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Coronavírus: como nasce e se espalha um boato:nba betano
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A versão mais antiganba betanoinglês deste boato que encontramos foi postada por uma usuária do Facebooknba betano7nba betanofevereironba betanoum grupo chamado Happy People, que tem quase 2.000 membros.
A autora do post compartilhou informações atribuídas ao tio "do meu coleganba betanoclasse, que fez mestrado e trabalha no Hospitalnba betanoShenzhen (na China)."
"Ele está sendo transferido para estudar o vírus da pneumonianba betanoWuhan. Ele acabounba betanome ligar e sugerir que eu contasse algumas coisas para meus amigos..."
As dicas que se seguem são enganosas ou erradas. Diz-se, por exemplo, que uma pessoa não fica doente com o vírus caso tenha coriza.
Dedicadas à checagemnba betanofatos, as organizações Full Fact e Snopes, citando fontes como os Centrosnba betanoControlenba betanoDoenças dos EUA (CDC) e publicações da revista médica The Lancet, afirmaram que o corrimento nasal é incomum mas não impossívelnba betanopacientes com coronavírus.
O post no grupo Happy People também incentiva as pessoas a "beber mais água quente" e "evitar beber gelo". Atualmente, não há evidênciasnba betanoque essas coisas ajudem a prevenir ou curar o coronavírus.
Tentamos entrarnba betanocontato com a autora da postagem, mas ela não respondeu.
O boato se espalha
O conteúdo dessa postagem ganhou força vários dias depois, quando compartilhada por um homem chamado Glen na Índia. Ele compartilhou a postagemnba betanovários grupos diferentes do Facebook, incluindo muitos reunindo católicos indianos.
A nova postagem acrescentou coisas ao post original. Embora o novo post mencionasse um tio "que fez mestrado", obviamente Glen não recebeu um telefonemanba betanoum tio.
O homem dizia que apenas "encaminhou algo que recebeu".
Alguns conselhos embasados por recomendaçõesnba betanoórgãos competentes, como a importâncianba betanose lavar as mãos, foram acrescentados.
Mas a nova versão também incluiu algumas informações infundadas.
Por exemplo, descrevianba betanodetalhes muito específicos como a doença progride. Os cientistas, no entanto, reconhecem que, hoje, ainda não é possível definir um padrão exatonba betanoprogressão da covid-19. Os sintomas e a gravidade da infecção pelo novo coronavírus são altamente variáveis.
O post viraliza
Durante várias semanas, esse boato ficou restrito a um ou outro grupo relativamente menor. Masnba betano27nba betanofevereiro, um dononba betanouma galerianba betanoarte aposentadonba betano84 anos o transformounba betanoum viral.
O postnba betanoPeter era semelhante aonba betanoGlen, mas também incluiu novas informações, muitas erradas e enganosas. A disseminação do post do britânico também chamou a atençãonba betanoagênciasnba betanochecagemnba betanofatos, como a Full Fact e Snopes.
Por exemplo, uma alegação no post era anba betanoque o vírus "odeia o Sol" — mas não há evidências hojenba betanoque a luz solar mate o novo coronavírus. E há muitos e crescentes casos da doençanba betanopaísesnba betanoclima quente e ensolarado, como o Brasil.
Outras partes do post eram verdadeiras — como, mais uma vez, a recomendação para lavar as mãos.
Peter, que vive no sul da Inglaterra, editou posteriormente as partes enganosasnba betanoseu post checadas por agências verificadoras. Mas, até ali, o post já havia sido compartilhado quase 350.000 vezes.
Contatado pela BBC, Peter não disse especificamente onde obteve as informações do post, mas disse que confiava emnba betanofonte na época.
"Acreditava que realmente se tratavanba betanoum parente desse cientista, um médico que havia fornecido todos esses fatos e números", afirmounba betanoentrevista por telefone.
Peter defende que estava tentando ajudar as pessoas a se proteger.
"Tento ser o mais factual possível. E, se eu for corrigido, ou se descobrir que disse algo incorretamente, peço desculpas e faço as alterações."
O boato passa por mutações
Apesar das edições posteriores feitas por Peter após checagensnba betanofatos,nba betanoversão original se espalhou e foi modificada. Algumas foram turbinadas com ainda mais informações enganosas.
A suposta fonte das recomendações também mudou. Em algumas versões, o "tio com mestrado" se tornou "membro do conselho do hospitalnba betanoStanford"; houve atribuições também a "médicos japoneses" e "especialistasnba betanoTaiwan".
Os posts citando Stanford — há pelo menos 100 deles apenas no Facebook — se espalharam tão rapidamente que a universidade emitiu uma declaração negando qualquer relação com o conteúdo compartilhado.
O boatonba betanonovos idiomas
O post então foi ainda mais impulsionado — incluindo compartilhamentos por personalidades, como um apresentadornba betanoTV ganês e um ator americano, mas também por dezenasnba betanopessoas comuns.
Uma internauta americana, April, postou uma versão do boatonba betanoum grupo no Facebook chamado Coronavirus Updates ("Atualizações sobre o coronavírus",nba betanotradução livre). Sua postagem atribuía as informações ao "sobrinhonba betanoum amigo nas forças armadas".
