O arriscado trajeto entre EUA e México onde brasileira foi encontrada morta:casa de aposta com escanteio

A polícia finalmente a encontrou 9 dias depois, sem vida.

De acordo com dados da CBP (Agênciacasa de aposta com escanteioAlfândega e Proteçãocasa de aposta com escanteioFronteiras dos EUA), 47 mil brasileiros tentaram cruzar a fronteira dos Estados Unidoscasa de aposta com escanteiooutubrocasa de aposta com escanteio2020 até agosto deste ano. É um número sem precedentes na história e cinco vezes maior que no ano fiscal anterior.

Segundo Cesar Rossatto, professor da Universidadecasa de aposta com escanteioTexascasa de aposta com escanteioEl Paso e cônsul honorário do Brasil, calcula-se que para cada brasileiro pego na fronteira, outros três passaram sem serem identificados. Ou seja: 200 mil brasileiros teriam entrado irregularmente nos EUA.

Ainda segundo Rossatto, 2 mil estão presos aguardando a decisão judicial que concederá a esses brasileiros a possibilidade legalcasa de aposta com escanteioviver nos EUA ou, na maior parte dos casos, a deportação.

"A movimentação na fronteira dos EUA é uma temperatura da situação geopolítica do mundo", afirma Rossatto, mencionando a crise no sul global. Segundo levantamento recente do centrocasa de aposta com escanteiopesquisas americano Pew, o númerocasa de aposta com escanteioimigrantes pegos na fronteira sul dos EUA alcançoucasa de aposta com escanteiojulho o nível mais alto dos últimos 21 anos,casa de aposta com escanteiouma crise migratória que teve seu capítulo mais recente em setembro, com a capturacasa de aposta com escanteioimigrantes haitianos na divisa.

Os brasileiros estãocasa de aposta com escanteiosexto lugar entre as nacionalidades mais registradas na fronteira, segundo números da CBP, atráscasa de aposta com escanteioMéxico, Honduras, Guatemala, Equador e El Salvador.

Após a construção do muro na fronteira dos EUA, as rotascasa de aposta com escanteioquem tenta entrar no país mudaram. Foge-se da fiscalização da imigração, mascasa de aposta com escanteiocompensação migrantes têmcasa de aposta com escanteioenfrentar as agrurascasa de aposta com escanteiopercorrer longos trajetos pelo deserto até chegarem a alguma cidade.

Decasa de aposta com escanteiocasacasa de aposta com escanteioEl Paso, cidade do Texas que faz divisa com Juarez, no México, Rossatto diz enxergar a fronteira: o murocasa de aposta com escanteio8 metroscasa de aposta com escanteioaltura vigiado por carros da imigração, policiais armados, cachorros, sensorescasa de aposta com escanteiomovimento no chão e helicópteros. "Quem pula o muro já está dentro da cidade. Se ninguém te viu pular, você pode se passar por um morador qualquer. Agora se você vai mais pro meio do deserto, não tem o muro, mas tem que ter perna, água, fora o riscocasa de aposta com escanteiotomar um tirocasa de aposta com escanteioalgum racista que detesta imigrante ou dos cartéiscasa de aposta com escanteiodroga. Os riscos são tremendos", diz o cônsul.

Trajeto no deserto

Foi por El Paso que Lenilda entrou nos EUA pela primeira vez,casa de aposta com escanteio2003, antes da construção do muro, assim como o ex-marido e os dois irmãos. Ela viveu no Estadocasa de aposta com escanteioOhio por cercacasa de aposta com escanteioquatro anos trabalhando como faxineira até decidir voltar ao Brasil. Apenas um irmão ficou nos EUA, onde vive até hoje.

