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Crise na Venezuela: o que acontece agora que o chavismo controla também o Parlamento?:
E embora o términoseu mandato e o fatonão ter alcançado seus objetivos lhe tenham tirado força e influência,liderança não está acabada, dizem os analistas.
O triunfo2015
Em 2015, a oposição venezuelana venceuforma esmagadora nas eleições legislativas. Muitos consideraram que o resultado era um prelúdio para uma eventual derrota do chavismo, liderado por Maduro após a morteHugo Chávez2013.
No entanto, aconteceu quase o contrário. O Supremo TribunalJustiça, sempre próximo do partido no poder, esvaziou o poder do parlamento venezuelano, que ficou sem capacidade para agir. E o governo convocou uma Assembleia Constituinte2017.
"A oposição optou por uma estratégia baseadauma suposição errada: que o chavismo seria mais fraco e fragmentado com Maduro", explica o cientista político venezuelano Ricardo Sucre.
Sucre afirma que a oposição depositou esperanças demais nas pressões internacionais, fundamentalmente nos Estados Unidos, principal apoiadorGuaidó.
"Em 2015 a gestãoMaduro foi punida porgestão. Porém, o governo conseguiu se unir para evitar a derrubada. Os adversários confundiram a forçacontenção com uma insurreição e esse foi o erro", diz ele.
Em 2020, o partido governante recuperou a Assembleia Nacional nas eleições com alto índiceabstenção — houve um boicote dos principais partidos e dirigentes da oposição, que consideraram que não há condições justas para uma disputa eleitoral.
Apenas 31% dos eleitores qualificados foram às urnas, jogando mais67% da preferência eleitoral a favor do partido no poder.
O que muda para Guaidó
Enquanto controlava a assembleia, a oposição apoiou Guaidó.
Ele foi reconhecido por maiscinquenta países na época e levou a uma maior ofensiva contra o governoMaduro.
Entre suas ações mais agressivas está a "avalanche humanitária"fevereiro2019, na qual Guaidó tentou entrar na Venezuela da Colômbia com um comboio com toneladasdoações internacionais.
A ofensiva fracassou e o que aconteceu foi considerado um revés para a liderançaGuaidó, que na época tinha mais60%aprovação popular, segundo as pesquisas.
Apesarnão ter conseguido recuperar a proeminência que tinha na época, ele não pode ser considerado um político pouco relevante, diz o analista Luis Vicente León.
"Ele perdeu popularidade, mas continua mais popular que Nicolás Maduro, por exemplo", afirma.
O especialista destaca que o chamado "presidente encarregado" continua a ser o principal líder da oposição, embora seja mais difícil para ele manter o apoio que tem no plano internacional e o consenso formadotorno dele não seja mais o mesmo.
"Agora há mais adversários que desafiam a liderança porque ele não tirou do papelpropostamudança", indica León.
Em entrevista à BBC News Mundo, serviçoespanhol da BBC, poucos dias após as eleições6dezembro, Henrique Capriles, outro líder da oposição, indicou que uma "nova estratégia para a oposição" era necessária e apontou que o ciclo do chamado "presidente encarregado" já havia se encerrado.
Porvez, Guaidó afirmousuas redes sociais que o novo período legislativo "não será reconhecido", ou seja, ele lidera o grupo que não quer reconhecer a tomadaposse desta terça.
"A continuidade constitucional do Parlamento não é um capricho. É um devercidadania e patriotismo", disse ele.
Guaidó afirma que a Assembleia Nacional que preside "não vai parar enquanto não houver eleições livres na Venezuela".
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emitiu uma cláusula autorizando os americanos a realizar operações financeiras com o Parlamento presidido por Guaidó, a quem apontam como o atual "presidente interino" da Venezuela.
Nesta terça-feira, Guaidó conduziu uma sessão virtual durante a qual a Assembleia Nacional oposicionista, composto por dezenasdeputados cujo mandato expirou, "tomou posse" — eles dizem que continuarão a legislar para dar "continuidade administrativa" às suas funções, alegando a faltalegitimidade do Congresso eleito6dezembro.
"A perseguição vai aumentar, mas não vai nos impedircontinuar a exigir nossos direitos", disse Guaidó à BBC após as eleições6dezembro.
Nesta nova etapa, porém, Guaidó não terá o apoiotodos os deputados da oposição que fizeram parte da Assembleia Nacional2015, pois pelo 20 deles retiraram o apoio.
Alguns deles argumentam que a antiga assembleia não pode continuar porque seu mandato é expressamente limitado a cinco anos pela Constituição.
Politicamente, o chavismo pode comemorar a "desativação"Guaidó como líder da Assembleia. Isso, junto com a substituiçãoDonald Trump por Joe BidenWashington, abre a possibilidademudar as relações e talvez conseguir uma trégua — embora o novo presidente dos Estados Unidos seja igualmente contrário a Maduro.
O que muda para o chavismo
Com a mudançacomando no Parlamento, o quadro com o rostoHugo Chávez voltou à Assembleia Nacional.
Em buscareceitas para amenizar a queda da receita oriunda do petróleo, o governo garante que na Assembleia finalmente poderá dar respaldo jurídico às suas políticas econômicas, que passam por uma abertura e buscainvestimentos estrangeiros.
O país pode ganhar alguma legitimidade para fazer negócios com empresaspaíses aliados, como China e Rússia. Mas o fatoos Estados Unidos e a União Europeia não reconhecerem as eleições fará com que as sanções continuem. A Venezuela continuará tendo acesso negado a financiamento internacional e a mercadospetróleo.
Ricardo Sucre indica que a retomada do controle da Assembleia Nacional fortalece a chamada revolução bolivariana, mas que o cenário é diferente, pois suas bases não são mais tão coesas como antes.
"A população sentiu o customá administração e atoscorrupção", diz ele.
Luis Vicente León afirma que é claro que haverá mudanças "de ambos os lados."
"O governo vai ter a recuperação simbólica do legislativo, mas a oposição mantém o apoiodiversos países como os Estados Unidos e alguns da Europa", explica.
León sustenta que, apesaro partido no poder já controlar as instituições do país, também terá que lidar com uma oposição que, apesarsuas fraturas internas, ainda tem apoio suficiente na população.
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