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Como impedir que um paraíso tropical seja dominado por ratos:nps pixbet
Em outras ilhas tropicais, foram encontradas evidênciasnps pixbetque invasõesnps pixbetroedores estavam afetando espécies supostamente distantes como os recifesnps pixbetcoral, ao interromper seu suprimentonps pixbetexcrementosnps pixbetaves marinhas, ricosnps pixbetnutrientes.
Os coqueiros também prejudicaram a delicada cadeianps pixbetnutrientes que sustentava a vidanps pixbetPalmyra enps pixbetseus arredores. Eles ocuparam metade do atol. As aves marinhas evitavam fazer ninho nas palmeiras, preferindo árvores nativas robustas com galhos.
À medida que o suprimentonps pixbetexcrementos dos pássaros diminuía, o impacto se espalhou por todo o ecossistema. Em ilhotas com florestasnps pixbetpalmeiras, o solo era mais pobrenps pixbetnutrientes do que naquelas com florestas nativas, assim como a água ao longo delas.
O plâncton presente no litoral das florestasnps pixbetpalmeiras era menos abundante, e havia menos arraias manta, que se alimentam do plâncton, do que ao longo da costanps pixbetfloresta nativa.
Os efeitosnps pixbetcascata mostram como uma intrincada rede ecológica pode ser quebrada por uma única espécie invasora. Mas agora também há evidênciasnps pixbetque essa rede pode ser reparada.
"As ilhas nos oferecem esta oportunidadenps pixbetesperança e restauração, porque você pode remover espécies invasoras das ilhas e ver uma recuperação dramática", afirma David Will, gerentenps pixbetprograma da Island Conservation, organização sem fins lucrativos especializada na remoçãonps pixbetespécies invasoras.
As ilhas desempenham um papel descomunal na biodiversidade do planeta. Elas correspondem a apenas 5% da área terrestre global, mas abrigam cercanps pixbet19% das espéciesnps pixbetpássaros e 17% das plantas com flores.
Atóis tropicais como Palmyra também nos colocam diantenps pixbetum mistério ecológico irresistível: eles são exuberantes e abundantesnps pixbetvida, mas existemnps pixbetambientes muito pobresnps pixbetnutrientes.
"Quando você começa a pensar nos atóis, eles estãonps pixbetlugares muito, muito remotos, onde há muito, muito pouca entradanps pixbetnutrientes para o meio ambiente", diz Rebecca Vega Thurber, microbiologista da Oregon State University, nos Estados Unidos, especialistanps pixbetecossistemas marinhos.
As aves marinhas atuam como uma espécienps pixbetserviçonps pixbetentreganps pixbetnutrientes para esses lugares remotos. Elas fazem ninhosnps pixbetárvores nativas, protegidas por galhos e folhagens, e voam para longe para pescar no mar.
Quando voltam, seus excrementos, chamados guano, fertilizam o solo e escorrem para a água, nutrindo o plâncton e as algas, assim como os peixes que se alimentam deles.
A misturanps pixbetnutrientes no guano, sobretudo a proporçãonps pixbetnitrogênio para fósforo, é considerada ideal para corais, assim como para as algas benéficas que vivem neles.
Mas quando os ratos chegam, tudo isso muda. Os ratos podem destruir a populaçãonps pixbetaves marinhasnps pixbetuma ilha e, portanto, seus suprimentosnps pixbetnutrientes. Os excrementos dos ratos apenas reciclam o que já existe na ilha, uma vez que não adicionam nutrientesnps pixbetoutros lugares.
"Depois que você perde as aves marinhas, não consegue mais esse elonps pixbetnutrientes do mar aberto para as ilhas e recifes", explica Casey Benkwitt, bióloga e especialistanps pixbetrecifesnps pixbetcoral da Universidadenps pixbetLancaster, no Reino Unido.
"Então, você perde completamente esse subsídionps pixbetnutrientes que vai para os recifes."
Um estudonps pixbet2018 no arquipélagonps pixbetChagos, no Oceano Índico, descobriu que ilhas sem ratos abrigavam comunidadesnps pixbetaves marinhas muito maiores e tinham níveisnps pixbetnutrientes significativamente mais altosnps pixbetseus recifesnps pixbetcoral,nps pixbetcomparação com as ilhas onde os ratos haviam sido introduzidos.
