a agricultura se espalhava por toda a Península Ibérica" — o que deixa o mistério sem solução.

O que torna a teoria armênia-basca intrigante é que ela tem sido apoiada por pesquisas linguísticas, primeiro por um artigo do linguista britânico estudioso do basco Edward Spencer Dodgsonmulti 81 slot1884, e depois por estudos do filólogo alemão Joseph Karstmulti 81 slot1928, que descobriu maismulti 81 slot300 correspondências lexicais, gramaticais e fonéticas basco-armênias, incluindo tegi (local) e zat (separado,multi 81 slotbasco)/zati (separado,multi 81 slotarmênio).

Mais contemporaneamente, o trabalho colaborativomulti 81 slotSargsyanmulti 81 slot1998 com linguistas armênios e bascos identificou quase 600 palavras compartilhadas entre os dois idiomas, que Sargsyan sugeriu terem sido introduzidas pela metalurgia e agricultura mediante a antiga migraçãomulti 81 slotarmênios para a região.

"Não é por acaso que as línguas armênia e basca têm uma sériemulti 81 slotpalavras quase idênticas relacionadas à agricultura", escreveu Sargsyanmulti 81 slotum artigo publicadomulti 81 slot2006 na Yerevan Magazine, fazendo referência a palavras como ardi (ovelha), urti (reservamulti 81 slotágua) e gari (milheto,multi 81 slotbasco; cevada,multi 81 slotarmênio).

Eu estava curioso para testar o dicionário armênio-basco para ver se era mutuamente inteligível; então comecei a perguntar para pessoas fluentesmulti 81 slotbasco nos dois lados da fronteira entre a Espanha e a França.

De Bayonne a Bilbao, a região basca é uma terramulti 81 slotvegetação brilhante que atravessa planícies densas e montanhas enevoadas. É essa terra que serviumulti 81 slotsustento para os primeiros pastores bascos; e seu longo litoral, para os pescadores — duas tradições fortemente mantidas até hoje.

Enquanto 90% dos espanhóis vivem nas grandes cidades, deixando o interior despovoado, a maioria dos maismulti 81 slot2 milhõesmulti 81 slothabitantes do País Basco espanhol ainda vivem na zona rural ou nos subúrbios.

Essa forte ligação com a vidamulti 81 slotaldeia deu origem a diversos dialetos e, nas escolas e instituições públicas bascas, é usado um basco unificado, chamado euskara batua.

Mostrei a Manex Otegi, nascidomulti 81 slotSan Sebastián, uma listamulti 81 slot26 palavras compartilhadas entre armênios e bascos do dicionáriomulti 81 slotSargsyan.

"É basco, mas é um pouco estranho; parece ser muito antigo”, disse ele, se referindo à lista.

"Apenas seis palavras nesta lista são batua."

"Não tenho certezamulti 81 slotonde as outras vêm, acho que não conheço porque são muito antigas e talvez tenham se perdido devido à faltamulti 81 slotuso ao longo dos anos e à pequena população", acrescentou.

Repeti a mesma pergunta a alguns amigos armêniosmulti 81 slotBayonne, que reconheceram apenas uma palavra da lista, ardi, como uma palavra armênia antiquada para ovelha.

A julgar pelas conversas que tivemulti 81 slottrens e baresmulti 81 slotpintxo (petisco tradicional espanhol), e mais tarde com acadêmicos, me parece que a maioria das palavras compartilhadas entre armênios e bascos é obsoleta — não fazem mais parte da língua moderna.

Infelizmente, não se conhece ninguém vivo que seja fluente nos dois idiomas. Sargsyan, que aprendeu euskara sozinho, faleceumulti 81 slot2011. De acordo commulti 81 slotfilha Arevik, ele deixou anotações com centenasmulti 81 slotpalavras compartilhadas adicionais, que ainda não foram publicadas.

Mas como duas culturas etnolinguísticas isoladas compartilharam tantas palavras uma com a outra? Vários acadêmicos armênios e bascos, incluindo o linguista basco Charles Videgain, recomendaram que eu fosse a Bilbao, onde fica a Euskaltzaindia (Academia Real da Língua Basca), para falar com os grandes conhecedores da história da língua basca.

Em Bilbao, no entanto, todos os estudiosos com quem conversei rejeitaram oficialmente qualquer ligação entre bascos e povos do Cáucaso (incluindo armênios ou georgianos).

De acordo com Xabier Kintana, diretor da Euskaltzaindia, a listamulti 81 slotSargsyanmulti 81 slotpalavras compartilhadas entre armênio e basco “foi tirada aleatoriamente dos diferentes dialetos modernos da língua basca” e “certamente são empréstimos antigos do latim, das línguas celtas e outras que na época eram vizinhas do basco, o que invalida a comparação”.

Ele argumenta que, para que esse estudo encontremulti 81 slotfato uma origem compartilhada, é necessário fazer comparações entre as formas antigasmulti 81 slotambas as línguas.

Isso eliminaria os empréstimosmulti 81 slotoutras línguas, tanto no caso basco (latim, ibérico, celta etc.) quanto armênio (árabe, turco, siríaco etc.). No entanto, a comparaçãomulti 81 slotidiomas antigos dependemulti 81 slotamostras muito pequenasmulti 81 slotescavações arqueológicas, o que significa que é impossível obter uma visão completa.

Mesmo que seja encontrada uma relação entre os dois idiomas,multi 81 slotúltima análise, não há evidências sólidas que liguem os dois povos.

"A única relação entre esses povos é a semelhançamulti 81 slotalgumas palavras", diz o arqueólogo basco Mertxe Urteaga.

"Não há provas [arqueológicas] da presença armênia no País Basco espanhol."

Voltei então à estaca zero, incapazmulti 81 slotencontrar provas da relação entre os dois grupos étnicos, mas ainda não convencidomulti 81 slotque o compartilhamentomulti 81 slotcentenasmulti 81 slotpalavras pelas duas línguas possa ser mera coincidência.