A trágica históriaroleta de 1 a 50Olly, meninoroleta de 1 a 5013 anos assassinadoroleta de 1 a 50trama movida por redes sociais:roleta de 1 a 50

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Olly Stephens foi 'caçado' online e esfaqueado por dois adolescentes

O celular que levava nas mãos traria as respostas sobre o que tinha acontecido com Olly.

O meninoroleta de 1 a 5013 anos foi morto a facadas por dois adolescentes que recrutaram online uma garota para atrair Olly até o descampado. O ataque foi todo planejadoroleta de 1 a 50uma rede social e motivado por uma disputaroleta de 1 a 50um chatroleta de 1 a 50grupo na plataforma. Para seus pais, a descoberta da violência daquele mundo que seu filho habitava foi chocante.

"Eles o caçaram, o seguiram e o executaram, usando como meio as redes sociais", diz Stuart, sentado no sofároleta de 1 a 50sua casaroleta de 1 a 50Reading.

"A rede social não é culpada pelo assassinato do meu filho, mas não fez nada para protegê-lo e, se não existisse, ele ainda estaria aqui."

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Olly e o pai, Stuart

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Olly eroleta de 1 a 50mãe, Amanda

A polícia local diz que a históriaroleta de 1 a 50Olly chama a atenção pelo papel central que as redes sociais ganharam no caso. Os investigadores temem que o bullying, os vídeos violentos e as propagandasroleta de 1 a 50facas encontradas nos celulares dos adolescentes condenados pelo crime sejam apenas "a pontaroleta de 1 a 50um grande iceberg".

E isso me motivou a desvendar o que, afinal, adolescentes estão vendoroleta de 1 a 50seus perfisroleta de 1 a 50redes sociais. Para isso, criei minha própria conta fake como um adolescenteroleta de 1 a 5013 anosroleta de 1 a 50cinco redes sociais populares nesta faixaroleta de 1 a 50idade.

Com uma fotografia gerada por inteligência artificial, a consultoriaroleta de 1 a 50um dos amigosroleta de 1 a 50Olly e material públicoroleta de 1 a 50adolescentes da regiãoroleta de 1 a 50Reading, estabeleci um perfilroleta de 1 a 50um garoto. A ideia era checar que tiporoleta de 1 a 50conteúdo é sugerido ou recomendado para alguém nessa idade e também testar se as plataformas moderam vídeos e imagensroleta de 1 a 50faca, semelhantes àquelas postadas pelos assassinosroleta de 1 a 50Olly.

Depoisroleta de 1 a 50duas semanasroleta de 1 a 50experimento, o resultado impressiona:

  • No Instagram, YouTube e Facebook, nossa contaroleta de 1 a 50um garotoroleta de 1 a 5013 anos recebeu recomendaçõesroleta de 1 a 50conteúdo como pessoas exibindo facas, facas à venda e postagens glorificando a violência;
  • Quando usamos nosso perfil para procurar ativamente conteúdo sobre crimes com facas, a conta do garotoroleta de 1 a 5013 anos foi exposta a grupos, vídeos e páginas pró-armas no Instagram, Facebook e YouTube;
  • Nenhuma ação foi tomadaroleta de 1 a 50relação a um post mostrando uma faca na conta do usuárioroleta de 1 a 5013 anosroleta de 1 a 50idade no Instagram, Facebook, YouTube e Snapchat. O TikTok, no entanto, removeu o conteúdo por violar suas diretrizes sobre atos perigosos, e a conta foi avisadaroleta de 1 a 50que estava próxima a ser suspensa.

roleta de 1 a 50 ' roleta de 1 a 50 Mundo secreto roleta de 1 a 50 '

Quando Olly saiuroleta de 1 a 50casa, ele assegurou à mãe que o rastreioroleta de 1 a 50localizaçãoroleta de 1 a 50seu celular estaria ativado, para que ela soubesse onde ele estava. Era um domingo após o Natal, e a família estava se preparando para retomar a rotinaroleta de 1 a 50escola e trabalho, já que no Reino Unido não costuma haver férias no fim do ano, durante o inverno.

Por isso mesmo, Amanda esperava que Olly voltasse antesroleta de 1 a 50anoitecer.

Mas um pouco depois que o garoto saiu, ela ouviu batidas na porta. Era um conhecidoroleta de 1 a 50Olly. E Amanda parecia não compreender o que ele estava dizendo.

"Eu pensei: 'Ele acabaroleta de 1 a 50dizer que o Olly foi esfaqueado?'"

