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Promessas falsascasa de aposta dando bonuscura do câncer geram milhõescasa de aposta dando bonusvisualizações e lucro no YouTube:casa de aposta dando bonus
O vídeo é apenas um entre várioscasa de aposta dando bonusportuguês carregadoscasa de aposta dando bonusdesinformação sobre saúde disponíveis na plataforma.
Uma investigação exclusiva da BBC Brasil e do BBC Monitoring, braço da BBC que noticia e analisa informações do mundo todo, encontrou vídeos monetizados com desinformação e curas falsas para o câncercasa de aposta dando bonus10 idiomas, incluindo português. Um vídeo "monetizado" significa que é acompanhado por anúncios que podem gerar dinheiro, tanto para os criadores quanto para o YouTube.
Em nota, o YouTube disse que "a desinformação é um desafio difícil" e que a empresa toma "diversas medidas para endereçar isso" (leia a resposta completa do YouTube no fim desta reportagem).
Procurando no YouTube por "tratamento para o câncer" e "cura para o câncer"casa de aposta dando bonusportuguês, inglês, russo, ucraniano, árabe, persa, hindi, alemão, francês e italiano, a BBC encontrou maiscasa de aposta dando bonus80 vídeos com desinformação sobre saúde. Dez dos vídeos encontrados tinham maiscasa de aposta dando bonusum milhãocasa de aposta dando bonusvisualizações. Um vídeo brasileiro cujo título diz que aranto, uma plantacasa de aposta dando bonusorigem africana, cura câncer, tem maiscasa de aposta dando bonus3 milhõescasa de aposta dando bonusvisualizações. Não é uma afirmação verdadeira — não há estudos científicos que a comprovem.
Mas milharescasa de aposta dando bonusbrasileiros procuram por respostas no YouTube. "É muito assustador quando você ou alguém que você ama recebe um diagnósticocasa de aposta dando bonuscâncer", diz o cardiologista Haider Warraich. "Isso nos faz tomar decisões mais com a emoção do que com a razão."
Isso pode ser perigoso porque, como Warraich escreveu no jornal americano New York Times, a "desinformação médica pode provocar um númerocasa de aposta dando bonuscorpos ainda maior" que outros tiposcasa de aposta dando bonusdesinformação. Uma pesquisa da Universidade Yalecasa de aposta dando bonus2017 concluiu que pacientes que optam por tratamentos alternativos para cânceres curáveis no lugar dos tratamentos convencionais têm maior riscocasa de aposta dando bonusmorte.
A ciência, diz Warraich, "é incerta por natureza", enquanto alguns vídeos no YouTube oferecem respostas absolutas, algo que é muito mais atrativo para quem está fazendo justamente isso — procurando soluções.
'Acreditocasa de aposta dando bonusparte'
Para Reginaldo, o YouTube oferece outras soluções que ele não vê na medicina. "Remédio caseiro é sempre melhor que remédiocasa de aposta dando bonusfarmácia." Ele diz que tentou ajudar preparando garrafascasa de aposta dando bonusbabosa e mel para a irmã consumir paralelamente ao tratamento convencional. "Se os médicos falarem que funciona, eles paramcasa de aposta dando bonusganhar dinheiro. Eu acredito nelescasa de aposta dando bonusparte. É que, quando a pessoa está boa, a quimioterapia parece matar mais que a própria doença", lamenta.
Outras "curas" sem respaldo científico encontradas pela BBC envolvem o consumocasa de aposta dando bonussubstâncias específicas, como cúrcuma ou bicabornatocasa de aposta dando bonussódio. Ou então: dietascasa de aposta dando bonussucos, jejum, leitecasa de aposta dando bonusburra ou apenas água fervente.
No Brasil, a maior parte das "curas" envolve frutas e plantas exóticas. Alguns dos vídeos incluem ressalvas como "procure o seu médico antescasa de aposta dando bonusadotar essa prática", embora divulguem no título e outras partes do vídeo que a receita divulgadacasa de aposta dando bonusfato oferece uma cura.
