Por que os sindicatos estão ressurgindo nos EUA:pix brabet

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Funcionários da Amazon iniciaram movimento por melhores condiçõespix brabettrabalho nos EUA

"É provavelmente a mais importante vitória sindical (no país)pix brabetquase cem anos", diz à BBC News Brasil o professor John Logan, diretor do departamentopix brabetestudos sobre Trabalho e Emprego da San Francisco State University, na Califórnia.

O resultado favorável na Amazon ocorre depoispix brabetuma sériepix brabetvitórias semelhantes na redepix brabetcafeterias Starbucks epix brabetoutras empresas menores nos Estados Unidos.

Na semana passada, funcionáriospix brabetseis unidades da Starbucks no Estadopix brabetNova York votaram pela sindicalização, elevando para 16 o númeropix brabetlojas da rede no país onde iniciativas do tipo foram bem-sucedidas. Trabalhadores e organizadorespix brabetpelo menos outras 180 unidades da Starbuckspix brabet29 Estados já entraram com petições com o objetivopix brabetlevar adiante a sindicalização.

Essas iniciativas, apesarpix brabetrelevantes, representam uma ínfima parcela do totalpix brabettrabalhadores no país. Somente a Starbucks tem maispix brabet9 mil lojas nos Estados Unidos. O depósito da Amazonpix brabetNova York tem um número grandepix brabetempregados, mas ainda assim minúsculo diante da magnitude da empresa, que tem maispix brabet1,5 milhãopix brabetfuncionários ao redor do mundo.

Mas, apesar do alcance limitado, muitos esperam que esses sucessos recentes, liderados por uma nova geraçãopix brabettrabalhadores jovens, possam ajudar a revitalizar o movimento trabalhista americano, que vem despertando interesse renovado depoispix brabetdécadaspix brabetdeclínio.

De acordo com pesquisa Galluppix brabetsetembro passado, 68% dos americanos aprovam sindicatos trabalhistas, o maior percentual desde 1965. Entre os entrevistados que se identificam como democratas a aprovação é ainda maior, chegando a 90%.

Crédito, EPA

Legenda da foto, Christian Smalls foi demitido da Amazon após organizar protestos contra as condiçõespix brabetsegurança da empresa durante a pandemia

"Certamente há um graupix brabetotimismo, energia e entusiasmopix brabetalgumas partes do movimento trabalhista que não víamos há décadas", salienta Logan, que é especialista na história dos movimentos trabalhistas dos Estados Unidos.

Mas o professor lembra que esse entusiasmo ainda não está refletido nos números. O percentualpix brabettrabalhadores representados por sindicatos vem caindo gradualmente no país desde a décadapix brabet1980, quando erapix brabettornopix brabet20%. Segundo o centropix brabetpesquisas Pew Research Center, no ano passado somente 10,3% dos empregados no país pertenciam a um sindicato.

"Será preciso um esforço extraordinário para reverter esse declínio", destaca Logan. "Se pensarmospix brabettermospix brabetnúmeros, (as vitórias recentes) são uma gota no oceano."

Pandemia e mercadopix brabettrabalho apertado

Logan e outros especialistas observam que os resultados recentes foram possíveis graças a uma conjunçãopix brabetfatores que tornam este um momento peculiar no mercadopix brabettrabalho dos Estados Unidos, com alta demanda por funcionários.

Após dois anospix brabetpandemia, muitos trabalhadores estão cansadospix brabetreceber salários que não acompanham a inflação enquanto grandes empresas registram lucros recordes.

"Dois anos atrás, uma vitória como essa (na Amazon) seria impensável. Mas estamospix brabetum momento diferente, com um cenário trabalhista completamente modificado", ressalta Logan.

"Depoispix brabettrabalhar por dois anos durante a pandemia e sentir que não foram recompensados adequadamente nem tratados com respeito, muitos trabalhadores estão receptivos à mensagem do sindicato,pix brabetuma maneira que, dois anos atrás, não se poderia imaginar ser bem-sucedida."

As vitórias sindicais também ocorrempix brabetum cenário político mais favorável do que opix brabetpoucos anos atrás. Joe Biden é considerado o presidente americano mais pró-sindicatospix brabetdécadas, e desde que tomou posse,pix brabetjaneiropix brabet2021, reverteu leis aprovadas no governo anterior que, segundo críticos, enfraqueciam proteções trabalhistas.

No ano passado, Biden já havia manifestado apoio à tentativapix brabetsindicalizar funcionáriospix brabetoutro depósito da Amazon, no Estado do Alabama,pix brabetum esforço que acabou fracassando. Na semana passada,pix brabetum evento com líderes trabalhistaspix brabetWashington, o presidente citou o resultado na unidade da empresapix brabetNova York.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Após dois anospix brabetpandemia, muitos trabalhadores estão cansadospix brabetreceber salários que não acompanham a inflação enquanto grandes empresas registram lucros recordes, apontam especialistas

"Os sindicatos representam, na minha opinião, dignidade e respeito pelas pessoas que trabalham duro", afirmou Biden, ao promover uma força-tarefa criada por seu governo "para garantir que a decisãopix brabetse unir a um sindicato pertença somente aos trabalhadores".

"E a propósito, Amazon, aqui vamos nós", disse Biden, diantepix brabetaplausos.