Stuart e a irmã mais velharoleta de 1 a 50Olly correramroleta de 1 a 50direção ao descampado, onde Olly jazia sobre uma poçaroleta de 1 a 50sangue. Amanda vinha logo atrás.

"Eu só segurei nas mãos dele e pedi pra que ele não me deixasse", diz Stuart.

Amigos, vizinhos, gente que passeava com cães, todo mundo tentou ajudar, mas já era tarde demais. Olly morreu no descampado.

"De manhã, eu ainda procuro por ele na cama", diz Stuart. A dor se repete todas as manhãs. A camaroleta de 1 a 50Olly segue arrumada com seu edredom preferido. Amanda ainda compra os docesroleta de 1 a 50que ele gostava. E murmura "é só um instante" quando passa aspiradorroleta de 1 a 50seu quarto, algo que ele costumava detestar.

Legenda da foto, A camaroleta de 1 a 50Olly arrumada com seus objetos preferidos

Pouco tempo antesroleta de 1 a 50ser assassinado, Olly foi diagnosticado com autismo. Suas maiores diversões eram jogar videogame e ouvir música no quarto.

Na noite após o assassinato, quando finalmente examinaram as redes sociais do filho e alguns prints compartilhados com a irmãroleta de 1 a 50Olly, Stuart e Amanda começaram a compreender o papel das plataformas no que aconteceu.

"É um mundo secreto no qual você pode fazer e dizer o que quiser. Um mundo que a gente não tinha ideia que existia e, tampouco, que ele estava sendo atacado por isso", diz Amanda.

Indícios digitais 'sem precedentes'

O principal detetive do caso, Andy Howard, foi encarregadoroleta de 1 a 50investigar o mundo dentro do celularroleta de 1 a 50Olly. É um caso que ele descreve como sem precedentes porque 90% das evidências no julgamentoroleta de 1 a 50assassinato do garoto vieramroleta de 1 a 50telefones celulares — e nenhuma testemunha infantil teve que depor.

"Ficamos realmente surpresos com a quantidaderoleta de 1 a 50indícios digitais", explica ele.

Foi o suficiente para condenar dois meninos — com 13 e 14 anos, na época — por assassinato,roleta de 1 a 50novembro passado. A meninaroleta de 1 a 5013 anos que o atraiu ao descampado foi condenada por homicídio culposo.

Daquela montanharoleta de 1 a 50vídeos, fotos e printsroleta de 1 a 50telas que vasculharam, o que mais impressionou os investigadores foi o personagem online montado pelos jovensroleta de 1 a 5013 e 14 anos condenados no caso. Era algo totalmente dissociado da rotinaroleta de 1 a 50subúrbio inglêsroleta de 1 a 50classe média que eles realmente viviam.

Havia imagens compartilhadas no Instagramroleta de 1 a 50pessoas segurando facas, com balaclavas e capuzes.

A polícia também encontrou vídeosroleta de 1 a 50facas sendo lançadas e exibidas, eroleta de 1 a 50meninos ligados ao assassinatoroleta de 1 a 50Olly atacando uns aos outros, que, segundo Howard, pareciam ser material compartilhado "aberta e regularmente" no Instagram e no Snapchat.

"Certamente há uma atração muito doentia por filmar, gravar, atosroleta de 1 a 50violência realmente muito sérios", diz Howard.

Foi um vídeo postado no Snapchat mostrando um ataque chamado "patterning"roleta de 1 a 50inglês ("padronização"roleta de 1 a 50tradução livre) que serviuroleta de 1 a 50catalisador para uma cadeiaroleta de 1 a 50eventos que levou Olly a perder a vida.

Patterning é o termo usado para a humilhaçãoroleta de 1 a 50um jovem, que é filmada ou fotografada e depois compartilhada nas redes sociais. O conteúdo é repassado sem parar,roleta de 1 a 50diversas plataformas, multiplicando o constrangimento para a vítima.

Nas semanas que antecederamroleta de 1 a 50morte, Olly recebeu um desses vídeosroleta de 1 a 50um menino mais jovem, que ele conhecia, sendo atacado. Ele então encaminhou o material ao irmão mais velho da vítima, para tentar alertá-lo.

Quando dois adolescentes do gruporoleta de 1 a 50Snapchatroleta de 1 a 50Olly souberam que ele havia denunciado suas ações, ficaram furiosos.

Para o investigador Howard, ambos viramroleta de 1 a 50Olly um dedo-duro, e isso levou aos atos seguintes.

Crédito, BBC/Phil Coomes

A polícia também encontrou centenasroleta de 1 a 50áudios dos dois meninos que se desentenderam com Olly, no Snapchat. Neles, eles discutem como atacar Olly e tentam recrutar uma garota para a emboscada.

