A arte é capaz1xbet betanomudar o mundo?:1xbet betano

Vamos levar1xbet betanoconsideração um breve histórico da sabotagem no mundo da arte -1xbet betanoque forma artistas lidaram com a ideia1xbet betanoque os atos mais poderosos1xbet betanocriação poderiam ser os1xbet betanodestruição? E mais, se é possível que as próprias obras1xbet betanoarte interfiram1xbet betanoestruturas sociais e políticas, qual é a aparência dessa disrupção? É claro que sabotagem não é o simples ato1xbet betanoquebrar coisas. Sabotagem é quebrar coisas para que outra coisa, diferente, possa acontecer.

Apetite por destruição

Em termos1xbet betanodestruição1xbet betanoarte, podemos pensar na proposta bem-sucedida1xbet betanoGustave Courbert,1xbet betano1871,1xbet betanodestruir a coluna Vendôme durante a Comuna1xbet betanoParis, um monumento que ele disse ser "desprovido1xbet betanoqualquer valor artístico que tende a perpetuar através1xbet betanosua expressão as ideias1xbet betanoguerra e conquista da dinastia imperial passada". Ou mais recentemente a da artista britânica Hannah Black, que fez uma carta aberta1xbet betano2017 pedindo que a famosa pintura1xbet betanoDana Schutz "Open Casket" ("Caixão Aberto",1xbet betanotradução literal), que reproduz a imagem famosa1xbet betanoEmmett Till1xbet betanoseu enterro, fosse removida da Bienal Whitney e destruída. Emmett Till era um jovem1xbet betano14 anos que foi espancado até a morte1xbet betano1955 nos EUA por homens brancos após uma mulher branca ter afirmado que ele a desrespeitou. Ambos os casos, porém, são enquadramentos. As propostas1xbet betanoderrubar a coluna e destruir a pintura não são arte1xbet betanosi.

Por outro lado,1xbet betano1995, o artista chinês Ai Weiwei1xbet betanofato fez uma obra1xbet betanoarte ao destruir outra obra - a performance Derrubando a Urna da Dinastia Han. Sua performance foi representada1xbet betanouma sequência1xbet betanofotos1xbet betanopreto e branco: o artista segura o vaso cerimonial1xbet betano2 mil anos, o vaso está caindo no ar e, por fim, quebra-se no chão. Ao destruir a urna, Weiwei destrói o valor monetário1xbet betanoum objeto antigo, mas também1xbet betanoseu valor cultural. E, no nível simbólico, a atitude representa a rejeição aos legados da Dinastia Han (206 a.C - 220 d.C), um período marcante na história chinesa. Dessa forma, ele convida o espectador a pensar sobre quem determina valores culturais e monetários. Mas tudo isso fica apenas no nível1xbet betanorepresentação: nenhum sistema político ou social é atingido.

Atos1xbet betanosabotagem no mundo da arte muitas vezes são direcionados às instituições que sustentam a arte, refletindo as frustrações1xbet betanoartistas com problemas1xbet betanovisibilidade e acessibilidade. Nós podemos lembrar dos Salões dos Rejeitados1xbet betano1863, quando Courbet, Édouard Manet, James McNeill Whistler e outros rejeitados pelo Salão1xbet betanoParis mostraram seu trabalho, com o patrocínio do imperador Napoleão III,1xbet betanooutro local no Palácio da Indústria.

Um século mais tarde,1xbet betano1969, Daniel Buren foi excluído da famosa exibição When Attitudes Become Form ("Quando Atitudes Tomam Forma",1xbet betanotradução literal) na cidade1xbet betanoBern e, como reação, cobriu os painéis da cidade com suas listras, inserindo-se na exposição. Ele foi preso por isso e teve que deixar a Suíça. Cinco anos depois, a artista americana Lynda Benglis reagiu à misoginia no mundo da arte pagando U$3 mil (R$11 mil)1xbet betanoum anúncio1xbet betanoArtforum, no qual a artista promoveu1xbet betanopróxima exibição na Galeria Paula Cooper1xbet betanoNova York posando pelada ao lado1xbet betanoum enorme vibrador1xbet betanolátex.

Estratégias1xbet betanorejeição e revogação do tipo são comuns no mundo da sabotagem na arte. Em 1969, a Coalizão1xbet betanoTrabalhadores da Arte foi criada por artistas como Lucy Lippard e Carl Andre, organizando protestos antiguerra e pedindo a grandes instituições para se posicionarem contra a Guerra no Vietnã. Outras organizações1xbet betanoartistas fizeram ações parecidas na época, como o Grupo1xbet betanoMulheres Artistas Ad Hoc, liderado por Lippard e cujos protestos resultaram na inclusão1xbet betanoartistas negras na Bienal Whitney seguinte. Em 1974, o artista alemão Gustav Metzger criticou a comodificação da arte através1xbet betanotrabalhos como Os Anos Sem Arte - 1977-1980, que demandava um hiato1xbet betanotrês anos1xbet betanoqualquer produção ou venda1xbet betanoarte, sem sucesso.

