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Comoblack jack na bet365indignação nas redes sociais pode ter efeito contrário ao desejado:black jack na bet365
Um monitoramento feito pelo hacker francês ativista no combate à desinformação e proteçãoblack jack na bet365dados Robert Baptiste, que usa o codinome Elliot Alderson nas redes sociais, mostra que os primeiros tuítes começaram a circularblack jack na bet365um pequeno grupo, na noite anterior: ao todo, 54 pessoas que só interagiam entre si fizeram alguns posts, muitas com perfis falsos.
O engajamento das mensagens era baixo, com pouca interação e poucos compartilhamentos.
Mas tudo mudou quando usuários fora dessa "bolha" descobriram a hashtag e se indignaram com ela. Com mensagens públicas expondo a revolta, usuários adotaram a hashtag para pedir ao Twitter que fizesse algo.
A partir daí, compartilhamentos, curtidas, comentários... Logo, o assunto foi parar entre os mais discutidos.
Durante a manhã, a Liga Internacional contra o Racismo e o Antissemitismo se pronunciou sobre o assunto. Depois foi a vezblack jack na bet365políticos dos extremos do espectro e influencers.
"De indignaçãoblack jack na bet365indignação, a hashtag se espalha para todos os lugares (...) É um padrão. As pessoas veem algo que as choca e mencionam o conteúdo. Fazendo isso, elas o amplificam", disse Baptiste à BBC News Brasil.
Atenção aos extremos
O exemplo não é exclusividade da França. Não é raro que postagens e vídeos sejam impulsionados nas redes sociais por aqueles que mais os repudiam.
E isso pode ter a ver com o efeito que as redes sociais têm sobre nossas emoções.
"O algoritmo das plataformas trabalha para que passemos mais tempo nelas. E os posts e assuntos com reações mais extremas nos faz ficar mais [tempo], por causa da indignação dos dois lados", conta a professora Lilian Carvalho, coordenadora do Núcleoblack jack na bet365Comunicação, Marketing e Redes Sociais Digitais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
E, quanto mais um determinado post envolve os usuários, mais ele vai ganhando destaque e alcançando novas pessoas. No caso do Twitter, pode parar nos Trending Topics; no Facebook, pode aparecer mais alto no feedblack jack na bet365amigos; no YouTube, pode aparecer nos vídeos "em alta" e "recomendados".
'Economia do ódio'
Apesarblack jack na bet365estarmos conectados o dia inteiroblack jack na bet365alguma forma nas redes sociais, não é sempre que achamos tempo para nos engajarmos.
Trabalho, almoço, estudo, tarefas domésticas… É nessa disputa por nossa cada vez mais escassa atenção que acontece o debateblack jack na bet365ideias nas plataformas, explica Marco Bastos, professorblack jack na bet365comunicação e especialistablack jack na bet365redes sociais da City University of London, no Reino Unido.
"Não tem como dar atenção a tudo que está acontecendo, então os usuários usam o pouco tempo que têm para investirblack jack na bet365ideias que são caras a eles, na guerrablack jack na bet365quem vai falar o que ou quem vai ter mais resultado sobre aquilo. A economia do ódio atua justamente aí, no conteúdo que as pessoas não vão conseguir evitarblack jack na bet365olhar e comentar", diz.
Um dos resultados disso, segundo os especialistas, é a polarização, já que os extremos repercutem mais.
Para Lilian Carvalho, as postagens no "meio termo", mesmo que concordemos com elas, não despertam o nosso interesse.
"Não digo que a pessoa não deve se indignar, mas entender o que essa indignação significa no ambiente das redes sociais e como as plataformas utilizamblack jack na bet365gatilhos emocionais para manipular nossas emoções".
No caso específico do Twitter, o professor Marco Bastos ressalta ainda que mudanças feitas pela plataforma alteraram o aparecimentoblack jack na bet365assuntos na lista do Trending Topics, que reúne os assuntos mais comentados.
Se antes, ela era baseada apenas na quantidadeblack jack na bet365posts, hoje levablack jack na bet365consideração a diversidadeblack jack na bet365grupos que falam sobre o mesmo assunto.
Ou seja, se todos os ambientalistas do mundo - mas apenas eles - resolverem impulsionar uma hashtag, só vão conseguir emplacar caso o assunto seja discutido fora da "bolha" e gere algum tipoblack jack na bet365embate.
Na terça-feira (21), a hashtag #FamíliasContraFelipeNeto, por exemplo, apareceu entre os assuntos mais comentados na rede social.
A ideia era protestar contra os posicionamentos políticos do popular youtuber brasileiro. Uma simples busca pelo termo, porém, mostra que alguns dos posts com mais engajamento, na verdade, eramblack jack na bet365apoio a Felipe Neto.
Ainda assim, a notícia sobre a popularidade do termo foi temablack jack na bet365postsblack jack na bet365blogs e sitesblack jack na bet365notícias.
Em outros casos, grupos contrários conseguem,black jack na bet365fato, se apropriarblack jack na bet365uma hashtag e dar um novo significado a ela.
Um exemplo recente é a #WhiteLivesMatter, ou Vidas Brancas Importam, que começou como reação ao movimento antirracista Vidas Negras Importam.
O termo acabou sendo "sequestrado" por fãs da música pop sul-coreana, o k-pop, que diluíram mensagens racistas num marblack jack na bet365posts sobre seus ídolos.
A listablack jack na bet365assuntos mais comentados no Twitter é muito utilizada para pautar jornalistas eblack jack na bet365debates na TV no Brasil, como no programa matutino Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo.
"Acho que o usuário sabe que, ao falar sobre o assunto, o está impulsionando. Mas essa não é a preocupação principal dele no momento que ele quer impor seu pontoblack jack na bet365vista", explica o professor Marco Bastos.
À espera dos compartilhamentos
Chamar a atenção dos usuários com as reações extremas é apenas um dos artifícios das redes sociais para estimular mais o usoblack jack na bet365suas plataformas.
A estrutura também nos faz esperar por reações ou "fazer parteblack jack na bet365uma comunidade", como explica Bastos. Quando nos posicionamos, desejamos curtidas, comentários e compartilhamentos.
Em recente entrevista à BBC, a jornalista espanhola Marta Peirano, autora do livro El Enemigo Conoce El Sistema (O inimigo conhece o sistema,black jack na bet365tradução livre), ressaltou que a estrutura das redes sociais nos faz ficar viciados.
"Somos viciadosblack jack na bet365injeçõesblack jack na bet365dopamina que certas tecnologias incluíramblack jack na bet365suas plataformas. Isso não é por acaso, é deliberado".
A dopamina é um neurotransmissor cuja atividade está ligada à motivação que temos para fazer as coisas e pode ser acionada por uma sérieblack jack na bet365estímulos externos,black jack na bet365um barulho a uma notificação.
"Temos que lembrar que tudo isso é muito novo, estamos aprendendo. Antes, quando só consumíamos TV, era fácil controlar. Era só mudarblack jack na bet365canal para a gente deixarblack jack na bet365ver o que não queríamos reagir. Agora não, estamos na mão do algoritmo, que coloca o assunto que quer na nossa frente", conclui a professora Lilian Carvalho.
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