Vitóriavip pokerBiden nos EUA ampliaria pressão por preservação da Amazônia:vip poker

"Na nossa trajetóriavip pokermaisvip pokercem anosvip pokerpolítica externa republicana tivemos pelo menos outros quatro momentosvip pokeralinhamento com os americanos: no início do século, com o Barão do Rio Branco, no governo Dutra, nos anos 1940, na ditadura militar, a partirvip poker1964 e no governo Collor, nos anos 1990. Mas nesse grau que vemos hoje é inédito. E é inédito também porque é um alinhamento ideológico, parece um alinhamento mais entre governos do que entre países", diz Dawisson Belém Lopes, professorvip pokerrelações internacionais da UFMG.

A harmonia não é evidente apenasvip pokergestosvip pokersimpatia, como no convitevip pokerTrump para que o filho do presidente brasileiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, estivesse na reunião privada dos dois mandatários no salão oval da Casa Brancavip pokermarçovip poker2019, ou nos bonés com slogans do político americano como "Make America Great Again" ou "Trump 2020", que o mesmo Eduardo gostavip pokervergarvip pokerpúblico.

O Brasil também alterou significativamentevip pokerposição histórica no xadrez global e ancorou suas opiniões na agendavip pokerTrump. Isso aconteceu, por exemplo, na propostavip pokermudar a embaixada brasileiravip pokerIsraelvip pokerTel-Aviv para Jerusalém, o que apenas os Estados Unidos fizeram até agora, e que foi considerado um desrespeito pelos árabes já que os palestinos disputam o controlevip pokerparte da cidade.

Ouvip pokerposturas agressivas contra a China e contra órgãos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas ou a Organização Mundial da Saúde. Ou mesmo na posição negacionista e céticavip pokerrelação ao coronavírus e ao aquecimento global.

E se der Biden na Casa Branca?

A eventual retomada da Casa Branca pelos democratas mudaria sensivelmente ao menos parte desse cenário. "É certo que a agenda do meio ambiente, direitos humanos e direitos trabalhistas que não está na mesa hoje na relação dos dois presidentes deve ser incorporada às discussões bilaterais caso Biden vença", afirmou à BBC News Brasil Abrão Árabe Neto, vice-presidente executivo da Câmara Americanavip pokerComércio (Amcham) no Brasil.

A possibilidadevip pokermudança tem gerado certa especulação e tensão entre brasileiros, alguns dos quais temem que o país possa ser ostracizado diante das diferenças entre Biden e Bolsonaro - o que anularia todo o investimento feitovip pokeruma aproximação que, segundo especialistasvip pokerrelações internacionais, por enquanto trouxe menos benefícios do que custos ao Brasil.

Contribuiu para o mal-estar uma carta que 24 deputados democratas da Comissãovip pokerOrçamento e Assuntos Tributários enviaram ao representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, no começovip pokerjunho.

Na comunicação os deputados diziam: "Nós nos opomos fortemente a buscar qualquer tipovip pokeracordo comercial com o governo Bolsonaro no Brasil. O aprimoramento do relacionamento econômico entre os Estados Unidos e o Brasil, neste momento, iria minar os esforços dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais brasileiros para promover o Estadovip pokerDireito e proteger e preservar comunidades marginalizadas".

Os dois países têm se esforçado para chegar a consenso sobre temas comerciais não tarifários e há a expectativavip pokerque haja algum anúncio nesse sentido até o fim do ano.

A embaixada brasileira foi a campo, por meiovip pokeruma carta, tentar desfazer o mal-estar. O indicado a embaixador do Brasilvip pokerWashington, Nestor Forster, também passou a procurar individualmente os congressistas que assinaram a carta para uma conversa.

Há cercavip pokertrês semanas, por vídeo, ele se reuniu com o congressista Earl Blumenauer, o responsável por comércio na Comissão.

