Testemunhas brasileiras relembram horror do 11aposta esportiva vipSetembro: 'Vi o inimaginável e nunca mais fui o mesmo':aposta esportiva vip

Legenda do áudio, Em áudio: Testemunhas brasileiras relembram horror do 11aposta esportiva vipSetembro: 'Vi o inimaginável'

Nenhum deles, dois dos maisaposta esportiva vip17 mil funcionários do WTC, podia imaginar que um dos principais cartões-postais da cidade estava sob ataque.

Quem chegou mais perto do horror por trás daquela explosão foi o economista gaúcho Larry Pintoaposta esportiva vipFaria Júnior,aposta esportiva vip63 anos. Operadoraposta esportiva vipuma empresa do mercado financeiro, a Garban Intercapital, que funcionava no 25º andar da Torre Norte, Larry estava ao telefone, conversando com clientes, quando ouviu um estrondo semelhante a uma bomba. Pela janela, estilhaçosaposta esportiva vipvidro e destroçosaposta esportiva vipfuselagem despencavam do céu.

Quando a torreaposta esportiva vip107 andares começou a balançar, igual ao pênduloaposta esportiva vipum relógio, Larry murmurou, baixinho: "Não vai aguentar". Foi o tempoaposta esportiva vippegar suas coisas, berrar "Vai cair!" para o colega ao lado e correr para uma das saídasaposta esportiva vipemergência.

Naquele dia, quatro aviões comerciais foram sequestrados por 19 terroristas. Dois deles, o voo 11 da American Airlines e o 175 da United Airlines, foram arremessados contra as Torres Gêmeas,aposta esportiva vipNova York. O primeiro, pilotado por Mohamed Atta, 33, atingiu a Torre Norte às 8h46 (horário local), e o segundo, comandado por Marwan al Shehhi, 23, a Torre Sul, às 9h03. Um terceiro avião, o 77 da American Airlines, foi jogado contra o Pentágono, na Virgínia, às 9h37, e o quarto, o 93 da United Airlines, caiu sobre um bosque na Pensilvânia, às 10h03.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Correspondente da Globoaposta esportiva vipNova Yorkaposta esportiva vip1996 a 2002, Edney Silvestre morava a poucos quarteirões do WTC e foi o primeiro repórter da TV brasileira a chegar ao local

Juntos, os quatro ataques, planejados e executados pela rede terrorista Al-Qaeda, comandada por seu fundador, o saudita Osama Bin Laden (1957-2011), deixaram um saldoaposta esportiva vip2.977 mortos e quase 7 mil feridos. "Havia um 20º terrorista, um francêsaposta esportiva viporigem marroquina chamado Zacarias Moussaouri, que deveria atacar a Casa Branca. Mas ele não aprendeu a pilotar a tempo", conta o escritor Ivan Sant'Anna, autoraposta esportiva vipPlanoaposta esportiva vipAtaque (2006).

Ficção ou realidade?

Tácito Cury só se deu contaaposta esportiva vipque não se tratavaaposta esportiva vipuma superproduçãoaposta esportiva vipHollywood quando a porta do elevador se abriu no 30º andar e viu uma multidãoaposta esportiva vipferidos - uns gritandoaposta esportiva vipdor, outros pedindo ajuda - querendo entrar na cabine. Em vezaposta esportiva vipsubir até o 57°, desceu pela escadaaposta esportiva vipincêndio.

Na rua, procurou um lugar seguro para telefonar para o pai, que morava no Brasil. Queria avisar que, na medida do possível, estava bem. Ainda não tinha desligado o telefone quando viu o segundo avião, um Boeing 767, transportando 51 passageiros e nove tripulantes, ser arremessado contra a Torre Sul. "O impacto foi tão forte que o chão tremeu. Parecia terremoto", diz.

