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A curiosa relação entre guardas e os cães abandonadosbetano como se cadastrarChernobyl:betano como se cadastrar
Agora, 35 anos depois, centenasbetano como se cadastrarcãesbetano como se cadastrarrua perambulam pelos 2.600 km² da Zonabetano como se cadastrarExclusãobetano como se cadastrarChernobyl, estabelecida para restringir o tráfego humanobetano como se cadastrarentrada e saída da área. Ninguém sabe quais desses cães são descendentes diretos dos animais abandonados e quais podem ter vindobetano como se cadastraroutros lugares para a região. Mas, agora, todos eles são cães da Zonabetano como se cadastrarExclusão.
A vida desses cães é perigosa. Eles correm o riscobetano como se cadastrarcontaminação radioativa, ataquesbetano como se cadastrarlobos, incêndios florestais e fome, alémbetano como se cadastraroutras ameaças. A vida média dos cães da zonabetano como se cadastrarexclusãobetano como se cadastrarChernobyl ébetano como se cadastrarapenas cinco anos, segundo o Fundo Clean Futures, organização não governamental que monitora e fornece assistência aos cães que vivem na Zonabetano como se cadastrarExclusão.
O fatobetano como se cadastrarque cães habitam esse lugar abandonado é bem conhecido. Alguns deles até se tornaram pequenas celebridades nas redes sociais. Lucas Hixson, cofundador do Fundo Clean Futures — que abandonoubetano como se cadastrarcarreirabetano como se cadastrarpesquisa para cuidar dos animais —, oferece visitas virtuais da Zonabetano como se cadastrarExclusão mostrando os cachorros.
Mas pouco se sabe sobre os trabalhadores locais que interagem com esses cães diariamente. Jonathon Turnbull, candidato a PhDbetano como se cadastrargeografia na Universidadebetano como se cadastrarCambridge, no Reino Unido, percebeu que poderia valer a pena reunir as histórias dessas pessoas. "Se eu quisesse conhecer os cães", afirma ele, "eu precisaria falar com as pessoas que os conhecem melhor — que são os guardas."
Ele descobriu histórias emocionantes sobre o relacionamento dos guardas com os animais que eles encontram nesse ambiente abandonado — histórias que oferecem melhor compreensão da profunda ligação entre os cães e os seres humanos.
Os guardas deram apelidos a vários dos cães. Segundo Turnbull, lá vivem Alfa, cujo nome refere-se a um tipobetano como se cadastrarradiação, e Tarzan, um cachorro bem conhecido dos turistas que visitam Chernobyl. Ele vive perto do famoso sistemabetano como se cadastrarradar Duga, construído pelos soviéticos, e sabe fazer truques obedecendo comandos.
Outra moradora da região é Linguiça — uma cadela pequena e gorda que gostabetano como se cadastrarse aquecer no inverno deitando sobre canosbetano como se cadastraraquecimento. Esses canos atendem uma das construções usadas pelos trabalhadores na Zonabetano como se cadastrarExclusão que participam dos esforçosbetano como se cadastrarandamento para desativar e descontaminar a usina nuclear danificada.
Para ter acesso à Zonabetano como se cadastrarExclusãobetano como se cadastrarChernobyl, é necessário uma autorização. O trabalho dos guardas é supervisionar os postosbetano como se cadastrarcontrole nas estradas que entram e saem da região. As pessoas que burlam esses postosbetano como se cadastrarcontrole para adentrar na Zonabetano como se cadastrarExclusão são conhecidas como "invasores". Os guardas os denunciam à polícia.
Quando Turnbull — que vive na capital da Ucrânia, Kiev — começou a visitar regularmente a zona, ele conheceu Bogdan e outros guardas dos postosbetano como se cadastrarcontrole. Inicialmente, eles relutarambetano como se cadastrarser entrevistados,betano como se cadastrarforma que Turnbull precisou convencê-los.