Para Yasodara Córdova, pesquisadora ligada ao Berkman Klein Centercasa de aposta dando bonusHarvard, Cambridge, EUA, o Brasil tem uma culturacasa de aposta dando bonus"sabedoria secular e confiança nos recursos naturais",casa de aposta dando bonusoutras palavras, um potencial científico que "não foi aproveitadocasa de aposta dando bonusmaneira estruturada". "O que não está sendo devidamente transformadocasa de aposta dando bonusciência, muitas vezes por faltacasa de aposta dando bonusrecursos, está sendo colocado no YouTube como fake news."
Algumas das plantas ou frutas divulgadas nos vídeos como soluções milagrosascasa de aposta dando bonusfato são objetoscasa de aposta dando bonuspesquisas para investigar se podem contribuir para o tratamentocasa de aposta dando bonusdiferentes doenças. Mas são estudos preliminares, que requerem mais pesquisas. Outras, pelo contrário, são objetoscasa de aposta dando bonuspesquisas que apontam contraindicações, algo ignorado nos vídeos.
No caso do melão-de-são-caetano, há pesquisas que apontam que a fruta tem potencial para fornecer compostos anticancerígenos, mas, apesarcasa de aposta dando bonusdiversos links e vídeos apresentando a fruta com a segurançacasa de aposta dando bonusque se tratacasa de aposta dando bonusum remédio absoluto contra o câncer, os próprios estudos dizem que mais pesquisas e testes são necessários para concluir algo nessa direção.
Justin Stebbing, professor da medicina do câncer e oncologia da Imperial College of London, explica que algumas plantas sãocasa de aposta dando bonusfato usadas para o desenvolvimentocasa de aposta dando bonusremédios e contêm químicos anticancerígenos, mas muitas vezes "não estão nas concentrações ou quantidades corretas e não estão purificadas para ter efeitos anticancerígenos".
Um suco ou chácasa de aposta dando bonusuma planta, por exemplo, não tem a concentração dos extratos feitoscasa de aposta dando bonuslaboratório. "O processocasa de aposta dando bonusextrair esses químicos e purificá-los levam anos", assim como a escolha das "concentrações precisas", que passam por "triagens clínicas por muitos anos antescasa de aposta dando bonusum produto ser considerado efetivo e seguro para dar a pacientes".
As plantas,casa de aposta dando bonusgeral, "são seguras para tomar com tratamentos convencionais, mas sozinhas não vão ter um efeito significativo contra o câncer ou prolongar a qualidade ou quantidadecasa de aposta dando bonusvida, que é o que oncologistas estão tentando fazer".
"Não estou dizendo que a medicina tem todas as respostas, porque não tem. Mas é preciso tomar cuidado com remédios alternativos na internet sem filtro que são objetoscasa de aposta dando bonusafirmações comocasa de aposta dando bonusque curam o câncer, baseadocasa de aposta dando bonussentimentos ou porque alguém ouviu dizer, porque precisamoscasa de aposta dando bonusmuito mais hojecasa de aposta dando bonusdia para fazer uma afirmação como essa."
Pesquisadorcasa de aposta dando bonuscâncer na Universidade Oxford, no Reino Unido, o médico David Robert Grimes explica que, diferentemente das curas falsas divulgadas no YouTube, "a medicina é cuidadosamente regulada, rigorosa e objetiva". "Fazemos pesquisas científicas para verificar se algo funciona. Se funciona, pode virar um remédio, e isso é testadocasa de aposta dando bonusnovo ecasa de aposta dando bonusnovo ecasa de aposta dando bonusnovo", afirma. "Sua eficácia pode ser medida. A ciência é um processo aberto e todo mundo pode testar a ideiacasa de aposta dando bonustodo mundo."
"Isso não acontece no campo da chamada medicina alternativa. Você tem que simplesmente acreditar no que alguém está dizendo", observa. "Quem oferece uma 'cura mágica' para o câncer está mentindo. Quando as pessoas oferecem soluções fáceis para questões complicadas, devemos desconfiar."
A BBC News Brasil entroucasa de aposta dando bonuscontato com Elizeu Correia, o criador do vídeo que diz que melão-de-são-caetano cura câncer. Por email, ele afirmou que o vídeo não fala sobre "um chazinho perigoso ou venenoso" e que não estaria mais aberto a visualizações —casa de aposta dando bonusfato, depoiscasa de aposta dando bonusser abordado, ele mudou o vídeo para modo privado.