Contactada pela reportagem através do Facebook Messenger, April disse que viu as informações pela primeira vez na postagemnba betanoum amigo, mas depois percebeu que "tudo o que ele fez foi copiar e colar, como eu fiz. Parece que a maioria delas é falsa."
"Uso o Facebook o dia todo, todos os dias", diz April. "Já encontrei muitas informações úteis... Não assisto às notícias (da imprensa tradicional)."
Começa então uma nova etapa da viralização do boato: o post foi traduzido para vários idiomas, incluindo árabe, vietnamita, francês, espanhol e italiano.
Mais informações falsas são adicionadas — como o conselho para que se faça um "autoexame"nba betanocoronavírus todas as manhãs, prendendo a respiração por maisnba betano10 segundos. Não há evidênciasnba betanoque isto funcione como um diagnóstico ou indicação sobre a infecção.
Tiponba betanoviral: copia e cola
Entre os tiposnba betanoboatos e notícias falsas, o "Tio com mestrado" pode ser classificado como "copia e cola" —nba betanoveznba betanoo usuário usar ferramentasnba betanoreplicação direta, como "compartilhar" e "retuitar", o material é colado manualmente e às vezes alterado.
Isso faz com que cada post pareça autêntico, talvez escrito por alguém que você conhece, aumentando assim as chancesnba betanovocê confiar nele.
Como existem muitas postagens "originais", também torna difícil para as redes sociais e as pessoas que as estudam acompanhar exatamente até que ponto essas postagens se espalharam.
Sabemos que a única postagemnba betanoPeter foi compartilhada centenasnba betanomilharesnba betanovezes — mas é uma tarefa colossal, talvez impossível, calcular quantas pessoas viram as variações nascidas a partir do "Tio com mestrado" no Facebook e outras redes sociais.
O que o Facebook está fazendo
Em relação às postagens que não foram editadas nem tiveram as informações enganosas retiradas, um porta-voz do Facebook afirmou à BBC: "Essas postagens violam nossas políticas e foram removidas".
"Estamos trabalhando continuamente para remover desinformação prejudicial sobre o coronavírus", disse o porta-voz.
"O Facebook também fez parceria com o NHS (serviço públiconba betanosaúde britânico) para conectar as pessoas às mais recentes orientações oficiais do NHS sobre o coronavírus — tanto diretamentenba betanoseus feeds quantonba betanopesquisas sobre o assunto".
A empresa também está inserindo os textos das postagensnba betanosistemas automatizados para detectar replicações.
Gigantes da tecnologia como Facebook, Microsoft, Google, Linkedin, Reddit, Twitter e YouTube se comprometeram publicamente a trabalhar juntos para combater a desinformação sobre a nova doença.
Os profissionais especializados na checagemnba betanofatos dizem que todos temos um papel a cumprir — começando por pensar antesnba betanocompartilhar.
"Pare por um segundo. Dê uma olhada. Veja se você pode descobrir mais informações sobre o assunto", diz Claire Milne, da Full Fact.
"Descubra se está correto ou se você está compartilhando algo com seus amigos e familiares que pode ser enganoso e prejudicial."
Se a fonte parecer vaga ou a postagem for uma longa lista ou tópico repletonba betanoinformações, compare as informações ali contidas com asnba betanofontes conhecidas e confiáveis.
Misturanba betanoverdade e bobagem
As pessoas que compartilharam o post do "Tio com mestrado" geralmente não são mal intencionadas — muitas vezes, acreditam que estão passando fatos confiáveis à frente. Ou podem não ter certeza sobre a veracidade das informações, mas acreditam que "em todo caso" podem ajudar.
Inclusive, é mais fácil ser enganado se houver medo e ansiedade.
O post do "Tio" também é uma misturanba betanoverdade e bobagem, o que o torna mais pernicioso e fácilnba betanoespalhar.
"Quando coisas (falsas) são misturadas com coisas que parecem razoáveis ou verdadeiras, isso confunde as pessoas e,nba betanoalguns casos, as leva a pensar que o restante dos conselhos também é legítimo", diz Kasprak, da Snopes.
Três perguntas a se fazer antesnba betanocompartilhar
nba betano 1 - A fonte da informação parece vaga ounba betanoum amigonba betanoum amigo que você não consegue localizar? Vá fundo na buscanba betanoonde a história veio — ou não a compartilhe. Só porque o material foi enviado por alguémnba betanoquem você confia, não significa que esta pessoa recebeu informaçõesnba betanoalguém que realmente conhece.
nba betano 2 - Todas as informações parecem verdadeiras? Quando há listas longas, é fácil acreditarnba betanotudo, apenas porque um núcleonba betanoconselhos está correto — esse pode ser o caso.
nba betano 3 - O conteúdo desperta emoções — te deixa mais feliz, zangado ou assustado? A desinformação muitas vezes se torna viral porque afeta nossas emoções, então isso é um sinalnba betanoque pode não ser verdade. Mais uma vez, procure um pouco mais. Descobertas científicas, conselhos sobre prevenção e medidas públicas virãonba betanofontes confiáveis.
Fontes: Full Fact, Snopes, BBC Monitoring
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