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'As pessoas não acham que alguém como eu possa ser inteligente': a vida dos alunos da periferia na USP:site aposta bonus gratis
Muitos têmsite aposta bonus gratisconciliar a pesada carga horáriasite aposta bonus gratisestudos com o trabalho, superar a defasagem na qualidadesite aposta bonus gratisensino que tiveram, passar horas e horas no transporte entre a periferia a USP, suportar a insalubridadesite aposta bonus gratismoradias estudantis, competir por bolsas e intercâmbios com colegas que já falam várias línguas e se enturmarsite aposta bonus gratisum grupo socioeconômico diferente.
E afirmam ter de, muitas vezes, lutar contra discriminação e racismosite aposta bonus gratiscolegas, professores e funcionáriossite aposta bonus gratisuma universidade que ainda é majoritariamente branca. A USP implementou sistemasite aposta bonus gratisreservasite aposta bonus gratisvagassite aposta bonus gratis2018 e o númerosite aposta bonus gratispretos, pardos e indígenas que ingressaramsite aposta bonus gratis2019 aumentou 38%site aposta bonus gratisrelação ao ano anterior, mas continua longesite aposta bonus gratisrepresentar a realidade brasileira. Esses alunos ocuparam 25,7% do totalsite aposta bonus gratisvagas no vestibular deste ano.
Como é 'ser da quebrada' e estudar na USP
Criadosite aposta bonus gratisuma favela na Brasilândia, zona norte da capital paulista, o estudantesite aposta bonus gratisciências sociais Thiago Torres,site aposta bonus gratis19 anos, conta que um dos piores momentos que viveu na universidade foi bastante simbólicosite aposta bonus gratiscomo é "ser da quebrada" e estudar na USP.
Era uma sexta-feira à noite e ele estava entrando na Cidade Universitária para ir a uma festa dentro do campus pelo portão mais próximo à favela São Remo, que fica ao lado da universidade.
Assim que cruzou o portão com os amigos, quatro carros da Guarda Universitária abordaram os jovens, que foram obrigados a mostrar a carteirinhasite aposta bonus gratisestudante.
"Para mim foi bem simbólico das barreiras que quem é pobre, da periferia, enfrenta. E se eu não fosse aluno, não poderia entrar? A universidade não é pública?", diz ele à BBC News Brasil.
Recentemente Thiago desabafou sobre como é viver "entre dois mundos"site aposta bonus gratisum post no Facebook. "Versite aposta bonus gratisonde você veio esite aposta bonus gratisonde as pessoas vieram, perceber que elas estão com séculossite aposta bonus gratisvantagemsite aposta bonus gratisrelação a você e aos seus tem sido bem triste e difícil para mim", escreveu ele no texto, que teve 51 mil curtidas e 15 mil compartilhamentos.
"Até quando vai predominar a lógicasite aposta bonus gratisque os brancos com grana têm acesso às melhores coisas e o caminho do sucesso trilhado enquanto os negros pobres vivem um verdadeiro inferno e tudo o que conseguem é trabalhar para esses brancos?", escreveu Thiago.
Ele conta à BBC News Brasil que quando anda pelo campus muitas pessoas o encaram. "Muitos olham com olharsite aposta bonus gratismedo - achando que eu vou roubar. Outros tiram sarro, fazem comentários maldosos."
"No meu caso é bem nítido (que sou da periferia) pelo meu modosite aposta bonus gratisvestir. Mas faço questãosite aposta bonus gratisme vestir do modo da quebrada mesmo, nesse estilo chavoso (bonésite aposta bonus gratisaba larga, correntes, estilo típicosite aposta bonus gratisfunkeiros)", diz ele. "As pessoassite aposta bonus gratisclasse média não acham que alguém como eu, com meu estilo, pode ser inteligente, pode estar nesse espaço."