Larryaposta esportiva vipFaria Júnior conta que a descida até o térreo foi tensa, mas organizada. Não houve empurra-empurra ou algo do gênero. Ele estava no 15° quando cruzou com uma equipe do Corpoaposta esportiva vipBombeiros subindo, rumo aos andares do topo atingidos pelas chamas. Cada um deles carregava cercaaposta esportiva vip45 quilosaposta esportiva viproupas e equipamentos.

"Como está a situação lá embaixo?", perguntou Larry para um dos bombeiros. "Tem muita fumaça, senhor", respondeu o rapaz. "Mas, está tranquilo". Os bombeiros, todos muito jovens, subiram para não mais descer. "Nenhum deles sobreviveu à queda das Torres Gêmeas", lamenta Larry, que moravaaposta esportiva vipNova York desde maioaposta esportiva vip1999.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Hospedada no 6° andar do Hotel Marriott, anexo às Torres Gêmeas, a empresária paranaense Adriana Maluendas tinha prova às 9h30 do dia 11aposta esportiva vipsetembro no 17° andar da Torre Sul

A empresária paranaense Adriana Maluendas,aposta esportiva vip49 anos, não trabalhava nas Torres Gêmeas. Hospedada no 6° andar do Hotel Marriott, que fazia parte do complexo WTC, tinha prova às 9h30 no Institutoaposta esportiva vipFinançasaposta esportiva vipNova York (NYIF,aposta esportiva vipinglês), no 17° andar da Torre Sul. Ainda estava à procuraaposta esportiva vipum sapato que combinasse comaposta esportiva vipbolsa quando um barulho muito forte estremeceu o quarto 635. Assustada, tentou ligar para a recepção, mas ninguém atendeu. "Preciso descer agora", decidiu.

No hall dos elevadores, deparou-se com uma senhoraaposta esportiva vipuma cadeiraaposta esportiva viprodas. "Por favor, vá buscar ajuda", suplicou ela. Foi o que Adriana tentou fazer ao chegar ao lobby. Em vão. "Ver as pessoas pedindo ajuda e não poder ajudá-las foi uma das piores sensações da minha vida".

O repórter Edney Silvestre e o cinegrafista Orlando Moreira foram os primeiros jornalistas brasileirosaposta esportiva vipTV a chegar ao local do maior atentado terrorista da história. Correspondente da TV Globoaposta esportiva vipNova Yorkaposta esportiva vip1996 a 2002, Edney tinha acabadoaposta esportiva vipchegaraposta esportiva vipcasa, vindo da academiaaposta esportiva vipginástica, quando ligou a televisão e viu um enorme buraco no WTC. Morador da Union Square, chegou ao localaposta esportiva vippoucos minutos.

O cheiroaposta esportiva vipcarne queimada, recorda, era pavoroso. "Terrível não basta para descrever", diz. Uma das cenas que presenciou foi a do paiaposta esportiva vipdois bombeiros desaparecidos. Cavava os escombros com as mãos e perguntava: "Meu filho, você está aí?". Muitos pais, mães, filhos, maridos e mulheres não tiveram o que enterrar. "Testemunhei o inimaginável. Nunca mais fui o mesmo. Mas evito pensar nisso. Hoje, procuro viver o aqui e agora", afirma.

Fuga desesperada

Nos andares mais altos das torres, muitas pessoas quebravam as janelas para respirar, agitavam peçasaposta esportiva viproupas e pediam socorro aos helicópteros da polícia. Algumas delas, acuadas pelo fogo, calor e fumaça, desistiramaposta esportiva vipesperar por resgate e saltaram para a morte.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Larry Pintoaposta esportiva vipFaria Júnior cruzou com uma equipe do Corpoaposta esportiva vipBombeiros enquanto descia as escadasaposta esportiva vipemergência

Dali a pouco, o que parecia impossível aconteceu: as duas torres,aposta esportiva vip420 metrosaposta esportiva vipaltura cada, não resistiram aos impactos das aeronaves e começaram a ruir. A Torre Sul, a segunda a ser alvejada, colapsou primeiro, às 9h59, e a Norte, às 10h28. Em minutos, se transformaramaposta esportiva vipum amontoadoaposta esportiva vipescombros.

