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Por que assédiocomo apostar nos timesmédico brasileiro preso no Egito revoltou árabes:como apostar nos times
Após a repercussão negativa do vídeo nas redes sociais brasileiras — e antescomo apostar nos timeso caso ganhar notoriedade no Egito e nos países árabes — o médico voltou no dia seguinte à loja e gravou um novo vídeo,como apostar nos timesque aparece pedindo desculpas à vendedora. Na segunda-feira da semana passada (31/05), Sorrentino foi detido por autoridades egípcias.
Depois que o vídeo foi traduzido para o árabe com ajudacomo apostar nos timesativistas e blogueiros brasileiros, o caso teve enorme repercussão no Egito e no país árabe — sendo principal tópicocomo apostar nos timesdiscussão na segunda-feira no Twitter e ganhou reportagenscomo apostar nos timescapacomo apostar nos timesjornais do Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabe e outros países.
O caso também foi amplamente noticiado nas televisõescomo apostar nos timesárabe da BBC, Al-Jazeera, Al-Arabiya e Sky.
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Finalcomo apostar nos timesTwitter post
Mas por que o episódio envolvendo o médico brasileiro recebeu tanta atenção no Egito — um dos países com um dos piores históricoscomo apostar nos timesassédio sexual contra mulheres no mundo?
Ativistas no Egito dizem que o problema do assédio sexual é quase uma "epidemia" no país. Um relatório da ONUcomo apostar nos times2013 cita uma pesquisacomo apostar nos timesque 83% das mulheres egípcias relataram ter sofrido algum tipocomo apostar nos timesassédio sexual — entre mulheres estrangeiras, o percentual eracomo apostar nos times98%.
A BBC News Brasil ouviu mulheres egípcias, brasileiras no Cairo, jornalistas e ativistas para entender porque o caso do médico brasileiro repercutiu tão fortemente no Egito e outros países do mundo árabe.
A BBC News Brasil também buscou contato com pessoas próximas ao médico, mas não obteve retorno (confira no fim da reportagem).
Primeiro vídeo: obscenidadecomo apostar nos timespúblico, flagrante e religião
O comportamento do médico foi muito criticado por brasileiros que assistiram aos dois vídeos postados por ele nas redes.
No entanto, no mundo árabe o vídeo teve repercussão ainda maior —como apostar nos timesparte por causacomo apostar nos timesalgumas diferenças culturais entre Brasil e Egito que nem sempre são percebidas pelos brasileiros.
"A gente nota que ele provavelmente não estudou sobre o país antescomo apostar nos timesvisitar, não sabe nada sobre os costumes daqui", diz Patrícia Oliveira, brasileira que mora e trabalha no Cairo há três anos.
Ela dirige, junto com outras duas brasileiras, a página Vida no Egito, que traz dicas e relatoscomo apostar nos timesportuguês do cotidiano no país. Foi ela quem traduziu o vídeo para o árabe,como apostar nos timesparceria com outros ativistas e blogueiros baseadoscomo apostar nos timesNova York, Londres e Cairo.
Essa tradução foi importante para que os egípcios ficassem sabendo do caso, já que até então o vídeo circulava apenas nas mídias sociais brasileiras.
Acredita-se que as autoridades egípcias resolveram deter o médico brasileiro depoiscomo apostar nos timesverem o vídeo ter grande repercussão nas redes egípcias — com a hashtag "Responsabilize o assediador brasileiro" entre as mais tuitadas no fimcomo apostar nos timessemana.
Pessoas com familiaridade com costumes no Egitocomo apostar nos timesoutros países árabes que assistiram ao vídeo falaram à BBC News Brasil sobre alguns desses aspectos culturais que fizeram com que alguns egípcios se sentissem ainda mais ofendidos:
- como apostar nos times Obscenidadecomo apostar nos timespúblico. O fatocomo apostar nos timesVictor Sorrentino falar sobre sexocomo apostar nos timespúblico, mesmo indiretamente atravéscomo apostar nos timespalavrascomo apostar nos timesduplo sentido, é algo pouco aceitocomo apostar nos timessociedades árabes, disse uma jornalista síria do serviço árabe da BBC.
