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Calígula: assassino e depravado ou vítima da História? Essa e outras 3 perguntas sobre imperador romano:zebet trustpilot
É verdade que poucas vidas experimentaramzebet trustpilotapenas 28 anos altos e baixos tão significativos como azebet trustpilotCalígula.
Ele era o filho mais novozebet trustpilotGermânico, a estrelazebet trustpilotascensão da dinastia imperial e partezebet trustpilotuma família reverenciada, que combinava o glamour das celebridades com a monarquia e o culto à personalidade.
Germânico era sobrinho e filho adotivo do imperador Tibério, sucessorzebet trustpilotAugusto, fundador do Império Romano e seu primeiro imperador.
'Botinhas'
Sendo o mais jovem deste panteão romano, Calígula era mimado, o "queridinho" da família.
A alcunhazebet trustpilotCalígula, que significa "botinhas"zebet trustpilotportuguês, lhe foi dada pelos soldados, na frente dos quais Germânico exibiu o filho vestido como um legionário romanozebet trustpilotminiatura.
Desconfortável com o apelido, mais tarde insistiu que fosse chamado pelo primeiro nome que compartilhou com um ancestral famoso: Caio Júlio César.
O idílio da infânciazebet trustpilotCalígula acabou quando seu pai aparentemente contraiu malária no Egito e morreu na província da Síria - acreditando, até o último instante, que havia sido envenenado.
A ameaça
A populaçãozebet trustpilotRoma compareceuzebet trustpilotmassa à cerimônia fúnebre. Uma das exceções, contudo, chamou atenção: a do imperador Tibério.
Os filhoszebet trustpilotGermânico eram possíveis sucessores ao trono, o que tornava a família uma ameaça a seu número dois, o sinistro Sejano, que tinha suas próprias ambições.
A essa altura, Tibério estava mais velho e havia se recolhido emzebet trustpilotvila na ilhazebet trustpilotCapri, deixando grande parte do governozebet trustpilotRoma nas mãoszebet trustpilotSejano.
Este, no entanto, não poderia fazer nada contra seus rivais enquanto a protetora deles, Lívia, mãezebet trustpilotTibério, estivesse viva.
De perseguido a herdeiro do trono
Foi somente após a mortezebet trustpilotLívia,zebet trustpilot29 d.C., que a mãezebet trustpilotCalígula e seus dois imãos mais velhos foram presos.
A mãe foi açoitada com tanta violência que perdeu um olho e logo depois morreu (ou foi morta) no exílio. O irmãozebet trustpilotCalígula, Druso, passou tanta fome na prisão que tentou comer parte do colchão. O outro irmão evitou um destino semelhante cometendo suicídio.
Antes que pudesse atacar Calígula, contudo, Sejano foi executado, quando Tibério percebeu a traição do subordinado.
Calígula, o último filho sobreviventezebet trustpilotGermânico, foi nomeado herdeiro imperial e ordenado a viver com Tibériozebet trustpilotCapri.
Os seis anos seguintes foram penosos para Calígula.
O biógrafo Suetônio nos conta que ele era vigiado dia e noitezebet trustpilotbuscazebet trustpilotsinaiszebet trustpilotinsatisfação ou indícioszebet trustpilotdeslealdade - deliberada ou involuntária.
Não esqueçamoszebet trustpilotque era uma épocazebet trustpilotque um senador podia ser condenado à morte por ir ao banheiro com um anel com o retrato do imperador.
Ataque nervoso
Calígula ia para a cama todas as noites se perguntando se seria acordado ao amanhecer e levado às celas parazebet trustpilotexecução sumária.
Mesmo enquanto Tibério estava morrendo, o volátil imperador poderia, subitamente, ter nomeado um sucessor diferente. Isso significaria a morte certa para Calígula, já que nenhum outro imperador tolerariazebet trustpilotreivindicação ao império.
Assim que ele faleceu, no ano 37 d.C., Calígula passou literalmente, da noite para o dia, da condiçãozebet trustpilotquase refém a soberano oficialzebet trustpilotRoma.
Seu retorno à capital do Império foi recebido com grande entusiasmo. Logo depois, ele teve um colapso nervoso.
Hoje, estamos familiarizados com o estresse pós-traumático: o verdadeiro impacto psicológico é sentido apenas depois do retorno à normalidade e à segurança. E depoiszebet trustpilotexperimentar a alienação total das pessoaszebet trustpilotvolta que não compartilharam a mesma experiência.
O colapsozebet trustpilotCalígula o deixou acamado e delirante, enquanto uma Roma ansiosa orava porzebet trustpilotrecuperação.
Biógrafos antigos relatam que, quando se levantouzebet trustpilotseu leitozebet trustpilotdoente, ele estava louco.
A verdade é pior.
Descartável
Calígula, governantezebet trustpilotRoma, esteva forazebet trustpilotação por várias semanas e nada havia acontecido.
