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Como o LSD influenciou a cultura ocidental:
Quando você pensaLSD, é provável que uma estética bastante específica surja emmente: curvas psicodélicas laranja e rosa dos anos 1960, pessoas peladas com flores no cabelo, o somum sitar.
Depois que suas propriedades psicodélicas foram descobertas por acidentelaboratório por Albert Hofmann1943, a droga foi banida do Reino Unido1966. O LSD ainda é muito associado aos hippies que abraçaram suas propriedadesexpansão da mente.
Aliás, os efeitos posteriores da droga estão embebidosboa parte da cultura ocidental, da arte visual à literatura e obviamente a música, que nunca mais foi a mesma após Bob Dylan, os Beatles e Jimi Hendrix experimentarem ácido. Vários gêneros têm dívidas com as substâncias que alteram a mente: o rock psicodélico, psytrance, acid house… Sendo que o último é resultadooutra alta do psych: a cultura rave dos anos 80 e 90. Apesar do ecstasy ser a droga mais associada ao verão do amor, o LSD também passou por um pico no Reino Unido na mesma época.
Isso foi há 30 anos. Estaríamos nós prestes a entraruma outra renascença psicodélica? O dramaturgo britânico Leo Butler espera que sim. "Havia uma necessidade - política, social - para a explosão do LSD nos anos 60 e a do ecstasy nos anos 90", diz à BBC Culture. "Você olha para o mundo hoje e pensa, Deus, eu realmente poderia usar um forte psicodélico! Precisamosalgo para nos unir - vamos ter um terceiro verão do amor".
Por ter experimentado drogas quando era mais jovem, Butler queria escrever uma visão honesta da experiência psicodélica. Mas ele também queria reconhecer a influência do LSD além da onda hippie - e seu novo espetáculo All You Need is LSD ("Tudo que Você Precisa é LSD") é uma visão atual disso tudo.
Nos últimos anos, o LSD passou por uma mudançaimagem pública, com Steve Jobs falando sobre suas experiências e tipos do Vale do Silício defendendo o usomicrodose para aumentar a criatividade. O primeiro estudo com placebos usando uma microdose foi lançadosetembro pela Fundação Beckley e o Imperial College London, e o Reino Unido também tem investigado o potencial terapêutico da droga.
Por mais que isso não seja exatamente um verão do amor, pode ser o começouma nova eraabertura, até com certo respeito,relação à droga.
Música
O interesse médico aparece na peçaButler também. Em 2015, ele entrevistou o neuropsicofarmacologista britânico David Nutt, que disse a ele que estava para começar o primeiro teste médico com LSD50 anos. E convidou Butler para participar.
Essa feliz coincidência alterou a peça, que agora conta com a brisa monitoradaButler. O que permite que ele viaje com liberdade no tempo e espaço e faça introduções surreais a figuras chave da história da droga (Hofmann, Timothy Leary) e artistas que são conhecidos pela indulgência com a droga,Aldous Huxley a Miles Davis e Helen Mirren.
"Eu queria os Beatles lá, mas também The Monkees e Dylan", diz Butler, reconhecendo que talvez não tivesse espaço o suficiente. "Seria ótimo voltar aos anos 70 e ter The Velvet Underground, Andy Warhol, David Bowie… e eu queria coisasMadchester também - Happy Mondays e The Stone Roses."
Não é surpresa que haja muitos músicos envolvidos, já que a maior e mais óbvia influência do LSD sobre a cultura ocidental está na música. Isso porque a música pode ser alterada pela droga, trazendo respostas sinestésicas: ver sons como cores, estampas, formas. O que o LSD não faz, porém, é facilitar a leituraum livro ou se concentrarum roteiro. Então é realmente apenas na música que há uma sobreposição entre o trabalho feito sob efeito do ácido e trabalho feito para ser curtido enquanto se está sob efeito da droga.
