O médico que queria salvar vidas e acabou no corredor da morte no Irã:roleta giratória

Crédito, Centroroleta giratóriaDireitos Humanos no Irã

Legenda da foto, Ahmadreza Djalali pertence a uma longa listaroleta giratóriaestrangeiros detidos no Irã e acusadosroleta giratóriaespionagem.

Ela não pode me receber emroleta giratóriacasa. O filho pequeno do casal não sabe que o pai está preso no Irã. Ele segue pensando que o pai estároleta giratóriauma viagemroleta giratóriatrabalho.

Crédito, Vida Mehran-nia

Legenda da foto, Ahmadreza Djalali,roleta giratóriaesposa Vida Mehran-nia e seu filho, que hoje tem oito anos e n'ao sabe que seu pai está preso há anos no Irã.

Passaram-se quatro anos desde que o médico, que tem cidadania iraniana e sueca, fosse preso pelo serviçoroleta giratóriainteligência iraniano.

Acusam-noroleta giratóriapassar informações secretas ao Mossad, a agênciaroleta giratóriainteligênciaroleta giratóriaIsrael, para ajudá-los a assassinar cientistas nucleares iranianos.

Ele foi condenado à morte. Seu advogado diz que ele confessou o crime sob tortura.

Confinamento solitário

No último dia 24roleta giratóriaoutubro, Djalali foi colocadoroleta giratóriauma solitária na prisãoroleta giratóriaEvin, uma das maiores do Irã. Ali presos políticos são maioria.

Em dezembro, o médico telefonou pararoleta giratóriafamília. Estava no corredor da morte.

Crédito, Vida Mehran-nia

Legenda da foto, Vida Mehran-nia diz que cada minuto desde a prisão do marido é torturante.

Vida encarou como um alertaroleta giratóriaque as autoridades iranianas se preparavam para executar seu maridoroleta giratória45 anos.

"Estava extremamente desesperado e me pediu que ajudasse a evitarroleta giratóriaexecução e salvarroleta giratóriavida", disse Vida à BBC.

"Está fraco. Pensa que não pode fazer nada para salvarroleta giratóriavida e que não tem poder preso sozinho numa cela."

Depois Djalali conversou comroleta giratóriafilharoleta giratória18 anos.

Legenda da foto, Ahmadreza Djalali antesroleta giratóriasua viagem ao Irã (esquerda) eroleta giratória2017, quando fez greveroleta giratóriafome na prisão.

"Ela tem chorado e pedido a políticos e ativistasroleta giratóriadireitos humanos que salvem a vidaroleta giratóriaseu pai", disse Vida.

"É muito difícil. Todos estamos sofrendo muito. Ninguém pode imaginar o que estamos passando. É uma tortura."

O golpe na família é imenso.

Vidaroleta giratóriafamília

Crédito, Vida Mehran-nia

Legenda da foto, Vida afirma que o filho mais novo, agora com oito anos, acha que seu pai estároleta giratóriauma viagemroleta giratóriatrabalho.

"Meu filho pequeno só tinha quatro anos quando Ahmadreza foi ao Irã. Agora tem oito", diz Vida.

"Sempre pergunta por seu pai e lembraroleta giratóriaquando sentavaroleta giratóriaseus ombros e se divertiam."

Ahmadreza sugeriu que, se for executado, seu filho não deve saber como ele morreu.

Mais educação

Ahmadreza Djalali se mudou para a Suéciaroleta giratória2009 para ampliarroleta giratóriaformação acadêmica.

Sua família viajou um ano depois, após ele ser aprovado para cursar um doutorado no Instituto Karolinskaroleta giratóriaEstocolmo.

Crédito, Vida Mehran-nia

Legenda da foto, Djalali eroleta giratóriafamília moraram na Suécia e Itália, onde ele se formou academicamente.

Logo se mudaram para a Itália, onde ele fez um pós-doutorado, e depois voltaram à Suéciaroleta giratória2015.

A família tinha uma vida simples até a viagem fatídica ao Irã.

A Suécia lhe deu nacionalidaderoleta giratória2018, enquanto estava na prisão. Para alguns no Irã, o ato foi uma provaroleta giratóriaque Ahmadreza era "um ativo do Ocidente".

A esposa dele rechaça a interpretação, dizendo que o casal já contava com a permissãoroleta giratóriaresidência permanente desde que Ahmadreza completara seu doutorado.

Cientista respeitado

Crédito, Cortesia

Legenda da foto, Djalali se especializouroleta giratóriapreparar hospitais para desastres.

Ahmadreza é um cientista respeitado na Suécia. Pesquisava como fazer com que hospitais e regiões ficassem mais preparados frente a desastres.