Ele ofereceu aos guardas a oportunidadebetano como se cadastrarparticipar da pesquisa, que ele afirmava ser uma "virada importante". Sua ideia era fornecer câmeras descartáveis aos guardas e pedir que eles tirassem fotografias dos cachorros — não retratos posados, mas cenas da vida diária. Os guardas só fizeram um pedido: "por favor, por favor — traga comida para os cães". E Turnbull assim fez.
As fotografias tiradas pelos guardas revelaram a importância do relacionamento que eles desenvolveram com os cães que vagueiam pela Zonabetano como se cadastrarExclusão.
Em dezembrobetano como se cadastrar2020, Turnbull publicoubetano como se cadastrarum estudo parte das imagens e do material resultante das entrevistas com os guardas. Posteriormente, ele entrevistou novamente um dos participantes do estudo para a BBC. O guardabetano como se cadastrarquestão pediu que não fosse identificado, para evitar investigações disciplinares sobre o seu trabalho. Por isso, nós nos referimos a ele pelo pseudônimo "Bogdan".
Bogdan conta que os cães o acompanham alegremente quando ele anda pelas ruas abandonadas da Zonabetano como se cadastrarExclusãobetano como se cadastrarbuscabetano como se cadastrarinvasores. Eles sempre parecem ansiosos para ver se ele ou algum turista trazem comida. Quando um cãobetano como se cadastrarcompanhia se distrai ou corre para caçar um animal, ele sempre retorna, acrescenta Bogdan.
E essa lealdade é uma viabetano como se cadastrarmão dupla. Turnbull conta que os guardas às vezes se dão ao trabalhobetano como se cadastrarajudar os cães retirando carrapatos grudados na pele ou aplicam vacina antirrábica nos animais.
Monitorar quem entra e quem sai da Zonabetano como se cadastrarExclusão às vezes é um trabalho monótono, mas os cães estão sempre por perto. Em alguns postosbetano como se cadastrarcontrole, os guardas praticamente adotaram alguns dos animais, dando a eles comida e abrigo. Mas nem todos são tão mansos. Durantebetano como se cadastrarpesquisa, um guarda contou a Turnbull: "não podemos dar vacinabetano como se cadastrarArka porque ela morde".
Outro participante contou sobre uma cadela que era ainda mais difícilbetano como se cadastrarse aproximar. Ela se recusava a ser tocada. "Você precisa dar a ela uma panela [de comida] e se afastar. Ela espera você sair e, só depois, ela come", explica o guarda.
Os cães às vezes latem para os estranhos no primeiro encontro porque é a natureza deles, segundo Bogdan. Mas, quando eles percebem que não estão ameaçados, se acalmam e começam a abanar a cauda. Em algumas ocasiões, parece até que os cachorros estão sorrindo, acrescenta ele.
Geralmente, os visitantesbetano como se cadastrarChernobyl são aconselhados a não tocar nos cães, por medobetano como se cadastrarque os animais possam estar carregando poeira radioativa. É impossível saber por onde os cães andam, e algumas partes da Zonabetano como se cadastrarExclusão são mais contaminadas do que outras.
Além dos cães, existem animais silvestres vivendo na Zonabetano como se cadastrarExclusãobetano como se cadastrarChernobyl. Em 2016, Sarah Webster, bióloga da vida selvagem do governo norte-americano que, na época, trabalhava na Universidade da Geórgia, publicou um estudo com seus colegas revelando como mamíferos, desde lobos até javalis e raposas-vermelhas, haviam colonizado a Zonabetano como se cadastrarExclusão — e imagensbetano como se cadastrarcâmeras escondidas demonstraram que o númerobetano como se cadastraranimais era bem menor nas áreas onde a contaminação radioativa era mais alta.
Os animais que vivem na Zonabetano como se cadastrarExclusão não estão necessariamente confinados naquela área. Um estudo posteriorbetano como se cadastrarWebster e colegas, publicadobetano como se cadastrar2018, detalhou os movimentosbetano como se cadastrarum lobo que recebeu um dispositivo GPS. Ele viajou por 369 km desde abetano como se cadastrarcasa na Zonabetano como se cadastrarExclusão, fazendo um longo arco para sudeste, depois novamente para nordeste, acabando por entrarbetano como se cadastrarterritório russo.
