Númerosaque rapido piximigrantes brasileiros na Itália quase dobra durante governo Bolsonaro:saque rapido pix

O gosto por viajar e conhecer novas culturas se somou à faltasaque rapido pixperspectiva.

"Ia me formar, ganhar pouco, sem muitas chancessaque rapido pixcrescer", diz a estudantesaque rapido pix22 anos, que hoje cursa Economiasaque rapido pixforma gratuita, por ser italiana e ter uma renda baixa.

"O que me atraiu na Itália foi a possibilidadesaque rapido pixestar aqui como cidadã, com todos os direitos. E aqui tem muita oportunidade e qualidadesaque rapido pixvida. Tem problema também, mas não como o Brasil, onde a situação está ruim agora. Está tudo muito difícil, ainda mais para quem é jovem."

Em Arzignano, ela conheceu vários outros brasileiros que também trocaram o Brasil pela Itália.

"A maioria dos estrangeiros aqui são indianos, mas a gente brinca que os brasileiros estão quase superando os indianos", diz Ana.

A experiência dela se reflete nos números oficiais do governo brasileiro.

O levantamento mais recente do Itamaraty mostra que quase dobrousaque rapido pixdois anos o tamanho da comunidade brasileira na Itália, onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa no finalsaque rapido pixsemanasaque rapido pixuma reunião do G20.

Em 2018, 85,7 mil brasileiros viviam no país e,saque rapido pix2020, eram 161 mil, um aumentosaque rapido pix88%.

Os números são uma estimativa do Ministériosaque rapido pixRelações Exteriores que levasaque rapido pixconta os registros dos consulados brasileiros, dadossaque rapido pixoutros órgãos nacionais, como a Receita Federal, e informaçõessaque rapido pixautoridades italianas.

Ou seja, na prática, os números podem ser ainda maiores.

Crise e pandemia

É verdade que esse fenômeno não se restringe à Itália. Muita gente se mudou do Brasil nesse período.

O númerosaque rapido pixbrasileiros no exterior passousaque rapido pix3,59 milhões para 4,22 milhões, quase 18% a mais. Em comparação com 2015, quando a tendênciasaque rapido pixalta começou, o aumento foisaque rapido pix54% até 2020.

Mas a Itália foi um dos principais destinos dos recentes imigrantes brasileiros. Em 2018, o país tinha a 11ª maior comunidade brasileira no mundo. Em 2020, a 6ª.

Os relatos à reportagemsaque rapido pixvários profissionais que trabalham ajudando brasileiros no processosaque rapido piximigração também mostram isso.

"Comecei a sentir esse aumento entre o finalsaque rapido pix2018 e o iníciosaque rapido pix2019 e,saque rapido pix2020, explodiu e ficou ainda mais forte neste ano", afirma Anna Katarina Vieira, advogada especializadasaque rapido pixprocessossaque rapido pixcidadania.

Ela diz que a crise econômica que o Brasil atravessa é um dos motivos. Muitas pessoas perderam o emprego e decidiram tentar uma nova vida lá fora.

A pandemia e a restriçãosaque rapido pixentradasaque rapido pixmuitos países imposta aos brasileiros também fizeram muita gente voltar a tocar o processosaque rapido pixcidadania para ter um passaporte alternativo para viajar.

"Mas a maioria dos meus clientes são pais que querem que os filhos tenham a oportunidadesaque rapido pixestudar na Europa", conta.

A advogada Ana Paula Dias Marques, especializadasaque rapido piximigração, também percebeu uma maior procura pelos seus serviços.

"Acho que tem a ver com a pandemia e com a crise que o país atravessa. Quando a pessoa vê que a crise vai demorar a passar, que o Brasil vai levar um tempo para se recuperar, ela tenta começar uma vidasaque rapido pixoutro lugar", afirma.

