Coronavírus: As economias latinas que levarão mais tempo para se recuperar da covid-19 (e por que o Brasil não é uma delas):hacker aposta ganha

Na realidade, determinar quando um país se recuperouhacker aposta ganhauma crise não é fácil, e os economistas têm ideias diferentes sobre quais indicadores observar.

Um dos mais utilizados é o PIB, valor total dos bens e serviços produzidoshacker aposta ganhaum paíshacker aposta ganhaum determinado período.

Apesar das dúvidas que o vírus gera sobre o comportamento da economia, para a qual ainda não está disponível uma vacina eficaz, o PIB da maioria dos países latinos deve crescer novamentehacker aposta ganha2021.

Mas o PIB regional não retornará aos níveis pré-pandêmicos até pelo menos 2023.

Em alguns países, esse caminho árduo para recuperar a riqueza perdida pode ser ainda mais longo.

Surya indica que "os países que conseguirem manter os estímulos econômicos por mais tempo se sairão melhor na recuperação".

Como aconteceuhacker aposta ganhaoutros lugares, quando o coronavírus atingiu os países da região, os governos passaram a adotar medidashacker aposta ganhaapoio à economia, desde ajuda direta às famílias lançada no Brasil pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aos programashacker aposta ganhacomprahacker aposta ganhadívida pública adotados pelos bancos centrais do Chile e da Colômbia.

O objetivo era apoiar o crescimento e a atividadehacker aposta ganhaum momentohacker aposta ganhaque o vírus os deprimia impiedosamente.

Mas a persistência da pandemia obrigará os países a manter esse esforço extra e ninguém sabe por quanto tempo.

Nas palavrashacker aposta ganhaMartín Rama, economista-chefe da região do Banco Mundial: "Quando a pandemia começou, os estímulos eram aplicados como se fosse uma corridahacker aposta ganhacurta distância. Agora vemos que será mais uma maratona".

Quem está mais bem equipado para uma corridahacker aposta ganhalonga distância com essas características?

Para responder a esta pergunta, foram ouvidos, alémhacker aposta ganhaSurya, outros dois economistas que se dedicam a analisar países latinos, Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs, e William Jackson, analista da consultoria britânica Capital Economics.

Os especialistas apontaram claramente que um dos fatores preponderantes é o grauhacker aposta ganhaendividamentohacker aposta ganhaum país. Porque quanto maior for a dívida, menor será a margem que terá para continuar a apoiar as suas empresas e cidadãos e promover assim a recuperação econômica.

Também foram levadoshacker aposta ganhaconsideração critérios como a queda do PIBhacker aposta ganha2020, as previsõeshacker aposta ganharecuperação do PIB para níveis prévios à pandemia e a relação proporcional entre o déficit público (relação entre arrecadação fiscal e gastos do governo) e o PIB.

A partir da avaliação dos três especialistas, conjuntamente com estes índices, a reportagem identificou os países da América Latina com o pior prognóstico econômico na pandemia, apresentados a seguir,hacker aposta ganhaordem alfabética.

Argentina

Com uma das quarentenas mais longas e rígidas da região, a Argentina é uma das economias que mais sofreu e o Banco Mundial estima que o país fechará 2020 com 12,3% a menoshacker aposta ganhaseu PIB e quase o dobrohacker aposta ganhapobres do que no início do ano.

O governo do presidente Alberto Fernández aplicou medidashacker aposta ganhaestímulo no valorhacker aposta ganha3,5% do PIB, mas a Argentina, sobrecarregada por problemashacker aposta ganhasolvência durante décadas, não pode sustentar esse esforço indefinidamente.

Surya ressalta que, "em algum momento, eles terão que retirar os estímulos, porque não é fiscalmente sustentável".

Fernández teve uma folga no início do ano quando acertou com os credores uma reestruturaçãohacker aposta ganhamaishacker aposta ganhaUS$ 66 bilhões (R$ 364 bilhões)hacker aposta ganhadívidas vencidas.

William Jackson, da Capital Economics, diz que que "o governo agiu rapidamente ao reestruturar a dívida, mas, na realidade, adiou um problema que surgirá novamentehacker aposta ganhameados da década".