Desinformação 'contagiosa'
Por que a desinformação dá certo no YouTube? Para a professoracasa de aposta dando bonusCiênciacasa de aposta dando bonusAntropologia, Risco e Decisão da Escolacasa de aposta dando bonusHigiene e Medicina Tropicalcasa de aposta dando bonusLondres, Heidi Larson, os vídeos "mexem" com as pessoas. "Evocam diferentes tiposcasa de aposta dando bonusemoção e isso pode ser muito contagioso", afirma ela, que também dirige um projetocasa de aposta dando bonusconfiança na vacinação.
Além disso, o sistemacasa de aposta dando bonusrecomendação do YouTube já foi acusadocasa de aposta dando bonuslevar usuários a buracos negroscasa de aposta dando bonusteorias da conspiração e radicalização, já que, para manter o usuário no site, reproduz vídeos automaticamente depois que o primeiro vídeo acaba.
E, muitas vezes, o algoritmo escolhe vídeos com temas semelhantes — e isso também vale para a desinformação. Na prática, significa que se um usuário caicasa de aposta dando bonusum vídeo que desinforma, pode acabar assistindo a vários outros vídeos que também desinformam.
A BBC pediu uma entrevista com algum representante do YouTube. Em vez disso, a empresa divulgou uma nota: "A desinformação é um desafio difícil, e nós tomamos diversas medidas para endereçar isso, incluindo mostrar mais conteúdo confiável sobre questões médicas, exibindo painéiscasa de aposta dando bonusinformação com fontes confiáveis e removendo anúncioscasa de aposta dando bonusvídeos que promovam afirmações danosas. Nossos sistemas não são perfeitos, mas estamos constantemente fazendo melhorias e permanecemos comprometidos para progredir nesse espaço".
A empresa anuncioucasa de aposta dando bonusjaneiro que iria "reduzir recomendaçõescasa de aposta dando bonusconteúdo borderline (no limite do aceitável) e conteúdo que poderia desinformar usuárioscasa de aposta dando bonusforma danosa — como vídeos promovendo uma falsa cura milagrosa para uma doença séria". Mas isso, até agora, apenascasa de aposta dando bonusinglês.
Mudançascasa de aposta dando bonusoutras línguas ainda não foram anunciadas.
Além disso, a empresa já afirmou que, nos esforços para combater a desinformação, esse sistemacasa de aposta dando bonusrecomendação vai mudar, com recomendaçãocasa de aposta dando bonusvídeos que são confiáveis a pessoas que estão assistindo a vídeos que talvez não sejam.
Lucrando com desinformação
Os vídeos encontrados pela BBC tinham uma sériecasa de aposta dando bonusanúncios no começo ou no meio. Havia anúncioscasa de aposta dando bonusuniversidades respeitadas, empresascasa de aposta dando bonusturismo e filmes. Isso significa que tanto o YouTube quanto os criadores dos vídeos podem lucrar com o conteúdo.
Mas as "diretrizes para conteúdo adequado para publicidade" do YouTube estabelecem que vídeos que promovam ou defendam "declarações ou práticas médicas oucasa de aposta dando bonussaúde prejudiciais", como "tratamentos não médicos que prometam curar doenças incuráveis" não podem ter publicidade. A plataforma tem o podercasa de aposta dando bonusdesmonetizar certos tiposcasa de aposta dando bonusconteúdo e remover as receitas para os criadores dos vídeos. E essa política é global.
Os vídeos monetizados encontrados pela BBC News Brasil, porém, estavam no ar desde 2016. A política da plataformacasa de aposta dando bonusrelação a desinformação sobre saúde, portanto, não é clara ou não é aplicada corretamente.
A BBC enviou as informações sobre os vídeos com curas falsas encontradas no YouTube nas dez línguas pesquisadas. Depois da publicação da reportagem, a empresa informou ter desmonetizado maiscasa de aposta dando bonus70 dos vídeos por violarem suas políticascasa de aposta dando bonusmonetização.