Mas,vip pokeracordo com ex-auxiliaresvip pokerBiden e democratas ouvidos pela BBC News Brasil, não existe o riscovip pokerque o Brasil passe a ser tratado como uma espécievip pokerVenezuela da direitavip pokerum eventual novo governo democrata.

Primeiro porque o Brasil é visto como um paísvip pokerrelevância regional para ajudar a alterar o regime venezuelano, uma das prioridades no continente tanto para democratas quanto para republicanos.

Segundo porque, lembram os auxiliares, Biden não é Trump e vai atuar para trazer para a mesavip pokernegociação o máximovip pokeraliados possíveis, especialmentevip pokerum momentovip pokerque o status da China como o adversário a ser batido se tornou um consenso suprapartidário na política americana.

"Ideologia não deve ser a régua com a qual os Estados Unidos medem os seus aliados. O que importa são as áreasvip pokerinteressevip pokercomum que os dois países têm, independentementevip pokerquem seja o presidente do Brasil no momento", afirmou à BBC News Brasil Juan Gonzalez, ex-conselheiro para assuntosvip pokerAmérica Latina do então vice-presidente Joe Biden durante a gestão Obama.

"Biden é um político profissional, sabe muito bem separar retóricavip pokerpensamento estratégico", concorda Gabrielle Trebat, ex-secretária adjuntavip pokernegócios do Tesouro americano e atualmente diretora da consultoria McLarty, cujo fundador, Nelson Cunningham, também tem sido ouvido por Bidenvip pokertemasvip pokerAmérica Latina.

Segundo Trebat, a carta dos congressistas democratas fala mais sobre o momento político polarizado nos Estados Unidos - e sobre o interessevip pokerimpor derrota a Trumpvip pokerano eleitoral - do que sobre a relação com o Brasilvip pokersi.

"Com Biden tende a ser uma relação mais estável e previsível do que o que estamos vendo agora. Pode até ser bom para o Brasil", opina Trebat.

Em ao menos um aspecto, a deportaçãovip pokermassavip pokerbrasileiros, isso parece ser verdade. Trump tem como basevip pokersua agenda políticas anti-imigração e desde o fim do ano passado adotou a práticavip pokerenviar aviões fretados pelo governo americano brasileiros que cruzassem a fronteira com o México irregularmente.

Biden provavelmente suspenderia esse tipovip pokerdeportação sumária, que gerou críticas ao governovip pokerBolsonaro, acusadovip pokernão defender os brasileiros no exterior.

Biden está para o meio ambiente como Carter esteve para os direitos humanos?

Mas há ao menos um temavip pokerque uma eventual gestão democrata deve aumentar a pressão sobre o governo Bolsonaro.

Biden já anunciou que o meio ambiente será uma das suas prioridades: se vencer, vai recolocar os americanos no Acordo do Climavip pokerParis, do qual foram retirados por Trump,vip pokerum movimento que o próprio Bolsonaro disse ter interessevip pokerimitar.

Da mesma forma, o democrata já avisou que, emvip pokergestão, nenhum acordo comercial será fechado "sem que haja um ambientalista na mesavip pokernegociações".

Em março, durante um debate democratavip pokerque foi perguntado sobre o que faria para colocarvip pokerprática seu planovip pokerUS$1,7 trilhões anti-aquecimento global, Biden mencionou especificamente a questão do desmatamentovip pokerterritório brasileiro emvip pokerresposta: "Eu estaria agora organizando o hemisfério (ocidental) e o mundo para fornecer US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia, para que pudessem manter as florestas".

Diferentemente do que aconteceu no ano passado, durante a temporadavip pokerqueimadas na Amazônia, quando a Europa - especialmente França, Alemanha e Noruega - se levantou contra a devastação da floresta e o governo Trump atuou para baixar a fervura da discussão internacional e impedir que recomendações fossem feitas ao governo Bolsonaro pelos membros do G7, um governo Biden tenderia a atuar no caminho oposto.

