A esquerda pode estar renascendo na Europa?:casa de apostas 365

Por enquanto, porém, o que mais chama atenção é que, se a vitória for confirmada neste domingo, vai reforçar um aparente ressurgimento da social-democracia na Europa.

Para além da Alemanha, a centro-esquerda voltou ao poder neste mês na Noruega, onde o Partido Trabalhista venceu os conservadores e agora estácasa de apostas 365negociações para tentar formar uma coalizão majoritáriacasa de apostas 365governo.

Com essa trocacasa de apostas 365governo norueguesa, todos os países escandinavos - Noruega, Suécia, Dinamarca, Islândia e Finlândia - passarão a ficar sob governos social-democratas, algo que não acontecia desde o final dos anos 1950. Além disso, Portugal e Espanha também são governados por partidoscasa de apostas 365centro-esquerda.

Bastião da social-democracia na Europa, com suas enraizadas políticascasa de apostas 365bem-estar social, a Escandinávia é um exemplo importante.

Isso porque essa região também foi a que esteve na vanguarda do avançocasa de apostas 365partidos ecasa de apostas 365políticos populistas no continente europeu, alguns anos atrás - e agora faz um regresso à centro-esquerda, explica à BBC News Brasil o cientista político Mathias Alencastro, pesquisador do Centro Brasileirocasa de apostas 365Análise e Planejamento (Cebrap) e doutor pela Universidadecasa de apostas 365Oxford.

"Muita gente se antecipou e declarou a centro-esquerda como morta, e isso não aconteceu, excetocasa de apostas 365países como França e Itália, onde ela realmente faliu", diz Alencastro. "Mas ela segue na Escandinávia, na Península Ibérica (Portugal e Espanha) e, agora, na Alemanha."

Para ele, muitos partidos novos,casa de apostas 365populismocasa de apostas 365esquerda e direita, viveram um momentocasa de apostas 365ascensão na Europa, mas não conseguiram se consolidar como gestores da máquina pública.

Em entrevista recente à agência France Presse, a pesquisadora Elisabeth Ivarsflaten, da Universidadecasa de apostas 365Bergen, na Noruega, apontou que o Partido Trabalhista norueguês parece ter se beneficiadocasa de apostas 365um anseio por um Estado mais forte e por menos desigualdades, sentimento impulsionado pela pandemiacasa de apostas 365covid-19.

Para Alencastro, o que a crise provocada pela pandemia faz, essencialmente, é "reforçar partidos muito vinculados à capacidadecasa de apostas 365administração do Estado".

"A experiência volta a ser uma característica valorizada", afirma ele.

Ascensão e queda da centro-esquerda europeia

A social-democracia costuma estar associada a um Estado maior e mais forte, seja com programascasa de apostas 365bem-estar social (pagamentocasa de apostas 365benefícios ou fortalecimentocasa de apostas 365educação e saúde públicas, por exemplo), seja com uma ação regulatória mais presente.

Partidos social-democratas tiveram forte presença na Europa ao longo do século 20, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, mas perderam ímpeto - e eleitorado - nos últimos anos.

"Em seu auge, partidos ou coalizões com líderes (social-democratas) governavam 12 dos então 15 países da União Europeia" no final dos anos 1990, explicam os pesquisadores James F Dowes e Edward Chancasa de apostas 365um artigocasa de apostas 3652018 publicado pela London School of Economicscasa de apostas 365seu blog.

"No entanto,casa de apostas 3652006, o númerocasa de apostas 365governos liderados pela esquerda nesses países caiu para menoscasa de apostas 365cinco."

Os autores atribuem essa "erosão", no final dos anos 1990 ao início dos anos 2000, a um viés mais centrista da social-democracia nesse período e a uma "escassezcasa de apostas 365ideias" para lidar com os problemas da população, o que lhes teria feito perdercasa de apostas 365base mais tradicionalcasa de apostas 365eleitores, formada por trabalhadores.

Depois, veio a crise financeiracasa de apostas 3652008, que fez os países europeus adotarem políticas fiscais cada vez mais rígidas - e fazendo minguar alguns programascasa de apostas 365bem-estar estatais.

