Coronavírus: com poucos testes e sem lockdown, qual o mistério por trás da baixa mortalidade no Japão:último concurso da lotomania

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Legenda da foto, Per capita, a população do Japão é mais velha do que aúltimo concurso da lotomaniaqualquer outro país do mundo Japan

O que aconteceu no Japão?

Em meio ao surtoúltimo concurso da lotomaniaWuhan,último concurso da lotomaniafevereiro, quando os hospitais da cidade chinesa estavam sobrecarregados e o mundo se fechou contra viajantes vindos da China, o Japão manteve suas fronteiras abertas.

À medida que o vírus se espalhava, ficou claro que a covid-19 é uma doença que mata principalmente os mais velhos e se espalha por multidões ou contato próximo. O Japão tem a população mais velha que qualquer outro país. Além disso, a população do Japão é densamente "amontoada"último concurso da lotomaniagrandes cidades.

A grande Tóquio tem maisúltimo concurso da lotomania37 milhõesúltimo concurso da lotomaniahabitantes e, para a maioria deles, a única maneiraúltimo concurso da lotomaniase deslocar é por meio dos trens conhecidamente lotados.

E há ainda a recusa do Japãoúltimo concurso da lotomaniaseguir o conselho da Organização Mundial da Saúde (OMS)último concurso da lotomania"testar, testar, testar". Ainda agora, o totalúltimo concurso da lotomaniatestes PCR estáúltimo concurso da lotomaniaapenas 348 mil, ou 0,27% da população.

O Japão tampouco adotou um lockdownúltimo concurso da lotomaniaescala ou severidade da Europa. No começoúltimo concurso da lotomaniaabril, o governo declarou estadoúltimo concurso da lotomaniaemergência, mas o pedido para ficarúltimo concurso da lotomaniacasa não era compulsório. Serviços não essenciais foram convidados a fechar, mas não havia nenhuma punição prevista para quem recusasse o convite.

Muitos exemplosúltimo concurso da lotomaniaestratégias bem sucedidas contra a covid-19, como asúltimo concurso da lotomaniaNova Zelândia e Vietnã, usaram medidas severas como o fechamentoúltimo concurso da lotomaniafronteiras, confinamento rígido, testeúltimo concurso da lotomanialarga escala e quarentenas bem controladas. O Japão não fez nada disso.

E, ainda assim, cinco meses após o registro do primeiro casoúltimo concurso da lotomaniacovid-19, o Japão tem menosúltimo concurso da lotomania20 mil casos confirmados e menosúltimo concurso da lotomaniamil mortes. O estadoúltimo concurso da lotomaniaemergência foi revogado e a vida está rapidamente voltando ao normal.

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Legenda da foto, Japão faz poucos testesúltimo concurso da lotomaniacomparação a outros países asiáticos como a Coreia do Sul, por exemplo

Há também evidências científicasúltimo concurso da lotomaniaque o Japão realmente parece, até agora, ter controlado o avanço da doença.

A giganteúltimo concurso da lotomaniatelecomunicações Softbank realizou testesúltimo concurso da lotomaniaanticorposúltimo concurso da lotomania40 mil funcionários, que mostraram que apenas 0,24% havia sido exposto ao vírus. Testagem randômicaúltimo concurso da lotomania8 mil pessoasúltimo concurso da lotomaniaTóquio e duas outras cidades mostraram níveis ainda mais baixosúltimo concurso da lotomaniaexposição. Em Tóquio, só 0,1% testaram positivo.

Em junho, quando declarou o fim do estadoúltimo concurso da lotomaniaemergência, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, enalteceu o "modelo japonês", afirmando que outros países deveriam aprender com o Japão.

Há algo especialúltimo concurso da lotomaniarelação ao Japão?

Para o vice-primeiro-ministro, Taro Aso, a explicação tem a ver com a "qualidade superior" do povo japonês. Pelo menos é o que disseúltimo concurso da lotomaniaum notório — e bastante criticado — comentário, ao ser perguntado por liderançasúltimo concurso da lotomaniaoutros países sobre o sucesso do Japão.

"Eu disse a essas pessoas: entre o seu e o nosso país, o mindo (nível das pessoas) é diferente. E isso os deixou quietos e sem palavras".

Traduzido literalmente, mindo significa "o nível das pessoas", embora alguns tenham traduzido como "nível cultural".

É um conceito dos tempos do período imperial do Japão, que denota um sensoúltimo concurso da lotomaniasuperioridade racial e chauvinismo cultural. Aso foi muito criticado por usar o termo.

Mas não restam dúvidasúltimo concurso da lotomaniaque muitos japoneses, e alguns cientistas, pensam que há mesmo algoúltimo concurso da lotomaniadiferente no Japão — um "fator X" que está protegendo a população contra a covid-19.

De fato, há alguns aspectos dos códigos sociais japoneses — com poucos beijos e abraços nos cumprimentos — que permitem que o distanciamento social seja praticado naturalmente. Mas ninguém parece achar que essa é a resposta.

O japonês tem imunidade especial?

