COP26: Ministro do Meio Ambiente defende mineração e se nega a assumir erros por altapixbet modernodesmatamento:pixbet moderno

Crédito, EPA/Robert Perry

Legenda da foto, Na cúpula do clima, Leite se recusou a responder se governo vai retirar apoio a projetos no Congresso que ampliariam desmatamento, nem reconheceu erros na política ambiental que levaram à piorapixbet modernotodos os índices ambientais

Leite chegou a Glasgow na segunda (8/11) para participar das negociações da COP26, que reuniu 200 países na tentativapixbet modernochegar a um acordo para garantir a metapixbet modernolimitar a 1,5ºC o aquecimento da Terra até 2100.

Setores econômicos e grandes exportadores brasileiros passaram a pressionar o governo por medidas capazespixbet modernomelhora a imagem internacional do Brasil. A cada vez mais frequente associaçãopixbet modernoprodutos do agronegócio brasileiro ao desmatamento já estaria prejudicando negócios. Porpixbet modernovez, o Itamaraty atuou para convencer o governopixbet modernoque uma guinada na visão ambiental seria necessária para viabilizar parcerias econômicas internacionais, como o acordopixbet modernocomércio entre Mercosul e União Europeia.

Mas, ao ser perguntado pela BBC News Brasil se o governo reconhece erros na política ambiental e se pretende mudar essa política, Leite se limitou a responder que o "desmatamento é um desafio" e que "todos os países têm desafios" na área do meio ambiente.

"O que Brasil fez foi fazer movimentos claros na direção dessa conferência do clima que falapixbet modernoemissões. O que nós fizemos? Aumentamos a nossa ambição, antecipamos a nossa metapixbet modernozerar desmatamento ilegal até 2028 e aderimos ao acordo do metano", disse, sem falarpixbet modernoerros ou mudanças na visão do governo na área do meio ambiente.

"O Brasil é um protagonista desse tema e tem um desafio, como todos os países tem um desafio ambiental. O nosso desafio é, sim, eliminar o desmatamento e o crime ambiental, especialmente na Amazônia."

Dados enfraquecem discurso e 'combo do desmatamento' continuapixbet modernopé

Mas nesta sexta (12/11), dados do Instituto Nacionalpixbet modernoPesquisas Especiais (Inpe) mostraram que a destruição da floresta continua acelerada. Houve alertaspixbet modernodesmatamentopixbet moderno877 km²pixbet modernoflorestas na Amazônia, 5% a mais quepixbet moderno2019 e um recorde da série histórica iniciadapixbet moderno2016 para o mêspixbet modernooutubro.

Questionado pela BBC News Brasil se esses dados não vão na contramão das promessas feitas pelo governo brasileiro na COP26, Leite repetiu o que disse sobre o desmatamento ser um "desafio": "Nós temos um desafio ainda, que é o crime ambiental. É um desafio que está sendo endereçado junto ao Ministério da Justiça. Aqui na conferência cada país tem o seu desafio ambiental e o Brasil vai superar esse desafio ambiental junto à Força Nacional e a Polícia Federal".

ONGs internacionais e representantespixbet modernodelegações estrangeiras receberam com desconfiança compromissos assumidos pelo Brasil na COP26, diante da piorapixbet modernotodos os indicadores ambientais nos dois primeiros anospixbet modernogoverno Bolsonaro.

O país apresentou um documento na cúpula do clima no qual se compromete a zerar o desmatamento ilegal até 2028 e reduzir as emissõespixbet modernogases do efeito estufapixbet moderno50% até 2030.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Dados do Inpe mostram aumento no desmatamento na Amazôniapixbet modernooutubropixbet moderno2021pixbet modernocomparação com o ano passado. Área destruída é recorde para o mês desde o início da série histórica,pixbet moderno2016.

Mas integrantespixbet modernooutras delegações, como os Estados Unidos, pedem "ações concretas" que comprovem a intençãopixbet modernocumprir com essas metas.

Alémpixbet modernoo desmatamento na Amazônia continuar acelerado, uma sériepixbet modernoprojetospixbet modernolei que pretendem legalizar o que hoje seria desmatamento ilegal contam com o apoio do governo e avançam no Congresso Nacional.

Uma das propostas é o PL 191/20,pixbet modernoautoria do governo Bolsonaro, que autoriza mineraçãopixbet modernoterras indígenas; uma outra é o PL 510/21, que regulariza invasões ilegaispixbet modernoterras ocorridas até 2011; e o PL 490/2007, do chamado "Marco Temporal", só permite demarcaçãopixbet modernoterras ocupadas por povos indígenas até 1988.

