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Protestoscbet gg pt brCuba: entendacbet gg pt br3 pontos por que milhares saíram às ruas:cbet gg pt br
Os protestos começaram na cidadecbet gg pt brSan Antoniocbet gg pt brlos Baños, no sudoestecbet gg pt brHavana e, desde então, se espalharam por todo o país.
"Isso é pela liberdade do povo, não aguentamos mais. Não temos medo. Queremos uma mudança, não queremos mais ditadura", disse, por telefone, um manifestantecbet gg pt brSan Antonio à BBC News Mundo, serviçocbet gg pt brnotícias da BBCcbet gg pt brespanhol.
Segundo Alejandro, que participou do protestocbet gg pt brPinar del Río, o protesto emcbet gg pt brprovíncia começou depoiscbet gg pt bras pessoas verem o que estava acontecendocbet gg pt brSan Antoniocbet gg pt brlos Baños por meio das redes sociais.
"Vimos o protesto nas redes e começou a sair gente. Hoje é o dia, não aguentamos mais", disse o jovem por telefone.
"Não há comida, não há remédio, não há liberdade. Eles não nos deixam viver. Já estamos cansados", acrescentou.
A BBC News Mundo entroucbet gg pt brcontato com o Centrocbet gg pt brImprensa Internacional, única instituição governamental autorizada a dar declarações à imprensa estrangeira, para saber a posição do governo cubano, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem.
Os protestos deste domingo (11/7), que foram duramente reprimidos,cbet gg pt bracordo com vários vídeos e relatos nas redes sociais, são um evento extremamente incomumcbet gg pt bruma ilha onde a oposição ao governo não é permitida.
Como, então, explicar que milharescbet gg pt brcubanos tenham saído às ruas por toda a ilha?
Há três pontos chave para entender esta crise.
1. A crise do coronavírus
Os protestos na ilha parecem ser resultadocbet gg pt bresgotamento acumulado da população. Esse esgotamento aumentou nos últimos meses com uma das maiores crises econômicas ecbet gg pt brsaúde que a ilha viveu desde o chamado "período especial" (a crise no início dos anos 1990 após o colapso da União Soviética).
O gatilho para a situação atual parece ser,cbet gg pt brfato, um misto da gravidade da situação da pandemiacbet gg pt brcoronavírus e as medidas econômicas do governo que têm dificultado cada vez mais a vidacbet gg pt brCuba.
A ilha manteve a pandemia sob controle nos primeiros mesescbet gg pt br2020, mas houve um recrudescimentocbet gg pt brcasos nas últimas semanas que a levou a estar entre os locais com mais casos registradoscbet gg pt brrelação à população na América Latina.
Somente no domingo, a ilha registrou oficialmente 6.750 casos e 31 mortes, embora vários gruposcbet gg pt broposição denunciem que os números não refletem a situação real e que muitas mortes por covid-19 são atribuídas a outras causas.
Durante a última semana, o país quebrou seus recordes diárioscbet gg pt brinfecções e mortes, o que levou, segundo relatórios, ao colapsocbet gg pt brvários centroscbet gg pt brsaúde.
A BBC News Mundo falou nos dias anteriores com vários cubanos que afirmaram que seus parentes morreramcbet gg pt brcasa sem receber atendimento médico oucbet gg pt brhospitais por faltacbet gg pt brremédios.
É o casocbet gg pt brLisveilis Echenique, que disse que seu irmão,cbet gg pt br35 anos, morreucbet gg pt brcasa porque não havia lugar para elecbet gg pt brhospitais, oucbet gg pt brLenier Miguel Pérez, que afirma quecbet gg pt brmulher grávida morreu pelo o que ele considera "negligência médica".
Casos como estes começaram a se multiplicar nas redes sociais nos últimos dias e, durante o fimcbet gg pt brsemana, viralizaram hashtags como #SOSCuba e #SOSMatanzas, solicitando ajuda internacional e uma "intervenção humanitária" diante da situação crítica com o coronavírus na ilha.
Milharescbet gg pt brcubanos aderiram à iniciativa, enquanto vários vídeoscbet gg pt brhospitais superlotados circularam na internet.
Em seu pronunciamento à nação, o presidente cubano considerou que a situação atual é igual àcbet gg pt broutros países e que chegou tarde a Cuba porque antes o governo havia conseguido controlar o vírus.
Também destacou que Cuba produziu suas próprias vacinas contra o coronavírus, embora a administração das doses ainda seja limitada na maioria das províncias.
