Por dentro da extrema direita chinesa nos EUA:bbb na betano

Para combater a disseminaçãobbb na betanotanta notícia falsa, ela organizou um grupobbb na betanocentenasbbb na betanoverificadoresbbb na betanonotícias voluntários. Seu objetivo era desmascarar essas histórias mentirosas, mas não demorou muito para que esses ambientes digitais fossem dominados por uma forte correntebbb na betanoboatos e teorias da conspiração envolvendo a eleição presidencial dos Estados Unidos, que ocorreu no ano passado.

Falsas alegaçõesbbb na betanofraude,bbb na betanoparticular, se espalharam como fogo no palheiro entre os imigrantes chineses extremamente conservadores na América do Norte — um grupo pequeno, mas expressivo, entre as comunidades da diáspora.

"Eles são politicamente ativos e agem coletivamente com frequência", diz Qian.

A maioria dos membros dessas salasbbb na betanobate-papo são fervorosos apoiadoresbbb na betanoDonald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, se identificam como cristãos e nutrem opiniões bastante críticas sobre o Partido Comunista Chinês.

A pesquisadora diz que não posta nada nos grupos do Telegram. Ela apenas observa as conversas. Enquanto isso, os outros participantes do bate-papo trocam dezenasbbb na betanomilharesbbb na betanomensagens todos os dias.

Doações para os Proud Boys

Em dezembrobbb na betano2020, Qian identificou um movimento que pedia a arrecadaçãobbb na betanofundos para beneficiar os Proud Boys (Meninos Orgulhosos,bbb na betanotradução literal).

Trata-sebbb na betanoum grupobbb na betanoextrema direita que é classificado pelo governo do Canadá como uma "organização neofascista" terrorista.

A "vaquinha" serviria para cobrir as despesas médicasbbb na betanomembros feridos durante um comício pró-Trumpbbb na betanoWashington, capital dos EUA, que ocorrera alguns dias antes.

A mensagem começava com uma frase comoventebbb na betanochinês: "Não deixe lutando com cardos e espinhos aqueles que pavimentam o caminhobbb na betanodireção à liberdade", seguida por emojisbbb na betanorosas e corações, além de, claro, links para um sitebbb na betanocrowdfunding (financiamento coletivo,bbb na betanoportuguês).

Vale destacar que os Proud Boys são um grupo contrário à imigração. Mas, aos olhos da extrema direita sino-americana, eles estão lutando contra as forças comunistas pela liberdade.

A mensagembbb na betanoarrecadaçãobbb na betanofundos foi compartilhadabbb na betanovários grupos do Telegram e atingiu dezenasbbb na betanomilharesbbb na betanoconservadoresbbb na betanopoucas horas.

"Quanto mais [doações], melhor", escreveram os organizadores da arrecadação.

Uma dúziabbb na betanodoadores declararam no sitebbb na betanofinanciamento coletivo que são americanos ou canadenses cujos familiares vierambbb na betanoChina, Hong Kong ou Taiwan. Alguns deles deixaram mensagens, desejando aos membros feridos do Proud Boys "uma recuperação rápida".

Em menosbbb na betanoum mês, a vaquinha virtual arrecadou maisbbb na betano100 mil dólares (R$ 525 mil),bbb na betanoacordo com dados contabilizados pelo Distributed Denial of Secrets, um sitebbb na betanodenúncias. Esse número também foi checado ​​pela BBC News.

Das quase mil contribuições individuais, maisbbb na betano80% vierambbb na betanodoadores com sobrenomesbbb na betanoorigem chinesa.

Uma mulher sino-americana que doou 500 dólares (R$ 2,6 mil) disse ao jornal USA Today: "Você tem que entender como nos sentimos. Conseguimos sair da China comunista e apreciamos muito o que vivemos aqui."

Ascensão da direita sino-americana

Nos Estados Unidos, imigrantes chineses se tornaram uma força crescente na política conservadora.

Muitos são impelidos para a direita porbbb na betanooposição às políticas afirmativas, que visam reduzir a desigualdadebbb na betanoáreas como educação e trabalho, mas são vistas por alguns sino-americanos como prejudiciais às oportunidades para seus filhos e netos.

As crenças anticomunistas também desempenham um papel importante na mobilização desse grupo, já que alguns acreditavam que a política linha-dura do governo Trump pressionaria Pequim e acabaria levando à queda do regime comunista.

"Na história dos Estados Unidos, Trump é o presidente que mais apoiou os direitos humanos na China", afirmou um imigrante chinês que reside na cidadebbb na betanoLos Angeles.

Enquanto Pequim apertava seu controle e aumentava a pressão militar nos últimos meses, um número crescentebbb na betanocidadãosbbb na betanoHong Kong e Taiwan depositavam as esperanças na posição "dura com a China", que era uma das bandeirasbbb na betanoTrump.

E, para completar, a pandemia trouxe a possibilidadebbb na betanouma aliança improvável entre a diáspora chinesa e os conservadores americanos, enquanto os governosbbb na betanoWashington e Pequim entrarambbb na betanoconfronto sobre as origens da covid-19.

Para os oponentes, culpar a China por não conter o vírus dentrobbb na betanosuas fronteiras é uma oportunidadebbb na betanocondenar o governo comunista.