Questionado pela BBC News Brasil se o governo retiraria apoio a esses três projetos para cumprir os compromissospixbet modernoredução do desmatamento que assumiu na COP26, Leite ignorou a pergunta e começou a falar sobre economia verde.

"O governo vai atuar para incentivar uma nova economia verde. Mineração, quando bem feita, pode proteger florestas. Você pega vários exemplospixbet modernomineração sustentávelpixbet modernoque não existe desmatamento ilegal. Tem projetospixbet modernomineração que protegem floresta", disse.

Mineração como projeto 'sustentável'

A BBC News Brasil insistiu mais duas vezes na pergunta sobre esses três projetospixbet modernolei. Mas Leite continuou a discorrer sobre os benefícios da mineração, uma das atividades que mais degradam o meio ambiente, mesmo quando exercidas legalmente.

O desastre ambientalpixbet modernoMariana (MG), que poluiu o Rio Doce com rejeitos, e o desastre humanopixbet modernoBrumadinho (MG), que matou maispixbet moderno250 pessoas, ocorrerampixbet modernoatividadespixbet modernomineraçãopixbet modernograndes empresas nacionais e internacionais.

"O senhor está dizendo que mantém apoio ao projeto que libera mineraçãopixbet modernoterra indígena?", perguntou a BBC News Brasil.

"Não estou falando isso, estou falando que mineração quando bem feita consegue usar racionalmente recursos naturais e proteger floresta nativa. O Brasil lançou as basespixbet modernoum programapixbet modernocrescimento verde para gerar emprego verde. Qual o desafio? Ter uma mineração verde, que seja sustentável, que proteja floresta", respondeu, sem confirmar se apoia ou não o projeto que libera mineraçãopixbet modernoterras indígenas.

Cobrançapixbet modernodinheiropixbet modernopaíses ricos

Durante as negociações da COP26, o Brasil cobrou que nações ricas ampliassem o valorpixbet modernoUS$ 100 bilhões (cercapixbet modernoR$ 545 bilhões) que prometeram repassarpixbet modernofinanciamento anual a paísespixbet modernodesenvolvimento entre 2020 e 2025.

Até agora, nações desenvolvidas não cumpriram o valorpixbet modernoUS$ 100 bilhões e o rascunho do documento final não inclui uma nova cifra nem especifica a quantia que deverá ser dadapixbet modernofinanciamentopixbet modernoações climáticaspixbet modernopaíses mais pobres a partirpixbet moderno2025.

Na entrevista à BBC News Brasil, Leite acusou países ricospixbet moderno"não terem se preparado" para a COP26. Segundo ele, naçõespixbet modernodesenvolvimento saem "frustradas" com a faltapixbet modernodinheiro na mesa.

"Infelizmente, os países desenvolvidos não vieram preparados para essa COP. É frustrante ver o movimento real dos países desenvolvidos. Que eles tivessem se preparado para essa COPpixbet modernoforma clara, que eles já tivessem reservadospixbet modernoseus orçamentos recursos relevantes para fazer uma transição justa", criticou. "Em relação a financiamento, todos aqui da COP saem frustrados que não tenhamos chegado a um valor maior que os US$ 100 bi. Os US$ 100 bi já não são suficientes para uma transição justa."

Crédito, Bruno Kelly/Reuters

Legenda da foto, Especialistas e ONGs afirmam que governo brasileiro 'não convence' que está disposto a cumprir compromissos assumidos na COP26

De fato, nações ricas não cumpriram com os US$ 100 bilhões que prometeram pagar anualmente,pixbet modernofinanciamento climático, entre 2020 e 2025. E países pobres e mais vulneráveis às mudanças climáticas precisam dos recursos.

Mas, segundo ambientalistas, o Brasil não estápixbet modernoboa posição para requisitar financiamento, diante dos recordespixbet modernotaxaspixbet modernodesmatamento.

"O que o Brasil mostra aqui realmente é descompassado com o que acontece domesticamentepixbet modernocasa", disse à BBC News Brasil Fernanda Carvalho gerentepixbet modernoPolítica Global e Clima da WWF (World Wide Fund for Nature), uma das maiores ONGs ambientais do mundo.

"Para convencer, o governo precisa reverter a tendênciapixbet modernodesmatamento, retomar o planopixbet modernocombate ao desmatamento, prometer desmatamento zero, não só o fim do desmatamento ilegal e reabilitar o Fundo Amazônia", listou.

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