Essa injeçãonps pixbetnutrientes pode tornar os recifes mais resistentes. Benkwitt e seus colegas estudaram o branqueamentonps pixbetcorais ao redor do arquipélagonps pixbetChagos, uma reaçãonps pixbetestresse ao aquecimento da água durante a qual os corais expelem suas algas simbióticas e ficam brancos.
Eles descobriram que os corais no entorno das ilhas habitadas e livresnps pixbetratos foram igualmente afetados por esse branqueamento.
Mas perto das ilhas livresnps pixbetratos que tinham muitas aves marinhas, uma alga rosa conhecida como alga calcária cresceu após o branqueamento. Essa alga atrai corais bebê, que se instalam e crescem, formando a base para a reposição do recife estressado.
Havia também mais peixes herbívorosnps pixbetrecifenps pixbettorno das ilhas livresnps pixbetratos, que se alimentamnps pixbetalgas marinhas que poderiam tomar conta dos corais.
Ficou claro que, ao introduzir inadvertidamente uma espécie invasoranps pixbetroedor, todo o ecossistemanps pixbetuma ilha tropical poderia ser levado ao limite.
Ratos na copa das árvores
"Quando cheguei a Palmyra, os ratos estavamnps pixbettodos os lugares", lembra Alex Wegmann, diretor científiconps pixbetPalmyra na The Nature Conservancy, organização ambiental sem fins lucrativos que comprou o atolnps pixbetproprietários privadosnps pixbet2000.
O atol é hoje um Refúgio Nacionalnps pixbetVida Selvagem administrado pelo Serviçonps pixbetPesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, que inclui uma reserva natural administrada pela The Nature Conservancy. Wegmann estuda o ecossistemanps pixbetPalmyra desde 2004, quando os ratos dominaram a ilha.
"Eles estavam na copa das árvores, estavam no chão, estavam debaixo da terra." Cercanps pixbet20 mil ratos viviamnps pixbetPalmyra, com uma densidade populacional cercanps pixbet10 vezes maior do quenps pixbetclimas mais frios, graças ao ambiente tropical. Os ratos nos trópicos equatoriais se reproduzem o ano todo, porque está sempre quente e há bastante comida.
O plano era se livrar dos ratos e, na sequência, das palmeiras, que provavelmente se espalhariam ainda mais sem os roedores para controlá-las. Para que uma erradicação fosse bem-sucedida, todos os ratosnps pixbetuma ilha precisariam ser mortos, caso contrário, a população se recuperaria.
De acordo com James Russell, biólogo conservacionista da Universidadenps pixbetAuckland, na Nova Zelândia, a regra é que, se uma única rata grávida for deixadanps pixbetuma ilhanps pixbetmil hectares, o lugar estará infestado por ratosnps pixbetdois anos — e mais cedo ainda nos trópicos.
Essa remoção completa é difícilnps pixbetqualquer lugar, mas sobretudo nos trópicos. Um estudonps pixbet2015 mostrou que 16% das erradicaçõesnps pixbetratosnps pixbetilhas tropicais fracassaram,nps pixbetcomparação com cercanps pixbet6% fora dos trópicos.
Os caranguejos terrestres são um problema comum. Eles são imunes ao veneno da isca, por isso gostamnps pixbetcomê-la — e podem engoli-la antes que os ratos a peguem. "Já vi eles com uma iscanps pixbetcada umanps pixbetsuas oito patas, uma na boca e umanps pixbetcada braço", diz Russell.
"Eles enrolam uma embaixonps pixbetcada pata e ficam sobre elas — é meu, meu, meu, meu. E eles ficam irritados se você chega perto deles."
A solução está na preparação diligente,nps pixbetacordo com Araceli Samaniego, ecologista especializadanps pixbetroedores do institutonps pixbetpesquisa Landcare Research, da Nova Zelândia.
Ela trabalhounps pixbetprojetosnps pixbeterradicaçãonps pixbettodo o mundo, mas começou no México, ondenps pixbetequipe removeu ratosnps pixbet15 ilhas tropicais, com uma taxanps pixbetsucessonps pixbet100%.
Seu método envolvia passar meses e até anos estudando cada ecossistema, acampandonps pixbetilhas desabitadas durante semanas para entender suas estações, características, plantas e animais. "90% do trabalho é feito antesnps pixbetvocê chegar lá com a isca", diz Samaniego.
