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Coronavírus: por que países da África podem esperar meses para iniciar vacinação contra a covid-19:aposta esportiva logo
Até agora, nenhuma das principais vacinas ocidentais chegou à África, quase dois meses depois que as primeiras doses foram administradas na Europa. E os pouquíssimos países do continente que aplicam doses atualmente utilizam vacinas que não foram aprovadas por nenhum orgão ocidental ou entidade multilateral, como a OMS.
Uma coalizãoaposta esportiva logoorganizações e ativistas apelidadaaposta esportiva logoThe People's Vaccine Alliance descobriu que "as nações ricas que representam apenas 14% da população mundial compraram mais da metade (53%)aposta esportiva logotodas as vacinas mais promissoras". Isso incluiu todas as vacinas da Moderna para 2021 e 96% da produção esperada da Pfizer.
O Canadá liderou a lista,aposta esportiva logoacordo com os dados da empresaaposta esportiva logoanálises Airfinity, "com doses suficientes para vacinar cada canadense cinco vezes". Grande parte dessa demanda deve ser atendida antes que os paísesaposta esportiva logorenda mais baixa tenham alguma chance.
'Não busque superlucros'
Na África, a situação reacende memórias da décadaaposta esportiva logo1990, quando o tratamento antirretroviral (ARV) para HIV/Aids foi feito nos Estados Unidos. Embora o continente tivesse uma população muito maioraposta esportiva logopessoas infectadas com HIV, demorou pelo menos seis anos para que o tratamento que salvasse vidas pudesse estar disponível para os africanos.
Doze milhõesaposta esportiva logopessoas morreram na Áfricaaposta esportiva logocomplicações relacionadas à Aidsaposta esportiva logouma década, mesmo com a mortalidade nos Estados Unidos caindo drasticamente,aposta esportiva logoacordo com análises dos Centros Africanos para Controle e Prevençãoaposta esportiva logoDoenças (CDC).
Winnie Byanyima, diretora-executiva da UNAids, o braço da ONU para o combate da Aids, tem estado na vanguarda daqueles que pedem maior equidade dos fabricantesaposta esportiva logovacinas para covid-19.
"Não estamos pedindo a eles que tenham prejuízos", diz ela à BBC.
Com os antirretrovirais, foi a pressão das pessoas que vivem com HIV e dos defensores do direito à vida que levou os governos a permitir a produçãoaposta esportiva logotratamentos genéricos muito mais acessíveis.
"O preço (do tratamento anti-retroviral por pessoa) caiuaposta esportiva logoUS$ 10 mil por ano (por pessoa) para apenas US$ 100 por ano".
Ela quer que o mesmo ocorra com a vacina da covid-19, exortando a indústria farmacêutica "a não ser movida pelo desejoaposta esportiva logosuperlucros".
Byanyima acrescenta que as fabricantes ainda podem ter ganhos, mesmo se compartilharem suas fórmulas.
'Furando fila'
Tedros Ghebreyesus, da OMS, também clama por equidade: "Mesmo falando a linguagem do acesso equitativo, alguns países e empresas continuam priorizando negócios bilaterais, contornando a Covax, elevando os preços e tentando ir para a frente da fila", disse.
A Covax é uma iniciativa da OMS e da Vaccine Alliance para distribuir as vacinas para a covid-19aposta esportiva logomaneira equitativaaposta esportiva logotodo o mundo.
"A maior parte do suprimento das principais vacinas foi pré-encomendado por países ricos, mesmo antesaposta esportiva logoos dadosaposta esportiva logosegurança e eficácia serem disponibilizados", diz Richard Mihigo, chefeaposta esportiva logoimunização e desenvolvimentoaposta esportiva logovacinas no escritório da OMS na África.
Questionado sobre por que a Covax não fez o mesmo, ele disse que garantir financiamento foi a primeira tarefaaposta esportiva logoque a iniciativa se envolveu. Até agora, US$ 6 bilhões foram levantadosaposta esportiva logouma metaaposta esportiva logoUS$ 8 bilhões para 92 paísesaposta esportiva logorenda média e baixa,aposta esportiva logoacordo com Thabani Maphosa da Vaccine Alliance, Gavi.
Até agora, a iniciativa garantiu dois bilhõesaposta esportiva logodoses para esse grupoaposta esportiva logopaíses, que inclui toda a África. Cercaaposta esportiva logo600 milhões são para o continente.
A União Africana fez acordos para que os Estados membros solicitem financiamentoaposta esportiva logoUS$ 7 bilhõesaposta esportiva logocredores, que cobriria até 270 milhõesaposta esportiva logovacinas,aposta esportiva logoacordo com seu atual presidente, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
'Operação Mammoth'
Mas não é apenas a compraaposta esportiva logovacinas que precisaaposta esportiva logofinanciamento. Os países também vêm investindoaposta esportiva logocadeiasaposta esportiva logofrio enquanto se preparam paraaposta esportiva logochegada. Isso é especialmente importante para a vacina Pfizer, que deve ser mantida a -70°C.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que normalmente lida com a distribuiçãoaposta esportiva logovacinas infantis, cuidará da logísticaaposta esportiva logoentrega das vacinas Covid-19 nas instalações da Covax.
