Terremoto no Haiti: 'Estamos abandonados, e o povo está desesperado por comida, por alguma ajuda':betfair spor

A terapeuta ocupacional chilena tem um centrobetfair sporreabilitação física que precisou adaptar para atender as centenasbetfair sporferidos que surgiram nos últimos dias.

Em conversa com a BBC News Mundo, serviçobetfair spornotíciasbetfair sporespanhol da BBC, ela detalhou a situação críticabetfair sporque os haitianos vivem e o desespero que aos poucos toma conta das vítimas. A seguir, o relato delabetfair sporprimeira pessoa.

'Era impossível ficarbetfair sporpé'

Quando o terremoto começou, eu estava com meu filhobetfair spor2 anos na minha casa, que fica no segundo andar,betfair sporcima da nossa clínicabetfair sporreabilitação.

Não conseguimos descer nem fazer nada. Caímos no chão, era impossível ficarbetfair sporpé.

Quando a movimentação parou, me vesti rapidamente e corremos para o pátio. A primeira coisa que fiz foi verificar se meus vizinhos e as famílias próximas estavam bem.

Não sabíamos o que fazer porque começaram réplicas (tremores secundários) muito fortes . E como minha casa fica a duas quadras do mar, decidimos pegar um carro e ir para a montanha. Tínhamos medobetfair sporque pudesse acontecer algo mais forte, como um tsunami.

Aos poucos, ficamos sabendo do grande númerobetfair spormortos e vítimas. Então decidimos ajudar. No centrobetfair sporreabilitação, tínhamos materiais ortopédicos, como botas, colares cervicais, tipoias, e começamos doando para os diversos hospitais.

Dez voluntários se juntaram a nós. Mas quando íamos começar a trabalhar, veio a tempestade. E tudo ficou ainda pior.

Tem sido terrível, tem chovido sem parar, com muito vento, está tudo alagado. As pessoas andam molhadas e não podem dormirbetfair sporsuas casas, por isso ficam na rua,betfair sporbarracas ou simplesmentebetfair sporcimabetfair sporplásticos. Ninguém dorme.

'Estão com frio e com fome'

Montamos uma clínica móvelbetfair sporfrente ao nosso centro, onde estamos atendendo pessoas com ferimentos leves e entorses para descongestionar um pouco os hospitais.

Os hospitais estão lotados ebetfair sporpéssimas condições. Uma das crianças que eu tive que atender tinha ido para o hospital, mas lá eles não tinham gesso, então colocaram qualquer coisa. Ela tem uma fratura enorme e precisabetfair sporcirurgia. Mas eles tinham colocado uma atadura e nada mais.

Tem gente que nem sequer conseguiu sair dos escombros ou receber atendimento nos postosbetfair sporsaúde.

Nós estamos nos aconselhando com traumatologistas do Chile via zoom, mostramos cada caso e eles nos dizem o que fazer.

Além disso, temos visitado os diferentes refúgios que estão surgindo. São abrigos informais; as pessoas ocupam terrenos baldios, camposbetfair sporfutebol e praças, e estão construindo suas casinhas.

Na terça-feira (17/08), fomos entregar alguns kitsbetfair sporhigiene, com absorventes higiênicos e escovasbetfair spordente, entre outras coisas.

Também distribuímos roupasbetfair sporbebês e plásticos para que tivessem pelo menos um lugar seco para dormir.

A situação é muito triste, estão todos molhados, muitos são crianças, estão com frio e com fome. Mas não temos comida. E alguns ficam desesperados e gritam para nós: "Tragam comida!"

Tampouco é fácil encontrar água potável. Então nos pedem água... e pedir água é muito forte, é muito doloroso.

'Parece uma cidade fantasma'

A cidade está desabastecida porque muitas pessoas decidiram ir para o campo ou para a capital, Porto Príncipe, com medobetfair sporque suas casas desmoronassem. Foi impressionante ver centenasbetfair sporpessoas saindo com suas malas.

Então está tudo fechado. O mercado corre o riscobetfair spordesabar, muitos dos comerciantes tiveram que sair. Encontramos um armazém aberto e foi a salvação, comprei um iogurte para o meu filho, queria dar a ele uma coisa gostosa.

Mas a verdade é que parece uma cidade fantasma. E aqueles que permaneceram são os que ficaram para trás, os que têm menos e os que estão nas piores condições.

Estamos tentando multiplicar a ajuda o máximo possível. Na quarta-feira (18/08), encontramos pão e vamos comprar para levar aos abrigos.

Mas ninguém está nos ajudando, não recebemos um toldo, nenhum alimento, nada. Nos sentimos abandonados, e as pessoas estão desesperadas por comida, por alguma ajuda.

E o que acontece é que quando a resposta é tão lenta, as pessoas começam a enlouquecer. E quando chega a ajuda, ficam agressivas, muito violentas.

'Morra quem tem que morrer'

O problema é que o Haiti está muito perigoso. E o governo não está cuidando da segurançabetfair spornenhuma ONG estrangeira ou organismo internacional. Então, se alguém quiser vir ajudar, tem que correr o risco. Se algo acontecer com você, serábetfair sporresponsabilidade.

Quando houve o terremotobetfair spor2010, os caminhões com ajuda eram escoltados. Agora nada.

A situação política agrava ainda mais o problema. Não temos governo, ninguém o reconhece. E não sobrou nenhum branco no país [em alusão à faltabetfair sporpresençabetfair spororganizações humanitárias internacionais]. Os únicos que você vê são jornalistas.

Dizem que os médicos vão chegar só na sexta-feira. Mas as pessoas estão cheiasbetfair sporfraturas, não há especialistas. No final, você sente que é como "morra quem tem que morrer".

O Haiti sempre se sente abandonado,betfair sportodos os sentidos. No noticiário, se mostra o pior do Haiti, e as pessoas já conhecem essa história, então já nem sequer chama a atenção delas.

Aqui ninguém fica sabendo que há problemas no Afeganistão, por exemplo. Temos problemas suficientes.

As pessoas aqui se sentem solitárias e abandonadas porque, por alguma razão, a ajuda não chega. E não sabemos se vai chegar.

No fim das contas, só temos a nós mesmos.

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