Um professor da Universidadeúltimo concurso da lotomaniaTóquio, Tatsuhiko Kodama, que estuda como pacientes japoneses reagiram ao vírus, acredita que o Japão já pode ter enfrentado uma doença como a covid-19 antes. Não exatamente a covid-19, mas algum tipo similar que pode ter deixado uma "imunidade histórica".

Ele explica assim: quando um vírus entra no corpo humano, o sistema imunológico produz anticorpos que atacam o patógeno invasor. Há dois tiposúltimo concurso da lotomaniaanticorpos: o IGM e o IGG. O tipoúltimo concurso da lotomaniaresposta desses anticorpos pode mostrar se alguém já foi ou não exposto ao vírus antes, ou a algo similar.

"Em uma infecção viral, a resposta do IGM geralmente vem primeiro", afirma. "O IGG aparece depois. Masúltimo concurso da lotomaniacasos secundários, (de exposição prévia), o linfócito já tem a memória e, assim, é apenas a resposta do IGG que cresce rapidamente."

Então, o que aconteceu a esses pacientes?

"Quando nós olhamos para esses testes ficamos impressionados... Em todos os pacientes a resposta do IGG veio rapidamente, e a do IGM veio mais tarde eúltimo concurso da lotomaniamaneira fraca. Parecia que eles haviam sido expostos a um vírus muito similar."

O pesquisador considera ser possível que um vírus da família Sars já tenha circulado pela região antes, o que poderia explicar a taxaúltimo concurso da lotomaniamortalidade baixa, não apenas no Japão, mas também na China, Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e sudeste da Ásia.

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Legenda da foto, Atividades como karaokê, consideradasúltimo concurso da lotomaniaalto risco para a covid-19, são muito populares no Japão

Essa tese, no entanto, tem sido vista com certo ceticismo.

"Eu não tenho certeza sobre como um vírus como um esse poderia ficar restrito à Ásia", afirma o professor Kenji Shibuya, diretorúltimo concurso da lotomaniasaúde pública no King's Collegeúltimo concurso da lotomaniaLondres e ex-conselheiro do governo.

O professor Shibuya não descarta a possibilidadeúltimo concurso da lotomaniadiferenças regionais ou susceptibilidade genética à covid. Mas ele suspeita da ideiaúltimo concurso da lotomaniaque um "fator X" explique a diferençaúltimo concurso da lotomaniamortalidade.

Ele diz acreditar que países que se saíram bem na pandemia o fizeram pelo mesmo motivo — foram bem-sucedidosúltimo concurso da lotomaniareduzir drasticamente a transmissão.

Os japoneses começaram a usar máscaras há maisúltimo concurso da lotomania100 anos, durante a pandemiaúltimo concurso da lotomaniagripeúltimo concurso da lotomania1919, e jamais pararam desde então. Se você tiver tosse ou um resfriado é esperado que você use máscara para proteger os outros ao seu redor.

"Eu acho que a máscara age como uma barreira física. Mas também serve como um lembrete para todo mundo ser cuidadoso. Que ainda temos que ser cuidadosos unsúltimo concurso da lotomaniarelação aos outros", afirma Keiji Fukuda, especialistaúltimo concurso da lotomaniainfluenza e diretor da escolaúltimo concurso da lotomaniasaúde pública da Universidadeúltimo concurso da lotomaniaHong Kong.

O sistemaúltimo concurso da lotomaniarastreamento do Japão também existe desde os anos 1950, quando combateu um surtoúltimo concurso da lotomaniatuberculose. O governo criou uma rede nacionalúltimo concurso da lotomaniacentrosúltimo concurso da lotomaniasaúde pública para identificar novas infecções e reportá-las ao ministério da Saúde. Se há suspeitaúltimo concurso da lotomaniatransmissão comunitária, um timeúltimo concurso da lotomaniaespecialistas é deslocado para rastrear as infecções, baseadoúltimo concurso da lotomaniacontato humano meticuloso e isolamento.

O Japão aprendeu três lições rapidamente

O Japão também descobriu dois padrões significativos bem no começo da pandemia.

O médico Kazuaki Jindai, pesquisador na universidadeúltimo concurso da lotomaniaKyoto, disse que os dados mostraram que maisúltimo concurso da lotomaniaum terço das infecções se originaramúltimo concurso da lotomanialugares muito similares.

"Nossos números mostraram que muitas pessoas infectadas haviam visitado casas noturnas e karaokês. Nós sabíamos que esses eram os locais que as pessoas precisavam evitar."

A equipe identificou que "respiração forte e proximidade", incluindo "cantarúltimo concurso da lotomaniasalõesúltimo concurso da lotomaniakaraokê, festas, celebrarúltimo concurso da lotomaniaclubes, conversarúltimo concurso da lotomaniabar e frequentar academias" como as atividadesúltimo concurso da lotomaniamaior risco.

Além disso, a equipe descobriu que a transmissão da infecção se restringiu a um percentual pequenoúltimo concurso da lotomaniapessoas que carregavam o vírus. Um estudo preliminar apontou que cercaúltimo concurso da lotomania80% das pessoas com Sars-Cov-2 não infectaram outras pessoas. Já os outros 20% eram altamente infecciosos.