E colabora o fatoque estrelas estavam envolvidas: The Beatles, Brian Wilson, Pink Floyd… Sua influência é gigantesca e inevitável. Poucos músicos operando hoje poderiam dizer que nunca foram influenciados por discos como Revolver, por exemplo. O "álbum ácido" dos Beatles foi lançado1966 e representou um grande salto evolutivotermossom, com guitarras invertidas, loopfita, efeitos vocais e velocidades alteradas. O som distorcidoTomorrow Never Knows - com letras sobre o ManualExperiência PsicodélicaLeary - pode parecer um clichê hippie hoje, mas era revolucionário à época.
E por mais que a experimentação sônica do LSD tenha entrado na música popmassa, não é como se o som psicodélico tivesse acabado: você pode vê-lobandas atuais como The Flaming Lips, Ariel Pink, Connan Mockasin, e Tame Impala.
Mas e quanto a outros tiposarte? Há uma grande peçateatro do LSD?
"Em parte eu quis escrever isso porque achava que não havia nenhuma", diz Butler. "Mas houve Hair nos anos 1960". O musical, sobre hippiescabelos compridos, continha nudez e drogas e foi ao ar no Reino Unido1968, logo após a abolição da censurapalco no país. E isso faz parteuma abertura geral da cultura e um aumento da experimentação.
"Escritores e teatros poderiam ser muito mais livres", afirma Butler. "Mesmo que você não vislumbre alguém como Edward Bond ou Pinter usando LSD, há o questionamento sobre como uma peça é feita, o que a audiência experimenta e isso é bem contracultural. Caryl Churchill é uma excelente escritora psicodélica. Se ela usa? Provavelmente não. Mas há algoseu trabalho."
Butler também cita a explosãotrabalhos criativos nos anos 1990 - com dramaturgos como Sarah Kane e Mark Ravenhill. "Eles eram as crianças do verão do amor dos anos 1980. Essa rebelião está lá não apenas no que eles diziam, mas na formasuas peças."
Espaços infinitos
Diferentemente do teatro, nas artes visuais a iconografia do LSD é bastante clara. E há uma sobreposição com a música: as imagens psicodélicas clássicas encontradascapasdisco e pôsteres. Pense no pintor Mati Klarwein, que fez a capa do disco Bitches BrewMiles Davis, e Martin Sharp, que criou a arteDisraeli Gears do The Cream ou coletivosdesign como Hipgnosis - capas do Pink Floyd - ou as fantasias para a Magical Mystery Tour dos Beatles. Wes Wilson, Victor Moscoso e Bonnie MacLean ajudaram a definir a aparênciauma eraSão Francisco com seus pôsteres influentes.
O que é fascinante na arte é comoinfluência parece ir para frente e para trás. Há uma influência óbvia do estilo circularArt Nouveau e do estilo arquitetônico Jugendstil, assim como experimentos mais ousados do Surrealismo. O que poderia ser mais viajante que o tempo se derretendo na Persistência da MemóriaSalvador Dalí? Você poderia dizer que o visual que o ácido escancarou sempre esteve no nosso inconsciente. Bem, ao menos um surrealista diria isso.
A psicodelia dos anos 1960 agora parece muito ligada ao seu momento, quase tornando o LSD uma "vítimasua própria iconografia", diz Butler. Ainda assim, experiências alucinógenas continuam atraindo artistas e muitos começaram a brincar com essas imagensdrogas, às vezesmaneira consciente ou satírica.
Após experimentar alucinógenos, o artista alemão Sigmar Polke fez uma referência a eles1970 pintando cogumelos vermelhos e brancos e cooptando a lagartaAlice no País das Maravilhas. De fato, a história infantilLewis Carroll tem um apelo aparentemente infinito devido àcriatividade adulta: referências a ela são infinitas, desde a música White Rabbit, da banda Jefferson Airplane, até a obra Alice screeprints, da artista Adrian Piper - e a obra aparece até na peçaButler.
Yayoi Kusama também fez uma versãoAlice. A artista japonesa certamente achou uma maneiraatrair os millennials à psicodelia. Pontos desorientantes, espaços infinitos, cogumelos e flores neon…visão da psicodelia a tornou uma das artistas mais populares (e instagramáveis)vida hoje.