"Se as Torres Gêmeas,aposta esportiva vipvezaposta esportiva vipcaíremaposta esportiva vippé, tivessem tombado para um dos lados, a tragédia teria sido ainda maior", explica Ivan Sant'Anna. "O númeroaposta esportiva vipmortos poderia ter chegado a dezenasaposta esportiva vipmilhares".

Quando as duas torres foram ao chão, levantou-se uma nuvem negraaposta esportiva vippoeira, cinzas e fuligem. "Não tive opção: ou saía correndo ou era engolido por aquele tsunami. Corri uns 20 quarteirões", lembra Tácito.

Quem também fugiuaposta esportiva vipdisparada foi Stéphanie. Quando o segundo avião foi arremessado contra a Torre Sul, ela ouviu um barulho ensurdecedor, seguido por incontáveis explosões. Pensou que os terroristas estivessem lançando bombas sobre Nova York. Com medoaposta esportiva vipser atingida, procurou abrigoaposta esportiva vipalgum prédio das redondezas, mas não encontrou. "A maioria já estava com as portas fechadas. Os que continuavam abertos não me deixaram entrar", lamenta.

Foi quando pegou o metrô, gratuito, até a rua 81, onde morava. Sem as chavesaposta esportiva vipcasa, tocou a campainha dos vizinhos e pediu para telefonar para o pai no Brasil e a mãe na França. "Foi a única vez na vida que ouvi meu pai chorando", emociona-se.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Stéphanie Habrich trabalhava no 4° andar da Torre 4. Quando o segundo avião foi lançado contra a Torre Sul, achou que os terroristas estivessem bombardeando Nova Iorque

Adriana não teve tanta sorte. Ao descer as escadas do Marriott, muitos hóspedes, aindaaposta esportiva vippijamas e aos gritosaposta esportiva vip"Corram!", empurravam uns aos outros. Ali, ela levou o primeiroaposta esportiva vipseus muitos tombos daquele dia. Na calçada, tentou correr para o mais longe possível dos escombros do WTC.

"Pareciam animais tentando fugiraposta esportiva vipum incêndio na floresta", compara. Durante a fuga, foi empurrada e caiu no chão. Pisoteada pela multidão, quebrou dentes, fraturou costelas, ficou com hematomas. "A nuvem era escura e o ar, irrespirável. Não conseguia enxergar nada a um palmoaposta esportiva vipdistância", recorda. "Tinha certezaaposta esportiva vipque não conseguiria escapar com vida daquele pesadelo".

Tácito ainda não tinha se refeito do baque do 11aposta esportiva vipSetembro quando, no dia seguinte, levou outro susto. Ao embarcaraposta esportiva vipum trem do metrô, pegou um exemplar do jornal Daily News esquecidoaposta esportiva vipum dos assentos do vagão. Não acreditou quando leu que um dos 19 terroristas da Al-Qaeda, justamente o que arremessou o voo 175 da United Airlines contra a torre onde trabalhava, era aluno do cursoaposta esportiva vipinglês.

Atônito, ligou para a sede do curso, que ficava na rua 56, e confirmou o nome: Marwan al Shehhi, dos Emirados Árabes Unidos. Um aluno, ele descreve, tímido, discreto e caladão. "Foi um choque. Como professor substituto, dei aula para ele umas duas ou três vezes", relata.

Depois do terror

Na sexta, dia 14, Stephanie já estavaaposta esportiva vipvolta ao trabalho. O banco para o qual trabalhava contratou psicólogos para atender os funcionários e montou um terminal com computadoresaposta esportiva vipum galpãoaposta esportiva vipNova Jersey.

"Desde que havia chegado a Nova York,aposta esportiva vip1996, trabalhava, no mínimo, 12 horas por dia", calcula. "Passei a questionar como queria viver minha vida daliaposta esportiva vipdiante".