Erin McAweeney, uma pesquisadora do instituto Data & Society que trabalhou com saúde e dados, levanta um problema: mesmo que o YouTube desmonetize esses vídeos, "não há evidências que mostrem que desmonetizar resolve o problema do tamanho da audiência ecasa de aposta dando bonusseu alcance".
"Há muitas motivações por trás do compartilhamentocasa de aposta dando bonusdesinformação. Dinheiro é só uma delas. Não temos evidências que confirmam que desmonetização leva a 'despriorização'. E,casa de aposta dando bonusmuitos casos, receber atenção e visualizaçãocasa de aposta dando bonusum vídeo é algo mais valioso para seus criadores do que o dinheiro que gera", afirma.
E há uma questão final: quem, afinal, determina o que é desinformação? "Estamos pedindo que corporações com pessoas que não são especialistascasa de aposta dando bonussaúde pública façam esse julgamento por nós, todos os cidadãos. Há linhas tênues, gradientes da verdade. O desafio é como estabeleceremos essa linha e quem será a pessoa ou as pessoas que a estabelecerão", diz Isaac Chun-Hai Fung, um professorcasa de aposta dando bonusepidemiologia da Georgia Southern University, nos Estados Unidos.
Escutar os pacientes
Mas os especialistas apontam para outro impasse, menos relacionado à plataforma. Profissionaiscasa de aposta dando bonussaúde, eles dizem, também tem um poucocasa de aposta dando bonusresponsabilidade.
Com uma equipecasa de aposta dando bonusalunos, Fung e pesquisadores da William Paterson University analisaram informações sobre saúdecasa de aposta dando bonusinglês no YouTube. Descobriram que, não importasse qual fosse o tópicocasa de aposta dando bonussaúde, a maioria dos 100 vídeos mais populares no YouTube era criada por amadores, pessoas que não são profissionaiscasa de aposta dando bonussaúde ou ciência.
"A comunidadecasa de aposta dando bonussaúde pública ecasa de aposta dando bonusciência tem hesitadocasa de aposta dando bonusse engajar nas redes sociais. Precisamos nos engajar", diz Larson, da Escolacasa de aposta dando bonusHigiene & Medicina Tropical.
Fung defende que a solução para a desinformação relacionada a saúde também deve considerar a produçãocasa de aposta dando bonusvídeos sobre ciência e medicina moderna. "Deve haver vídeoscasa de aposta dando bonusalta qualidade que eduquem sobre o temacasa de aposta dando bonusvárias línguas e com linguagem acessível. Profissionaiscasa de aposta dando bonussaúde devem trabalhar com profissionaiscasa de aposta dando bonusmídia para fazer isso. Não acho que haja investimento."
Outra conclusãocasa de aposta dando bonusseu estudo é que vídeos que atraem visualizações normalmente são aqueles que contam experiências pessoais. "Para comunicar os benefícios da medicina moderna, temos que adotar estratégias similares aos vídeos com maior quantidadecasa de aposta dando bonusvisualizações no YouTube. Será que alguém que se beneficiou da medicina moderna pode contarcasa de aposta dando bonushistória, por exemplo?", pergunta.
McAweeney declara que, se conteúdo com conspirações e desinformação sobre câncer está mais disponível que conteúdo científico, então "as instituições confiáveis são as responsáveis por produzir conteúdo para preencher os vazioscasa de aposta dando bonusdados".
Warraich, o cardiologista, diz achar que médicos devem criar "maneiras pelas quais pacientes podem entrarcasa de aposta dando bonuscontato com eles". "Se os pacientes pudessem acessar seus médicos, adivinhem quem seriacasa de aposta dando bonusfonte?"
A comunicação é chave,casa de aposta dando bonusacordo com Larson. Mas especialmente a partecasa de aposta dando bonus"escutar", que, trabalhando com pessoas que hesitamcasa de aposta dando bonusserem vacinadas, ela aprendeu a defender. A comunidade científica "não tem sido boa o suficientecasa de aposta dando bonusescutar" pessoas que têm dúvidas, ela diz. "Não é um ambientecasa de aposta dando bonusinformações fácilcasa de aposta dando bonusnavegar. Temos que ter empatia."
*Colaboraram Flora Carmichael, do Beyond Fake News, e BBC Monitoring
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