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O território russo na Europa que pode ser 'cercado' por países da Otan:fit12bet
fit12bet Após a invasão militar russa na Ucrânia, dois países nórdicos tradicionalmente neutros reverteramfit12betpolítica e pediram para ingressar na Otan, a aliança militar do Ocidente: Finlândia e Suécia.
Alguns analistas acreditam que a decisão é um "desastre" para Moscou, que sempre considerou a expansão da aliança uma ameaça parafit12betsegurança.
Mas o presidente russo, Vladimir Putin, surpreendeu a muitosfit12betmaiofit12bet2022, ao afirmar que não há "nenhum problema", desde que os novos membros da Otan não abriguem infraestrutura militar no seu território, especialmente armas nucleares.
O que ficou claro é que o mapa estratégico da região será totalmente diferente quando a Finlândia e a Suécia ingressarem na Otan.
"O mar Báltico será efetivamente convertidofit12betum lago da Otan", segundo declarou recentemente Andrey Kortunov, chefe do Conselhofit12betAssuntos Internacionais da Rússia, um centrofit12betestudos sediadofit12betMoscou, afiliado ao Ministério das Relações Exteriores russo.
De fato, com a Suécia e a Finlândia passando a integrar a Otan, a Rússia conservará cercafit12bet200 km no litoral do mar Báltico. Já os países da aliança ocuparão 90% dos outros 8.000 kmfit12betcosta: Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Alemanha, Dinamarca e os novos membros, Suécia e Finlândia.
Mas, incrustado entre a Polônia e a Lituânia, fica o oblastfit12betKaliningrado - um exclave, região russa ladeada por outras nações.
Com pouco menosfit12betum milhãofit12bethabitantes, Kaliningrado tornou-se um ponto estratégico nas divisões cada vez mais profundas entre o Ocidente e a Rússia.
Existem analistas que garantem que esse pequeno território é fundamental, tanto para a ofensivafit12betMoscou contra a Ucrânia, quanto para garantir suas defesas contra eventuais hostilidades dos países da Otan. E há até relatosfit12betque a Rússia já instalou armas nucleares no local.
De Königsberg a Kaliningrado
Kaliningrado é atualmente um dos 46 oblasts da Rússia, mas é o único que não tem fronteira terrestre com o país. Além dafit12betimportância estratégica e militar, Kaliningrado tem grande importância histórica, tanto para a Europa, quanto para a Rússia.
As origens históricas do território remontam a muito tempo atrás e apresentam estreita relação com o destino da Prússia Oriental efit12betcapital, Königsberg. A antiga cidade foi fundadafit12bet1255 pelos Cavaleiros Teutônicos - uma cruzada católicafit12betorigem alemã que governou a Prússia.
Quando a Prússia Oriental se separou da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, o território seguiu sendo parte da Alemanha até princípiosfit12bet1945. No final da Segunda Guerra Mundial, ele foi conquistado pelo Exército Vermelho da União Soviética.
A Conferênciafit12betYalta definiu a divisão do território entre a Polônia e a URSS, que foi formalizadafit12betPotsdam,fit12bet1945. Seu nome russo é derivadofit12betMikhail Kalinin, que foi um dos principais membros do movimento comunista bolchevique e chefefit12betEstado da União Soviética entre 1922 e 1946.
Entre a Rússia e o Ocidente
Kaliningrado abriga o único porto do mar Báltico livrefit12betgelo durante todo o ano. Por isso, a cidade portuária é fundamental, tanto para a Rússia quanto para os Estados bálticos, para garantir o transporte e o comérciofit12bettoda a região, onde as temperaturas costumam ficar abaixofit12betzero durante grande parte do inverno.
Mas, além do transporte e do comércio, Kaliningrado é uma região estrategicamente vital para a Rússia, devido àfit12betposição geográfica no mar Báltico efit12betproximidade com a Otan. Ela abriga a Frota Báltica da Rússia e é o território mais ocidentalfit12betMoscou, perto do coração da Europa.
Em maiofit12bet2022, a Frota Báltica anunciou que realizaria uma sériefit12betataques com mísseis simulados do seu sistema Iskander, que possui capacidade nuclear. O sistemafit12betmísseis Iskander foi introduzido pela primeira vez na regiãofit12bet2016 e atualizadofit12bet2018, como partefit12betuma estratégia russa para contrabalançar o desenvolvimentofit12betum escudofit12betdefesa antimísseis balísticos na Europa pela Otan.