"Os social-democratas parecem ter sofrido as maiores consequências da crise econômica, com muitos deles perdendo eleitoralmente", prosseguem os autores.

Outro fator-chave, segundo eles, é a crise migratória que varreu a Europa (e que ainda estácasa de apostas 365curso) e "levou a um colapso sistemáticocasa de apostas 365diversos partidos social-democratas europeus".

Eleitores descontentes e temerosos dessa onda migratória se voltaram,casa de apostas 365parte, para partidos populistas,casa de apostas 365esquerda ou, sobretudo,casa de apostas 365direita.

"O declínio eleitoral da social-democracia no século 21 demonstra como eles perderam a compreensão da situação socioeconômica moderna, com eleitores buscando partidos mais radicais", escreveram os pesquisadorescasa de apostas 3652018.

O que, então, mudou agora?

Adaptação aos novos tempos

Para voltar ao poder, a centro-esquerda precisou,casa de apostas 365algum modo, se adaptar às pressões atuais e da direita, apontam analistas.

Na Dinamarca, por exemplo, o governo social-democrata manteve políticas antimigratórias rígidas caras ao eleitorado direitista, explicou à France Presse a acadêmica Elisabeth Ivarsflaten.

Na Alemanha, "o fatocasa de apostas 365Olaf Scholz ter a disciplina fiscal como promessacasa de apostas 365campanha mostra a universalizaçãocasa de apostas 365agendas típicas da direita", complementa Alencastro à BBC News Brasil.

"(A centro-esquerda) teve que abraçar bandeiras nacionalistas incompatíveis com seus valores universais."

Além disso, até agora, essas novas forças social-democratas não necessariamente vão contar com apoio popular excepcionalmente alto - pelo contrário,casa de apostas 365um cenáriocasa de apostas 365alta fragmentação partidária, seguem dependendocasa de apostas 365coalizões para governar.

"Os social-democratas costumavam ser muito mais fortes, mas agora há uma fragmentação, e não há mais grandes partidos", disse ao jornal britânico Financial Times o ex-premiê sueco Carl Bildt, político alinhado à centro direita, ao comentar a vitória da centro-esquerda na Noruega.

E a fragmentação, agregou Buildt, "torna a governança uma tarefa mais difícil".

Por fim, a centro-esquerda que volta a emergir agora não passou por um processocasa de apostas 365renovação geracional - não há grandes nomes novoscasa de apostas 365ascensão, por exemplo - nem por significativas modernizaçõescasa de apostas 365seus projetoscasa de apostas 365governo, explica Mathias Alencastro.

Sendo assim, uma leitura possível écasa de apostas 365que estão voltando ao poder menos por seus próprios méritos, e mais por uma desilusão do eleitorado com as demais alternativas.

"É uma demonstraçãocasa de apostas 365fraqueza do projeto populista", opina o cientista político brasileiro.

O que muda para o Brasil e a América Latina

Dito isso, Alencastro vê implicações importantes para o Brasil e a América Latina, sobretudo com a possível trocacasa de apostas 365partidos no comando da Alemanha.

"Do ponto fiscal ou gerencial, um governocasa de apostas 365Olaf Scholz muda pouco"casa de apostas 365relação ao governo Merkel, ele avalia.

"Mas os social-democratas devem ter uma orientação mais universalista do que Merkel", que manteve-se distante da América Latinacasa de apostas 365favor dos laços alemães fortes com a Europa e a Ásia.

"Talvez Scholz olhe a América Latina e o Brasil com mais interesse, porque (seu partido) SPD tem grande tradiçãocasa de apostas 365integração com a centro-esquerda daqui."

Alencastro também antevê,casa de apostas 365um eventual governo Scholz, ainda mais ênfase nas mudanças climáticas como um pilar da diplomacia alemã - o que aumentaria ainda mais a pressão europeia sobre o avanço do desmatamento brasileiro registrado sob o governocasa de apostas 365Jair Bolsonaro.

Isso pode ser reforçado com o Partido Verde alemão, atualmentecasa de apostas 365terceiro lugar nas pesquisascasa de apostas 365opinião e que pode acabar compondo uma futura coalizão do governo no país.

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