Sua foto ainda estampa uma placa no hospitalroleta giratóriaSödersjukhuset, uma sucursal do Instituto Karolinska, junto ao títuloroleta giratóriasua teseroleta giratóriadoutorado: "Preparação e hospitais seguros: resposta médica a desastres."

Mantinha contato com a orientadoraroleta giratóriaseu doutorado no Instituto Karolinska, a professora Lisa Kurland.

Eles planejavam se encontrarroleta giratóriaabrilroleta giratória2017 para discutir a pesquisa, mas Ahmadreza nunca apareceu.

Legenda da foto, A professora Kurland diz que Ahmadreza acreditava que suas visitas ao Irã eram seguras.

"A não aparição dele não condizia com seu caráter, e me perguntei se algo havia acontecido", disse a professoraroleta giratóriamedicinaroleta giratóriaemergência.

"Várias vezes lhe perguntava antes e depoisroleta giratóriacada visita (ao Irã) se era seguro, e ele dizia que sim."

Quando Ahmadreza foi preso no Irã,roleta giratóriafamília disse a amigos e colegas que ele havia se envolvido num acidenteroleta giratóriatrânsito e estavaroleta giratóriaum hospital.

Pensaram que isso ajudaria a libertá-lo, mas foiroleta giratóriavão. Então decidiram tornar o caso público.

Sentençaroleta giratóriamorte

Crédito, Cortesia

Legenda da foto, Amigos e colegasroleta giratóriaDjalali o descrevem como "cortês, humilde e decente".

A professora Kurland diz que sentiu um "choque impensável" ao saber que ele havia sido condenado à morte.

"Lembro daroleta giratóriapaixão por querer fazer a diferença", ela afirma.

"Queria usar ferramentas científicas e metodologias para obter um doutorado, mas também para ajudar as pessoas no Irã."

Kataria Bohm e Veronica Lindström, professoras associadas do Instituto Karolinksa, dividiram escritórios com Ahmadreza.

Elas o descrevem como "cortês, humilde edecente", que sempre falava do Irã eroleta giratóriacomo queria visitar as universidades do país para "compartilhar seu conhecimento e ajudar a gente", apesar da situação política.

Campanha por libertação

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A Anistia Internacional pediu ao Irã que suspenda a execuçãoroleta giratóriaAhmedraza.

Em 2017, 75 ganhadores do prêmio Nobel escreveram uma carta aberta a autoridades iranianas pedindo a libertação imediataroleta giratóriaAhmadreza Djalali.

Há duas semanas, outros 150 ganhadores do Nobel escreveram outra carta ao líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pedindoroleta giratóriaintervenção para libertar Djalali.

No mês passado, a Anistia Internacional pediu ao Irã que suspendaroleta giratóriaexecução.

A ministra da Relações Exteriores da Suécia também conversou com seu homólogo iraniano com o mesmo fim.

Mas o Irã rechaçou o pedido da Suécia e advertiu contra "todas as interferências".

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "Professores não são criminosos", diz cartazroleta giratóriamanifestanteroleta giratóriafrente à embaixada iranianaroleta giratóriaBruxelas,roleta giratóriadezembroroleta giratória2017.

A listaroleta giratóriaestrangeiros e pessoas com dupla cidadania detidas pelo Irã é longa.

Gruposroleta giratóriadireitos humanos acusam Terrãroleta giratóriausá-los como peões e ganhar concessõesroleta giratóriaoutros governos.

No mês passado, o Irã libertou uma professora britânica-australiana, que cumpria uma sentençaroleta giratóriadez anos por espionagem. A professora foi trocada por três prisioneiros iranianos.

A britânica-iraniana Nazanin Zaghari-Ratcliffe, assistente social, permanece detida.

Dedicação

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Djalali queria salvar vidas, especialmente vítimasroleta giratóriadesastres.

Ahmadreza dedicouroleta giratóriateseroleta giratóriadoutorado ao povo do Irã: "Para a gente morta ou afetada pelos desastres do mundo, especialmente o povo da cidaderoleta giratóriaBam no Irã", lê-se na primeira página.

Em 2003, um terremoto matou maisroleta giratória26 mil pessoasroleta giratóriaBam.

O médico nunca pensou que seu doutoradoroleta giratóriamedicina emergencial o levaria ao corredor da morte.

Sua mulher diz que Ahmadreza só queria salvar vidas e impedir que esses desastres se repetissem.

A filha segue os passos do pai. Está matriculada na mesma universidade onde ele fez o doutorado.

Essa sérieroleta giratóriaeventos tem sabor agridoce para Vida, que apoiou a filha apesar da grande ausênciaroleta giratóriasuas vidas.

"Quando ela terminou o ensino médio com notas altas, seu pai não estava para celebrar", diz Vida entre lágrimas.

"Quando a aprovaram no Instituto Karolinska e ela escolheu medicina, igual a seu pai, ele também não estava."

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