Pane no sistema

Ainda assim, outros métodos1xbet betanosabotagem levaram espectadores a agir. Em uma performance1xbet betano1968, a artista argentina Graciela Carnevale reuniu participantes1xbet betanouma galeria1xbet betanovidro1xbet betanoRosário (Argentina), saiu e trancou a porta. Ela esperava incitar violência entre os participantes, que eventualmente foram libertos por um transeunte que quebrou a porta da galeria.

Em 2009, Tania Bruguera apresentou1xbet betanoperformance Autosabotagem na galeria Jeu1xbet betanoPaume1xbet betanoParis: ela intercalou leituras1xbet betanosuas reflexões sobre arte política com um tipo1xbet betanoroleta russa1xbet betanoque pegava um revólver com uma única bala1xbet betanoseu carregador, apontava para1xbet betanotêmpora, rolava o tambor e apertava o gatilho aleatoriamente. Sua ação desafiou o próprio efeito da arte1xbet betanoinfluenciar a realidade.

Tentativas1xbet betanofundir completamente arte e vida foram historicamente criticadas - como quando a Bienal Whitney1xbet betano1993 incluiu o vídeo caseiro do encanador George Holliday1xbet betanoque policiais1xbet betanoLos Angeles espancavam Rodney King ou quando o curador Artur Żmijewski convidou manifestantes do Movimento Occupy Wall Street para tomar um andar inteiro da Sétima Bienal1xbet betanoBerlim1xbet betano2012.

Esses projetos sabotam o próprio conceito do que uma arte pode e deve fazer. Mas voltando à pergunta inicial: o que obras1xbet betanoarte realmente podem fazer para ajudar a interferir1xbet betanoestruturas políticas e sociais? Sob pressão, consigo pensar apenas1xbet betanoalgumas que substituem a frágil dinâmica entre arte, vida e poder para intervir1xbet betanosistemas enquanto mantêm o rigor1xbet betanoforma ou conceito - obras1xbet betanoarte que verdadeiramente têm propósito e efeito no mundo real.

Em 1997, o artista alemão Christoph Schlingensief fez algo do tipo quando organizou a performance Tötet Helmut Kohl! ("Mate Helmut Kohl!"), na qual ele reuniu o número máximo possível1xbet betanodesempregados e os levou para nadar no destino preferido do então chanceler alemão Helmut Kohl quando o político estava lá1xbet betanoférias. Ele disse que todos os alemães desempregados poderiam, juntos, tirar a água do lago. Em 2014, o artista Lawrence Abu Hamdan criou a obra The All-Hearing, para a qual ele pediu a dois xeiques árabes que não fizessem seus discursos semanais1xbet betanosexta no Cairo mas,1xbet betanovez disso, fizessem discursos sobre os perigos da poluição1xbet betanosom como uma questão1xbet betanosaúde pública. Schlingensief e Abu Hamdan abalaram o status quo para exigir uma mudança.

É claro que a sabotagem é maliciosa. Muitas vezes, é uma intervenção que começa como uma interferência pequena que se multiplica e é ampliada resultando na destruição1xbet betanoum sistema. E muitas vezes é feita1xbet betanoforma anônima. Essa relação entre duração e autoria torna a verdadeira sabotagem uma tarefa incômoda para os artistas. Dito isso, meu ato preferido1xbet betanosabotagem artística aconteceu1xbet betano1981, na calada da noite, pelo artista checo Ivan Kafka. Durante a noite, Kafka enfiou mil palitos1xbet betanomadeira entre as pedras arredondadas da rua Jansky, no bairro Neruda,1xbet betanoPraga, logo abaixo do castelo que é um símbolo histórico do governo checo. Quando os moradores locais abriram as portas1xbet betanocasa pela manhã para ir ao trabalho, tiveram que decidir se destruíam a obra - então um ato ilegal1xbet betanoliberdade1xbet betanoexpressão - ou o preservavam e deixavam1xbet betanoir ao trabalho. A instalação1xbet betanoKafka me lembra a frase dos acadêmicos Fabio Rambelli e Eric Reinders: "A destruição não é o fim da cultura, mas uma das condições1xbet betanosua possibilidade."

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