Thiago conta que as realidades são tão contrastantes que quando pisou no prédio da Faculdadesite aposta bonus gratisFilosofia, Letras e Ciências Humanas achou que "aquilo parecia um shopping", enquanto colegas que vinhamsite aposta bonus gratisescola particular reclamavam "que aquilo era um horror" por causa do calor (não há ar condicionado), das goteiras esite aposta bonus gratisoutros problemassite aposta bonus gratisconservação.
Corridasite aposta bonus gratisobstáculos
Thiago estudou a vida inteirasite aposta bonus gratisescola pública - "Faltava papel higiênico, faltava professor, giz, tinha dias que não tinha merenda" - e relata as dificuldades financeiras que enfrentou para chegar onde chegou.
"Teve épocassite aposta bonus gratisque a gente estava recebendo comida da igreja", conta. Hoje,site aposta bonus gratismãe trabalha como faxineira, e o pai conseguiu se formar na faculdade depoissite aposta bonus gratisadulto - mas trabalha como atendentesite aposta bonus gratisum postosite aposta bonus gratissaúde.
Thiago estuda à noite e trabalha como jovem aprendizsite aposta bonus gratismanhã. Ele acorda às 5h30 da manhã e chegasite aposta bonus gratiscasa, atualmentesite aposta bonus gratisGuarulhos, meia-noite e meia. Passa cercasite aposta bonus gratis5h por dia no transporte público. "Às vezes, eu fico o dia inteiro morrendosite aposta bonus gratissono e não consigo nem estudar. E no ônibus eu vousite aposta bonus gratispé, superapertado, não dá pra estudar."
"Quando se falasite aposta bonus gratisinclusão no ensino superior público, a questão do acesso é central, mas não é a única", afirma Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva. "É preciso reforçar políticassite aposta bonus gratisacolhimento e permanência estudantil", diz Meirelles.
Para ele, o fato da universidade não ter sido "originalmente pensada para acomodar quem trabalha" é um dos principais problemas dos alunossite aposta bonus gratisbaixa renda, que precisam eles mesmos se manter e muitas vezes até ajudar a família.
"Eles não podem fazer cursos integrais e não têm tempo para estudar", diz. E também não conseguem aproveitar uma das principais vantagens da universidade públicasite aposta bonus gratisrelação à rede privada: o rico ambientesite aposta bonus gratisdesenvolvimento extracurricular.
"A USP é muito mais do que eu esperava, nesse aspecto", Cassia Menezes,site aposta bonus gratis24 anos, aluna do 4º ano na Faculdadesite aposta bonus gratisDireito. "O melhor nem são as aulas, mas os grupossite aposta bonus gratisestudo, os projetossite aposta bonus gratisextensão, os coletivossite aposta bonus gratisação social, as militâncias políticas."
Filhasite aposta bonus gratisum camelô esite aposta bonus gratisuma diarista, Cassia conta que foi na graduação que se deparou pela primeira vez com preconceitosite aposta bonus gratisclasse. Antessite aposta bonus gratisse tornar aluna da USP, começou o curso na Universidade Mackenzie com bolsa do ProUni, onde diz ter sofrido muito.
"Foi lá onde eu descobri que eu era pobre, porque as pessoas me tratavam diferente, me tratavam mal", conta Cassia à BBC News Brasil. Ela conta que na USP se sentiu mais acolhida justamente por esses coletivos e grupossite aposta bonus gratisextensão. Mesmo assim ela se decepcionou.
"Mesmo dentro dos grupossite aposta bonus gratisesquerda e progressistas, o elitismo ainda se manifesta muito. É um preconceitosite aposta bonus gratisclasse muito latente, e as pessoas não percebem. E isso foi o que mais me machucou, porque são pessoas muito bem formadas, mas que acabam sendo pouquíssimo abertas a crítica."
"Eu sofri muito para explicar que às vezes não tinha dinheiro para pagar passagem para ir numa reunião, que às vezes não podia contribuir com a comida, que não tinha um espaço para receber colegas na minha casa."