Exercícios militares regulares com a participação da Frota Báltica vêm ocorrendofit12betKaliningrado desde a invasão da Ucrânia.
"Kaliningrado é um ponto central das preocupaçõesfit12betsegurança da Rússia desde que foi anunciada a primeira ondafit12betampliação da Otan, na décadafit12bet1990", segundo Ruth Deyermond, professorafit12betsegurança pós-soviética do Departamentofit12betEstudos da Guerra do King's Collegefit12betLondres.
"Inevitavelmente, nos períodosfit12betque aumentam as tensões entre a Rússia e a Otan, também aumentam as preocupações sobre Kaliningrado", declarou ela à BBC News Mundo, o serviçofit12betespanhol da BBC.
Kaliningrado já é fortemente militarizada há anos, mas a presença militar russa na região foi reforçada depois da anexação da Crimeia pela Rússiafit12bet2014. E, quanto mais se deterioram as relações entre a Rússia e o Ocidente, mais reforçada é a presença militar das duas partes na região.
"Não surpreende que essa região, que provavelmente é a parte da Europa com maior concentraçãofit12betforças da Rússia e da Otan, seja agora o focofit12betmaiores preocupaçõesfit12betsegurança por ambos os lados", afirma Deyermond.
Os riscos
A Rússia não desmente, nem reconhece, que tenha instalado armas nuclearesfit12betKaliningrado e costuma usar linguagem vaga sobre essas acusações.
"A instalação desta ou daquela arma, o deslocamentofit12betunidades militares etc.fit12betterritório russo são exclusivamente assuntosfit12betsoberania da Federação Russa", afirmoufit12bet2018 o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov.
Mas algumas autoridades, como o presidente da Lituânia, Gitanas Nausėda, garantem que Moscou já instalou armas nucleares naquela região estratégica do Báltico.
Analistas militares acreditam que, se a Otan interviesse no conflito atual na Ucrânia ou se Moscou apontasse suas armas para outras ex-repúblicas soviéticas, como a Lituânia, Kaliningrado poderia ser uma plataformafit12betlançamento para um ataque da Rússia a esses países.
Mas Stefan Wolff, professorfit12betsegurança internacional da Universidadefit12betBirmingham, no Reino Unido, não acredita que este seja atualmente um cenário provável.
"Não tenho a impressãofit12betque a Rússia esteja considerando seriamente uma escalada, nem que detenha os recursos para fazê-lo no momento", afirmou ele à BBC News Mundo. "Mas é uma possibilidade a longo prazo. Por isso, seria importante fortalecer agora as capacidades defensivas da Otan para dissuadir qualquer movimento da Rússia no futuro."
Os especialistas concordam que, quando a Suécia e a Finlândia passarem a ser membros da aliança, é provável que a Rússia fortaleçafit12betposição militarfit12betKaliningrado. Mas isso, segundo Ruth Deyermond, "deve ser provavelmente compreendido mais como algofit12betcaráter defensivo. A Rússia estará protegendo seu território contra a Otan, e não se preparando para atacar a Polônia ou os estados bálticos."
Não se sabe quanto tempo pode demorar o processofit12betratificação da inclusão da Suécia e da Finlândia no Otan. Normalmente, esse tipofit12betprocesso dura menosfit12betum ano, mas já se afirmou que, neste caso, alguns membros da aliança poderiam pressionar para acelerar esse trâmite, como os Estados Unidos.
Enquanto isso, os especialistas acreditam que o território fortemente militarizadofit12betKaliningrado poderia tornar-se um ponto fundamental para a ofensiva da Rússia contra a Ucrânia.
"Ainda não é fundamental, masfit12betimportância pode aumentar se houver uma escalada entre a Rússia e a Otan ou se a Rússia iniciar operaçõesfit12betdesestabilização nos Estados bálticos ou na Polônia", destaca Stefan Wolff.
Para Ruth Deyermond, o risco mais grave não é uma invasão deliberada, nem o uso intencionalfit12betarmas nucleares. "O risco mais grave no Báltico é um errofit12betcálculo ou um mal-entendido que provoque uma escalada que ninguém deseja."
"A região é pequena, o terreno não oferece barreiras naturais significativas e há muito pessoal militar, muito próximos uns dos outros. Isso fornece condições favoráveis para que um acidente saiafit12betcontrole", explica ela.
"Mas, enquanto todas as partes estiverem conscientes dessa possibilidade, como acredito que estejam, o risco pode ser administrado", assegura a especialista do King's College.
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