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Como os furacões se formam e por que são tão frequentes nos EUA, México e Caribe:entrar vaidebet
Trata-se do furacão Ida, que se intensificou nas águas quentes do Golfo do México antesentrar vaidebetchegar no domingo (29/8) à costa sul dos Estados Unidos. A tempestade éentrar vaidebetcategoria 4, uma abaixo do nível máximo, com ventosentrar vaidebet240 km/h.
Mas como se formam os furacões e por que costumam ocorrer nesta parte do mundo?
Uma bombaentrar vaidebetenergia
O mecanismo mais comumentrar vaidebetformaçãoentrar vaidebetfuracões no Atlântico — que provoca maisentrar vaidebet60% desses fenômenos — é uma onda tropical.
A onda começa como uma perturbação atmosférica que cria uma áreaentrar vaidebetrelativa baixa pressão.
Isso acontece geralmente no leste da África, a partirentrar vaidebetmeados do mêsentrar vaidebetjulho.
Se essa áreaentrar vaidebetbaixa pressão encontra as condições adequadas para se manter e se desenvolver, ela começa a mover-seentrar vaidebetleste a oeste, com a ajuda dos ventos alísios.
Quando chega ao oceano Atlântico, a onda tropical pode ser o inícioentrar vaidebetum furacão, mas, para que ele se forme, precisaentrar vaidebetfontesentrar vaidebetenergia, como a umidade, o calor e o vento adequados.
Em concreto, é preciso que a temperatura da superfície do oceano seja superior aos 27º C, assim como a da camadaentrar vaidebetágua que se estende por pelo menos 50 metros logo abaixo da superfície.
Também são necessários tiposentrar vaidebetvento específicos. Por um lado, ventos com rotação horizontal, para que a tempestade se concentre.
Por outro, é preciso que os ventos subindo a partir da superfície do oceano mantenhamentrar vaidebetforça e velocidade constantes.
Se houver cortanteentrar vaidebetvento, ou seja, variações no vento com a altura, isso pode interromper o fluxoentrar vaidebetcalor e umidade que faz com que o furacão tome forma.
Também é preciso que haja uma concentraçãoentrar vaidebetnuvens carregadasentrar vaidebetágua e alta umidade relativa na atmosfera.
Tudo isso precisa ocorrer nas latitudes adequadas, entrar vaidebetgeral entre os paralelos 10° e 30° do hemisfério norte, já que nesta região o efeito da rotação da Terra faz com que os ventos possam convergir e ascender ao redor da áreaentrar vaidebetbaixa pressão.
Quando a onda tropical encontra todos estes ingredientes, cria-se uma áreaentrar vaidebetcercaentrar vaidebet50 a 100 metros, onde eles começam a interagir.
"O movimento da onda tropical funciona como o disparador dessa tempestade", explicou à BBC News Brasil Jorge Zavala Hidalgo, coordenador geral do Serviço Meteorológico Nacional do México.
E esta tempestade funciona como um catalisador: começa um baléentrar vaidebetcalor, ar e água.
A áreaentrar vaidebetbaixa pressão faz com que o ar úmido e quente que vem do oceano suba e se esfrie, o que alimenta as nuvens.
A condensação desse ar libera calor e faz com que a pressão sobre a superfície do oceano baixe ainda mais, o que atrai mais umidade do oceano, fortalecendo a tempestade.
Os ventos convergem e ascendem dentro desta áreaentrar vaidebetbaixa pressão, girandoentrar vaidebetdireção contrária às agulhas do relógio — por influência da rotação da Terra.
É essa rotação que dá aos furacõesentrar vaidebetimagem característica.
À medidaentrar vaidebetque a tempestade fica mais poderosa, o olho do furacão, uma área centralentrar vaidebetaté 10 km permanece relativamente tranquilo.
Ao seu redor se levanta a parede do olho, compostaentrar vaidebetnuvens densas, onde ficam os ventos mais intensos. Para além dela, ficam as faixasentrar vaidebetformaentrar vaidebetespiral, onde há mais chuvas.