"As pessoas ricas não têm noçãosite aposta bonus gratiscomo é a vidasite aposta bonus gratisquem é pobre, e não vão ter tão cedo", diz à BBC News Brasil.
"A maioria dos meus colegas 'tem' uma diarista e eu sei, sem nem perguntar, como elas sofrem nas mãos deles. Pelo descaso, pela merreca que pagam, pela desorganização nojenta, pelas festas que dão e deixam os restos para elas limparem. Para elas limparem, para minha mãe limpar", escreveu elasite aposta bonus gratisum texto sobre como é ser filhasite aposta bonus gratisuma diarista na USP, há alguns meses.
Por gerações e gerações
Cassia sempre morou na Vila Guilherme, na periferiasite aposta bonus gratisSão Paulo, e conseguiu cursar o ensino fundamentalsite aposta bonus gratisuma escola particular com bolsa. Conta que seu pai "se anulou completamente" para que ela pudesse ter uma educação semelhante à das crianças da classe média.
"Meu pai injetava todo o dinheiro que ganhava na minha educação, andavasite aposta bonus gratiscueca rasgada (história literal e verídica!) para que eu pudesse fazer cursossite aposta bonus gratisarte, línguas, dança e esportes. Minha mãe acompanhava minhas liçõessite aposta bonus gratiscasa e fornecendo o suporte emocional."
Seu pai morreusite aposta bonus gratis2014, sem conseguir ver a filha passar na USP,site aposta bonus gratis2016, pela primeira turma aprovada pelo Sisu (Sistemasite aposta bonus gratisSeleção Unificada).
"O sentimentosite aposta bonus gratispassar na USP quando você tem uma vida ferrada é algo que significa uma mudança na vida. Mas é diferente da classe média, que é um prêmio, que ganha carro do pai. É algo como... 'caramba, finalmente eu vou sair disso", diz Cássia. "Eu chamariasite aposta bonus gratis'redenção' o sentimento."
Segundo Renan De Pieri, professorsite aposta bonus gratiseconomia do Insper,para quem é pobre esite aposta bonus gratisclasse média baixa, a entradasite aposta bonus gratisuma universidade pública representa uma mudança significativasite aposta bonus gratisvida.
"A graduação ainda é um dos fatores que faz mais diferençasite aposta bonus gratistermos salariais. Abre um lequesite aposta bonus gratisopções bem maiores, permite ocupações que pagam melhor e diminui a chance da pessoa ficar desempregada", diz o economista.
Meirelles concorda: "Não existe colchão econômico mais seguro do que uma boa formação universitária. Um emprego a pessoa pode perder, um Bolsa Família pode ser cortado, mas a educação ninguém tira."
É uma mudança que na maioria das vezes muda a perspectiva da família toda, diz o analista. "E é uma mudança que perdura por gerações, porque gera um ciclo virtuososite aposta bonus gratisaumento na escolaridade, já que pais escolarizados criam filhos mais escolarizados."
Políticassite aposta bonus gratispermanência
Para a maioria dos alunossite aposta bonus gratisbaixa renda, a dificuldade mais básica ésite aposta bonus gratiscomo se manter na universidade.
Quando passousite aposta bonus gratisdireito na USP, Gabriel Belém simplesmente não tinha dinheiro para virsite aposta bonus gratissua cidade, Jacareí (SP), para São Paulo. Alunosite aposta bonus gratisescola pública a vida toda, ele foi o primeiro da família a entrarsite aposta bonus gratisuma universidade pública - seu pai é porteiro esite aposta bonus gratismãe é técnicasite aposta bonus gratisenfermagem, e só concluíram o ensino fundamental depoissite aposta bonus gratisadultos.