2. A situação econômica
O coronavírus teve um profundo impacto na vida econômica e social da ilha. O turismo, um dos motores da economia cubana, está praticamente paralisado. Além disso, há inflação crescente, apagões, escassezcbet gg pt bralimentos, medicamentos e produtos básicos.
No início do ano, o governo propôs um novo pacotecbet gg pt brreformas econômicas que, ao aumentar os salários, fez disparar os preços. Economistas como Pavel Vidal, da Universidade Javerianacbet gg pt brCali, na Colômbia, estimam que podem subir entre 500% e 900% nos próximos meses.
Dada a faltacbet gg pt brliquidezcbet gg pt brmoeda estrangeira, o governo promoveu desde o ano passado a criaçãocbet gg pt brlojas onde só se pode comprar com contascbet gg pt brmoedas livremente conversíveis (MLC). Alimentos e benscbet gg pt brprimeira necessidade são vendidoscbet gg pt brmoedas nas quais a população não recebe seu salário.
A pandemia também foi sinônimocbet gg pt brlongas filas para os cubanos comprarem produtos como óleo, sabonetes ou frango, e cortescbet gg pt brenergia tornaram-se cada vez mais frequentes.
Os medicamentos básicos tornaram-se escassos tanto nas farmácias como nos hospitais, ecbet gg pt brmuitas províncias houve a vendacbet gg pt brpão à basecbet gg pt brabóbora por faltacbet gg pt brfarinhacbet gg pt brtrigo.
Os cubanos entrevistados na semana passada pela BBC News Mundo afirmam quecbet gg pt bralguns centros médicos não há nem aspirinas para reduzir a febre. Enquanto isso, também houve surtoscbet gg pt brsarna e outras doenças infecciosas na ilha.
No mês passado, o governo decidiu deixarcbet gg pt braceitar "temporariamente" dólares à vista, principal moeda que os cubanos recebem nas remessas, medida que é vista pelos economistas como a mais restritiva imposta à divisa americana desde que foi penalizada pelo governocbet gg pt brFidel Castro.
O governo cubano atribui a atual situação econômica ao embargo dos Estados Unidos.
Em seu pronunciamento, Díaz-Canel assegurou que este é "o principal problema que ameaça a saúde e o desenvolvimentocbet gg pt brnosso povo".
3. Acesso à internet
Antes deste domingo, o maior protesto ocorridocbet gg pt brCuba após o início da revoluçãocbet gg pt brFidel Castro,cbet gg pt br1959, havia acontecidocbet gg pt bragostocbet gg pt br1994cbet gg pt brfrente ao Malecóncbet gg pt brHavana.
Cubanoscbet gg pt broutras províncias nem sabiam o que havia acontecido na capital.
Quase 30 anos depois do que ficou conhecido como "Maleconazo", o cenário é muito diferente: se no governocbet gg pt brFidel Castro o acesso à internet na ilha era restrito, seu irmão e sucessor, Raúl Castro, deu passos inaugurais que levaram a uma maior conectividade.
Desde então, os cubanos têm utilizado as redes sociais para denunciar seu incômodo com o governo a tal ponto de,cbet gg pt brmuitas ocasiões, as autoridades usarem seus meioscbet gg pt brcomunicação oficiais para emitir posicionamentos sobre tais comentários.
Hoje, grande parte da população, principalmente os jovens, tem acesso ao Facebook, Twitter e Instagram, que também são seus principais canaiscbet gg pt brinformação sobre o discurso oficial da mídia estatal.
O acesso à internet também levou ao surgimentocbet gg pt brvários meioscbet gg pt brcomunicação independentes que se debruçam sobre assuntos que geralmente não apareciam na mídia oficial.
E se tornaram o canal para que artistas, jornalistas e intelectuais reivindiquem seus direitos ou convoquem protestos.
Outra manifestação organizada por meio das redes sociais aconteceucbet gg pt brnovembro passado depois que a polícia invadiu a casacbet gg pt bralguns jovens artistascbet gg pt brgrevecbet gg pt brfome.
E, agora, as redes sociais também foram o meiocbet gg pt brque se espalhou a notícia do protestocbet gg pt brSan Antonio no domingo (11/7), alémcbet gg pt brter sido a ferramenta usada para organizar o protesto inicial.
O governo cubano garante que as redes sociais são utilizadas pelos "inimigos da revolução" para criar "estratégiascbet gg pt brdesestabilização" que seguem os manuais da CIA.
E embora para muitos os protestos fossem um tanto previsíveis, o que deve acontecer agora é incerto.
Cuba enfrenta um cenário sem precedentescbet gg pt brmanifestações e repressão policial. Será preciso observar nos próximos dias como o governo — e os cubanos — vão reagir.
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