As províncias foram administradas comozebet trustpilotcostume, o Senado se reuniu e aprovou decretos e os prefeitos pretorianos administraram a Justiça.
O império tratouzebet trustpilotseus assuntos pacificamente. A forma como o sistema imperial funcionava significava que, na prática, Roma realmente não precisavazebet trustpilotum governante.
Calígula não era realmente necessário e, para alguém com a educação dele, "desnecessário" significava "descartável".
Sendo um jovem teimoso com um instintozebet trustpilotsobrevivência enraizadozebet trustpilotcada fibrazebet trustpilotseu ser, se propôs a retificar o que considerava uma situação inaceitável.
Ele queria se fazer necessário, queria tornar o Senado e o povozebet trustpilotRoma dependenteszebet trustpilotseu governo.
Acabou se tornando uma estratégia fracassada e fatal, mas foi uma continuação lógica do que havia sido, até então, a experiênciazebet trustpilotvidazebet trustpilotCalígula.
Calígula contra o Senado
Ele imediatamente descartou o exemplozebet trustpilotseus antecessores, que passavam, cuidadosamente, a impressãozebet trustpilotque trabalhavam juntos com o Senado, mesmo ordenando a mortezebet trustpilotalguns senadores.
Ao tomar para si o controle do império, Calígula não só esteva à frentezebet trustpilotseu tempo, como declarou guerra ao Senado.
Seu reinado não foi uma sequênciazebet trustpilottravessuraszebet trustpilotum jovem louco, mas a históriazebet trustpilotuma luta política pela supremacia, contada pelos vencedores, para quem as leiszebet trustpilotdifamação não existiam e a verdade era opcional.
O último governantezebet trustpilotRoma que se colocou abertamente acima do Senado foi Júlio César, e isso lhe custou a vida.
Apesar disso, Calígula fez o mesmo ao se declarar um deus. O que mais tarde acabaria se tornando mais comum, na época pareceu uma blasfêmia e uma atitude bizarra. Mas mesmo nessa época, havia precedentes. No leste da Grécia, os governantes eram quase que rotineiramente deificados, e seus sucessores macedônios tinham adotado o status divino dos faraós egípcios.
Mas o fatozebet trustpilotCalígula ter concedido a si mesmo esse statuszebet trustpilotRoma só foi uma loucura no sentidozebet trustpilotque era uma jogada política com grandes chanceszebet trustpilotdar errado.
Propaganda armada
Calígula, o deus, tinha o apoio do povo e do Exército, mas era um neófito político com uma personalidade totalmente inadequada para lutar contra um Senadozebet trustpilotarmadores implacáveis e experienteszebet trustpilotbatalhas políticas selvagens. Muitas vezes fatais.
Os senadores tinham conexões e um controle oculto sobre as alavancas do poder.
Ambos os lados nesta luta usaram todos os meios àzebet trustpilotdisposição, mas foi Calígula que levou a pior.
Uma das armas do Senado foi a propaganda. Na inventiva política romana, era comum jogar lama e mentiras sobre os outros, com total desprezo pela verdade, apenas para ver o que surtiriazebet trustpilotefeito.
O Senado usou a reivindicaçãozebet trustpilotCalígulazebet trustpilotque seria um deus para expô-la como um atozebet trustpilotloucura.
Eles deturpavam todas as açõeszebet trustpilotum imperador que,zebet trustpilotfato, era jovem e teimoso, e inventaram outras inexistentes.
Até o fatozebet trustpilotser amado porzebet trustpilotesposa foi usado como provazebet trustpilotsua suposta insanidade - com a históriazebet trustpilotque ele teria ameaçado torturá-la para saber por que ela o amava.
Ainda foi dito que ele era um bom pai, mas apenas porquezebet trustpilotfilha,zebet trustpilotapenas 1 ano, compartilhavazebet trustpilotsuas inclinações sádicas. Isso serviu, mais tarde, para justificar a crueldade dos assassinos que a mataram, batendo a cabeça da criança contra a parede.
Incesto?
Ainda no tema das relações familiares, o biógrafo Suetônio relata que o imperador gostavazebet trustpilotfazer sexo com suas irmãs durante os banquetes, enquanto os convidados olhavam horrorizados.
Mas o biógrafo escreveu isso um século depois, quando já estava bem estabelecida a famazebet trustpilotCalígula como um lunático. Àquela altura, muitos acreditavam que o imperador tinha se tornado um maníaco sexual porque teria recebido,zebet trustpilotsua mulher, uma dose exageradazebet trustpilotuma poção do amor.
Como muitos dos detalhes do estadozebet trustpilotespíritozebet trustpilotCalígula vêmzebet trustpilotSuetônio, a alegaçãozebet trustpilotincesto merece ser melhor examinada.
