Como o saquê ajudou na recuperaçãobest fest apostaFukushima após desastre nuclear:best fest aposta

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Produtoresbest fest apostasaquê como Hiroyuki Karahashi conseguiram manter os negócios apesar da desconfiança do público

"Quatro anos depois do acidente, um cliente ligou querendo devolver uma garrafabest fest apostasaquê que ganhoubest fest apostapresente", conta Karahashi. "Ele não queria nem jogar o saquê fora embest fest apostaprópria casa por medobest fest apostaradiação. Minhas vendas despencaram."

Crédito, Fukushima Prefecture

Legenda da foto, Breweries in the Fukushima region have collectively won more prizes in sake tasting competitions than any other in Japan since 2012.

O quão segura é a produção agrícolabest fest apostaFukushima?

Apesar das garantias dadas pelas autoridades locais e pelo governo japonêsbest fest apostaque os produtos produzidosbest fest apostaFukushima são seguros, ainda há uma considerável preocupação do público com a segurança dos itens fabricados na região.

Desde agostobest fest aposta2011, os produtos da região têm passado por testesbest fest apostaradiação rigorosos e constantes. O Centrobest fest apostaTecnologia Agrícola da região analisa maisbest fest aposta200 amostrasbest fest apostaalimentos por dia, incluindo peixes, carnes, frutas, verduras e legumes.

O governo japonês até estabeleceu limites mais rígidos para contaminação. Por exemplo, na medição do elemento radioativo césio, os Estados Unidos e países da União Europeia aceitam no máximo entre 1.250 e 1.200 becquerelsbest fest apostaradiação por quilogramabest fest apostaalimento. Para Fukushima, o limite máximo é bem mais exigente,best fest aposta no máximo 100 becquerels por quilo.

A testagem passa por auditoira todos os anos por órgãos independentes como a Agência Internacionalbest fest apostaEnergia Atômica. E,best fest apostamarçobest fest aposta2020, as autoridadesbest fest apostaFukushima anunciaram que nenhuma das nove milhõesbest fest apostaamostrasbest fest apostaarroz testadas na região entre abrilbest fest aposta2018 e marçobest fest aposta2019 excederam o limitebest fest apostasegurança estabelecido.

Crédito, Fukushima Prefecture

Legenda da foto, Daisuke Suzuki tevebest fest apostadestilaria destruída pelo terremoto

"Com base nas informações disponíveis, as medidas para monitorar e reagir aos problemasbest fest apostarelação à contaminaçãobest fest apostaalimento são apropriadas", disse um relatório da Agência Internacionalbest fest apostaEnergia Atômica e da FAO, a a agência da ONU para alimentação. "A cadeiabest fest apostasuprimentosbest fest apostaalimento é eficientemente controladas pelas autoridades", disseram as agência.

Ao mesmo tempo, a pesquisa mais recente feita pelo governo japonês,best fest aposta2018, sobre a opinião do públicobest fest apostarelação aos produtos agrícolasbest fest apostaFukushima mostrou que 12,7% das pessoas no país ainda hesitambest fest apostacomprar comida da região. No entanto, é o menor número já registrado na pesquisa, feita pela primeira vezbest fest aposta2013.

Em Taiwan, um dos países que ainda têm restrições aos produtosbest fest apostaFukushima, houve protestos quando o governo anunciou que pretendia retirar parcialmente as proibiçõesbest fest aposta2016 ebest fest aposta2018.

De acordo com o Ministériobest fest apostaRelações Internacionais do Japão, 15 países e regiões, incluindo a União Europeia e parceiros comerciais próximos como a China e a Coreia do Sul, têm restriçõesbest fest apostaimportaçãobest fest apostaprodutosbest fest apostaFukushima por causabest fest apostapreocupações sanitárias. Mas a lista já chegou a ter maisbest fest aposta50 países.

Crédito, Paul Blustein

Legenda da foto, É possível comprar caixasbest fest apostaprodutosbest fest apostaFukushima para ajudar os produtores da região

Sedebest fest apostasaquê

Apesar das preocupações, o saquêbest fest apostaFukushima se tornou um símbolo da resiliência da região, com as vendas atingindo números ainda maiores que os registrados antes do desastrebest fest aposta2011.

O motivo é um aumento nas exportações, que cresceubest fest aposta11 mil litrosbest fest aposta2012 para 188 mil litrosbest fest aposta2018,best fest apostaacordo com número do Conselhobest fest apostaPromoçãobest fest apostaComérciobest fest apostaFukushima.

Os saquês da região também têm ganhado prêmiosbest fest apostacompetiçõesbest fest apostadegustação nacionais e internacionais. Um das marcasbest fest apostaHiroyuki Karahashi, inclusive, foi premiada no Desafio Internacional do Vinhobest fest aposta2014.

"É importante para que as pessoasbest fest apostaFukushima consigam recuperar o orgulho e a esperança no futuro", diz ele. "Precisamos mandar uma mensagem não só sobre como os produtos são seguros, mas sobrebest fest apostaótima qualidade."

Felizmente para os produtores, mercados como os EUA adoram o saquê — o país é o maior importador da bebidabest fest apostaFukushima,best fest apostaacordo com o Ministério do Comércio do Japão.