Alberto Ramos, da Goldman Sachs, também não está otimista. "A Argentina tem muita dificuldade e incerteza, apesar da reestruturação, porque tem um grande déficit fiscal que está sendo monetizado, e isso está gerando muita pressão cambial".

Essa dinâmica ameaça agravar a espiral inflacionária, elevando os preços,hacker aposta ganhaque a economia argentina está presa há anos, o que é um freio ao seu crescimento.

Soma-se a tudo isso os controleshacker aposta ganhacâmbio ehacker aposta ganhapreços que dificultam a atividade econômica e que, na opinião dos analistas, desestimulam potenciais investidores.

O Banco Mundial acredita que o PIB da Argentina não retornará ao seu nível pré-pandêmico anteshacker aposta ganha2023.

Equador

O Equador também concordou recentemente com uma reestruturaçãohacker aposta ganhasua dívida, que hoje chega a 68,9% do PIB. Um obstáculo muito grande para fazer o esforço fiscal exigido pela situação atual.

Com um déficit fiscal que disparou para 8,9% neste ano, o Equador enfrenta o difícil desafiohacker aposta ganhaaumentarhacker aposta ganhareceita tributária sem sufocar ainda maishacker aposta ganhaeconomia já abalada.

"Podemos ver um retorno à austeridade enquanto a economia ainda está sofrendo", diz Jackson.

Analistas do Banco Mundial apontam que a economia equatoriana precisahacker aposta ganha"reformas estruturais", mas quando o presidente Lenín Moreno tentou aumentar os impostos sobre os combustíveishacker aposta ganhaoutubrohacker aposta ganha2019 para aumentar as receitas do Estado, ele enfrentou protestos massivos que o obrigaram a recuar.

Ramos alerta que "o climahacker aposta ganhatensão política continua no país e pode afetar o crescimento".

O Equador é outro candidato a não recuperar seu PIBhacker aposta ganha2019 pelo menos até 2023.

México

A recuperação provavelmente também será mais lenta no México. Mas, ao contrário da Argentina ou do Equador, seu fardo não será dívida.

O presidente Andrés Manuel López Obrador chegou ao poder prometendo sanear as contas públicas e reduzir o déficit público, e a pandemia não parece tê-lo desviadohacker aposta ganhaseu objetivo.

"Em circunstâncias normais, tudo bem, mas agora você precisahacker aposta ganhamais gastos públicos", diz Surya.

O governo mexicano tem sido um dos mais relutanteshacker aposta ganhaaplicar medidashacker aposta ganhaapoio à economia, o que provavelmente explicahacker aposta ganhaparte porque o PIB do México vai cair cercahacker aposta ganha10%hacker aposta ganha2020.

A queda do turismo, fundamental para o país, também atingiu a economia, e especialistas concordam que este será um dos últimos setores a se recuperar.

A queda do preço do petróleo também não ajuda o México, que, paradoxalmente, também pode estar enfrentandohacker aposta ganhagrande oportunidade.

Os problemashacker aposta ganhatransporte e o perigo potencialhacker aposta ganharestrições alfandegárias levaram a "uma tendência globalhacker aposta ganhaaproximar as cadeiashacker aposta ganhasuprimentos dos mercados, e o México está muito perto do grande mercado que são os Estados Unidos", diz Surya.

Mas, segundo Ramos, do Goldman Sachs, o governo López Obrador "não criou o ambiente mais favorável para os negócios".

Venezuela

Sem cifras oficiais há anos, o Banco Mundial não inclui a Venezuela emhacker aposta ganhaanálise, mas segundo Jackson, da Capital Economics,hacker aposta ganhaum contextohacker aposta ganhapreços baixos do petróleo, "as coisas só vão piorarhacker aposta ganhaum país que já era uma tragédia antes da pandemia".

A unidadehacker aposta ganhainteligência econômica do Grupo Economist "acredita que o país perderá cercahacker aposta ganha30% do seu PIB este anohacker aposta ganha2020, o que com o que foi perdido desde que Nicolás Maduro chegou ao poder acumulará uma quedahacker aposta ganhapertohacker aposta ganha70%". Em seu último relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a queda seráhacker aposta ganha25%.