O historiador Tácito nasceu 15 anos após a morte do soberano romano. Ao contráriozebet trustpilotSuetônio, ele relata as acusações feitas contra Calígua como apenas isso — acusações,zebet trustpilotvezzebet trustpilotfatos — e não menciona nenhum desses banquetes.
Nem o filósofo — e senador — Sêneca, que conheceu Calígula, menciona esses banquetes.
Os dois autores abordam o assunto, mas se referem a relações incestuosas da irmãzebet trustpilotCalígula, Agripina, apenas com seu tio e filho, não com seu irmão.
Sedento por sangue?
Quanto à famazebet trustpilotassassino, há uma nítida escassezzebet trustpilotvítimas.
Embora Suetônio gostezebet trustpilotdizer que o imperador matou dezenaszebet trustpilotpessoas, ele curiosamente relutazebet trustpilotnomeá-las.
Calígula ordenou a execuçãozebet trustpilotGemellus, netozebet trustpilotTibério,zebet trustpilotseu prefeito pretoriano Macro (que parecia determinado a imitar Sejano emzebet trustpilotambição) ezebet trustpilotseu primo, Ptolomeu, rei da Mauritânia.
Mas a maioriazebet trustpilotsuas supostas outras vítimas são duvidosas, como o gladiador que morreuzebet trustpilotum ferimento infeccionado depoiszebet trustpilotreceber uma visita do imperador.
No total, existem menoszebet trustpilotuma dúziazebet trustpilotnomes. Compare isso às centenaszebet trustpilotpessoas assassinadas por Augusto, dezenas por Tibério e muitos mais por Nero e Cláudio.
Depois do assassinatozebet trustpilotCalígula, no ano 41, por membroszebet trustpilotsua guarda pretoriana, quatro anos depoiszebet trustpilotele assumir o poder, tornou-se ainda mais urgente enfatizar que ele havia enlouquecido: ele ainda era popular entre o povo e entre os militares, apesar da guerra com o Senado.
O novo imperador, Cláudio, não estava seguro emzebet trustpilotposição e o Legislativo estava ansioso para justificar o assassinatozebet trustpilotCalígula,zebet trustpilot28 anos. Portanto, a vítima não estando mais presente, estava aberto o caminho para que seu nome fosse jogado na lama.
E abaixo, as respostas a três perguntas frequentes sobre a vida e o reinadozebet trustpilotCalígula.
1. Ele realmente nomeou seu cavalo cônsul?
Calígula tinha um cavalozebet trustpilotcorrida preferido, chamado Incitatus, que ele regularmente alimentava com iguarias e para quem tinha feito um estábulozebet trustpilotmármore. Os soldados tinham que silenciar a vizinhança enquanto o cavalo dormia.
"Dizem até que ele planejava tornar o cavalo um cônsul."
Essa afirmação vemzebet trustpilotSuetônio. Mesmo quando ele usa a palavra "dizem", precisa ser lido com muita cautela.
Na verdade, isso não aconteceu.
Talvez ele tenha brincado publicamente que até seu cavalo seria um cônsul melhor do que os então ocupantes do cargo, e a máquinazebet trustpilotpropaganda do Senado se encarregouzebet trustpilotapimentar a história. Também é possível que o imperador tenha pensado seriamentezebet trustpilottornar seu cavalo cônsul, mas como uma formazebet trustpilotdegradar o Senado.
2. Ele declarou guerra ao mar?
Se isso realmente aconteceu é discutível.
Conforme diz a história, Calígula liderou uma campanha malsucedida contra a Grã-Bretanha, que chegou às costas da Gália anteszebet trustpilotser abortada.
Como era impensável retornar a Roma sem uma vitória, Calígula declarou guerra a Netuno, deus do mar, e ordenou que ondas do mar fossem chicoteadas Seus soldados receberam ordenszebet trustpilotcoletar conchas como prêmiozebet trustpilotguerra.
3. Ele foi tão mau quanto pensamos?
Às vezes, só ouvimos o que queremos ouvir. (Qualquer pessoa que se apaixonou perdidamente e depois ficou desapontada entenderá esse fenômeno.)
Hoje, esse conceito tem um nome mais científico — viészebet trustpilotconfirmação — e, graças a Suetônio, o viészebet trustpilotconfirmação acabou moldando nossa visãozebet trustpilotCalígula.
Por que ele cometeu suas atrocidades? Porque estava louco. Como sabemos que estava louco? Porque ele cometeu atrocidades.
Uma vez que quebramos o viészebet trustpilotconfirmação, outros motivos vêm à tona e a história que emerge é azebet trustpilotuma disputa pelo poder político... algo muito mais mundano, especialmente quando comparada com a ideiazebet trustpilotum império colossal governado por um tirano assassino e louco por sexo.
* Philip Matyszak é historiador e autorzebet trustpilotlivroszebet trustpilotHistória Antiga.
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