Esse tipocomo apostar nos timesconversa, com referências a órgãos sexuais, não costuma ser feitocomo apostar nos timesambientes abertos. Em alguns lugares onde há apenas a presençacomo apostar nos timeshomens, ela até poderia ocorrer. Mas usar esse tipocomo apostar nos timeslinguagem e abordar esses temas na presençacomo apostar nos timesuma mulher — seja ela parente ou não —, como fez Sorrentino, é uma ofensa grave para a maioria dos árabes.
como apostar nos times - como apostar nos times Perigo para a vítima. A brasileira que vive no Egito também ressalta outro aspecto: "Ficamos sabendo que a família da vítima está apoiando ela, o que é ótimo. Mas qual vai ser a consequência disso tudo para ela? Poderia acontecer de, se fosse com outra pessoa, que a vítima não tivesse esse suporte da família, ou quecomo apostar nos timesalguma forma eles vissem ela como culpadacomo apostar nos timessofrer o assédio. Quem poderia afirmar antes do caso acontecer que esse seria o desfecho,como apostar nos timesela ter o apoio da família?"
Gehad Hamdy,, ativista fundadora do Speak Up, o sitecomo apostar nos timesativistas antiassédio que publicou primeiro a versão traduzida do vídeo — dando ampla repercussão ao caso no Egito — concorda: "Por isso foi tão importante nós borrarmos o rosto dela e protegermos a identidade dela no vídeo que publicamos denunciando o caso". Nos dois vídeos postados no Instagram por Victor — o que contém o assédio e ocomo apostar nos timesdesculpas — o rosto da ativista aparece.
como apostar nos times - Autof como apostar nos times lagrante. Assédio sexualcomo apostar nos timesmulheres é hoje um tema muito debatido na sociedade egípcia, com diversas mudançascomo apostar nos timescurso (leia abaixo). Pesquisas indicam que a maioria das mulheres já sofreu algum tipocomo apostar nos timesassédio, mas a grande dificuldade sempre foi acomo apostar nos timescomprovar os casos.
O que chamou a atenção para muitos ativistas é que o próprio médico produziu e publicou um vídeo. Sem esse material, teria sido difícil detê-lo para investigações.
"Fiquei surpresa que ele tenha sido presocomo apostar nos timesmenoscomo apostar nos times24 horas. A unidadecomo apostar nos timesmonitoramento e análisecomo apostar nos timesdados do Ministério Público acompanha as redes sociais e monitora esses casos", disse Gehad Hamdy à BBC News Brasil.
como apostar nos times - como apostar nos times Uso do hijab. O uso obrigatóriocomo apostar nos timesvéu para cobrir os cabelos das mulheres muçulmanas é controversocomo apostar nos timesalgumas partes do Ocidente e do Oriente. Mascomo apostar nos timesmuitas sociedades, as mulheres usam véus como um símbolocomo apostar nos timesrespeito e honra.
A vítima que aparece no vídeo cobre seu cabelo com um hijab. Um jornalista do serviço árabe da BBC disse que um estrangeiro filmar uma mulher com hijab e fazer brincadeiras com ela diantecomo apostar nos timesmilharescomo apostar nos timespessoas na internet já seria considerado um ato desrespeitoso — até mesmo sem o teor sexual das palavras.
como apostar nos times - como apostar nos times Exposição da vendedora. Muitos que viram o vídeo se sentiram mal pela exposição da vendedora, que parece uma pessoa jovem e inocente. Eles apontaram que ela parece não entender o que está sendo dito pelo médico, e a conotação obscena das suas palavras. "Muitos viram no vídeo um estrangeiro se aproveitando que a menina não entende nada do que ele está falando", disse um jornalista da BBC Arabic.
como apostar nos times - como apostar nos times Religião. Patrícia Oliveira aponta uma outra questão que pode ser problemática para os egípcios que assistem ao vídeo quando o médico diz: "Vocês gostam mesmo é do bem duro, né? E comprido também fica legal, né?".
Oliveira diz: "Quando ele fala isso, quem é o sujeito da frase? 'Vocês, as mulheres', ou 'vocês, as muçulmanas'? Não fica claro se ele está se referindo também à religião, e muitas pessoas poderiam entender isso como uma ofensa ao Islã."
Segundo vídeo: nova exposição e toque
Para as pessoas ouvidas pela BBC News Brasil, o segundo vídeo,como apostar nos timesque Victor Sorrentino volta ao localcomo apostar nos timestrabalho da vítima também, é problemático.
Sorrentino volta à loja no dia seguinte e liga a câmera imediatamente, novamente expondo a vendedora na internet.
"Eu acabeicomo apostar nos timeschegar aqui e falei com ela que não quero nem conversar antes contigo (diz ele à vendedora) para a gente ser espontâneo, que eu quero te ouvir mesmo. Ontem deu uma confusão aquele negócio", diz o médico no novo vídeo, que foi postado nacomo apostar nos timescontacomo apostar nos timesInstagram. Posteriormente a conta dele foi fechada apenas para seus seguidores.