Lobos, cães e outros animais poderiam teoricamente carregar contaminação radioativa, ou mutações genéticas que poderiam ter sido transmitidas pelas gerações, até locais fora da Zonabetano como se cadastrarExclusão. "Sabemos que isso está acontecendo, mas não entendemosbetano como se cadastrarextensão ou magnitude", afirma Webster.
Turnbull conta que os guardas geralmente não se preocupam com a radiação, embora eles ocasionalmente verifiquem os cães com detectores.
Na verdade, parece que os cães, com a companhia que oferecem, acabam transmitindo confiança às pessoas que interagem com eles regularmente, segundo Greger Larson, arqueólogo que estuda a domesticação animal na Universidadebetano como se cadastrarOxford, no Reino Unido, e que não participou da pesquisabetano como se cadastrarTurnbull.
"Eles [os guardas] estão como que se colocando na posição dos cachorros", sugere ele. "Se o cão está bem, isso significa que você está bem."
Mas, na verdade, essa pode ser uma falsa sensaçãobetano como se cadastrarsegurança. "É um ambiente excepcional", relembra Jonathon Turnbull. "Você não consegue ver o perigo. Você sabe o tempo todo que ele pode estar lá, mas tudo parece normal."
Os cães podem representar um riscobetano como se cadastrartermosbetano como se cadastrarradioatividade, mas guardas como Bogdan enfatizam os benefíciosbetano como se cadastrarter os animais por perto. Ele afirma, por exemplo, conhecer cães que latembetano como se cadastrarformas distintamente diferentes, dependendo do que eles viram à distância: um ser humano desconhecido, um veículo ou um animal silvestre. Esses sinaisbetano como se cadastraradvertência são úteis e Bogdan considera os cães como "assistentes".
O que está acontecendo na Zonabetano como se cadastrarExclusãobetano como se cadastrarChernobyl é consequência das interações com cães que sabemos que ocorrem nas diferentes civilizações humanas há milharesbetano como se cadastraranos, segundo Greger Larson.
"Encontramos [essa interação] ao longo dos últimos 15 mil anos ou mais. As pessoas fazem isso, elas formam associações muito próximas não só com os cães, mas com muitos animais domésticos [...], como que dizendo 'esta é a nossa ligação com o ambiente", afirma ele.
Em todo o mundo, existem cães que vivembetano como se cadastrarum estado intermediário similar aosbetano como se cadastrarChernobyl — eles não são totalmente domesticados, nem totalmente selvagens. Estes são os cãesbetano como se cadastrarrua que vagueiam pelas cidades e áreas industriais procurando alimento e que, até certo ponto, podem ser adotados pelas pessoas sem que sejam considerados animaisbetano como se cadastrarestimação.
Os cãesbetano como se cadastrarChernobyl também vivem nesse tipobetano como se cadastrarespaço, quase domesticados, mas Sarah Webster — que participoubetano como se cadastrarum estudo diferente dobetano como se cadastrarTurnbull no passado — afirma que há uma diferença.
"A Zonabetano como se cadastrarExclusão é muito diferente porque foi abandonada pelos humanos", segundo ela. "As únicas pessoas [que estão] naquela região diariamente, na verdade, são os guardas." Por isso, as oportunidades que aqueles cachorros têmbetano como se cadastrarfazer amizade com seres humanos são muito poucas.
Enquanto o mundo externo permanece fascinado pelos cães e suas histórias, para muitos guardas a conexão é muito mais profunda. Bogdan conta que sempre perguntam a ele por que é permitido que os cães permanecessem na Zonabetano como se cadastrarExclusão. Ele responde: "porque eles nos alegram. Para mim, pessoalmente, é uma espéciebetano como se cadastrarsímbolo da continuidade da vida nesse mundo radioativo pós-apocalíptico."
- betano como se cadastrar Leia a versão original desta reportagem betano como se cadastrar (em inglês) no site da BBC Future
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