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Legenda da foto, O estadoúltimo concurso da lotomaniaemergência não tornou obrigatório ficarúltimo concurso da lotomaniacasa, mas era uma sugestão

Tais descobertas levaram o governo a lançar uma campanha nacional avisando a população para evitar três coisas:

  • lugares fechados com pouca ventilação
  • lugares lotados com muita gente
  • contato próximoúltimo concurso da lotomaniaconversas

"Eu acho que isso provavelmente funcionou melhor do que apenas dizer para as pessoas ficaremúltimo concurso da lotomaniacasa", diz Jindai.

Embora os escritórios tenham ficado fora da lista, a expectativa eraúltimo concurso da lotomaniaque campanha chamadaúltimo concurso da lotomania"três Cs" no Japão reduziria a transmissão o suficiente para evitar um lockdown — e menos infecções significam menos mortes.

Por um tempo, isso funcionou. Mas,último concurso da lotomaniameadosúltimo concurso da lotomaniamarço, as infecções aumentaramúltimo concurso da lotomaniaTóquio e a cidade parecia caminhar para o crescimento exponencial, como Milão, Londres e Nova York.

Nesse momento, o Japão ou teve sorte ou fez algo muito esperto — ainda não sabemos ao certo.

Questãoúltimo concurso da lotomaniatiming

Kenji Shibuya afirma que as lições do Japão não são tão diferentesúltimo concurso da lotomaniaoutros lugares: "Para mim, foi tudo uma questãoúltimo concurso da lotomaniatiming".

O primeiro-ministro, Shinzo Abe, decretou um estadoúltimo concurso da lotomaniaemergência não obrigatórioúltimo concurso da lotomania7último concurso da lotomaniaabril, pedindo às pessoas que ficassemúltimo concurso da lotomaniacasa "se possível".

"Se tais medidas fossem adiadas, poderíamos ter vivido situação parecida com Nova York ou Londres. Mas a taxaúltimo concurso da lotomaniamortalidade está baixa (no Japão)."

"Mas um estudo recente da Universidadeúltimo concurso da lotomaniaColumbia sugere que se Nova York tivesse implementado o lockdown duas semanas antes teria prevenido milharesúltimo concurso da lotomaniamortes", diz o professor.

Um relatório recente do centroúltimo concurso da lotomaniaprevenção e controle dos Estados Unidos apontou que pessoas com comorbidades — como doenças cardíacas, obesidade e diabetes — têm seis vezes mais chancesúltimo concurso da lotomaniaser hospitalizadas se pegarem covid-19 e 12 vezes mais chancesúltimo concurso da lotomaniamorrer.

O Japão tem as taxas mais baixasúltimo concurso da lotomaniadoenças do coração e obesidade no mundo desenvolvido. Ainda assim, os cientistas insistem que esses sinais vitais não explicam tudo.

"Esse tipoúltimo concurso da lotomaniadiferença física pode ter algum efeito, mas eu acho que outras áreas são mais importantes. Nós aprendemos com a covid que não há explicação simples para nenhum fenômeno que estamos vendo. Há muitos fatores contribuindo para o resultado final", diz Fukuda.

Governo pediu, povo escutou

Mas, afinal, há alguma lição a ser aprendida como o modelo japonês?

O fatoúltimo concurso da lotomaniao Japão ter sido, até agora, bem-sucedidoúltimo concurso da lotomaniamanter as infecções e mortesúltimo concurso da lotomaniabaixa, sem confinar ou ordenar as pessoas que fiquemúltimo concurso da lotomaniacasa, indica algo sobre o futuro? A resposta é sim e não.

Não há "fator X", como se tudo dependesseúltimo concurso da lotomaniaapenas uma mesma coisa, quebrando a cadeiaúltimo concurso da lotomaniatransmissão. No Japão, no entanto, o governo conta com a ampla colaboração da população.

Apesarúltimo concurso da lotomanianão ter ordenado que a população ficasseúltimo concurso da lotomaniacasa como um todo, eles ficaram.

"Foi sorte, mas também surpreendente", diz o professor Shibuya . "Os lockdowns suaves do Japão tiveram um efeitoúltimo concurso da lotomaniaum lockdown real. Os japoneses colaboraram apesar da faltaúltimo concurso da lotomaniamedidas draconianas."

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Legenda da foto, No Japão, a maior parte dos estabelecimentos está reaberta e a vida volta ao normal

"Como você reduz o contato entre pessoas infectadas e não infectadas? Você precisaúltimo concurso da lotomaniauma certa resposta da população, o que não acho que pode ser facilmente replicadoúltimo concurso da lotomaniaoutros países", diz Fukuda.

O governo pediu para as pessoas se cuidarem, evitarem lugares lotados, usar máscaras e lavar as mãos, e,último concurso da lotomaniamaneira geral e ampla, foi exatamente isso que a maioria das pessoas fez.

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