Para um embaixador brasileiro com experiênciavip pokerEstados Unidos, ouvido reservadamente pela BBC News Brasil, o governo Biden poderia funcionarvip pokerrelação ao meio ambiente como o governo do democrata Jimmy Carter (1977-1981) atuouvip pokerfavor dos direitos humanos no Brasil e na América Latina durante os regimes militares na região.

Carter substituiu a política externa dos antecessores republicanos Ronald Reagan e Gerald Fordvip pokerindiferençavip pokerrelação a torturas, assassinatos e abusos cometidos pelos governos ditatoriais locais que eram simpáticos aos americanos e anti-soviéticos. Passou a pressionar pelo fim dessas práticas e influenciou,vip pokercerta medida, o processovip pokerredemocratização brasileira.

Em suas denúncias das violaçõesvip pokerdireitos humanos no Brasil, houve na equipevip pokerCarter quem defendesse sanções econômicas ao Brasil. Assim como na época, essa é uma saída improvávelvip pokerser aplicada pela gestão Biden.

Mas tanto a ideia do fundovip pokerapoio quanto um acompanhamento mais próximo da questão e eventual vocalizaçãovip pokercríticas públicas ou via Embaixada Americana no Brasil seriam muito prováveis,vip pokeracordo com membros do Itamaraty consultados pela reportagem.

Um governo Biden daria mais um empurrão no ministro Ernesto Araújo para fora da cadeiravip pokerchanceler.

Araújo é frequentemente lembradovip pokerWashington justamente por um discurso que fez na capital americana,vip pokersetembrovip poker2019, no think tank conservador Heritage Foundation,vip pokerque negava o aquecimento global e dizia que críticas na condução do paísvip pokerrelação à devastação da Amazônia eram meros ataques à soberania brasileira.

Para parte dos democratas, Araújo deixouvip pokerse mostrar um interlocutor respeitável nesse momento.

A crise do ano passado, aliada ao ciclo atualvip pokerdesmatamento, que já supera ovip poker2019, ajudam a explicar por que, há duas semanas, 29 instituições financeiras que gerenciam maisvip pokerR$ 3,7 trilhõesvip pokerinvestimentos enviaram ao Brasil uma cartavip pokerque afirmavam que "é provável que os títulos soberanos brasileiros sejam consideradosvip pokeralto risco se o desmatamento continuar".

O agronegócio brasileiro também passou a enfrentar resistências aos produtos exportados para Europa.

Em um possível governo Biden, o mal-estar também poderia chegar aos Estados Unidos. Mas, argumentam auxiliares do democrata ouvidos pela BBC News Brasil, erra quem apostarvip pokermedidas duras e cortevip pokervias diplomáticas.

Citam como exemplo do estilo diplomáticovip pokerBidenvip pokercondução da crise aberta com a então presidente brasileira Dilma Rousseff,vip poker2013, diante das denúnciasvip pokerque a Agênciavip pokerSegurança Nacional (NSA, na siglavip pokeringlês) havia espionado comunicações dela,vip pokeroutros integrantes do governo brasileiro e da Petrobras.

Dilma cancelou viagem que faria aos Estados Unidos, durante a qual seria recebidavip pokerjantarvip pokergala na Casa Branca por Obama. Biden se empenhou pessoalmentevip pokerse desculpar e desfazer o mal-estar.

Tanto assim quevip poker2014, o então vice-presidente veio ao Brasil para se encontrar com Dilma e tentar reestabelecer o relacionamento. Conseguiu costurar uma nova visita da mandatária brasileira aos Estados Unidos para 2015.

"Ele não fez isso porque era a Dilma Rousseff ou qualquer outro. Ele fez isso porque ele é Joe Biden. Ele sempre trabalhou para aproximar Brasil e Estados Unidos. Esse interessevip pokeraproximação do Brasil existe, ele não vai fechar a porta para isso", afirma um ex-auxiliarvip pokerBiden à BBC News Brasil.

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