Coronavírus: custo alto pode deixar países mais pobres sem acesso a vacina contra covid-19:slot gold party

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Legenda da foto, Enquanto laboratórios correm para desenvolver vacina, especialistas se preocupam com o tempo que ela pode levar para se universalizar

"Precisamos que esta vacina esteja pronta", acrescenta.

'Distribuição desigual'

Mas já existem preocupações a respeitoslot gold partycomo soluções como a da Inovio podem acabar sendo "monopolizadas" por países mais ricos.

Um dos que alertam para esse riscoslot gold party"lacunaslot gold partyimunização" é o epidemiologista Seth Berkley. Ele é CEO da The Vaccine Alliance (Gavi), uma parceria globalslot gold partysaúdeslot gold partyorganizações do setor público e privado comprometidasslot gold partyaumentar o acesso à imunizaçãoslot gold party73 dos países mais pobres do mundo.

Entre seus membros está a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Legenda da foto, Seth Barkley (dir) e o filantropo bilionário Bill Gates (esq)slot gold partyconferênciaslot gold party2015; eles defendem o acesso igualitário às vacinas

"Precisamos discutir isso agora, mesmo que ainda não haja uma vacina disponível", diz Berkley à BBC.

"O desafio será garantir que haja vacinas suficientes para as pessoas que precisam dela nos países ricos, mas também para as que precisam nos países pobres. É claro que estou preocupado. Maus comportamentos sempre acontecem com mercadorias raras. Precisamos fazer a coisa certa aqui", acrescenta.

O temorslot gold partyBerkley não é infundado: o acesso desigual já ocorreu — e vem ocorrendo — com vacinas anteriores.

Recentemente, o jornal alemão Welt Am Sontag citou funcionários do alto escalão do governo para relatar que o presidente dos EUA, Donald Trump, tentou — e fracassou — garantir acesso exclusivo dos americanos a uma vacina que está sendo desenvolvida pela empresa alemãslot gold partybiotecnologia CureVac.

Lacuna da hepatite B

Um excelente exemplo dessa lacunaslot gold partyimunização é a vacina contra a hepatite B, vírus que é a principal causaslot gold partycâncerslot gold partyfígado e é 50 vezes mais infeccioso do que o HIV, segundo a OMS.

Estima-se que 257 milhõesslot gold partypessoasslot gold partytodo o mundo viviam com hepatite Bslot gold party2015.

A imunização contra a doença tornou-se disponível nos países mais ricosslot gold party1982, masslot gold party2000 menosslot gold party10% dos países mais pobres do mundo tinham acesso à vacina.

Criadaslot gold party2000 por Bill e Melinda Gates, a Gavi ajudou a diminuir significativamente esse atraso com outras vacinas, graças a acordos com governos e empresas farmacêuticas.

Outro ator importante é a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Coalizão para inovaçõesslot gold partyPreparação para Epidemias ou Cepi, na siglaslot gold partyinglês), uma agência da Noruega criadaslot gold party2017 para financiar o desenvolvimentoslot gold partyvacinas usando dinheiroslot gold partydoações públicas e privadas.

O Cepi defende abertamente o acesso igualitário às vacinas.

"Como a covid-19 demonstra, as doenças infecciosas ignoram completamente as fronteiras políticas", afirmou a instituição por meioslot gold partyum comunicado. "Não podemos prevenir ou conter uma ameaça globalslot gold partydoenças infecciosas sem uma distribuição justaslot gold partyvacinas."

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Legenda da foto, Vacina contra hepatite B (acima, sendo ministrada no Congo) é um dos exemplosslot gold partyimunização que levaram mais tempo a chegar aos países mais pobres

Acesso desigual

No entanto, a realidade ainda não é essa.

Um exemplo é o Gardasil, uma vacina criadaslot gold party2007 pelo laboratório americano Merck para combater o vírus do papiloma humano (HPV).

Em 2014, autoridades americanas liberaram seu uso.

O HPV está por trás da maioria dos casosslot gold partycâncer cervicalslot gold partytodo o mundo, mas, até o ano passado, as vacinas só estavam disponíveis para 13 paísesslot gold partybaixa renda (o Brasil é um dos países que oferecem a vacina contra o HPV na rede pública, para meninasslot gold party9 a 14 anos e meninosslot gold party11 a 14 anos).

O culpado? Uma escassez global causada pela crescente demanda.

Isso apesarslot gold party85% das mortes globais por câncer do colo do útero ocorreremslot gold partypaísesslot gold partydesenvolvimento.

Para entender por que essa escassez acontece, é preciso analisar o mercado das vacinas.

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Legenda da foto, Bill Gates empenhou maisslot gold partyUS$ 10 bi para promover a imunizaçãoslot gold partypaíses mais pobres

'Galinha dos ovosslot gold partyouro'

As vacinas não são a "galinha dos ovosslot gold partyouro" da indústria farmacêutica — enquanto o mercado globalslot gold partyprodutos farmacêuticos valia US$ 1,2 trilhãoslot gold party2018 (últimos dados disponíveis), elas somaram cercaslot gold partyUS$ 40 bilhões no mesmo período.

Essa disparidade é um reflexoslot gold partycomo esse setor específico envolve muito mais riscos do que outros tiposslot gold partymedicamento.

As vacinas têm custos mais altosslot gold partypesquisa e desenvolvimento e regulamentações muito mais complexasslot gold partyrelação a seus testes.

