Contraofensiva da Ucrânia pode mudar destino da guerra com a Rússia?:ivibet com

A artilharia pesada atravessa os campos com barulho, rasgando a terra próspera do Donbas. A Guarda Nacional protege este território no leste da Ucrânia — região que o presidente russo, Vladimir Putin, reivindicou como central para seus objetivosivibet comguerra. A área será tomada "passo a passo", ele disse. Mas, por enquanto, parece que o avanço russo rasteja.

Entre a fumaça e a poeira, algo a mais paira no ar — a expectativa. Aquiivibet comDonbas, e mais ao norte, nos arredoresivibet comKharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, as forças do país estão preparadas para uma contraofensiva.

Deixei recentemente posições militares no sul, ao redorivibet comKherson. É a única cidade que as forças russas capturaram a oeste do estrategicamente importante rio Dnipro.

Essas mesmas tropas estão agora envolvidasivibet comuma batalha, apoiando as forças que atacaram as frentes russasivibet compelo menos três lugares, como parteivibet comuma contraofensiva planejada há muito tempo no sul.

Comandos ucranianos impõem restrições rigorosas sobre relatos da reportagem enquanto a operação estáivibet comandamento.

Aquiivibet comDonbas, eles permanecemivibet comboca fechada. Não sou informado sobre o destino com antecedência, e um assessorivibet comimprensa da unidade me pede para não nomear o regimento. Ele remove a identificação dos homens que filmamos.

Em meio ao barulho dos disparosivibet comartilhariaivibet comuma base sob a coberturaivibet comárvores, Artyom,ivibet com35 anos, diz que estamos ao norte da cidadeivibet comSiversk, a cercaivibet com8 km da linhaivibet comfrente russa.

"Qual é o máximoivibet comdistância que você chega perto deles?", eu pergunto.

"Trinta metros", ele responde, "você gostariaivibet comver?"

Estas são todas posições defensivas, mas o sucesso ao redorivibet comKherson leva muitos a pensar que mais ofensivas estão planejadas aqui e mais ao norte.

Sou enviado a um soldado ruivo que atende pelo nomeivibet comSvarog. Ele tem 26 anos e caraivibet combebê com barba.

"Eu pareceria ter 18 anos sem isso", diz ele com um sorriso. Mas depoisivibet comseis mesesivibet comcombate, está calejado pela guerra.

Os combates mais difíceis daivibet comunidade aconteceramivibet comjulho nas proximidadesivibet comLyschansk e Sivierodonetsk, onde estavamivibet comgrande desvantagem numérica.

A luta aqui é diferente.

"Eles não estão chegandoivibet comgrande quantidade", diz Svarog.

"Não avançam maisivibet comgruposivibet combatalhão — avançamivibet comum pelotão, um destacamento."

Um comandanteivibet comunidade havia explicado que no campo eles têm um homem para cada três do inimigo. Em Sivierodonetsk, era um para sete.

Sou levado a pé para a posição mais avançada. O bombardeio é constante, mas à distância. Em vez disso, há uma ameaça mais imediata — minas terrestres. Conto cinco enquanto caminhamos por um caminho lamacento até o rio.

Na margem do rio, entramosivibet comuma redeivibet comtrincheiras, e me mandam sussurrar. É apenas um postoivibet comobservação, mas está cheioivibet comarmamento.

"Onde estão os russos?", pergunto a um guarda.

Ele aponta para a margem oposta do rio, a cercaivibet com30 metrosivibet comdistância.

Nas proximidades, há crateras e um projétilivibet comum foguete russo usado. Isto, antesivibet commais nada, é um postoivibet comobservação, não uma posiçãoivibet comcombate, me disseram.

"Mas se houver qualquer ameaçaivibet comque eles estejam cruzando para a nossa margem do rio, abriremos fogo", afirma o guarda.

Em uma vila próxima que se parece tanto com esta parte da Ucrânia, destruída pela artilharia, praticamente abandonada por seus moradores, encontro Sergiy,ivibet com65 anos, e seu cachorro Mukha.

Faço a pergunta óbvia — por que ele não vai embora?

"Meus pais viveram e morreram nesta casa", ele responde.