Em uma ilha, ela enps pixbetequipe aprenderam até a trabalhar rodeados por uma população localnps pixbetcrocodilos. "No terceiro ano, você está totalmente relaxadonps pixbetrelação a eles, e todos têm nomes. É só mais uma coisa com a qual você precisa estar atento, mas tudo bem."
A preparação fez com que no dia da erradicação a equipe não tivesse surpresas e soubesse exatamente onde, como e quando colocar a isca para obter o melhor resultado. Em florestasnps pixbetmangue inundadas, por exemplo, eles prenderam blocosnps pixbetisca nos galhos do manguezal.
Em Palmyra, onde Samaniego também trabalhou ao ladonps pixbetcientistasnps pixbettodo o mundo, os ratos foram erradicadosnps pixbet2011,nps pixbetum projeto conjunto com o Serviçonps pixbetPesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos e a Island Conservation.
A equipe escolheu um momentonps pixbetque a maioria das aves migratórias estava ausente. E capturaram temporariamente o máximonps pixbetremanescentes que puderam.
Um helicóptero soltou a isca com veneno,nps pixbetforma que parte dela pousou nas copas das árvores, onde poderia ser alcançada pelos ratos, mas não pelos caranguejos, enquanto outras caíram no chão. Desde então, Palmyra está livrenps pixbetratos.
Ainda assim, a erradicação teve um preço. Doze pássaros e 47 tainhas foram encontrados mais tarde mortos com resíduosnps pixbetvenenonps pixbetratonps pixbetseus corpos.
Coral Wolf, bióloga que trabalha para a Island Conservation, viajou para Palmyra um mês após a erradicação.
Antesnps pixbetpartir, ela verificou seus equipamentosnps pixbetbuscanps pixbetsementes e insetos e congelou suas roupas para matar qualquer passageiro indesejado que pudesse se agarrar a elas. Em seguida, embarcounps pixbetum pequeno avião do Havaí para o atol, que fica a 1,6 mil quilômetros ao sul.
Na chegada, várias peçasnps pixbetroupas que nunca haviam sido usadas foram direto para um freezer na estaçãonps pixbetpesquisa na ilha principal. Cada vez que Wolf partia para as outras ilhotas do atol, ela vestia essas roupas congeladas para evitar qualquer contaminação entre as ilhas.
"É sempre refrescante sse vestir no início do dianps pixbettrabalho", diz ela.
Wolf estava procurando sinaisnps pixbetrecuperaçãonps pixbetplantas nativas, como a árvore Pisonia, ideal para a nidificaçãonps pixbetaves marinhas.
Ela esperava encontrar alguns brotos. Em vez disso, ela se deparou com um "tapete inteironps pixbetmudasnps pixbetPisonia". Anteriormente, os ratos as mantinham sob controle.
Um ano depois, as mudasnps pixbetPisonia estavam na altura do joelho. Após mais dois anos, mediam alguns metros. Em 2016, estavam "bem acima da cabeça", lembra Wolf. Outras espéciesnps pixbetárvores nativas também ganharam espaço. A floresta local estava se recuperando.
Wegmann, da Nature Conservancy, também notou inúmeras mudanças depois que os ratos foram embora. Duas novas espéciesnps pixbetcaranguejos terrestres foram observadas nas ilhas.
Provavelmente, elas já existiam antes, mas os ratos mantiveram seu número baixo demais para serem avistadas. Uma vez, ele caminhou ao longo da costa e viu 50 caranguejos-rocha correndo. Até então, ele só os tinha vistonps pixbetgruposnps pixbetdois ou três:
"Havia todas essas observações super bacanas da vida se recuperando."
Folhasnps pixbetpalmeira por toda parte
Nem toda aquela vida revigorante era nativanps pixbetPalmyra. Os coqueiros invasoresnps pixbetplantações abandonadas estavam se espalhando com mais força do que antes.
Isso já era esperado, uma vez que os ratos não comiam mais as mudas, mas ainda assim era impressionantenps pixbetobservar.
"De repente, você não conseguia mais andar", lembra Wolf. "Seu rosto estava cercado por todas essas folhasnps pixbetpalmeira."
Como os ratos, as palmeiras podem prejudicar o elo entre a terra e o mar, já que as aves marinhas evitam fazer ninhosnps pixbetsuas copas expostas e oscilantes.
Se livrar das palmeiras exigiu outras intervenções, incluindo injeçãonps pixbetherbicida nos troncos, um projeto que ainda estánps pixbetandamento.