Kusama frequentemente cria experiências sensoriais360 graussuas instalações - e uma estratégia imersiva que é populartermosartealta qualidade. Veja também a instalação Upside Down Mushroom Room ("Quarto dos CogumelosCabeça para Baixo"),Carsten Holler,2000, ou as fluorescentes "cavernas cósmicas"Kenny Scharf. O artista americano tem feito as obras desde 1980, quando ele decorou um armário onde ele faria viagens semanaiscogumelo.
E nos anos 1990, a onda dos jovens artistas britânicos também encontrou uma sobreposição criativa (e lucrativa) entre substâncias que alteram a mente e a arte, onde a contracultura encontra a culturaconsumo. Damien Hirst nomeou suas pinturas pontilhadashomenagem a drogas, afinal - uma delas chama-se LSD.
Sem destino
Diretoresfilme há tempos exploram o potencial do cinema para criar experiências que parecem sonhos, tanto que o surrealista Luiz Buñuel foi capazperturbar a audiênciaseus filmes quebrando regras narrativas do cinema1929. A capacidadeinquietar e distorcer a realidade aparente foi manipulada por diretores desde então, desde Alejandro Jodorowsky até David Lynch e Leos Carax.
No auge da era psicodélica dos anos 1960, seu estilo visual específico também prosperou nos filmes. Mais uma vez, isso era frequentemente ligado à música: pense no toque surreal da música Head, da banda The Monkees, e a animação Yellow Submarine dos Beatles.
Vários filmes buscaram abertamente recriar a experiência do ácido, como a caleidoscópica The Trip e Psych-Out. O ator Jack Nicholson escreveu a primeira e estrelou na segunda, alémter aparecidoEasy Rider ("Sem Destino") com Dennis Hopper e Peter Fonda. É um filme sobre uma viagemmoto que conta com uma brisaácido, sendo que a cena realmente foi feita sob o efeito da droga.
Cores brilhantes, efeitos ondulantes especiais, distorção, cortes… A arte cinematográfica para demonstrar que o ator estava completamente chapado rapidamente se tornou um clichê. Mas, assim como na arte e na música, alguns diretores modernos continuam desenvolvendo o estilo psicodélico. Um exemplo óbvio é Gaspar Noé, que chamou seu filme Enter the Void,2009,"melodrama psicodélico" (eraparte baseado no Livro Tibetano dos Mortos, que também é base da Experiência PsicodélicaLeary). Suas luzes brilhantes e rápidas e cores neon dividiram os críticos.
Seu último, Climax - aparentemente baseadouma história real sobre um grupodança dos anos 1990 teve um surto após usar LSD foi lançado recentemente e se mostrou vertiginoso também.
Sem o efeito sensorial do cinema, a literatura parece ter uma dificuldade maiorevocar estados alterados, então não parece surpreendente que, quandofato funciona, o trabalho seja bem traduzido para a tela. A obra Medo e DelírioLas Vegas,Hunter S. Thompson, eadaptação para o cinema dirigida por Terry Gilliam se tornaram clássicos cult, com fãs elogiando justamente quão bem ele mostra como é viajar naprópria cabeça.
Mais obrasnão-ficção ou filosóficas (Esteja Aqui Agora,Ram Dass, ou As Portas da Percepção,Aldous Huxley, e muitos trabalhosLeary) foram escritos sobre a droga do que trabalhosficção, embora O Teste do Ácido do Refresco Elétrico,Tom Wolfe, borre esses limites ao retratar o novelista Ken Kesey e seu grupo"Festivos Gozadores", que viajavam os EUA tomando LSD. Como um influente exemplo do Novo Jornalismo, a obra mudou a forma como pensamos sobre como uma verdade pode ser contada.
E aí está o ponto sobre como a cultura foi afetada pela droga: para mostrar novas experiências, às vezes era necessário usar novos métodos. E essas invenções mudaram a cultura, mesmo para quem nunca experimentou a droga.
"Às vezes a influência do LSD é explícita, às vezes eu acho que é o efeito cascata na cultura", diz Butler. Pode ser tentador descrever a psicodelia como meramente um montecoisas enroladas - mas, na verdade, ainda podemos sentir seu efeito hoje.
- Leia a versão original desta matéria (em inglês) no site da BBC Culture
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