A 40 dias da eleição, piores cenários preveem riscobet365cc'apocalipse eleitoral' nos EUA:bet365cc

As ameaças são tão concretas que, na quarta-feira (23/09), o FBI alertou aos americanos que se preparem para um ataquebet365ccmassabet365ccdesinformação, especialmentebet365ccfontes russas, diantebet365ccum "muito provável" atraso nos resultados. A agênciabet365ccinvestigação prevê que hackers tentarão produzir caos social com conteúdo falso sobre fraudes eleitorais.

bet365cc Incerteza sobre bet365cc transição

O primeiro componente para a tensão está no comportamento do próprio Trump, que busca a reeleiçãobet365ccnovembro e tem lançado dúvidas sobre se fará uma transição pacíficabet365ccpoderbet365ccjaneiro, caso perca o pleito para seu rival, o democrata Joe Biden.

Ele tem ainda criticado a votação por correio como fontebet365ccfraude, o que não se sustenta historicamente. E chegou a sugerir que seus eleitores votem duas vezes, por carta e presencialmente, o que seria ilegal.

Na quarta-feira, questionado por um repórter exatamente sobre isso, Trump respondeu laconicamente: "Bem, nós vamos ter que ver o que acontece". Em 2016, o presidente também se recusou a firmar um compromissobet365ccque aceitaria uma eventual derrota nas urnas pela então candidata democrata Hillary Clinton.

Teoricamente, as palavrasbet365ccTrump não significam muito no processo formal da eleição, alémbet365ccinflamar seus apoiadores. Mas, na visãobet365ccespecialistas, há a chancebet365ccque seu comportamento influencie o trabalhobet365ccquem apura os votos.

"O problema será se, por causa das palavrasbet365ccTrump, as autoridades eleitorais se recusarem a certificar os votos ou decidirem interromper ou interferir na contagem das cédulas por correio", diz Schulman.

De acordo com uma recém-publicada reportagem da revista The Atlantic, seria exatamente essa operação política que estariabet365cccurso.

A publicação afirma ter ouvidobet365ccum consultor jurídicobet365ccTrump ebet365cctrês líderes republicanos na Pensilvânia, um dos estados mais disputados no pleito, que um "planobet365cccontingência" já estaria na mesa para alegar que votos foram fraudados caso o presidente apareçabet365ccdesvantagem.

Uma outra possibilidade seria que as assembleias legislativas locais - muitas delas são republicanas nos Estadosbet365ccque a corrida é mais acirrada - convençam as autoridades eleitorais a indicar delegados republicanos para o colégio eleitoral, independentemente do resultado nas urnas. Essa seria uma interpretação possível do processo eleitoral segundo a Suprema Corte.

Para Richard Pildes, professorbet365ccdireito constitucional da Universidadebet365ccNova York, a mera possibilidadebet365ccque esse tipobet365ccdiscussão esteja surgindo agora sugere que um dos pilares centrais da democracia está erodindo: a premissabet365ccque os competidores aceitam as regras do jogobet365ccantemão e reconhecembet365ccderrota se ela vier.

"Estamosbet365ccuma situaçãobet365ccque muitas pessoas estão convencidasbet365ccque se o outro lado vencer, o país nunca mais será o mesmo. E quando as pessoas se sentem assim, é um perigo", afirmou.

"Em tempos democráticos normais, os perdedoresbet365ccuma eleição podem ficar decepcionados, mas reconhecem que perderam porque sabem que podem disputar novamente,bet365ccquatro anos. Mas quando os eleitores sentem que tudo estábet365ccjogo agora, e que nada será como antes se o outro lado vencer, é difícilbet365ccprever como os atoresbet365ccambos os lados vão responder diante da derrota, especialmente se desconfiarem dos resultados", afirmou ele à BBC News Brasil .

Votos anulados

A pandemiabet365cccoronavírus criou uma necessidade inéditabet365ccque milhõesbet365cceleitores votem por correio, um sistema que já existia nos Estados Unidos mas que não havia chegado à escala previstabet365cc2020.

Uma pesquisa do instituto Pew Research,bet365ccagosto, estima que 39% dos eleitores votarão por correiobet365cctodo o país, o que pode levar a muitos votos anulados e a atrasos na apuração dos resultados.

"O sistema eleitoral americano está enfrentando um estresse extraordinário e inédito como resultado do vírus. Isso significa que os funcionários eleitorais tentam montar dois tiposbet365cceleição ao mesmo tempo: primeiro, para uma grande quantidadebet365ccvotos por correio. E segundo, uma votação presencial expressiva ebet365cccondições seguras dada a pandemia. Tudo issobet365ccpouco tempo e com pouco dinheiro", afirma Pildes.

A questão da votação por correio ainda se complica um pouco mais porque,bet365ccacordo com uma pesquisa encomendada pela revista Economist ao Instituto YouGov, dentre os eleitores que se dizem interessadosbet365ccvotar por correio, 80% têm como candidato o democrata Biden. Logo, um dos lados terá muito mais a perder se algo sair errado com quem votar por carta.

Pildes acredita que, especialmente se a eleição for apertada, como parece provável, haverá uma intensa disputabet365ccrelação à validadebet365cccada voto por correio. Em 2018,bet365ccacordo com a Comissãobet365ccAssistência Eleitoral dos Estados Unidos,bet365ccmédia 4% das cédulas enviadas por carta acabaram descartadas.

O percentual, no entanto, varia por Estados,bet365ccacordo com o preparobet365cccada um deles pra esse tipobet365ccvotação:bet365cc1% a 15%bet365ccvotos descartados. Em um modelo estatístico da revista The Economist, supondo que 10% dos votos sejam descartados, Biden perderia até 4 pontos percentuais, algo nada desprezível na disputa.

