Como os primatas se multiplicaram e ganharam o mundo com a ajudabetnacional eleições'balsas' acidentais:betnacional eleições

Crédito, Urs Flueeler/EyeEm/Getty Images

Essa dispersão oceânica já foi vista como absurda e altamente especulativa por muitos cientistas.

Alguns ainda defendem a teoria da ponte terrestre, seja contestando as evidências geológicas ou argumentando que os ancestrais dos primatas atravessaram para a África muito antes do que os registros fósseis atuais sugerem, antes da separação dos continentes.

Mas há um consenso emergentebetnacional eleiçõesque a dispersão oceânica é muito mais comum do que se supôs.

Foi descoberto que plantas, insetos, répteis, roedores e primatas colonizam continentes insulares dessa maneira — incluindo a notável travessia do Atlântico que levou macacos da África para a América do Sul há 35 milhõesbetnacional eleiçõesanos.

Esses eventos são incrivelmente raros, mas, dado os enormes espaçosbetnacional eleiçõestempo, eles inevitavelmente influenciam a evolução — incluindo nossas próprias origens.

Origens dos primatas

Os humanos apareceram no sul da África entre 200 mil e 350 mil anos atrás. Sabemos que viemos da África porque nossa diversidade genética é maior lá, e há muitos fósseisbetnacional eleiçõeshumanos primitivos no continente.

Nossos parentes mais próximos, chimpanzés e gorilas, também são nativos da África, assim como babuínos e macacos.

Mas os parentes vivos mais próximos dos primatas — lêmures-voadores, musaranhos e roedores — todos vivem na Ásia ou, no caso dos roedores, evoluíram lá.

Os fósseis fornecem evidências um tanto conflitantes, mas também sugerem que os primatas surgiram fora da África.

O parente mais velho dos primatas, o Purgatorius, viveu há 65 milhõesbetnacional eleiçõesanos, logo após o desaparecimento dos dinossauros. Ébetnacional eleiçõesMontana, nos Estados Unidos.

Os primatasbetnacional eleiçõesfato mais antigos também surgiram fora da África.

Crédito, Anup Shah/Getty Images

Legenda da foto, Os lêmures chegaram a Madagascar há cercabetnacional eleições20 milhõesbetnacional eleiçõesanos, muito depois da ilha ter se separado do continente

O Teilhardina, parentebetnacional eleiçõesmacacos e símios, viveu há 55 milhõesbetnacional eleiçõesanosbetnacional eleiçõestoda a Ásia, América do Norte e Europa. Os primatas chegaram à África mais tarde.

Fósseis semelhantes a lêmures apareceram há 50 milhõesbetnacional eleiçõesanos, e fósseis semelhantes a macacos, há cercabetnacional eleições40 milhõesbetnacional eleiçõesanos.

Mas a África se separou da América do Sul e se tornou uma ilha há 100 milhõesbetnacional eleiçõesanos, e só se conectou com a Ásia há 20 milhõesbetnacional eleiçõesanos.

Se os primatas colonizaram a África durante os 80 milhõesbetnacional eleiçõesanosbetnacional eleiçõesque o continente passou isolado, eles precisaram então atravessar o oceano.

Travessias oceânicas

A ideiabetnacional eleiçõesdispersão oceânica é central para a teoria da evolução. Estudando as Ilhas Galápagos, Charles Darwin viu apenas algumas tartarugas, iguanas, cobras e um pequeno mamífero roedor.

Mais longe no mar,betnacional eleiçõesilhas como o Taiti, havia apenas pequenos lagartos.

Darwin argumentou que era difícil explicar esses padrões com base no criacionismo — nesse caso, espécies semelhantes deveriam existirbetnacional eleiçõestodos os lugares —, mas faziam sentido se as espécies atravessassem a água para colonizar ilhas, com menos espécies sobrevivendo para colonizar ilhas mais distantes.

Ele estava certo. Estudos mostram que as tartarugas são capazesbetnacional eleiçõessobreviver semanas flutuando sem comida ou água — elas provavelmente boiaram até chegar a Galápagos.

Ebetnacional eleições1995, iguanas varridas da costa por furacões foram levadas para 300 kmbetnacional eleiçõesdistância, com vida, após pegarem carona sobre os destroços. As iguanasbetnacional eleiçõesGalápagos provavelmente viajaram dessa maneira.

Tais travessias são improváveisbetnacional eleiçõesdar certo. Uma feliz combinaçãobetnacional eleiçõescondições — uma grande jangadabetnacional eleiçõesvegetação, correntes e ventos certos, uma população viável, um desembarque na hora certa — é necessária para uma colonização bem-sucedida.

Crédito, Pablo Cozzaglio/Getty Images

Legenda da foto, O rafting pode explicar por que certas ilhas — Galápagos, por exemplo — abrigam espécies como iguanas marinhas, e outras não

Muitos animais levados pelo mar simplesmente morrembetnacional eleiçõessede ou fome antesbetnacional eleiçõeschegar às ilhas. A maioria nunca desembarcabetnacional eleiçõesterra firme — desaparece no mar e vira comidabetnacional eleiçõestubarão. É por isso que as ilhas oceânicas, especialmente as mais distantes, têm poucas espécies.