O governo venezuelano culpa as sanções dos Estados Unidos por seus problemas econômicos, enquanto a maioria dos observadores culpa a má política econômica do governo e sérios problemas estruturais na economia venezuelana.

Nenhum relatório prevê quando o PIB da Venezuela deixaráhacker aposta ganhacair e quando recuperará seu nívelhacker aposta ganha2019.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um terço dos venezuelanos não recebem alimentos suficientes e milhões deixaram o país nos últimos anos.

E o Brasil?

Os analistas ouvidos pela reportagem não se mostraram muito otimistas quanto às perspectivas do Brasil, mas posicionam o paíshacker aposta ganhaum nível menorhacker aposta ganharisco entre seus pares na região.

Contam contra o Brasil o fatohacker aposta ganhater proporcionalmente a segunda maior dívida pública da América Latina, que corresponde a 91,5% do PIB,hacker aposta ganhaacordo com o FMI, e também ao grande déficit fiscal, que deve serhacker aposta ganhaR$ 861 bilhões, correspondente a 12% do PIB,hacker aposta ganhaacordo com a previsão mais recente do Ministério da Economia, divulgada no finalhacker aposta ganhasetembro.

Ao mesmo tempo, o Brasil tem uma das menores previsõeshacker aposta ganhaqueda do PIBhacker aposta ganha2020 na América Latina. Em seu ultimo relatório, o Banco Mundial previu uma contraçãohacker aposta ganha5,4%, abaixo dos 8% previstoshacker aposta ganhajunho. "O Brasil vai ser uma das economias (latinas) com melhor desempenho neste ano", diz Surya, do Grupo Economist.

Na opiniãohacker aposta ganhaSurya, o Brasil não ter adotado no país um lockdown nacional, comohacker aposta ganhaoutros países, alémhacker aposta ganhater sido liberado linhashacker aposta ganhacrédito para empresas e um auxílio emergencial para pessoas físicas, suavizou o impacto econômico da pandemia.

Surya destaca ainda que o Brasil "tem um dos melhores sistemashacker aposta ganhasaúde da América Latina". Porém, ele diz que o prognóstico para o país não é claro.

"A questão é a sustentabilidade fiscal. Bolsonaro prometeu um ajuste nas contas públicas, mas o que aconteceu durante a pandemia é que foi preciso aplicar políticashacker aposta ganhagastos massivos. A questão é se isso vai ser controlado."

Ramos, do Goldman Sachs, afirma que o país não vai conseguir manter as políticashacker aposta ganhaestímulo da economia por muito mais tempo.

"O Brasil avançou muito pouco nas reformas fiscais necessárias. O déficit tem aumentado devido aos estímulos à economia, o que fará com que feche o ano com um índice próximohacker aposta ganhade 17% do PIB e com uma dívida próximahacker aposta ganha100% do PIB. Isso não permite que haja grandes perspectivashacker aposta ganhamelhorahacker aposta ganha2021 nemhacker aposta ganha2022", diz Ramos.

Além disso, "há muito ruído político e institucionalhacker aposta ganhatorno disso, o que também não ajuda", porque o país precisa conter a expansão da dívida pública. "Isso requer corteshacker aposta ganhagastos e capital político para implementar as medidas necessárias."

Dados positivos inesperados

Apesar do panorama desolador, o último relatório do Banco Mundial apontou alguns aspectos positivos inesperados para a América Latina.

O comércio mundial está voltando aos níveis pré-pandêmicos, o que favorece os países da região que dependem das exportaçõeshacker aposta ganhamatérias-primas, cujo preços nos mercados internacionais têm se mantido, talvez favorecidos pela vigorosa recuperação da demanda chinesa.

O volumehacker aposta ganharemessas também foi mantido. Apesarhacker aposta ganhaum declínio inicial acentuado, os imigrantes latinos continuam a enviar dinheiro para casa, o que ajudou muitos a sustentar suas famíliashacker aposta ganhaseus paíseshacker aposta ganhaorigem.

As medidashacker aposta ganhaestímulo aplicadas por governos e bancos centrais também foram mais "robustas" do que o esperado.

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