Para poder se mudar para a capital, Gabriel juntou dinheiro vendendo geladinhos na rua e fez campanha nas redes sociais. Em São Paulo, alémsite aposta bonus gratisestudar, começou a trabalhar 8h por diasite aposta bonus gratisuma fábrica na Vila Formosa. "Era bem puxado, no primeiro ano não consegui me dedicar muito à faculdade", diz.
A USP tem uma sériesite aposta bonus gratisprogramassite aposta bonus gratispermanência universitária: moradias estudantis, bolsassite aposta bonus gratisauxílio, subsídio para alimentação. É preciso passar por uma seleção com critérios socioeconômicos, como renda familiar, possesite aposta bonus gratiscasa própria, etc.
Mas os estudantes relatam que as vagas desse programa são limitadas, que nem todos os alunos que precisamsite aposta bonus gratisajuda conseguem obtê-las.
Thiago diz que a bolsa-auxílio,site aposta bonus gratisR$ 400 por mês, não seria suficiente para ele pararsite aposta bonus gratistrabalhar e se dedicar integralmente aos estudos. "Trabalhando, eu ganho salário mínimo (R$ 998) e tenho vale-refeição, que ajuda muito minha família."
Gabriel só conseguiu uma vaga na Casa do Estudante (moradia social para alunos da Faculdadesite aposta bonus gratisDireito) no terceiro ano.
As condições nas moradias - não só na Faculdadesite aposta bonus gratisDireito - também estão longesite aposta bonus gratisserem ideais:site aposta bonus gratisalgumas, segundo relatos dos estudantes, há fiação improvisada (com riscosite aposta bonus gratisincêndio), vazamentos, faltasite aposta bonus gratispintura e manutençãosite aposta bonus gratisgeral.
"A gente tem até medosite aposta bonus gratisapontar todos os problemas, porque se o prédio for interditado as pessoas simplesmente não vão ter para onde ir", diz Gabriel.
O estudante começou a participarsite aposta bonus gratisuma chapa e concorrer à administração do Centro Acadêmico e, diz ele, colocar a permanência estudantil como prioridade.
"A desculpa da universidade é sempre que não tem dinheiro, mas há outras formassite aposta bonus gratisviabilizar, fazer parcerias, otimizar recursos", afirma Gabriel.
Duas realidades
A participaçãosite aposta bonus gratiscoletivos, centros acadêmicos e grupossite aposta bonus gratismilitância acaba sendo uma das principais maneiras encontradas pelos alunos para lidar com os problemas.
A USP também têm programassite aposta bonus gratisdiversidade e canais para denúnciasite aposta bonus gratiscasos gravessite aposta bonus gratisdiscriminação, como a Ouvidoria Geral, as direções e ouvidoriassite aposta bonus gratiscada faculdade.
Mas boa parte dos problemas são questões mais sutis, resultantessite aposta bonus gratischoquesite aposta bonus gratisculturas esite aposta bonus gratisrealidades.
Cassia diz que percebeu uma diferença muito grande na maneirasite aposta bonus gratisfalar,site aposta bonus gratisse portar. Ela diz sentir que os colegas não têm a mesma cargasite aposta bonus gratisresistência a críticas, o que torna difícil se comunicar.
Aluna do 3º anosite aposta bonus gratisdireito, a estudante Rafaella Ueda,site aposta bonus gratis20 anos - que cresceu na comunidade do Calux,site aposta bonus gratisSão Bernardo do Campo - diz que encontra a mesma dificuldade.
"Com meus amigos eu sou muito objetiva, falo o que eu penso. Se alguma coisa está ruim a gente fala, se alguém me incomoda eu sou direta", diz ela.
"Aqui não, qualquer coisa as pessoas ficam ofendidas, tudo você precisa encontrar um jeitosite aposta bonus gratisflorear,site aposta bonus gratiscontornar" conta ela, cujos pais também não têm ensino superior.
Rodrigo Silva, que se formousite aposta bonus gratiscontabilidade na Faculdadesite aposta bonus gratisEconomia e Administração (FEA) no ano passado, conta que também teve muita dificuldadesite aposta bonus gratisse enturmar no começo.