"Não posso ir a lugar nenhum. Mandei minha mulher embora, e moro aqui sozinho. Está tudo bem, tenho comida e uma pequena fazenda. O cachorro não está com fome."

Sergiy afirma que tem orgulhoivibet comser ucraniano. Ele não é um "nacionalista", mas diz acreditar na Ucrânia e nas Forças Armadas.

Mas outros são mais divididos. A unidadeivibet comSvarog diz que há uma diferença marcanteivibet comquando eles lutaram ao redorivibet comKiev: a lealdade ambivalenteivibet comalgumas pessoas que encontraram.

Ando com seus homens por outra estradaivibet comruínas da vila. Eles estão armados, é claro — e todos nós estamos usando coletes à provaivibet combalas e capacetes.

Um bandoivibet comgansos é quase o suficiente para abafar o dueloivibet comartilharia que acontece acimaivibet comnossas cabeças. Somos convidados a entrarivibet comum jardim repletoivibet comvideiras e rosas, onde uma família cuida da vida como se a guerra não estivesse acontecendo ao seu redor.

Julia, uma professoraivibet com35 anos, ri quando pergunto a ela sobre viver sob essa ameaça.

"Imagine que a guerra chegou até você, e você teve que fazer as malas e sairivibet comcasaivibet com24 horas", diz ela.

"Você, assim como eu, tentaria se apegar ao que passou a vida inteira fazendo."

Sua irmã Liliia está por perto. É seu aniversárioivibet com19 anos no dia da minha visita. Ela tem uma tatuagem no punhoivibet comque se lê "dulcius ex asperis" — termoivibet comlatim que pode ser traduzido como "a doçura segue a dificuldade".

O pai delas repreende o governo ucraniano por não negociar.

"Eles precisam se sentar à mesaivibet comnegociações e chegar a um acordo. Não é certo continuar assim", ele afirma.

Julia discorda. Ela diz calmamente: "Nós entendemos, e acreditamos que a razão vai prevalecer. Vamos esperar um mês, ou dois, para que a linhaivibet comfrente se equilibre, e as coisas vão ficar boas novamente aqui."

Dias depois, viajo para o sul e encontro Ruslan, médico-chefeivibet comcombate que, apesarivibet comver a catástrofe humana diária desta guerra, ainda transborda bom humor.

Quando combinamosivibet comencontrá-loivibet comuma vila não muito longe do front, pergunto como vou localizá-lo.

"Procure a ambulância fofinha, não vai passar despercebida", diz ele.

Sem dúvida, o veículo chegou ao pontoivibet comônibus da vila coberto com uma redeivibet comcamuflagem caseira, como um carro alegóricoivibet comporco-espinho.

Nós o seguimosivibet comalta velocidade até um "pontoivibet comestabilização" da linhaivibet comfrente, onde os soldados feridos recebem atendimento vital imediato.

As idiossincrasias dos médicosivibet comcombate são lendárias. Portanto, não deveria surpreender que, quando chegamos, Yuri, o cirurgião da equipeivibet comRuslan, esteja vestindo nada alémivibet comum short camuflado. Ele tem na mão um detectorivibet commetais.

"Ele está procurando ouro", brinca Ruslan.

Depoisivibet comum tempo, os fonesivibet comouvidoivibet comYuri apitam e com uma pequena espátula do exército, ele tira um pedaço pretoivibet comminério do chão.

"É apenas um hobby", diz ele, timidamente.

A clínica está repletaivibet comsuprimentos.

"Queremos agradecer aos nossos doadores estrangeiros", diz Ruslan.

"Ainda não desempacotamos. Muitas vezes, nunca temos tempoivibet comdesempacotar tudo."

Ele me mostra um caderno escrito à mão com todos os feridos que trataram no mês passado. Horaivibet comchegada, nome, tipoivibet comlesão.

"Quanto mais texto na página, mais difícil o caso", afirma Ruslan.

Cercaivibet com9.000 soldados ucranianos morreram desde o início da guerra, segundo o comandante das Forças Armadas, general Valerii Zaluzhnyi.

Os mortos e feridosivibet comcada unidade são um segredo bem guardado. No grosso cadernoivibet comRuslan, havia menos mortes do que eu imaginava.