"E dentro das brincadeiras… eu posso te encostar (diz ele, tocando no braço dela, após o consentimento da vendedora)? Eu fiz uma brincadeira que é uma brincadeiracomo apostar nos timesmau gosto com mulheres e que eu faço com minhas amigas e meus familiares no Brasil."
Victor diz que não tinha o direitocomo apostar nos timesbrincar com a vendedora, mas logocomo apostar nos timesseguida ele repete o teor do que havia sido dito no primeiro vídeo.
"Apesarcomo apostar nos timesque eu acho que tu não entendeu (sic) o que se passou lá. Eu vou te explicar o que que é. Quando você falou do papiro ... não precisa ficar vermelha, tá ... você falou 'ah, tem que ser duro', aí eu brinquei 'ah, então é duro'. 'E tem que ser grande'. Grande e duro. Grande e duro é uma analogia… uma brincadeira… tu sabes, né?", diz ele,como apostar nos timesmeio a risoscomo apostar nos timesambos.
A vendedora responde: "Tá, entendi."
"Tá, ficou vermelha. Mas isso é uma brincadeira brasileira que pode ser vista como uma brincadeiracomo apostar nos timesmau gosto, e eu acho que é. Uma brincadeira assim 'bah, não precisava fazer isso'. Mas sabe, eu sou assim. Você viu ontem, eu sou um cara muito brincalhão que sai brincando né? E filmei isso. E as pessoas ficaram ofendidas por você. Por que 'poxa, como o Victor fala isso para uma mulher?' Ela é muçulmana, ela não pode falar esse tipocomo apostar nos timescoisa, não pode ouvir isso e tal e ficou chateada."
"Então eu primeirocomo apostar nos timestudo, eu vim aqui porque quero saber como é que tu estás e pra te pedir desculpas. Se eu te chateeicomo apostar nos timesqualquer forma. Mas eu quero sabercomo apostar nos timesti, se tu te sentiu (sic) atingida por isso, ou acuada com isso e eu quero que tu sejas muito verdadeira. Eu acabeicomo apostar nos timeschegar aqui, eu estou na entrada do negócio."
A vendedora responde entãocomo apostar nos timesmeio a risos: "Mas nada, nada, não se passa nada. Tudo bem. Eu ouço como uma piada. Não passa nada. Eu entendi isso."
Sorrentino ainda diz: "No Brasil, é assim. As pessoas não aceitam nem que você aceite uma desculpa. Lá no Brasil é assim. 'Não, mas como, ela não deveria ter sido assim, ela deveria enxergar [as coisas] pela maldade que eu tenho'."
No vídeo, Sorrentino toca duas vezes na vendedora. Na primeira ocasião, ele pede a permissão dela e ela consente. Na segunda, os dois seguram suas mãos juntos por cercacomo apostar nos times10 segundos, enquanto o médico pede desculpas. O médico parece ser alertado por um interpretecomo apostar nos timesalgo, e imediatamente solta as mãos da vendedora após isso.
As pessoas que assistiram ao vídeo disseram à BBC News Brasil que o atocomo apostar nos timestocarcomo apostar nos timesuma mulher com quem ele não é casado, mesmo tendo pedido o consentimento dela, pode ser considerado ofensivo por vários egípcios. Em algumas sociedades e contextos árabes, um gesto semelhante poderia até ser interpretado como crime.
"Os árabes são pessoas muito calorosas, como as pessoascomo apostar nos timescultura latina", disse uma jornalista da BBC no Cairo. "Mas a questão do toque e do contato físico entre duas pessoascomo apostar nos timessexo oposto não-casadas é bem diferente, e não é bem vista aqui."
Gehad Hamdy, do Speak Up, questiona ainda se o pedidocomo apostar nos timesdesculpas é realmente genuíno. "Eu não acho que isso possa ser chamadocomo apostar nos timesdesculpas. Ele estava tentando se encobrir depois que seus seguidores o atacaram. Ele não disse a verdade à garota", opina ela.
Mudanças na sociedade
O casocomo apostar nos timesVictor Sorrentino aconteceucomo apostar nos timesum momentocomo apostar nos timesque o Egito vive uma espéciecomo apostar nos times"primavera"como apostar nos timesrelação aos direitos das mulheres e a luta contra assédios sexuais, com alguns avanços importantes — mas também com retrocessos e decepções.
A lei que tipifica o crimecomo apostar nos timesassédio sexual é recente, tendo entradocomo apostar nos timesvigor apenascomo apostar nos times2014.