A meninaroleta de 1 a 5013 anos que concordouroleta de 1 a 50fazer isso conhecia Olly na vida real, mas só se encontrou com os dois outros envolvidos no caso no dia do assassinato. Até então, a amizade deles era apenas virtual.

A linguagem que os condenados usaram nos áudios é chocante, com comentários como: "Você vai morrer amanhã Olly" e "Vou apenas esfaqueá-lo". Os investigadores também notaram a frieza com que eles diziam isso.

Em um áudio, a garota diz: "[Homem 2] quer que eu arme para ele, então [Homem 2] vai golpeá-lo, sacaneá-lo e tal. Estou tão animada que mal posso te explicar."

Nenhum desses áudios parece ter sido captado pelo Snapchat — eroleta de 1 a 50acordo com a própria política do aplicativo, não é possível denunciar uma mensagem privada ou áudio como este.

As provas reunidas pela polícia foram suficientes para o processo, mas o detetive Howard teme que eles tenham apenas visto a superfície do problema. Emroleta de 1 a 50opinião, é provável que os envolvidos tenham sido regularmente expostos a conteúdo violento — e sido dessensibilizados a ele.

Um estudo recente do Centroroleta de 1 a 50Criminologia Aplicada e Policiamento da Universidaderoleta de 1 a 50Huddersfield corrobora essa ideia ao revelar que as redes sociais foram um fator-chaveroleta de 1 a 50quase um quarto dos crimes cometidos por menoresroleta de 1 a 5018 anos. A maioria destes casos foram atosroleta de 1 a 50violência que começaram com confrontos online.

O que os adolescentes veem online

Na investigação da BBC, duas semanas depoisroleta de 1 a 50acompanhar o tiporoleta de 1 a 50conteúdo que jovensroleta de 1 a 5013 anosroleta de 1 a 50Reading seguemroleta de 1 a 50suas contas, nosso adolescente imaginário recebeu recomendaçõesroleta de 1 a 50postagensroleta de 1 a 50pessoas exibindo facas, facas à venda e vídeos glorificando a violência.

Isso aconteceu no Instagram, no Facebook e no YouTube. No TikTok e no Snapchat, esse tiporoleta de 1 a 50conteúdo não era recomendado para contasroleta de 1 a 5013 anos. Todos os sites dizem que protegem usuários adolescentes.

A Meta, dona do Instagram e do Facebook, diz que restringe "conteúdo sobre compra e vendaroleta de 1 a 50armas brancas" que os menoresroleta de 1 a 5018 anos podem ver.

O YouTube diz que "pode ​​adicionar uma restriçãoroleta de 1 a 50idade" ao conteúdo que inclui "atos prejudiciais ou perigosos que menores podem imitar". Nossa conta encontrou apenas um vídeo com restriçãoroleta de 1 a 50idade.

Algumas das imagens e vídeosroleta de 1 a 50facas eram semelhantes às encontradas nos celulares dos assassinosroleta de 1 a 50Olly. Queríamos testar o que acontece quando um garotoroleta de 1 a 5013 anos compartilha uma postagem dessas nas redes sociais.

Nossas contas falsas eram privadas, para não expor mais ninguém.

Nenhuma ação foi tomada contra a postagem mostrando uma faca que foi compartilhada na conta do jovemroleta de 1 a 5013 anos no Instagram, Facebook, YouTube e Snapchat.

O TikTok, no entanto, removeu a postagem por violar suas diretrizes sobre atos perigosos — e a conta foi avisadaroleta de 1 a 50que estava pertoroleta de 1 a 50ser suspensa. Isso sugere que é possível detectar e remover esse tiporoleta de 1 a 50conteúdo compartilhado por um perfil menorroleta de 1 a 5018 anos. Após a reportagem, as contas foram desativadas.

Nosso experimento revelou algo ainda mais impressionante. Alguns anúncios promovidos para a conta no YouTube, Facebook e Instagram foram baseadosroleta de 1 a 50seus interesses e, às vezes, apropriados à idade. Isso parece sugerir que os dadosroleta de 1 a 50jovens usuários adolescentes podem ser usados ​​para atingi-los, mas não estão sendo usados ​​para protegê-losroleta de 1 a 50conteúdo nocivo mostrando armas e violência.

Eu queria saber se as postagens enviadas para a conta do garotoroleta de 1 a 5013 anos eram típicas do que os adolescentes veriam, então me encontrei com amigosroleta de 1 a 50Olly — Poppy, Patrick, Izzy, Jacob e Ben — no memorialroleta de 1 a 50Olly, apenas a alguns metrosroleta de 1 a 50onde ele foi esfaqueado .