"Percorremos um longo caminho desde 2014", diz ele, se referindo à rápida modernização das forças ucranianas, incluindo médicosivibet comcombate.

A artilharia ucraniana estáivibet comação ao nosso redor. Um poderoso obuseiro (espécieivibet comcanhão) M777 está disparando nas proximidades, e à noite ouvimos um Sistemaivibet comFoguetesivibet comArtilhariaivibet comAlta Mobilidade (HIMARS, na siglaivibet cominglês) disparando suas muniçõesivibet comlongo alcance.

Estas novas armas ajudaram a preparar o terreno para a ofensiva no sul, e espera-se que façam o mesmo no leste.

Socorro

Sento-me com Vlad, um rapaz franzinoivibet com26 anos que agora é o motorista da ambulância da unidade. Ele era engenheiroivibet combordo até o início da guerra. Sua fragata, a Hetman Sahaidachny, foi afundada para impedir que caísse nas mãos dos russos.

Antesivibet comassumir o volante da ambulância, ele foi um homemivibet comartilharia — e é capazivibet comidentificar cada tipoivibet comexplosão, assim como o ano e a marca dos tanques e blindados que passam pela clínica.

Pergunto a ele o quanto ele gosta da nova funçãoivibet comcomparação com a artilharia.

"Há muita espera agora", diz ele.

Mas ele não precisa esperar muito. Um caminhão chega subitamente à clínica, com gritos vindos da portaivibet comtrás. A clínica funciona sem transmissãoivibet comrádio, então eles geralmente só ficam sabendo das vítimas quando chegam àivibet comporta.

O primeiro homem consegue entrar andando, mas seu braço direito está pendurado, há uma ferida profundaivibet comseu ombro. A força da explosão detonada perto dele quebrou seu braço.

Um segundo homem geme e grita quando é levado por Vlad e outro médicoivibet comuma maca para a clínica. Ele está cobertoivibet comferimentos provocados por estilhaços.

Nos próximos 15 minutos, a salaivibet comemergência é um cenárioivibet comatividade calma, mas determinada.

Yuri atende o homem mais gravemente ferido na maca, auxiliado pela equipeivibet comenfermagem. O tenente Viktor cuida do homem com o ferimento no braço. Os pacientes são rapidamente enfaixados e cobertos com uma manta térmica prateada — na sequência, são enviados para tratamento adicional.

Yuri explica o próximo passo.

"Temos até uma hora para prestar assistência médica rapidamente antes do paciente ir para o hospital, onde um traumatologista, cirurgião e brigadaivibet comtrauma vão cuidar dele".

Ambos vão se recuperar, mas é improvável que o soldado mais gravemente ferido retorne ao serviço. Ruslan se senta e acrescenta mais dois nomes ao seu caderno. Estes registros são curtos.

Haveria mais quatro feridos mais tarde naquele mesmo dia, mas enquanto isso, Ruslan nos leva para as trincheiras onde as vítimas recebem o primeiro atendimento.

Morteiros começam a atingir a linha das árvores, alémivibet comonde estamos.

"É bom que eles não tenham acertado o alvo", ele ri, agora usando equipamento completoivibet comcombate. "Essa é a precisão russa para você."

Pergunto a ele como conseguem resgatar as vítimas enquanto estão sob constante bombardeio.

"Ninguém vai colocar a equipeivibet comrisco. Então, por mais difícil que pareça, você não pode perder força e recursos, recursos humanos, veículos."

"Quando há uma calmaria, ou quando a batalha para ou o inimigo está sem munição, é quando o resgate acontece imediatamente", explica.

"Até então, eles tentam salvar [as vítimas] no local com todos os recursos que têm. Já perdemos médicosivibet comcombate demais."

Ao sairmos do front, o céu escurece, e relâmpagos surgem no horizonte. O mau tempo está a caminho, o verão está terminando, e as condiçõesivibet comcombate vão piorar. A neve espessa do inverno vai chegar ameaçando congelar as frentesivibet combatalha.

Mas, por enquanto, há algo mais no ar por aqui — uma expectativaivibet comque, após mesesivibet comimpasse, a Ucrânia possa estar prestes a contra-atacar novamente.

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