Dois episódios recentes provocaram intensos debates na sociedade egípcia, e muitos dos entrevistados disseram à BBC News Brasil que a atitudecomo apostar nos timesleniência das autoridadescomo apostar nos timescasos assim está mudando.
Em uma rara vitória dos direitos das mulheres no Egito, um estudantecomo apostar nos times22 anos foi condenadocomo apostar nos timesdezembro do ano passado a três anoscomo apostar nos timesprisão por assediar sexualmente duas mulheres usando as redes sociais.
Ahmed Bassem Zaki foi presocomo apostar nos timesjulho no Cairo, onde estudou na faculdadecomo apostar nos timeselite American University.
As acusações contra ele desencadearam uma campanha no estilo do MeToo, com mulheres relatando suas experiênciascomo apostar nos timesassédio sexual.
O tribunal considerou Zaki culpadocomo apostar nos timesenviar fotos e textos pornográficos para telefonescomo apostar nos timesmulheres.
O caso começoucomo apostar nos timesjulhocomo apostar nos times2020, quando diversas mulheres postaram denúncias anônimas contra Zakicomo apostar nos timesuma conta do Instagram chamada Assault Police ("Polícia do Assédio").
Outro casocomo apostar nos timesenorme repercussão no Egito foi o suposto estupro coletivocomo apostar nos timesuma mulher no hotelcomo apostar nos timesluxo Fairmont Nile City Hotelcomo apostar nos times2014 por um grupocomo apostar nos timeshomenscomo apostar nos timesfamílias poderosas que, teriam filmado e divulgado o vídeo online.
Os promotores ordenaram a prisãocomo apostar nos timesvários suspeitoscomo apostar nos timesagostocomo apostar nos times2020 — mas testemunhas e outras pessoas associadas ao caso também foram detidas e supostamente submetidas a exames invasivos. Ativistas disseram que isso deu às mulheres a mensagemcomo apostar nos timesque denunciar um estupro ou atuar como testemunha pode colocá-lascomo apostar nos timesriscocomo apostar nos timesprisão.
O incidente envolvendo o médico brasileiro aconteceu poucos dias depoiscomo apostar nos timesum anúncio que gerou revolta entre diversos grupos que lutam pelos direitos das mulheres. No dia 12como apostar nos timesmaio, promotores no Egito arquivaram o caso do Fairmont Nile City, dizendo que não há "provas suficientes". Os quatro suspeitos do caso foram libertados, disseram os promotores.
Apesar desta decisão, alguns ativistas no Egito dizem que as atitudescomo apostar nos timesrelação aos direitos das mulheres e à agressão sexual estão começando a melhorar. No episódio relacionado a Zaki, várias celebridades e influenciadores se manifestaramcomo apostar nos timesapoio às mulheres que faziam acusações contra ele.
No ano passado, a mais alta autoridade religiosa do país, a mesquita Al-Azhar, divulgou uma declaração condenando o assédio sexual, declarando que as roupascomo apostar nos timesuma mulher nunca poderiam ser uma justificativa para o assédio.
O lado do médico
O Itamaraty afirmou que, por lei, não se pronuncia sobre casos particularescomo apostar nos timesbrasileiros no exterior.
A BBC News Brasil entroucomo apostar nos timescontato via e-mail e WhatsApp com pessoas próximas do médico Victor Sorrentino, na tentativacomo apostar nos timesconversar com ele: o advogado Paulo Uebel, amigo do médico, uma irmãcomo apostar nos timesVictor e um contato do consultório do médico,como apostar nos timesPorto Alegre.
Até a publicação desta reportagem, não houve respostacomo apostar nos timesnenhuma das partes.
Na quinta-feira (03/06), Uebel publicou emcomo apostar nos timesconta pessoal do Instagram uma notacomo apostar nos timesportuguês, árabe e inglês com um pedidocomo apostar nos timesdesculpas assinado pelos familiares do médico, pedindo que esse conteúdo fosse divulgado por todos.
"Nosso sincero pedidocomo apostar nos timesdesculpas à vítima, família da vítima e a todos que possam ter se sentido ofendidos", diz a nota assinada pela esposa do médico, Kamila Monteiro, e outros cinco familiares — mas sem a assinatura do próprio Victor Sorrentino.
Em um trechocomo apostar nos timesinglês, os familiares prometem "reparar todos os danos morais e materiais".
Desde o retornocomo apostar nos timesSorrentino ao Brasil,como apostar nos timesconta no Instagram segue fechada e a família ainda não se pronunciou.
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