A velocidade dos ventos é a que determinaentrar vaidebetque momento podemos chamar esse fenômenoentrar vaidebetfuracão. Em seu nascimento é uma depressão tropical, quandoentrar vaidebetforça aumenta passa a ser uma tempestade tropical e se torna um furacão quando passa dos 118 km/h.
A partir daí, eles podem ser classificadosentrar vaidebetcinco categorias segundo a velocidade sustentadaentrar vaidebetseus ventos. Para medir o poder destrutivo dos furacões do Atlântico, se utiliza a escala Saffir-Simpson.
A força dos ciclones tropicais é tanta que seus ventos poderiam produzir energia equivalente a quase a metade da capacidadeentrar vaidebetgeraçãoentrar vaidebeteletricidade do mundo inteiro, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na siglaentrar vaidebetinglês).
No entanto, os principais responsáveis pela destruição e pela perdaentrar vaidebetvidas quando passa um furacão são as marésentrar vaidebettempestade nas cidades costeiras e as inundações provocadas pelas chuvas que ele traz.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as marésentrar vaidebettempestade foram responsáveis por quase a metade das mortes relacionadas aos ciclones tropicais do Atlântico entre 1963 e 2012, segundo dados da Sociedade Americanaentrar vaidebetMeteorologia.
Além destes fatores, a destruição causada por um furacão dependeentrar vaidebetoutras circunstâncias, como a velocidade com a qual ele passa, a geografia do território e a infraestrutura da região afetada.
"Não necessariamente a destruição ou o perigo associados a um ciclone tropical correspondem aentrar vaidebetcategoria. Por exemplo, um cicloneentrar vaidebetcategoria maior não tem por que ter mais chuva", disse Jorge Hidalgo à BBC News Brasil.
México, Estados Unidos e Caribe: as zonas mais vulneráveis
Um dos fatores que explica que essa região seja mais propensa a receber furacões é que o oceano Atlântico, nas latitudes tropicais, tem a temperatura adequada paraentrar vaidebetformação durante mais meses no ano.
Outro fator é a circulação dos ventos que empurram os furacões.
Os ventos alísios, principais ventos nas latitudes baixas tropicais, vãoentrar vaidebetleste a oeste, levando os ciclones até as costas do Caribe, do Golfo do México e dos Estados Unidos.
O percurso destes ventos também é influenciado pela rotação da Terra — o chamado efeitoentrar vaidebetCoriolis — que faz com que eles tendam a desviar-seentrar vaidebetdireção ao norte.
Normalmente, enquanto os furacões avançam, eles também se deslocam levemente para o norte.
Ao passar do paralelo 30°N, costumam encontrar-se com os ventos do oeste, outra das grandes correntes globaisentrar vaidebetventos, que faz com que passem a irentrar vaidebetdireção à leste. Daí por diante, se afastam do continente americano.
Masentrar vaidebetseu caminho, ainda no oceano Atlântico, os furacões se encontram com o enorme anticiclone das Bermudas-Açores, que pode determinar se eles vão se dirigir ao Golfo do México, ao Caribe ou aos Estados Unidos.
Os anticiclones são regiõesentrar vaidebetalta pressão atmosférica com ar mais seco, menos nuvens e ventos que giram na direção das agulhas do relógio no hemisfério norte.
O anticiclone dos Açores funciona como uma espécieentrar vaidebetobstáculo que domina a parte norte do oceano Atlântico. Para avançar, os furacões precisam passar ao redor dele.
É por isso que o tamanho e a posição desse anticiclone podem influenciar a trajetóriaentrar vaidebetum ciclone tropical.
Se o anticiclone está mais fraco e mais posicionado à leste, os furacões o rodeiam e seguem para o norte, se distanciando do Caribe (veja o gráfico acima).
Se, pelo contrário, ele estiver mais forte e mais posicionado ao sul e ao oeste, um furacão que passa ao redor dele acaba indo para o Golfo do do México, o sul dos Estados Unidos ou as ilhas caribenhas.