A agência se prepara para transportar pelo menos o dobroaposta esportiva logosua capacidade normal — o que chamaaposta esportiva logo"uma operação logística gigantesca e histórica".
Mas antes que isso possa ser feito, os países precisam ter infraestrutura pronta para receber e administrar as doses. Benjamin Schreiber, que está coordenando as instalações da Covax para a Unicef, diz que está "preocupado por não termos recursos suficientes para a implantação e preparação".
"Pelo que estamos vendo na implantaçãoaposta esportiva logoalguns dos paísesaposta esportiva logoalta renda, essa operação é complicada, necessitaaposta esportiva logorecursos e deve ser planejadaaposta esportiva logomaneira adequada. Não houve recursos globais suficientes para os paísesaposta esportiva logobaixa renda", diz ele à BBC.
Apesar das deficiências, Schreiber traça um quadro mais otimista da capacidade do continenteaposta esportiva logointroduzir novas vacinas.
"A África tem muito mais experiência do que muitas outras regiões — fizemos muitos lançamentosaposta esportiva logovacinas nos últimos 10 anos e há boa experiência para organizar campanhasaposta esportiva logovacinação direcionadas."
Ele acrescenta que alguns países que lidaram com o vírus ebola também têm expertise e infraestruturaaposta esportiva logocadeiasaposta esportiva logoultra-frio. Mesmo antesaposta esportiva logoa pandemia começar, a organização diz que tem apoiado a infraestrutura da redeaposta esportiva logofrioaposta esportiva logopaísesaposta esportiva logobaixa renda, incluindo a instalaçãoaposta esportiva logo70 mil geladeiras, metade das quais movidas a energia solar.
A situação atualaposta esportiva logocada país ainda não está disponível. Maphosa, da Gavi, disse que os países estão enviando documentos para informá-la sobreaposta esportiva logocapacidade para distribuir vacinas.
Apenas uma vacina aprovada pela OMS
Mas mesmo que estivessem prontos, questões regulatórias são outro entrave. Nas instalações da Covax, apenas vacinas aprovadas pela OMS podem ser compradas. Até agora, apenas a da Pfizer foi listada para uso emergencial pela organização. O processoaposta esportiva logoaprovação das vacinas Moderna e Astrazeneza estáaposta esportiva logoandamento.
"As vacinas que estão sendo recomendadas para usoaposta esportiva logoemergência precisam absolutamente atender aos padrões mínimosaposta esportiva logosegurança e eficácia", diz Mihigo.
Já Estados Unidos e UE têm agências regulatórias que "complementam" o trabalho da OMS e, portanto, podem lançar vacinas sem a aprovação do órgão.
No entanto, no mundoaposta esportiva logodesenvolvimento, muitos países contam com a OMS para fazer a devida diligência, acrescenta Mihigo.
Essa garantiaaposta esportiva logoqualidade tem um impacto direto na vontade das pessoasaposta esportiva logotomar vacinas. Um estudo conduzido pelo CDC africano e pela Escolaaposta esportiva logoHigiene e Medicina Tropicalaposta esportiva logoLondres no último trimestreaposta esportiva logo2020 descobriu que a maioria dos africanos — quatroaposta esportiva logocada cinco — estaria disposta a tomar uma vacina para covid-19 "se ela fosse considerada segura e eficaz".
Vários países, entretanto, lançaram vacinas que ainda não foram aprovadas pela OMS.
"Nossa recomendação é que os países confiem não apenas na pré-qualificação do órgão, mas tambémaposta esportiva logoqualquer outra entidade reguladora competente", diz Mihigo.
Seychelles, Marrocos e Egito estão administrando a vacina chinesa Sinopharm e a Guiné, a russa Sputnik V.
O diretor do CDC africano, John Nkengasong, disse que não há negociaçõesaposta esportiva logoandamento para a compra dessas duas vacinas, mas que o órgão regional está "em negociações" com os países produtores.
Mais e mais nações africanas estão demonstrando interesse por essas duas vacinas, enquanto a espera pelas que estão sendo administradas no Ocidente continua.
Lições 'não aprendidas'
A BBC não conseguiu obter uma data específica do funcionário envolvido sobre quando as vacinas Covax poderiam ser entregues no continente. A estimativa mais otimista seria fevereiro, mas o prazo pode se estender até o fimaposta esportiva logomarço para as remessas iniciais da instalaçãoaposta esportiva logoCovax.
"Queremos distribuir as primeiras doses o mais rápido possível", diz Schreiber, da Unicef.
As 270 milhõesaposta esportiva logodoses garantidas diretamente pela União Africana devem ser entregues a partiraposta esportiva logoabril.
Nenhuma dose das vacinas aprovadas pela OMS está atualmente disponível para distribuição no continente.
"Essa lição (do tratamento anti-retroviral do HIV) ainda não foi aprendida", diz Byanyima, da UNAids.
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