Ben me ajudou a configurar a conta falsa. Ele e outros amigosroleta de 1 a 50Olly me disseram que começaram a usar as redes sociais muito antesroleta de 1 a 50completar 13 anos, a idade mínima requerida para se inscrever na maioria das plataformas. Todos eles, no entanto, dizem que não houve tentativasroleta de 1 a 50verificar suas idades. Os paisroleta de 1 a 50Olly dizem que ele também se juntou a eles antes dos 13 anos.

Crédito, BBC/Tom Traies

Legenda da foto, Da esquerda para a direita: Ben, Jacob, a repórter Marianna, Poppy, Izzy e Patrick, no banco memorial a Olly

Mostrei a eles vários printsroleta de 1 a 50telas das contas que a BBC criou, sem expô-los a muito do conteúdo recomendado. Mas as crianças não ficaram chocadas com os resultados — e admitiram que todos veem facas e violência regularmenteroleta de 1 a 50seus feeds.

"Já vi facas maiores, para ser honesto", diz Jacob sobre suas próprias contas nas plataformas.

Todos eles também descrevem ter sido expostos a cyberbullying regularmente — incluindo vídeosroleta de 1 a 50humilhação como o que desencadeou a tensão entre Olly e os meninos que o mataram.

Todas as plataformasroleta de 1 a 50redes sociais expressaram suas condolências à famíliaroleta de 1 a 50Olly. A Meta, dona do Instagram e do Facebook, diz que "não permite conteúdo que ameace, encoraje ou coordene a violência" e que tem "um processo bem estabelecido para apoiar as investigações policiais", como fez no casoroleta de 1 a 50Olly. Eles "investigarão urgentemente os exemplos levantados".

O YouTube diz que tem "políticas rígidas para garantir que nossa plataforma não seja usada para incitar a violência".

O TikTok diz que "não existe 'trabalho concluído' quando se trataroleta de 1 a 50proteger nossos usuários, principalmente os jovens" e que "continuará a criar políticas e ferramentas" para ajudar os adolescentes e seus pais a permanecerem seguros online.

O Snapchat diz que "proíbe estritamente bullying, assédio e qualquer atividade ilegal" e "fornece ferramentasroleta de 1 a 50denúncia anônima no aplicativo".

Em buscaroleta de 1 a 50respostas

Amanda e Stuart querem respostas — e soluções — para proteger outras criançasroleta de 1 a 5013 anos nas redes sociais, e querem que os legisladores os ouçam.

Crédito, BBC/Phil Coomes

Legenda da foto, Stuart e Amanda Stephens sentem que mais deveria ser feito para proteger adolescentes como Olly nas redes sociais

Uma leiroleta de 1 a 50segurança online está atualmenteroleta de 1 a 50discussão no Parlamento britânico. "Este projetoroleta de 1 a 50lei trataroleta de 1 a 50manter crianças e jovens seguros", disse à BBC a secretária britânicaroleta de 1 a 50Estado Nadine Dorries.

Ela não ficou surpresa ao ver os resultados do nosso experimento. "Essas plataformas sabem que o conteúdo sobre facas está sendo enviado para os feeds dos jovens", diz ela.

No Brasil, crianças e adolescentes usuáriosroleta de 1 a 50redes sociais estão cobertos pelo Estatudo da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê proteção integral ao menorroleta de 1 a 50idade contra conteúdos que o exponham, ofendam ou prejudiquem.

A Leiroleta de 1 a 50Proteçãoroleta de 1 a 50Dados,roleta de 1 a 502020, também cria uma sérieroleta de 1 a 50restrições ao compartilhamento e uso dos dadosroleta de 1 a 50menoresroleta de 1 a 5018 anos. Mas há igualmente desafios sobre moderaçãoroleta de 1 a 50conteúdos para usuários crianças e adolescentes nas redes sociais.

Stuart e Amanda temem que apesarroleta de 1 a 50algum avanço, a configuração atual dos perfis nas redes não teria salvado Olly. Eles querem ver mais esforços para verificar a idaderoleta de 1 a 50usuários jovens e limitarroleta de 1 a 50exposição a postagens prejudiciais — mesmo que o conteúdo seja legal, como os vídeos violentos e imagensroleta de 1 a 50facas aos quais nossa conta adolescente fictícia foi recomendada.

"Esqueça seus lucros, as crianças estão se matando", desabafa Stuart.

- Este texto foi originalmente publicadoroleta de 1 a 50http://vesser.net/salasocial-61875171

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