Ele morasite aposta bonus gratisDiadema e estudou fazendo cursinhos populares enquanto cursava ensino médio, trabalhava como instrutorsite aposta bonus gratisinformática e depois como garçom.
"Eu me sentia um pouco deslocado", conta. "É bem chocante você entrar na universidade e ser um dos únicos negros. A FEA tem pouquíssimos professores negros, assim como a USPsite aposta bonus gratisgeral."
"E não é só isso, as pessoas tinham passado por escolassite aposta bonus gratisque pagavam R$ 3 milsite aposta bonus gratismensalidade. No fimsite aposta bonus gratissemana eu ia visitar minha família no Grajaú, eles iam para a Londres, para Nova York", conta.
Para Thais Rugulo, aluna do terceiro anosite aposta bonus gratisdireito e filhasite aposta bonus gratisuma costureirasite aposta bonus gratisSorocaba, no interiorsite aposta bonus gratisSão Paulo, a discriminação racial afeta mais do que os problemas socieconômicos. "Ainda pesa mais. Tem muita gente que é pobre, mas se camufla, as pessoas acabam nem percebendo. Mas a questão racial é algo que você não consegue esconder. E aqui ainda tem isso (preconceito e faltasite aposta bonus gratisrepresentatividade)", diz ela.
Thais afirma que, como os negros ainda são poucos na universidade, existe o lado positivo das pessoas serem muito unidas. "A gente se ajuda muito."
Fazendo conexões
Thiago Torres diz que um fator problemático na comunicação foi o fatosite aposta bonus gratismuitas vezes as pessoas o subestimarem. "É muito comum as pessoas suporem que eu não sei coisas óbvias, virem me explicar coisas que eu já sei", conta.
E essas conexões feitas na universidade podem afetar fortemente as perspectivassite aposta bonus gratisfuturo dos alunos.
"O 'capital social' é uma das grandes barreiras enfrentadas por esses alunos [de baixa renda], porque costumam ser as primeiras na família a ter ensino superior e conhecem muito menos pessoas que conseguem facilitarsite aposta bonus gratisentrada no mercadosite aposta bonus gratistrabalho", afirma Meirelles. "Não têm pais médicos, tios advogados ou empresários."
"A questão dos contatos não é marginal. Os primeiros trabalhos, principalmente no início da carreira quando a pessoa ainda não tem como se diferenciar, dependem muito da indicaçãosite aposta bonus gratisfamiliares, colegas, professores", afirma De Pieri.
Outra barreira importante, diz o analista, é o capital cultural: conhecer o mundo, falar idiomas, ter visitado museus.
"Você chega e todo mundo já fala inglês super bem, faz outra língua, já fez intercâmbio, parece que você está anos para trás", diz Thais Rugolo, aluna do terceiro anosite aposta bonus gratisdireito.
"Muitos fazem questãosite aposta bonus gratisficar falando dos autores que leram, dos filmes que viram, dos lugares que já viajaram", diz Thiago Torres, da FFLCH.
"E você sentesite aposta bonus gratiscara asite aposta bonus gratisdefasagemsite aposta bonus gratisrelação aos outros quando pega um montesite aposta bonus gratistexto acadêmico para ler. Tenho que estudar muitas vezes mais que meus colegas para tirar a mesma nota, sem ter o mesmo tempo para estudar", conta ele, que apesar das inúmeras dificuldades está no segundo ano sem ter sido reprovadosite aposta bonus gratisnenhuma matéria.
E apesar das dificuldades, vários estudos mostram que os resultados dos alunos cotistas ou beneficiados por bônussite aposta bonus gratisprogramassite aposta bonus gratisinclusão são iguais ao dos outros alunos, explica Renansite aposta bonus gratisPieri, do Insper.