O sul-africano Beau Timken, que é donobest fest apostauma lojabest fest apostabebidas especializadabest fest apostasaquêbest fest apostaSan Francisco, nos EUA, tembest fest apostaestoque várias marcasbest fest apostaFukushima. Ele diz que a resiliência da região é um ponto positivo para ele e para os consumidores.

"Fukushima não só faz um saquê excelente que ganha prêmiosbest fest apostatodo o mundo, como os produtoresbest fest apostalá tiveram que trabalhar dez vezes mais para colocar seu produto no mercado", diz ele.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O saquê é produzido pela fermentação do arroz

Quando o terremoto aconteceu,best fest aposta2011, Timken estava no Japão visitando destilariasbest fest apostasaquê a 200 kmbest fest apostaFukushima. Ele diz que se sentiu empatia pela a situação difícil da região e desde então organiza eventosbest fest apostaarrecadação nos Estados Unidos para ajudar os agricultoresbest fest apostaFukushima.

"Quando você bebe saquêbest fest apostaFukushima, você realmente sente que está ajudando uma regiãobest fest apostapessoas que tiveram azar e tiveram que lidar com uma situação adversa", diz ele.

Um estudo publicadobest fest apostajunho na revista científica Journal of Agricultural Economics estimou que os agricultoresbest fest apostaFukushima perderam até 19% das vendas desde o desastre e atribuiu issobest fest apostaparte a danos à reputação dos produtos causados pelo acidente. Esforços têm sido feitos por autoridades locais e nacionais para promover produtos da região e combater esse problema.

Paul Blustein, jornalista americano que mora no Japão, compra regularmente cestasbest fest apostaprodutos conhecidos como "Gambaru Pakku", que significa "aguente firme"best fest apostajaponês. Elas trazem várias frutas e vegetaisbest fest apostaFukushima.

"Fizemos isso porque, antesbest fest apostamais nada, tínhamos certezabest fest apostaque a comida era segura", diz ele. "Ebest fest apostasegundo lugar, porque sentimos que os fazendeiros estavam sofrendo injustamente com todos os medos injustificados."

Mas as pessoas ainda estão desconfiadas, diz Karahashi. "A maioria dos ingredientes do saquê japonês é fornecida localmente e Fukushima não é uma exceção", explica ele.

"Ainda existe a preocupaçãobest fest apostaalgumas pessoas no Japão e no exterior. A Coreia do Sul (que é um dos maiores importadoresbest fest apostasaquê) exige que inspecionemos nossos produtos lote a lote e isso simplesmente não é possível. Eventualmente, nossas vendas para eles chegaram a zero."

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Agricultoresbest fest apostaFukushima sofreram com os efeitos do terremoto

'Use a ciência, e não o preconceito'

Somentebest fest apostaFukushima, maisbest fest aposta60 mil pessoas foram evacuadas após o desastre há 10 anos. A maioria não voltou e a região tem uma das maiores taxasbest fest apostadeclínio populacional entre os 47 distritos do Japão,best fest apostaacordo com o órgão oficialbest fest apostaestatísticas do país.

Mas Daisuke Suzuki quer entrar na listabest fest apostaexceções. O tsunami varreu do mapabest fest apostadestilariabest fest apostasaquêbest fest apostaNamie, que fica a cercabest fest aposta5 km da usina nuclear e ficava no que se tornou zonabest fest apostaexclusão nuclear.

Ele lembra que, logo após o acidente, a população local,best fest apostaabrigosbest fest apostaemergência, implorou para que ele continuasse a produzir a bebida.

"As pessoas me disseram que continuar fazendo saquê era uma formabest fest apostamanter Namie viva", disse o produtor ao jornal The Mainichi, quando comprou uma destilariabest fest apostaNagaibest fest aposta2011, para onde se mudou.

Mas desde então ele mudou parte do negóciobest fest apostavolta para Fukushima e usa exclusivamente arroz da região para apoiar os produtores locais.

Crédito, Beau Timken

Legenda da foto, Daisuke Suzuki, à direita, perdeubest fest apostadestilariabest fest aposta2011

Saki Kimura, o escritor e sommelier, diz que esse tipobest fest apostacolaboração teve um efeito positivo no setorbest fest apostafabricaçãobest fest apostasaquê da região, com proprietáriosbest fest apostanegócios trocando informações e tecnologia regularmente para melhorar os produtos uns dos outros, já que o desastre quase os destruiu.

Talvez o maior indicador desse trabalhobest fest apostaequipe venha do fatobest fest apostaque a regiãobest fest apostaFukushima ganhou coletivamente mais prêmiosbest fest apostacompetiçõesbest fest apostadegustaçãobest fest apostasaquê do que qualquer outra no Japão desde 2012.

"Fukushima tem destilariasbest fest apostasaquê relativamente pequenas, então temos que cooperar uns com os outros para sobreviver", disse Karahashi.

"Compartilhamos ideias e técnicas. Também provamos os produtos uns dos outros para avaliá-los. E isso se tornou muito mais importante desde o desastre."

O produtor tem uma mensagem que não se destina apenas aos amantes do saquê.

"Ainda vai demorar muito para a região se recuperar, então, por favor, use a ciência, não o preconceito, ao olhar para Fukushima."

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