Brasileiros vão morar na Itália para tirar cidadania

Uma vantagem da Itália é que a concessãosaque rapido pixcidadania não tem um limite geracional, como por exemplo Portugal, que só permite isso para até os netossaque rapido pixportugueses.

Por esse motivo, e também porque houve uma grande imigraçãosaque rapido pixitalianos para o Brasil no passado, muitos brasileiros têm direito à cidadania italiana e, depoissaque rapido pixconseguir isso, podem morar na Itália.

"Hoje, são aproximadamente 25 milhõessaque rapido pixdescendentessaque rapido pixitalianos no Brasil", explica Marques.

O próprio Bolsonaro é descendentesaque rapido pixitalianos e deve, ao visitar cidades no país nos próximos dias, receber o títulosaque rapido pixcidadão honoráriosaque rapido pixAnguillara Veneta, berçosaque rapido pixsua família.

Há três formas principaissaque rapido pixum descendente brasileiro se tornar cidadão italiano. A primeira, por meio dos consulados no Brasil, onde a fila dos processos pode chegar a dez anos.

Ou entrar com uma ação na Justiça italiana, alegando que os consulados no Brasil não respeitam os prazos legais para a análise dos pedidos. A decisão costuma ser favorável e saisaque rapido pixmédiasaque rapido pixdois a três anos.

Ou a opção mais rápida: ir morar na Itália e dar entrada no processosaque rapido pixuma Prefeitura local. Quanto menor a cidade, mais rapidamente o trâmite costuma ser. A espera leva geralmentesaque rapido pixtrês a seis meses, mas pode ser ainda mais curta.

O consulado-geral do Brasilsaque rapido pixMilão lançou há dois anos uma cartilha para orientar quem busca serviçossaque rapido pixassessoria no processosaque rapido pixcidadania por causa do "grande aumento no númerosaque rapido pixbrasileiros descendentes que buscam ter a nacionalidadesaque rapido pixseus ancestrais".

A ideia é prevenir que essas pessoas caiamsaque rapido pixgolpes, que estavam se tornando bastante frequentes, segundo o consulado.

'É uma pena que não viemos antes'

Muita gente volta para o Brasil ou se muda para outros países da Europa depoissaque rapido pixconseguir a cidadania. Muitos também vão para se estabelecer na Itália.

Adriane Pignatti chegou, com o marido e as duas filhas adolescentes,saque rapido pixfevereiro do ano passado. Eles queriam ter a experiênciasaque rapido pixviver no exterior e dar às meninas a oportunidadesaque rapido pixestudarsaque rapido pixoutro país.

Escolheram uma cidade bem pequena, a Tuscania,saque rapido pixpouco maissaque rapido pix8 mil habitantes, na região central do país.

No finalsaque rapido pixjulho, ela virou cidadã italiana — foi a primeira dasaque rapido pixfamília a fazer esse processo. Seus bisavós eram italianos.

Os planos eram inicialmente morar no norte do país, mas eles não puderam se mudar por causa das restrições impostas pelo governo para conter a pandemia.

Decidiram então se estabelecersaque rapido pixViterbo, capital da mesma Província onde estavam e que fica a 1h30saque rapido pixRoma. "Aqui tem muito brasileiro", diz ela.

Adriane era servidora pública e pediu uma licença não remunerada. Hoje, ela presta serviços para brasileiros que querem virar cidadãos italianos. Seu marido é chefsaque rapido pixcozinha e dá aulasaque rapido pixgastronomia.

Pouco maissaque rapido pixum ano e meio depoissaque rapido pixse mudar, eles estão felizes com essa decisão.

"Aqui a gente ganha pouco, mas vive com dignidade. Parece que o dinheiro rende mais. O imposto é alto, mas a gente tem qualidadesaque rapido pixvida, escolas boassaque rapido pixgraça, serviçossaque rapido pixsaúde que não custam um absurdo como no Brasil", diz Adriane.

"É uma pena que a gente não veio antes."

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