"Sinceramente, eu não teria coragemcasa de aposta com escanteiofazer issocasa de aposta com escanteionovo, e olha que minha rota era mais tranquila do que a delacasa de aposta com escanteioagora, caminhei 30 km. Por isso mesmo, implorei para ela desistir da ideia, sabia que ela não teria o condicionamento físico necessário. Você consegue levar um litrocasa de aposta com escanteioágua, então não dá pra beber água, só molhar a boca. Porque se você leva 2 litros, depoiscasa de aposta com escanteio10 km parece que está pesando 50 kg. A roupa que você leva, vai largando pelo caminho. Você chega com a roupa do corpo, não aguenta carregar mochila", descreve Leci.

Lenilda trabalhava como auxiliarcasa de aposta com escanteioenfermagemcasa de aposta com escanteiodois hospitais da região,casa de aposta com escanteioRondônia, mas o salário não chegava a R$ 2 mil. Durante a pandemiacasa de aposta com escanteiocovid-19, trabalhou na linhacasa de aposta com escanteiofrente. Chegou a pegar o vírus, sem desenvolver sintomas graves.

Decidiu que iria aos EUA novamente para conseguir pagarcasa de aposta com escanteiovez uma dívidacasa de aposta com escanteioR$ 38 mil, feita para custear a faculdade das duas filhas, estudantescasa de aposta com escanteioDireito. A própria Lenilda tinha acabadocasa de aposta com escanteioterminar à distância a graduaçãocasa de aposta com escanteioEnfermagem.

"Falei para minha irmã que eu pagaria essa dívida, para ficar quieta aqui, mas ela não aceitoucasa de aposta com escanteiojeito nenhum", conta Leci. Lenilda ainda teria tido que pagar 25 mil dólares ao coiote que a levou caso tivesse sobrevivido.

Em abril deste ano, ela havia tentado ir aos EUA pelo chamado cai-cai, no qual a pessoa se apresenta à imigração na fronteira e é detida enquanto aguarda a decisão judicial. Ficou 90 dias presa para depois ser deportada. "Foi horrível. Ela ficou os 12 primeiros dias presa sem tomar banho", conta Leci. Alguns meses após chegar ao Brasil, Lenilda partiu rumo aos EUA novamente, desta vez pelo deserto.

A maioria dos centroscasa de aposta com escanteiodetenção nos EUA são administrados por empresas privadas e recebem verba do governo federalcasa de aposta com escanteioacordo com o númerocasa de aposta com escanteiopresos e a duração da estadia. Segundo Holly Cooper, advogada especializadacasa de aposta com escanteiodireito do imigrante há 23 anos e professoracasa de aposta com escanteiodireito na Universidade da Califórnia, quanto maior a quantidadecasa de aposta com escanteiodetidos e o tempocasa de aposta com escanteiodetenção, maior o lucro dessas empresas.

"Existe um lobby gigantescocasa de aposta com escanteioWashington para que centroscasa de aposta com escanteiodetenção e presídios mantenham essa verba do governo", afirma a advogada.

De acordo com Rossatto, os centroscasa de aposta com escanteiodetenção recebemcasa de aposta com escanteioUS$ 150 a US$ 300 por diáriacasa de aposta com escanteiopreso, e a custódia costuma durarcasa de aposta com escanteio6 a 8 meses.

Depoiscasa de aposta com escanteioperdercasa de aposta com escanteioirmã e confidente, como Leci define, ele agora ficou responsável pela mãe idosa e as duas sobrinhas,casa de aposta com escanteioquem prometeu cuidar na ausênciacasa de aposta com escanteioLenilda. Também caberá a ele o pagamento da dívida da irmã, alémcasa de aposta com escanteioresolver os trâmites para trazer o corpo dela ao Brasil: "Realmente ficou tudo nas minhas costas agora, nem sei como lidar com isso".

Há também a demanda da imprensa e as entrevistas quase diárias. "Quero que divulguem o máximo para que as pessoas paremcasa de aposta com escanteioir para a América... mas a verdade é que vão continuarcasa de aposta com escanteioqualquer forma. Não tem como sobreviver no Brasil", afirma.

