Morre Diego Maradona: como o craque personificou o lado dramático dos argentinos:galera bet telegram

O ex-jogador era conhecido por não ter papas na língua. No mês passado, outubro, ele disse que as decisões do ex-presidente Mauricio Macri, que foi presidente do clubegalera bet telegramfutebol Boca Juniors, onde ele jogou, "ferraram a vidagalera bet telegrammuita gente". Ele também tinha acusado integrantes da FIFAgalera bet telegramcorruptos. Quando foi expulsogalera bet telegramuma partida, na Copa do Mundogalera bet telegram1994, por ter sido flagrado num exame antidoping, o ex-craque da seleção argentina disse: "Cortaram minhas pernas".

Seu jeitogalera bet telegramfalar era admirado por seus torcedores, principalmente os mais simples, que se identificavam com ele, e, às vezes, repetiam suas frases e falavam como ele. Mas seu estilo, que incluía ameaçasgalera bet telegramdeixar os clubes quando algo não lhe agradava, provocava rejeição entre seus críticos.

Sua morte provocou comoção na Argentina egalera bet telegramoutros países. Logo depois da informação sobre seu falecimento, multidõesgalera bet telegramtorcedores lotaram a porta dos estádios onde ele jogou, como o Boca Juniors. E, como no casogalera bet telegramoutros personagens históricos do país, como a ex-primeira-dama Evita Perón,galera bet telegramvida egalera bet telegrammorte geram controvérsias. "A polícia apreendeu seu prontuário médico. Haverá investigação para saber se Diego recebeu alta médica antes da hora", disse um repórter da TV TN,galera bet telegramBuenos Aires. São fatos que contribuem para eternizar o mito, dizemgalera bet telegramBuenos Aires.

Um comentarista comparou a comoção provocada pela morte do ex-jogador a mesma que o país viveu quando o cantorgalera bet telegramtangos Carlos Gardel (1890-1935) morreugalera bet telegramum acidente aéreo na Colômbia. Em comum, segundo historiadores, Maradona, Gardel, Evita Perón (1919-1952) e o ex-presidente Juan Domingo Perón são e foram símbolos da Argentina e "fenômenosgalera bet telegrammassa".

"E o funeralgalera bet telegramMaradona será também um fenômenogalera bet telegrammassas por tudo o que ele representa para os argentinos", disse o escritor e sociólogo Pablo Alabarces. "Não temos grandes heróis nacionais e por isso os mitos são importantes", disse o analista Marcos Novaro, professor da Universidadegalera bet telegramBuenos Aires.

Mas por que os analistas fazem paralelo entre a trajetória do país e a do craque?

Novaro faz um paralelo com a "personalidade apaixonada, talentosa e, ao mesmo tempo, autodestrutiva" do ex-jogador, que se parece com a da Argentina. "Ao mesmo tempogalera bet telegramque nosso país tem grandes talentos, adota atitudes irresponsáveis. Maradona era genial, mas tinha certa inocência. E, como muitos argentinos, admirava a irreverência", disse Novaro.

A analista política Graciela Romer disse que a Argentina, como Maradona, toma atitudes imprevisíveis ou que podem ser questionadas "em termos éticos e republicanos". Foi o caso, recordou, do chamado "gol da mãogalera bet telegramDeus", na Copa do Mundo do México. "Ganhou a partida, mas não pelas regras do jogo. Para mim, ele tinha um perfil populista ao mostrargalera bet telegrampreocupação com os pobres, mas sem atender às regras republicanas", disse.

Mas qual seria um exemplogalera bet telegramfaltagalera bet telegramcumprimento da Argentina das "regras republicanas"?

"A Argentina vive interpretando a constituiçãogalera bet telegramformas diferentes. E mudando as regras, como anárquica". Para Romer, a aproximaçãogalera bet telegramMaradona a políticos como os ex-presidentes Fidel Castro,galera bet telegramCuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, também mostram um perfilgalera bet telegramsetores do país.

"Maradona era um personagem complexo, como é a Argentina. E com valores democráticos questionáveis como aogalera bet telegramse sentir fascinados por líderes latinos que são controversos, como Fidel, Chávez e Maduro. Era muito talentoso, mas imprevisível, como também é a Argentina", disse Romer.

Um ex-diplomata argentino lembrou que a "irreverência"galera bet telegramMaradona podia ser associada à Argentina quando o país declarou o maior calote da dívida da história do capitalismo, na crisegalera bet telegram2001.

"Eu lamento que ele nos represente. Não pelo bom jogador que foi, mas porque ele poderia ter sido um símbolo para os jovens e não foi. Era apaixonado demais egalera bet telegrampaixão desenfreada incluiugalera bet telegramdependência química e uma vidagalera bet telegramaltos e baixos. Infelizmente, nosso país também tem uma trajetóriagalera bet telegramaltos e baixos,galera bet telegramcrises profundas e seguidas", disse.

Para ele, o país que tem cinco Prêmios Nobel e dois prêmios Oscar poderia ser lembrado "por outros motivos e personagens".

Maradona representa pelo menos uma parte da sociedade argentina, na visão do analista argentino Ricardo Rouvier, da consultoria Rouvier y Asociados.

"Se Maradona não tivesse nascido na Argentina teria nascidogalera bet telegramNápoles, no sul da Itália, onde a paixão é uma das características. Maradona é identificado pela preocupação com os pobres e por isso os mais humildes agora choramgalera bet telegrammorte. Para os mais humildes, ele é um herói, um herói nacional", disse Rouvier. Os primeiros imigrantes argentinos foram europeus e especialmente italianos e é frequente a associação entre argentinos (especialmente os portenhosgalera bet telegramBuenos Aires) e a Itália.

Para o analista, os mais educados e cultos do próprio país não se identificam com o ex-jogador do Boca Juniors e do Argentinos Juniors. "Estes o admiram porgalera bet telegrammagia nos campos, mas não porgalera bet telegramvida fora dos campos. Não porgalera bet telegramrebeldia explicita", disse Rouvier.

Emgalera bet telegramúltima entrevista, ao jornal Clarín,galera bet telegramBuenos Aires, no mêsgalera bet telegramoutubro passado, quando completou 60 anos, Maradona disse que lamentava ter sido dependente químico e que não fosse por isso teria jogado mais tempo. Com problemasgalera bet telegramsaúde, Maradona se despediu dos campos há quase vinte anos, como recordou o jornal Olé,galera bet telegramBuenos Aires. Mas para a analista Analía del Franco, Maradona era "único" e por isso mesmo, disse, não representava o comportamento da sociedade argentina como um todo. "Ele era únicogalera bet telegramtudo o que fazia. Não haverá igual. E não acho que todos aqui somos como ele,galera bet telegramforma alguma", disse.

*Correção às 21h07galera bet telegram27/11: A versão inicial da reportagem atribuía a um ex-diplomata a informaçãogalera bet telegramque a Argentina coleciona três prêmios Nobel, mas na verdade são cinco. A informação foi corrigida.

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