'Parecia que eu era ladrão': clientes se unem e compram mercadoriavbet ptambulante que seria apreendida:vbet pt

Legenda do vídeo, Vídeo mostra pessoas ajudando ambulante que teria mercadorias apreendidas

A ação desencadeia uma reaçãovbet ptcadeia nas pessoas ao redor, que também passaram a tirar notas do bolso e entregar para o ambulante. Chorando, Leonardo Ferreira Soares,vbet pt44 anos, juntava as notas amassadasvbet ptsuas mãos e,vbet ptpoucos minutos, todo o material que seria apreendido foi distribuído entre as pessoas.

"Juntou umas 30 pessoasvbet ptvoltavbet ptmim. Algumas só queriam me ajudar. Teve gente que me deu notavbet ptR$ 10 e nem pegou nada. Eu fiquei chorandovbet ptemoção e também passei a distribuir os sucos e salgados para quem não tinha me dado nada", disse Soaresvbet ptentrevista à BBC Brasil.

Um dos vídeos publicados no Facebook sobre o caso já foi compartilhado maisvbet pt125 mil vezes e visto maisvbet pt3 milhões. Uma das imagens que circulam na internet foi feita pela atendente Andreia Aparecida Santos quando voltava do trabalho.

Legenda da foto, Em entrevista à BBC Brasil, ambulante disse que saiuvbet ptcasa com a intençãovbet ptganhar ao menos R$ 100 para comprar botijãovbet ptgás que acabou emvbet ptcasa | Reprodução/ Facebook

"Sempre vejo ele ali com suas vendas. Foi muito triste e revoltante ver uma coisa dessas. Eu só não comprei nada porque estava sem dinheiro, senão teria ajudado também", disse à BBC Brasil.

Durante a ação, os guardas municipais tentaram levar não só a caixavbet ptisopor e bandejas cheiasvbet ptsalgados fritos, mas também o carrinhovbet ptferro que o vendedor usa para transportar os produtos. Com uma das pernas quebradavbet ptdois lugares (tíbia e tornozelo), o ambulante diz caminhar uma horavbet ptsua casa até a praça todos os dias.

"O que fizeram comigo foi desumano. Parecia que eu era um ladrão. Eu fiquei só chorando. Eu não ia brigar com eles, não souvbet ptbriga. O que mais me incomoda é que para tirar o lixo da praça, não aparece ninguém, mas para tirar um trabalhador veio uma multidão", disse Soares.

Procurada, a assessoriavbet ptimprensa da Prefeituravbet ptMontes Claros informou por telefone que a operação foi legítima, com a intençãovbet ptcoibir a venda "desenfreadavbet ptprodutos irregulares". "A ação foi feitavbet ptconjunto com a Polícia Militar, Receita Federal e Estadual. Não teve nadavbet ptirregular", disse um assessor.

A reportagem perguntou por e-mail à prefeitura qual a frequência e quantidadevbet ptprodutos apreendidos na região, mas não recebeu nenhuma resposta.

Soares conta que vende os produtos há quatro anos no mesmo ponto e que esta foi a primeira vez que tentaram levar as mercadorias.

"Todo dia acordo cedo para fritar tudo e distribuirvbet ptpadarias e pequenos comércios. Por volta das 13h, eu saiovbet ptcasa com o carrinho lotado. Ando uma hora e meia com pelo menos 60 kg para economizar a passagemvbet ptônibus e eles querem tomar tudo. Por que tratam um trabalhador assim?", disse o vendedor ambulante.

Sem gásvbet ptcozinha e dívidavbet ptR$ 20 mil

Desempregado há quatro anos, Leonardo Soares diz que o trabalho como ambulante foi a única alternativa que encontrou para conseguir sustentar ele e a esposa e pagar o aluguelvbet ptR$ 350 da casa onde vivem.

Ele disse quevbet ptintenção era conseguir pelo menos R$ 100 para comprar o gásvbet ptcozinha paravbet ptcasa, que tinha acabado.

"Eu trabalhava como vendedor na zona sulvbet ptSão Paulo e me mudei para cá depois que me desentendi com meu irmão. Até tentei montar uma lanchonetevbet ptMontes Claros, mas não deu certo e ainda fiquei com uma dívidavbet ptquase R$ 20 mil, que não consegui pagar até hoje", conta ele.

Soares conta que vende sucosvbet ptacerola, laranja, umbu e siriguela, alémvbet ptpastéis e bolinhosvbet ptmandioca recheadosvbet ptcarne, frango e bacalhau. Na casa dele, porém, não é sempre que tem carne.

"Eu já comi arroz puro porque não tinha mais nada. Numa situação dessas e ainda queriam apreender até meu carrinho, meu instrumentovbet pttrabalho. Minha vontade era apenas trabalhar para poder ter água e luz na minha casa. Se eu tivesse um emprego registrado, seria muito melhor do que tervbet ptpassar por isso", afirmou.

Soares conta que até mesmo o ex-prefeito comprava seus sucos, comprava e ainda distribuia. Mas afirma que as ameaças dos fiscais municipais são constantes.

"Eles sempre dizem que vão pegar minhas mercadorias. Esse é um dos motivos que me fazem pensar se eu volto a trabalhar. Hoje, eu sentei na cama e fiquei chorando porque não sei o que fazer. Tenho medovbet ptvoltar lá e passar esse constrangimentovbet ptnovo", diz Soares.

"Eu não trabalho como ambulante por opção. Eu trabalho porque não tenho o que fazer. Com certeza, trocaria por qualquer outro emprego".