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Os países com maior diferença salarial entre imigrantes e locais:
A OIT analisou 49 países e cercaum quarto dos empregados assalariadostodo o mundo. Nesses países, segundo os responsáveis pelo estudo, estão quase metadetodos os migrantes internacionais e aproximadamente um terço dos trabalhadores migrantestodo o mundo. O Brasil não está entre eles.
Em relação a estimativas anteriores, a diferença salarial aumentoumuitos paísesrenda alta, segundo a OIT. Entre os 20 países com maior disparidade, essa diferença cresceumais da metade delescomparação com estimativas anteriores.
Mais difícil para as mulheres
As trabalhadoras imigrantes enfrentam o que a OIT chamauma penalidade dupla no salário: pagam o preçoser mulher eser imigrante.
A disparidade salarial entre homens locais e mulheres imigrantespaísesalta renda écerca21% por hora. Isso é maior do que a disparidade salarial entre homens e mulheres desses países,cerca16%.
Parte dessa explicação está no fatoque as trabalhadoras imigrantes são mais70% do totaltrabalhadores domésticos migrantestodo o mundo.
A situação também é mais difícil para quem trabalha na áreacuidados (educação, saúde e serviço social),que a maioria são mulheres.
O papel da discriminação
Os trabalhadores que migram para paísesrenda alta são mais propensos a ter atividadesbaixa qualificação e baixa remuneração, que não correspondem aos seus níveiseducação e habilidades, segundo a OIT.
Mesmo imigrantes com educação superior têm menos probabilidadeconseguir empregoscategorias ocupacionais mais altas do que os trabalhadores locais. Isso ocorre,parte, porque migrantes "provavelmente serão afetados pela incompatibilidadecompetências e terão dificuldadestransferir suas competências e experiência entre os países".
No entanto, mesmo com níveis semelhanteseducação, imigrantespaísesalta renda tendem a ganhar menos que seus pares na mesma categoria ocupacional.
E a OIT destaca que "uma parte significativa da disparidade salarial dos migrantes permanece inexplicada, mesmo quando as características dos trabalhadores, como educação, experiência, idade são levadasconsideração".
Segundo o relatório, cerca10 pontos percentuais da disparidade média12,6% são "inexplicáveis pelas características do mercadotrabalho dos trabalhadores migrantes e nacionais". Isso aponta, segundo a OIT, para discriminação contra os imigrantes no quesitoremuneração.
A chefe do DepartamentoMigração Laboral da OIT, Michelle Leighton, destacou que parte da diferença salarial pode ser explicada por discriminação.
"O relatório examina que parte da diferença salarial pode ser explicada por fatores objetivos, como educação, habilidades, experiência, mas onde isso não é uma explicação o relatório conclui que as principais razões para as disparidades podem ser causadas pela discriminação", diz ela.
"Portanto, lidar com a discriminação e os preconceitos que estão profundamente enraizados no localtrabalho enossa sociedade é mais importante do que nunca."
Combater essa disparidade, segundo Leighton, é importante para reduzir a desigualdade entre homens e mulheres, diferençarenda dentro das famílias e para combater a pobrezaforma geral. Isso exige, segundo ela, uma sériepolíticas, que incluem acordos coletivos e extensãopolíticas sociais para trabalhadores informais.
Outra conclusão do relatório é que,alguns países, mais60% dos trabalhadores imigrantes têm atividades informais, enquanto o percentual entre os locais éaproximadamente 50%. Além disso, o emprego informal é maior entre as mulheres migrantes do que entre os homens.
Situação inversapaísesrenda mais baixa
A situação nos paísesbaixa e média renda é,geral, a inversa: os imigrantes tendem a ganhar cerca17% a mais do que os trabalhadores locais, segundo o relatório.
Essa inversão foi vista, por exemplo, no México, Bolívia, Albânia, Tanzânia, Namíbia, Bulgária, Serra Leoa, Romênia e Madagascar.
Isso se deve, segundo a OIT, à proporção significativatrabalhadores expatriados temporários e altamente qualificados, que tendem a aumentar o salário médio dos trabalhadores migrantes.
"A história nos paísesrenda média e baixa é um pouco diferente. Lá, os migrantes com educação superior conseguem seus empregoscategorias ocupacionais mais altas e tendem a ganhar mais do que os locais nesses empregos. No entanto, os trabalhadores migrantesocupaçõesbaixa qualificação geralmente ganham significativamente menos do que os locais", disse Leighton.
Impacto da covid
Em relação à covid, o relatório da OIT aponta na mesma direção que estudos anteriores: a pandemia teve um impacto econômico esaúde maior sobre os trabalhadores migrantes do que sobre o restante da população ativa.
"No início da crisecovid-19, dezenasmilhõestrabalhadores migrantes foram forçados a voltar para casa após perderem seus empregos", diz o relatório, apontando que,geral, os empregosimigrantes são menos propícios ao teletrabalhocomparação com oslocais.
Ao mesmo tempo, muitos são trabalhadores da linhafrente que estão mais expostos ao vírus.
"A crise - sobre a qual ainda não temos um quadro completo - pode ampliar as diferenças no mercadotrabalho entre trabalhadores migrantes e nacionais, o que pode, porvez, aprofundar ainda mais as disparidades salariais dos migrantes", conclui a OIT.
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