O outro desafio era atrairnps pixbetvolta para o atol as oito espéciesnps pixbetaves marinhas desaparecidas.
Um esforço contínuo para trazê-lasnps pixbetvolta envolve o que Wegmann chamanps pixbet"nossa discotecanps pixbetaves marinhas": alto-falantes eletrônicos que emitem o cantonps pixbetquatro espéciesnps pixbetaves marinhas,nps pixbetuma espécienps pixbettransmissãonps pixbetrádio para os pássaros que passam.
Essa estratégia se destina a atrair a grazina-das-fênix, a pardela-de-audubon, a pardela do Pacífico e o painho-de-papo-branco.
Embora os esforços estejamnps pixbetandamento, os pesquisadores ainda não viram sinais do retornonps pixbetqualquer uma das oito espéciesnps pixbetaves marinhas desaparecidas.
Para incentivar esse movimento, a equipe planeja colocar ao redor do atol réplicasnps pixbetmadeiranps pixbetmais duas espécies, o trinta-réis-de-dorso-cinzento e a grazina-cerúlea,nps pixbetaglomerados que lembram colôniasnps pixbetnidificação.
A ideia, diz Wegmann, é que uma ave marinha voando possa vê-los e pensar: "Uau, há 30 parentes meus lá, talvez haja algo acontecendo, eu deveria dar uma olhada".
'Lindo e restaurável'
Incentivados pelas evidênciasnps pixbetque a restauração é possívelnps pixbetatóis como Palmyra, conservacionistas estão se voltando para outras ilhas tropicais.
Uma equipenps pixbetespecialistas, incluindo Samaniego da Landcare Research, está planejando erradicar ratos das ilhas do arquipélagonps pixbetChagos, usando drones para soltar a isca, uma solução práticanps pixbetilhas remotas.
No atolnps pixbetTetiaroa, na Polinésia Francesa, ao norte do Taiti, estánps pixbetandamento um projeto semelhante aonps pixbetPalmyra.
Tetiaroa é desabitada, exceto por uma estaçãonps pixbetpesquisa e um hotelnps pixbetluxo. E apresenta desafios específicos, como a coexistêncianps pixbetduas espéciesnps pixbetratos: o rato-do-pacífico, que se acredita ter sido introduzido há séculos por viajantes polinésios, e o rato-preto, que provavelmente surgiu no século 20.
Os ratos nadamnps pixbetum lado para o outro, entre algumas das 12 ilhas, o que significa que se você removê-losnps pixbetapenas uma, eles podem voltar a partirnps pixbetoutra.
No entanto, uma das ilhotasnps pixbetTetiaroa, Reiono, ficou livrenps pixbetratosnps pixbet2018, e outras duas, no ano passado. O objetivo é erradicar os ratosnps pixbettodo o atol.
"É um atol lindo e restaurável", afirma Russell, da Universidadenps pixbetAuckland. Ele estudou os ratosnps pixbetTetiaroa pela primeira vez com um coleganps pixbet2009, andandonps pixbetcaiaque entre as ilhotas e dormindonps pixbetbarracas.
Do pontonps pixbetvista científico, as 12 pequenas ilhas são como "microlaboratórios", diz ele, cada um sutilmente diferente.
"Estamosnps pixbetum momentonps pixbetque temos mais capacidade para fazer isso, o que chamonps pixbet'experimentosnps pixbetsuperecossistema',nps pixbetque você pode rastrear várias coisas fazendo com que colaboradoresnps pixbettodo o mundo façamnps pixbetparte e integrar depois os dados", diz Rebecca Vega Thurber, da Oregon State University.
Ela está supervisionando um novo projetonps pixbetpesquisanps pixbetecologia marinhanps pixbetTetiaroa e planeja fazer estudos semelhantesnps pixbetPalmyra, descobrindo as interações entre a conservação da terra e a vida marinha.
Olhando para a história recentenps pixbetPalmyra, Wegmann a vê como uma fontenps pixbetesperança. As ilhas tropicais podem parecer frágeis, mas podem se revelar surpreendentemente robustas.
Segundo ele, a história da conservaçãonps pixbetPalmyra deve nos lembrarnps pixbetduas coisas: "Um, que a natureza é resiliente. E dois, que nós, como seres humanos, podemos resolver alguns dos grandes problemas que causamos".
nps pixbet Leia a versão original nps pixbet desta reportagem (em inglês) no site BBC Future nps pixbet .
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