Enquanto isso, a direita americana entende que as críticas sobre a China por causa da pandemia tiram o foco sobre as políticas internasbbb na betanoTrump, que levaram o país a ter o mais alto númerobbb na betanocasos e mortes pelo coronavírus até o momento.

A aliança entre Steve Bannon, ex-conselheirobbb na betanoTrump, e Guo Wengui, empresário chinês exilado, é um exemplo disso. A dupla está envolvidabbb na betanouma ampla rede que dissemina desinformação sobre supostas fraudes eleitorais, as vacinas contra a covid-19 e as narrativas do QAnonbbb na betanovárias mídias sociais.

Para completar, os imigrantes chineses costumam ignorar os sites jornalísticos tradicionais na horabbb na betanoconsumir as notícias, de acordo com o First Draft, uma organização sem fins lucrativos que luta contra a desinformação.

Isso acontecebbb na betanorazão das barreirasbbb na betanoidioma e os costumesbbb na betanolidar com as notícias entre esse grupo.

Na diáspora chinesa, muitos tendem a ler as reportagens que circulam por espaços mais fechados e particulares, como os gruposbbb na betanomensagens do Telegram — afinal, já existe ali uma relaçãobbb na betanoconfiança entre os participantes, e todas as informações compartilhadas são aceitas como verdades, o que cria enormes "câmarasbbb na betanoressonância da desinformação".

"Depois que você é exposto às redesbbb na betanoinformações falsas, é difícil sair desse universo", analisa Qian.

'Reviravolta' nas eleições?

Quando manifestantes pró-Trump invadiram o Capitóliobbb na betanojaneirobbb na betano2021, houve um verdadeiro frenesi entre os membrosbbb na betanoextrema direita sino-americana.

Nas salasbbb na betanobate-papo do Telegram, as pessoas iam "além do entusiasmo", lembra Qian. Elas estavam torcendo pelos desordeiros e celebrando a "reviravolta" nos resultados das eleições presidenciais.

Nesse mesmo dia, a arrecadaçãobbb na betanofundos para os Proud Boys foi marcada por um novo aumento nas doações. Um benfeitor anônimo escreveubbb na betanochinês que eles deveriam "impedir que Satanás roube a eleição".

Nos grupos privados, muitos dos membros haviam inclusive planejado a logística do comício pró-Trumpbbb na betanoWashington: eles encomendaram camisetas com os dizeres "Sino-americanos a favorbbb na betanoTrump" e reservaram ônibus que sairiambbb na betanovárias cidades para inundar a capital dos EUA.

No dia 6bbb na betanojaneiro, maisbbb na betanouma centenabbb na betanosino-americanos estevebbb na betanoWashington e se juntou aos demais manifestantes na marcha contra o resultado da eleição. Na multidão, dezenas agitavam bandeiras americanas, gritavam slogans pró-Trump e seguravam cartazes com os dizeres "Fim da tirania. Fim do PCC [Partido Comunista Chinês]".

Um manifestante disse a um canal conservador no YouTube que o dia marcaria uma nova era para os sino-americanos.

"Nós realmente nos tornamos americanos. Finalmente entramos na esfera política do país", afirmou,bbb na betanomandarim.

Não está claro quantos desses indivíduos chegaram a invadir o Capitólio, mas vídeos sobre o ataque ao Congresso e toda a desordem se tornaram virais nos gruposbbb na betanomensagens com integrantes da diáspora chinesa.

Em um desses materiais, um homem gritabbb na betanomandarim o preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos.

Qian acredita que, embora esses manifestantes sino-americanos se sintam fortalecidos pela liberdade e pela democracia nos EUA, eles estão cercados pela desinformação política, o que atrapalha a interpretação que eles têm dos fatos.

Nos fatídicos protestosbbb na betanojaneiro, Qian entende que os manifestantes "queriam mostrar o poder do povo aos legisladores, mas não tinham ideiabbb na betanoquais seriam as consequênciasbbb na betanoseus atos".

Quando uma grande maioriabbb na betanoamericanos começou a condenar o ataque ao Capitólio, muitos grupos do Telegram rapidamente removeram o históricobbb na betanomensagens relacionadas aos tumultos, observou a pesquisadora.

Nos últimos meses, a discussão sobre as alegaçõesbbb na betanofraude defendidas por Trump já diminuiu, mas as salasbbb na betanobate-papo permanecem ativas: os membros agora focam abbb na betanoatençãobbb na betanoteoriasbbb na betanoconspiração sobre as vacinas contra a covid-19 e os supostos vínculos do atual presidente Joe Biden com a China.

Muitos creem nos boatosbbb na betanoque Biden tem laços estreitos com Pequim. Para isso, citam os contatos comerciais mantidos por seu filho, Hunter Biden, com empresas do país localizado na Ásia.

Recentemente, quando o presidente americano fez um discurso que tratava da China e omitiu algumas palavras, participantes dessas salasbbb na betanobate-papo concluíram que o líder dos EUA estava "enviando um sinal", lembra Qian.

A situação no momento pode até estar mais calma. Mas, nos cantos secretos da Internet, a extrema direita sino-americana está atenta à próxima tempestade política.

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