E ele acrescenta que a universidade também deveria fazer um acompanhamento melhor dos alunos na fase final da graduação, ajudando-os a se posicionar na academia ou no mercadosite aposta bonus gratistrabalho.
Meritocracia
Thiago diz que o que mais o entristece não são suas próprias dificuldades, mas ver colegas e amigos da periferia não tendo as mesmas oportunidades e vantagens que os colegas da USP, que vêmsite aposta bonus gratisclasses sociais mais privilegiadas.
"Infelizmente problemas como víciosite aposta bonus gratisdrogas, violência, gravidez na adolescência, presença do tráfico, criminalidade são maiores na periferia. Quando você vivesite aposta bonus gratisdois muitos tão diferentes e vê essas duas realidades, é um choque tão grande. A USP é como se fosse outro país", diz Thiago.
"Na periferia é muito mais difícil pensar no futuro, ter sonhos. Você está sempre pensando no presente, porque não sabe se vai ter o que comer hoje."
É por isso que todos os estudantes entrevistados pela BBC dizem ficar muito incomodados quando suas histórias são usadas por quem defende a ideiasite aposta bonus gratis"meritocracia",site aposta bonus gratisque políticassite aposta bonus gratisinclusão não são necessárias esite aposta bonus gratiseles seriam o exemplosite aposta bonus gratisque "quem quer consegue".
"Não existe meritocracia quando não há igualdadesite aposta bonus gratisoportunidades", diz Matheus Santana Figueredo,site aposta bonus gratis23 anos, ex-alunosite aposta bonus gratisescola pública e hoje estudante do 4º anosite aposta bonus gratismedicina na USP.
"Sim, eu estou aqui, mas eu sou a exceção. Você não pode usar uma exceção como argumento", diz ele, criado na periferiasite aposta bonus gratisSão Paulo,site aposta bonus gratisSão Miguel Paulista, pela mãe, que trabalhou como técnicasite aposta bonus gratisenfermagem a maior parte da vida.
Cassia Menezes afirma que "é o cúmulo" usar histórias como a dela para dizer que melhorarsite aposta bonus gratiscondição financeira é "questãosite aposta bonus gratisforçasite aposta bonus gratisvontade". "Eu aprendi que tudo o que eu tenho foi abdicandosite aposta bonus gratismuita coisa. E a minha saúde mental tem sido uma delas", afirma ela, que já teve depressão e síndrome do pânico e ainda faz tratamento no SUS.
"Eu estou me anulando assim como meu pai fez para me criar. E as pessoas que já nascemsite aposta bonus gratisberçosite aposta bonus gratisouro não precisam, elas podem descobrir o caminho da felicidadesite aposta bonus gratisforma muito mais leve, mais saudável, com mais apoio."
Ela diz que tudo o que passou poderia tê-la "levado ao fracasso muito fácil" e que isso só não aconteceu porque teve apoio das políticassite aposta bonus gratisinclusão do governo e da família.
"Eu acho que quem quer pode conseguir, mas precisa ter apoio. Tem que ter bolsasite aposta bonus gratisestudos, cotas para escola pública, cotas raciais. Tem que ter Sistema Únicosite aposta bonus gratisSaúde."
E esse apoio começa desde a infância. Segundo o economista De Pieri, há evidênciassite aposta bonus gratisque o importante não é só a educação formal, mas certos hábitos dos pais, como o hábitosite aposta bonus gratisleitura. "O fato dos pais lerem influencia diretamente o sucesso dos filhos, porque a formação da linguagem depende muitosite aposta bonus gratiscomo a pessoa se comunicasite aposta bonus gratiscasa, dos assuntos discutidos, da amplitude do vocabulário", diz o economista.
Os alunos entrevistados pela BBC são exemplo disso: todos eles relataram terem tido apoio e incentivo da família para estudar.
"Então eu sei que, apesarsite aposta bonus gratistodas as dificuldades,site aposta bonus gratiscerta forma eu também fui privilegiada", diz Thais.
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