E embora seja um percentual altobet365ccrejeiçãobet365cccédulas, ele não ébet365cctodo improvável. Isso porque o processobet365ccvotação por correio exige que a assinatura do eleitor e da testemunha no envelopebet365ccque o voto estará depositado seja perfeitamente condizente com os registros oficiais. E que tudo esteja dentrobet365ccum segundo envelope, que deve chegar fechado e lacrado ao momento da contagem.

De acordo com a interpretação atual da lei, votos que chegarem sem esse segundo envelope devem ser imediatamente descartados, mesmo que as assinaturas sejam válidas e o envelope do votobet365ccsi não tenha sido violado.

É fácil perceber o tamanho da confusão que esse tipobet365ccregra pode causar quando se olha para o caso da Pensilvânia, por exemplo. Ali, as autoridades estimam que ao menos 40 mil votos chegarão sem o segundo envelope na eleiçãobet365cc2020.

Eles seriam automaticamente invalidados, o que poderia mudar o resultado eleitoral. Em 2016, Trump venceu no Estado por uma margembet365ccapenas 44 mil votos.

Judicialização da eleição

"Haverá intensa briga por cada uma dessas cédulas e se elas são válidas ou não. Nessa, os tribunais podem entrarbet365cccena e é fácil imaginar uma situação que pode se tornar perigosa rapidamente", avalia Pildes.

Na quarta-feira, o presidente Donald Trump deu como certo que a Suprema Corte será chamada a arbitrar a eleição ao final.

E como se o cenário não fosse suficientemente complexo, há uma semana, uma dentre os nove juízes do tribunal morreu: a progressista Ruth Ginsburg.

Embora fosse desejobet365ccGinsburg que seu substituto fosse escolhido pelo presidente eleito para o próximo mandato, Trump já afirmou que pretende fazer a indicação do sucessor da juíza no próximo fimbet365ccsemana. Também já se sabe que ele conta com votos suficientes no Senado para quebet365ccescolha seja aprovada, possivelmente antes das eleições.

Assim, os conservadores deixariambet365ccter uma maioria apertada na Corte, que tem produzido a eles reduzidos negativos já que com frequência o Juiz Chefe do colegiado, o conservador John Roberts, se alinha aos magistrados liberais na Corte, e passariam a ter um confortável 6 a 3 a seu favor. Na prática, Trump indicaria um juiz que pode ser o fiel da balança a garantir-lhe um novo mandato.

"Tenho certezabet365ccque a Suprema Corte gostariabet365ccficar o mais longe possível dessas questões. Não é bom para o tribunal ser ator significativo na resolução da eleição. Qualquer que seja a decisão do tribunal, um dos lados ficará decepcionado e sentirá que a Corte agebet365ccmaneira partidária, o que fragiliza essa instituição democrática", diz Pildes.

Atraso nos resultados

Se o resultado realmente depender dos juízes da Suprema Corte, os americanos podem se ver mais uma vez diantebet365ccuma esperabet365ccmaisbet365ccum mês para saber, afinal, quem é o novo presidente. Cenário parecido aconteceubet365cc2000, quando a corte tevebet365ccarbitrar uma disputabet365ccrecontagembet365ccvotos entre o democrata Al Gore e o republicano George W. Bush na Flórida.

Mas a judicialização não é a única possibilidadebet365ccatrasos. A grande quantidadebet365ccvotos por correio pode empurrar o resultado para dias após o fechamento das urnas. Isso porque enquanto alguns Estados com tradiçãobet365ccvoto por correio, como o Oregon, começam a contar essas cédulas antes mesmo do fechamento das urnas, e apresentam os resultados minutos após o fim da votação, outros Estados, como a Califórnia, permitem que os votos cheguem até cinco dias após o término do pleito, o que pode atrasar a contagembet365ccum número relevantebet365ccvotos.

O tempo que demorará para que haja uma definição sobre o novo presidente é um dos fatores que mais complicam a eleição atual.

"Acho que se não soubermos o vencedor na noite da eleição, ou pelo menos na manhã seguinte, entraremosbet365ccum território perigoso, porque mesmo que as autoridades eleitorais estejam fazendo tudobet365ccmaneira apropriada, o clima político nos Estados Unidos atualmente é tão explosivo que, se houver incerteza sobre o vencedor, podemos imaginar tiposbet365cccenários começando a se desenvolver, incluindo o candidato que parece estar à frente naquele ponto tentando se declarar o vencedor", afirma Pildes.

Na quarta-feira, o FBI e a Agência Nacionalbet365ccCiber-segurança dos Estados Unidos alertaram os americanosbet365ccque diante do "muito provável" atraso nos resultados eleitorais, os órgãosbet365ccinvestigação anteveem açõesbet365ccmassabet365ccdesinformaçãobet365ccforças estrangeiras, especialmente dos russos, que tentarão convencer os americanosbet365ccque ocorreram "ataques cibernéticos contra infraestrutura eleitoral, fraudes eleitorais e outros problemas com a intençãobet365ccconvencer o público da ilegitimidade das eleições", diz o relatório dos órgãos.

Diante do riscobet365ccdesinformaçãobet365ccmassa nas redes sociais e até mesmobet365ccque Trump ou Biden publiquem mensagens se autoproclamando vencedores, as plataformas estudam adotar para os Estados Unidos protocolosbet365ccsegurança que aplicambet365ccpaíses com processos eleitorais contestados.

O Twitter, por exemplo, afirma que usuários que postem "mensagens enganadoras sobre resultados eleitorais" podem ter seu post apagado ou marcado como falso ou até mesmo ter seu perfil banido da rede.

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