A posição do anticiclone mudaentrar vaidebetacordo com o ano, com as estações e pode variar tambémentrar vaidebetquestãoentrar vaidebetdias.
"Por causa dessas variações, um furacão pode ter uma trajetória muito diferente hoje do que outro que passar apenas três ou cinco dias depois", explica Jorge Zavala Hidalgo, do Serviço Meteorológico Nacional do México.
Seguindo a mesma lógica, os anticiclones podem fazer com que furacões que já estão se afastando das Américas voltem atrás. Foi o que aconteceu com o furacão Sandy,entrar vaidebet2012.
Depoisentrar vaidebettocar terraentrar vaidebetCuba, Sandy começou a se deslocarentrar vaidebetsentido nordeste, afastando-se do continente. Mas um anticiclone na Groenlândia e uma frente fria bloquearam seu caminho. Isso fez com que ele voltasse para a costa leste dos Estados Unidos, causando destruição nos Estadosentrar vaidebetNova York e Nova Jérsei.
A razão pela qual furacões são raros na América do Sul
Se a parte norte do Atlântico oferece as condições ideais para a formaçãoentrar vaidebetfuracões, o mesmo não ocorre abaixo da linha do Equador.
"O Atlântico Sul é mais tranquilo porque lá não há onda tropical — é um fenómeno mais comum no hemisfério norte — e há mais variações na velocidade e na direção do vento, algo que inibe a formaçãoentrar vaidebetfuracões", disse à BBC News Brasil Gary M. Barnes, professor aposentado da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos.
Além disso, os ciclones tropicais não costumam se formar se estiverem a menosentrar vaidebet500 quilômetros da linha do Equador, seja para o norte ou para o Sul.
Isso acontece porque, nessa faixa, o efeitoentrar vaidebetCoriolis é muito fraco para fazer com que os ventos girem e possam formar uma tempestade.
Apesarentrar vaidebetdepressões e tempestades tropicais já terem sido registrados no sul do Brasil, o único ciclone tropical registrado oficialmente na região foi o Catarina,entrar vaidebet2004.
O furacão atingiu o Estadoentrar vaidebetSanta Catarina, deixando maisentrar vaidebet10 mortos e maisentrar vaidebet500 feridos, alémentrar vaidebetcercaentrar vaidebet30 mil pessoas desabrigadas.
"Os ciclones nessa região costumam ser extratropicais, ou seja, que ocorrementrar vaidebetlatitudes médias e têm núcleo frio. O Catarina foi assim. Mas ele adquiriu característicasentrar vaidebetciclone tropical e se tornou um furacão, algo que é raroentrar vaidebetacontecer", explicou à BBC News Brasil José Manuel Gálvez, meteorologista do Centroentrar vaidebetPrevisão Climática da NOAA.
A mudança climática pode impactar a formaçãoentrar vaidebetfuracões?
"A mudança climática faz com que a temperatura da superfície e da capa espessa do oceano fiquem mais altas, e isso é um problema. Temos teorias que dizem que se o oceano ficar mais quente, isso pode se traduzirentrar vaidebettempestades mais fortes e intensas", diz Gary Barnes.
Há indicaçõesentrar vaidebetque as áreasentrar vaidebetque os ciclones tropicais encontram condições para se desenvolver e para sobreviver também estão ficando mais extensas ao longo do tempo, segundo Jorge Hidalgo, do Serviço Meteorológico do México.
"Talvez o númeroentrar vaidebetciclones não aumente, mas a distribuiçãoentrar vaidebetcategorias pode mudar. Ou seja, podemos ter mais furacõesentrar vaidebetcategoria maior e menosentrar vaidebetcategoria menor", afirma.
Os cientistas concordam, no entanto, que é cedo para medir o impacto da mudança climática no fenômeno.
"É provável que os furacões se intensifique pouco a pouco, mas vamos precisarentrar vaidebetmuitos dados para provar que o aquecimento global vai provocar furacões mais fortes. Em 25 anos pode ser que tenhamos provas", conclui o meteorologista Gary M. Barnes.
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