De acordo com Cooper, o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, manteve grande parte das políticas migratórias do antecessor Donald Trump, como a chamada Title 42. A medida é uma cláusula da Leicasa de aposta com escanteioSaúde Pública usada pelo governo para, sob a justificativacasa de aposta com escanteioevitar a propagação da covid-19, deportar imigrantescasa de aposta com escanteioalgumas nacionalidades imediatamente, sem passar pelos procedimentos jurídicos. Segundo Rossatto, ela é aplicada sobretudo a quem vem da América Central e México, que compõem a grande maioria, e não a brasileiros.

"O Title 42 é a maior violaçãocasa de aposta com escanteiodireitos humanos que já vi na minha carreira. Estamos negando a nossa responsabilidade, prevista na legislação internacional,casa de aposta com escanteioprover o direitocasa de aposta com escanteioasilo político neste país", opina Cooper.

A advogada afirma que houve algum avanço na gestão Biden no tratamento dado a crianças desacompanhadas dos pais, a quem não é aplicada a deportação sumária prevista no Title 42.

De acordo com dados da CBP, 133 mil crianças sozinhas foram registradas na fronteiracasa de aposta com escanteiooutubrocasa de aposta com escanteio2020 até agosto deste ano,casa de aposta com escanteioum totalcasa de aposta com escanteiomaiscasa de aposta com escanteio1,7 milhãocasa de aposta com escanteiopessoas que tentaram entrar no país — 2,5 vezes o número do ano fiscal anterior. No casocasa de aposta com escanteiobrasileiros, 198 crianças desacompanhadas foram registradas no período.

Os menorescasa de aposta com escanteioidade nesta situação são detidos e depois encaminhados a familiares que vivem nos EUA ou a lares adotivos. "É uma tragédia enorme. São pais devastados sem saber se os filhos vão chegar vivos até a fronteira, mas ainda assim preferem arriscar isso a manter as crianças na situação desesperadora do paíscasa de aposta com escanteioorigem", diz a advogada.

Rosatto foi chamado pelo Consulado Brasileiro para atender três crianças brasileiras desacompanhadas detidas na base militar Fort Bliss, no Texas, neste ano. "Eram três brasileiroscasa de aposta com escanteioum marcasa de aposta com escanteiodez mil criançascasa de aposta com escanteiooutras nacionalidades. É muito triste, uma situação precária.", conta. "Por sorte, uma enfermeira brasileira que estava lá dentro me chamou para ajudá-los e consegui reunificar todas elas a familiares com sucesso".

No ano passado, Rossatto também foi convocado para intervir na prisãocasa de aposta com escanteiouma brasileira, mãe solteira, acusadacasa de aposta com escanteiotráfico humano. Segundo o cônsul, coiotes ofereceram a ela a viagem até os EUAcasa de aposta com escanteiograça caso cedesse doiscasa de aposta com escanteioseus filhos a brasileiros que fingiriam ser os pais para cruzar a fronteira. Pela ordem executiva emitida por Bidencasa de aposta com escanteiofevereiro deste ano, crianças não podem mais ser separadas das famílias como era feito na era Trump.

"Famílias com menorescasa de aposta com escanteioidade têm a possibilidadecasa de aposta com escanteioreceber um tratamento melhor da imigração, por isso os coiotes quiseram usar as crianças dessa mãe", explica Rossatto.

Segundo o cônsul, a brasileira foi ameaçadacasa de aposta com escanteiomorte caso não entregasse os filhos, e por isso cedeu. Ao chegarem na fronteira, a imigração fez o testecasa de aposta com escanteioDNA nas crianças e comprovou a farsa. A mãe chegou no dia seguinte e foi presa. Os filhos foram para um centro detenção.

"Ela chorava, gritava na prisão, traumatizada", conta Rossatto.

"Entramos na defesa dela e conseguimos soltá-la para que fique junto com seus filhos nos EUA e responda aos processos imigratórioscasa de aposta com escanteioliberdade."

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