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, O empresário paulista Tácito Cury (na foto, com as Torres Gêmeas ao fundo) descobriu, no dia seguinte aos ataques, que deu aulaaposta esportiva vipinglês para Marwan al Shehhi, terrorista que arremessou o Boeing 767 sobre a torre onde ele trabalhava

Depois que saiu do banco,aposta esportiva vip2002, Stephanie fez mestradoaposta esportiva vipRelações Internacionais na Universidade Columbia e mudou-se para São Paulo e,aposta esportiva vip2011, lançou Joca, o primeiro jornal infanto-juvenil do Brasil, distribuído para maisaposta esportiva vip150 escolas, públicas e particulares,aposta esportiva viptodo o país. "Se o Joca existisseaposta esportiva vip2001, teríamos explicado aos nossos leitores o que é um atentado terrorista", exemplifica.

No sábado, dia 15, tão logo os aeroportosaposta esportiva vipNova York reabriram, Larry pegou o primeiro avião para o Brasil. A empresa onde trabalhava abriu um escritório temporárioaposta esportiva vipSão Paulo, onde ele exerceu suas atividades por um ano e dois meses. Depois disso, regressou a Nova York.

Em 2018, visitou o museu e memorial do 11aposta esportiva vipsetembro inauguradoaposta esportiva vip2014aposta esportiva viphomenagem às vítimas da tragédia. Instalado no subsolo do Marco Zero, reúne cercaaposta esportiva vip10 mil artefatos, desde a turbinaaposta esportiva vipum dos Boeings usados como míssil no ataque até um caminhão dos bombeiros parcialmente destruído. "Chorei como criança", conta.

Em outubroaposta esportiva vip2020, Larry retornou ao Brasil. Desde então, viveaposta esportiva vipPorto Alegre,aposta esportiva vipcidade-natal.

O acervo do museu guarda, entre outras "relíquias", o passaporte e as chaves do quarto 635 do Marriott Hotel, doados por Adriana. Por causa do ataque, ela passou a sofreraposta esportiva vipestresse pós-traumático. Durante muito tempo, sentia calafrios toda vez que ouvia as sirenes dos bombeiros eaposta esportiva vipambulância e, à noite, chegava a trocar o pijama pelo moletom na horaaposta esportiva vipdormir. Tinha pavoraposta esportiva vipque outra tragédia daquelas acontecesse e ela não estivesse pronta para sair correndo.

Desde 2002, viveaposta esportiva vipNova York e,aposta esportiva vip2016, lançou o autobiográfico Além das Explosões. "Até hoje, não tenho palavras para descrever o que vi e vivi: triste, doloroso, impactante...", arrisca-se.

Quando descobriu que um dos pilotos suicidas tinha estudado no curso onde trabalhava, Tácito resolveu ligar para a polícia federal dos EUA, o FBI. Seus chefes não gostaram da publicidade indesejada e resolveram demiti-lo. Sem emprego, decidiu abriraposta esportiva vipprópria escolaaposta esportiva vipidiomas, hoje presenteaposta esportiva vip60 países. Não satisfeito, virou chef confeiteiro e montou um bistrôaposta esportiva vipSão Paulo.

Em 2015, gravou uma palestra TEDx, Cinco Liçõesaposta esportiva vipSobrevivência. "Não é todo dia que a vida dá uma segunda chance para você. O que eu fiz? Dei um reset na minha história e comeceiaposta esportiva vipnovo, praticamente do zero", conta ele, que hoje se divide entre São Paulo, Paris e Nova York.

Presoaposta esportiva vip16aposta esportiva vipagostoaposta esportiva vip2001, Zacarias Moussaouri, que deveria ter atacado a Casa Branca, hoje com 53 anos, cumpre prisão perpétua no Colorado. Já a cadeirante do Marriott foi resgatada por funcionários do hotel. Morreuaposta esportiva vip2009,aposta esportiva vipcausas naturais.

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