Após as declarações, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, esclareceu que o presidente não estava enviando uma mensagempix brabetque o governo iria se envolver formalmente nesses esforços, mas simplesmente expressando seu apoio "ao direito dos trabalhadorespix brabetse organizarem".

Esforço partiupix brabetfuncionário demitido

Apesarpix brabetsignificativa, a vitória recente dos funcionários da Amazon é limitada e representa apenas o primeiro passopix brabetum longo processo até que o novo sindicato consiga negociar um contrato com melhores salários e condiçõespix brabettrabalho. A empresa já apresentou formalmente objeções contra o resultado da votação.

"Estamos decepcionados com o resultado da eleiçãopix brabetStaten Island, porque acreditamos que ter uma relação direta com a empresa é melhor para nossos empregados", disse a Amazonpix brabetcomunicado.

Mas muitos esperam que a estratégia bem-sucedida possa servirpix brabetnovo modelo e inspiração para outras campanhas ao redor do país.

Iniciativas do tipo costumam ser tradicionalmente lideradas por organizadores profissionais ligados a grandes sindicatos já consagrados, que oferecem apoio e recursos legais e financeiros.

Na Amazonpix brabetNova York, porém, o esforço partiupix brabetum funcionário do próprio armazém, Christian Smalls, que havia sido demitido após organizar um protesto contra as condiçõespix brabetsegurança durante a pandemia, consideradas inadequadas pelos trabalhadores.

Smalls se uniu a um colega, Derrick Palmer, e outros funcionários e conseguiu arrecadar cercapix brabetUS$ 120 mil (cercapix brabetR$ 563 mil) no sitepix brabetfinanciamento coletivo GoFundMe. Como comparação, a imprensa americana calcula que a Amazon tenha gasto maispix brabetUS$ 4 milhões (cercapix brabetR$ 18 milhões)pix brabetconsultores anti-sindicato no ano passado.

Os recursos arrecadados por Smalls e Palmer foram investidospix brabetuma campanha que incluiu vídeos no TikTok e churrascospix brabetfrente ao depósito,pix brabetcontato direto com os funcionários da unidadepix brabetintervalos e após o expediente. Essa proximidade é um diferencial que organizadores profissionais nessas situações não têm.

"Eles não tinham organizadores ou advogados experientes. Receberam aconselhamentopix brabetfora, mas a campanha foi basicamente organizada por pessoas que trabalhavam no depósito", ressalta Logan.

"Foram muito dedicados. São bem mais jovens (na faixa dos 30 anos) do que a idade média dos trabalhadores no depósito, mas são muito respeitados", observa Logan. "E podiam dizer: 'somos como vocês, sabemos o que é trabalhar neste depósito e ser tratado com faltapix brabetrespeito'."

Essa campanha independente acabou conseguindo um feito considerado impossível diantepix brabetum conglomerado como a Amazon. O Conselho Nacionalpix brabetRelações Trabalhistas, agência independente do governo americano, disse no passado que a Amazon interferiupix brabetdiversos esforçospix brabetsindicalização, algo que a empresa nega.

Crédito, MICHAEL SANABRIA

Legenda da foto, Trabalhadores do Starbucks também se uniram para cobrar melhorias

"O que torna essa vitória realmente extraordinária é que a Amazon é provavelmente a mais rica, poderosa e sofisticada empresa com uma posição anti-sindicato do planeta", salienta Logan. "É mais difícil vencer uma eleição pela sindicalização na Amazon do quepix brabetqualquer outra empresa."

Impacto no movimento trabalhista

Segundo Smalls, o novo sindicato já foi procurado por funcionáriospix brabet50 outras unidades nos Estados Unidos, alémpix brabetoutros no exterior. No fim deste mês, empregadospix brabetum segundo armazém da Amazonpix brabetStaten Island também irão votar sobre uma propostapix brabetsindicalização.

Observadores dizem que, mesmo sem assumir a liderançapix brabetiniciativas do tipo, grandes sindicatos tradicionais podem oferecer apoio logístico, legal e financeiropix brabetdiversas etapas do processo,pix brabetum tipopix brabetmodelo híbrido.

O esforço na Amazon recebeu ajudapix brabetmembrospix brabetsindicatos consagrados, apesarpix brabetter sido liderado pelos trabalhadores. Na Starbucks, há apoio mais formal do Workers United, parte do Service Employees International Union, sindicato fundado há cem anos e que representa quase 2 milhõespix brabettrabalhadores nos Estados Unidos e no Canadá.

Em ambos os casos, no entanto, o trabalhopix brabetconquistar mais adeptos foi feito pelos próprios funcionários, muitos deles jovens,pix brabetinterações diretas com os colegas e esforços via Zoom, email, redes sociais e mensagenspix brabettexto.

"O movimento trabalhista tradicional precisa encontrar uma maneirapix brabetencorajar e facilitar esse tipopix brabetorganização por conta própria que foi tão bem-sucedido na Amazon e na Starbucks", afirma Logan.

Ainda é cedo para saber se o otimismo gerado pelas vitórias recentes terá um impacto maior no movimento trabalhista americano.

"Mas o importante é a energia, o entusiasmo e a capacidade dessas campanhaspix brabetcapturar a imaginação pública", acredita Logan.

"E é esse tipopix brabetdinâmica que será necessário se quisermos ter uma chancepix brabetreconstruir o movimento sindical nos Estados Unidospix brabetuma maneira significativa."

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