O rafting já foi tratado como uma novidade evolutiva: algo curioso que aconteciabetnacional eleiçõeslugares obscuros como Galápagos, mas irrelevante para a evolução nos continentes.

Mas, desde então, verificou-se que jangadasbetnacional eleiçõesvegetação ou ilhas flutuantes — gruposbetnacional eleiçõesárvores arrastadas para o mar — podem na verdade explicar muitas distribuiçõesbetnacional eleiçõesanimaisbetnacional eleiçõestodo o mundo.

'Rafting'

Vários raftings de primatas são bem estabelecidos. Hoje, Madagascar tem uma fauna diversificadabetnacional eleiçõeslêmures. Os lêmures chegaram da África há cercabetnacional eleições20 milhõesbetnacional eleiçõesanos.

Como Madagascar é uma ilha desde a era dos dinossauros, eles aparentemente fizeram rafting no Canalbetnacional eleiçõesMoçambique, com 400 kmbetnacional eleiçõeslargura.

Curiosamente, os fósseis sugerem que o estranho aie-aie atravessou para Madagascar separadamente dos outros lêmures.

Ainda mais extraordinário é a existênciabetnacional eleiçõesmacacos na América do Sul: bugios, macacos-aranha e saguis.

Eles chegaram há 35 milhõesbetnacional eleiçõesanos, novamente da África. Tiveram que cruzar o Atlântico — que era mais estreito na época, mas ainda tinha 1.500 kmbetnacional eleiçõeslargura.

Da América do Sul, os macacos fizeram rafting novamente: para a América do Norte, depois duas vezes para o Caribe.

Mas para que isso pudesse acontecer, a dispersão oceânica por rafting precisou levar primeiro os primatas para a África: uma delas levou o ancestral dos lêmures, e outra transportou o ancestral dos macacos, símios ebetnacional eleiçõesnós mesmos.

Pode parecer implausível — e ainda não está totalmente clarobetnacional eleiçõesonde eles vieram — mas nenhum outro cenário se encaixa nas evidências.

O rafting explica como os roedores colonizaram a África, depois a América do Sul. Provavelmente também explica como animais do clado Afrotheria, que inclui elefantes e porcos-da-terra, chegaram à África.

Os marsupiais, que evoluíam na América do Norte, possivelmente foram transportados por rafting para a América do Sul, depois para a Antártida e, finalmente, para a Austrália.

Outras travessias oceânicas incluem a viagembetnacional eleiçõesratos para a Austrália e a jornadabetnacional eleiçõestenreques, mangustos e hipopótamos para Madagascar.

Crédito, Alexis Rosenfeld/Getty Images

Legenda da foto, As tartarugas gigantes podem sobreviver semanas sem água, o que significa que poderiam ter sobrevivido a longas viagensbetnacional eleiçõesjangada pelo oceano

As travessias oceânicas não são uma trama evolutiva secundária, são centrais para a história. Elas explicam a evolução dos macacos, elefantes, cangurus, roedores, lêmures — e a nossa.

E mostram que a evolução nem sempre é impulsionada por processos comuns do dia a dia, mas também por eventos bizarramente improváveis.

Macroevolução

Uma das grandes sacadasbetnacional eleiçõesDarwin foi a ideiabetnacional eleiçõesque eventos cotidianos — pequenas mutações, predação, competição — poderiam mudar espécies lentamente, com o tempo.

Mas, ao longobetnacional eleiçõesmilhões ou bilhõesbetnacional eleiçõesanos, eventos raros,betnacional eleiçõesbaixa probabilidade e alto impacto também acontecem.

Alguns são extremamente destrutivos, como impactosbetnacional eleiçõesasteroides, erupções vulcânicas e eras glaciais — ou vírus que saltambetnacional eleiçõeshospedeiros.

Mas outros são criativos, como duplicaçõesbetnacional eleiçõesgenoma, transferênciabetnacional eleiçõesgenes entre espécies multicelulares — e rafting.

O papel que o rafting desempenhou na nossa história mostra o quanto a evolução se resume ao acaso.

Se algo tivesse acontecidobetnacional eleiçõesforma diferente — o tempo estivesse ruim, o mar agitado, a jangada chegasse a uma ilha deserta, houvesse predadores famintos à espera na praia, nenhum macho a bordo — a colonização teria fracassado.

Nadabetnacional eleiçõesmacacos, símios — ou humanos.

Parece que nossos ancestrais contrariaram todas as probabilidades, fazendo a Mega-Sena parecer uma aposta segura.

Se tudo tivesse acontecidobetnacional eleiçõesmaneira diferente, a evolução da vida poderia parecer bem diferente. No mínimo, não estaríamos aqui para nos perguntar sobre isso.

betnacional eleições Leia a versão original betnacional eleições desta reportagem (em inglês) no site BBC Future betnacional eleições .

* Nicholas R. Longrich é professor sêniorbetnacional eleiçõesBiologia Evolutiva e Paleontologia da Universidadebetnacional eleiçõesBath, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no sitebetnacional eleiçõesnotícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

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