Além disso, as agênciasslot gold partysaúde pública, seus principais clientes, compram doses a preços mais baixos do que os clientes particulares.

Isso geralmente torna as vacinas menos lucrativas que os medicamentos comuns - especialmente aquelas que são aplicadas apenas uma vez na vida.

Nos Estados Unidos, o númeroslot gold partyfabricantesslot gold partyvacinas caiuslot gold party26slot gold party1967 para cincoslot gold party2004 , quando as empresas começaram a se concentrar cada vez maisslot gold partytratamentos e nãoslot gold partyprevenção.

No entanto, desde então, o cenário vem mudando. Graças a financiamentosslot gold partyinstituições e pessoas como Bill e Melinda Gates, que doaram bilhõesslot gold partydólares para aumentar a cobertura vacinal nos últimos anos, a demanda por esses produtos aumentou.

Vacinasslot gold partygrande sucesso

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Legenda da foto, A vacina contra HPV não chegou a muitos países, apesar da grande demanda

A indústria obteve notável sucesso comercial com inovações como a Prevenar, uma vacina usada para proteger crianças e adultos contra as bactérias que causam pneumonia.

Em 2019, a Prevenar foi um dos 10 medicamentos mais vendidosslot gold partytodo o mundo, arrecadando US$ 5,8 bilhões, segundo a revista científica Nature.

Fabricada pela Pfizer, essa vacina vendeu mais que o medicamento mais famoso desse laboratório: o Viagra.

Enquanto nos países mais pobres da Gavi uma dose únicaslot gold partyPrevenar custa menosslot gold partyUS$ 3, graças a acordosslot gold partycompra antecipada (um compromissoslot gold partycomprar grandes quantidadesslot gold partyvacinas, o que reduz o preço por dose), os preços aumentam para US$ 180 nos Estados Unidos.

No Reino Unido, a vacinaslot gold partyHPV, tomadaslot gold partyduas doses e coberta gratuitamente pelo sistemaslot gold partysaúde apenas para meninas e meninosslot gold party12 e 13 anos, custa US$ 351.

O preço do Gavi é muito inferior: US$ 5.

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Legenda da foto, Ao contrário do que muitos acreditam, vacinas não costumam ser a galinha dos ovosslot gold partyouro da indústria farmacêutica

Preocupações com o livre mercado

Portanto, para os laboratórios farmacêuticos, há lucros maioresslot gold partymercados mais ricos.

As companhias veem essa oportunidade como uma formaslot gold partyrecuperar os imensos custosslot gold partypesquisa e desenvolvimento.

A Associação da Indústria Farmacêutica do Reino Unido estima que o desenvolvimentoslot gold partyuma nova vacina possa custar até US$ 1,8 bilhão.

"Se deixarmos o mercado ditar as regras, apenas pessoasslot gold partypaíses ricos terão acesso a uma vacina para covid-19", explica à BBC Mark Jit, professor da Escolaslot gold partyHigiene e Medicina Tropicalslot gold partyLondres.

"Vimos isso com muitas vacinas no passado, mas dessa vez enfrentamos uma tragédia muito maior se isso acontecer novamente."

Além disso, apesar das baixas margensslot gold partylucro, grandes empresas farmacêuticas, como Pfizer e Merck, são responsáveis por 80%slot gold partytodas as vendas globaisslot gold partyvacinas,slot gold partyacordo com dados da OMS.

É mais que provável, então, que esses gigantes da áreaslot gold partysaúde participemslot gold partyuma vacina contra o coronavírus.

"Eles podem não desenvolver a ideia original, mas são os que têm mais poder financeiro para criar a vacina", diz à BBC Ana Nicholls, analista da indústria farmacêutica da Economist Intelligence Unit, unidadeslot gold partyinteligência da revista britânica The Economist.

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Legenda da foto, Pesquisa e desenvolvimentoslot gold partyvacinas costuma ser caro

Consenso

Sendo assim, a Inovio, por exemplo, terá que costurar uma parceria com uma empresa farmacêutica para aumentar a produção para o nívelslot gold partycentenasslot gold partymilhõesslot gold partydoses, casoslot gold partyvacina contra o coronavírus seja bem-sucedida.

As grandes empresas do setor se comprometeram publicamente a trabalhar no acesso universal a vacinas nos últimos anos.

A GlaxoSmithKline (GSK) do Reino Unido, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo, está envolvidaslot gold partyvárias parcerias para desenvolver vacinas contra covid-19.

"Derrotar a covid-19 requer um esforço coletivoslot gold partytodos os que trabalham na área da saúde", afirmou a CEO da empresa, Emma Walmsley, por meioslot gold partyum comunicado.

"Acreditamos firmemente que colaborações entre cientistas, indústria, reguladores, governos e profissionaisslot gold partysaúde ajudarão a proteger as pessoas e a fornecer soluções globais para essa pandemia".

Seth Berkley, da Gavi, diz acreditar que esse consenso será fundamental se quisermos evitar uma "lacunaslot gold partyimunização".

"É claro que o acesso universal não acontecerá imediatamente. Mas isso não pode gerar uma situaçãoslot gold partyque as pessoas só recebam a vacina com base emslot gold partycapacidade financeira", acrescenta. "Se nos esquecermos daqueles que mais precisam, a epidemia continuará."

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