Coronavírus: a situação dos cidadãos mais pobres da Índia na pandemia:betano é confiavel

Mas eu ouvi, quase sem acreditar.

Logo vi um grupobetano é confiavelhomens amontoadosbetano é confiavelum canto.

Parei e perguntei a eles, a uma distância segura, se eles estavam seguindo as restrições.

"Sabia que não haveria ninguém para nos contratar, mas ainda assim nos arriscamos", disse Ramesh Kumar, que vem do distritobetano é confiavelBanda, no Estadobetano é confiavelUttar Pradesh.

"Eu ganho 600 rúpias (R$ 40) todos os dias e tenho cinco pessoas para alimentar. Nós ficaremos sem comidabetano é confiavelalguns dias. Conheço o riscobetano é confiavelcoronavírus, mas não posso deixar meus filhos com fome", ele acrescentou.

Milhõesbetano é confiaveloutros trabalhadores estãobetano é confiaveluma situação semelhante. A quarentena anunciada pelo primeiro-ministro Narendra Modi na noitebetano é confiavelterça-feira significa que agora eles enfrentam a perspectivabetano é confiavelnão ter renda nas próximas três semanas. A probabilidade é que alguns ficarão sem comida nos próximos dias.

A Índia tem maisbetano é confiavel500 casos confirmados e pelo menos 10 pessoas morreram.

Vários governos estaduais, incluindo osbetano é confiavelUttar Pradesh, no norte, Kerala, no sul, e a capital nacional, Déli, prometeram transferências diretasbetano é confiaveldinheiro para contasbetano é confiaveltrabalhadores como Kumar. O governo do primeiro-ministro Modi também prometeu ajudar os assalariados afetados pelo bloqueio.

Mas há desafios logísticos.

Pelo menos 90% da forçabetano é confiaveltrabalho da Índia trabalha está no setor informal,betano é confiavelacordo com a Organização Internacional do Trabalho,betano é confiavelfunções como seguranças, funcionáriosbetano é confiavellimpeza, puxadoresbetano é confiavelriquixás (veículobetano é confiavelduas rodas para uma pessoa), vendedores ambulantes, coletoresbetano é confiavellixo e domésticas.

Desamparados e sem renda

A maioria não tem acesso a aposentadoria, licença médica, licença remunerada ou qualquer tipobetano é confiavelseguro. Muitos não têm contas bancárias, precisandobetano é confiaveldinheiro vivo para atender às suas necessidades diárias.

Muitos são trabalhadores migrantes, o que significa que eles são tecnicamente residentesbetano é confiavelum Estado diferente daquelebetano é confiavelque trabalham. Além disso, há o problema da população flutuante: pessoas que não vivembetano é confiavelnenhum Estado por um longo período e que se deslocam para encontrar trabalho.

Akhilesh Yadav, ex-ministro-chefebetano é confiavelUttar Pradesh, admite que esses desafios são enormes, reconhecendo que "ninguémbetano é confiavelnenhum governo os enfrentou antes".

"Todos os governos precisam agir rapidamente, porque a situação está mudando todos os dias. Precisamos ativar grandes cozinhas comunitárias e entregar comida para as pessoas que precisam. Precisamos distribuir dinheiro, arroz e trigo — independentementebetano é confiavelquem vembetano é confiavelqual Estado", ele disse.

Yadav está particularmente preocupado com seu Estado, que é o mais populoso da Índia, com cercabetano é confiavel220 milhõesbetano é confiavelhabitantes.

"Temos que impedir que as pessoas viajembetano é confiaveluma cidade a outra para evitar a transmissão da comunidade. E uma maneirabetano é confiavelfazer isso é garantir a segurança alimentar. As pessoas correm para seus vilarejosbetano é confiaveltemposbetano é confiavelcrise", acrescentou.

O ministro-chefebetano é confiavelUttar Pradesh, Yogi Adityanath, disse que uma equipebetano é confiaveltrabalhadores estava rastreando aqueles que chegarambetano é confiaveloutros Estados e todos que precisambetano é confiavelajuda serão apoiados por seu governo.

A Indian Railways suspendeu todos os serviçosbetano é confiaveltrensbetano é confiavelpassageiros até 31betano é confiavelmarço.

Porém, apenas alguns dias antes do início da quarentena, centenasbetano é confiavelmilharesbetano é confiaveltrabalhadores migrantes viajarambetano é confiaveltrens lotadosbetano é confiavelcidades atingidas por surtos como Déli, Mumbai e Ahmedabad até seus vilarejos nos Estadosbetano é confiavelUttar Pradesh e Bihar.

Isso aumentou o riscobetano é confiaveltransmissão da comunidade e os especialistas temem que as próximas duas semanas sejam as mais desafiadoras para a Índia.

No entanto, nem todos puderam se dar ao luxobetano é confiavelviajar para suas aldeias.

Frustração e incerteza

Kishan Lal, que trabalha como puxadorbetano é confiavelriquixás na cidadebetano é confiavelAllahabad, no norte, disse que não ganhou dinheiro nos últimos quatro dias.

"Preciso ganhar dinheiro para alimentar minha família. Ouvi dizer que o governo vai nos dar dinheiro — embora eu não tenha ideiabetano é confiavelquando e como", disse ele.

Seu amigo Ali Hasan, que trabalha como faxineirobetano é confiaveluma loja, disse que ficou sem dinheiro para comprar comida.

"A loja fechou há dois dias e eu não fui pago. Não sei quando ela será aberta. Estou com muito medo. Tenho uma família, como vou alimentá-los?", indaga.

Milhõesbetano é confiavelindianos também ganham dinheiro como empresáriosbetano é confiavelrua — aqueles que possuem pequenas empresas e empregam pessoas com condições parecidas.

Mohammed Sabir, que administra uma pequena barracabetano é confiavelbebidas à basebetano é confiaveliogurtebetano é confiavelDéli, diz que contratou duas pessoas recentemente, antecipando a expectativabetano é confiavelmais negócios durante o verão.

"Agora não posso pagá-los. Não tenho dinheiro. Minha família ganha algum dinheiro com a agricultura no meu vilarejo. Mas suas colheitas foram danificadas este ano devido a uma tempestadebetano é confiavelgranizo, então eles estavam contando comigo."

"Sinto-me tão desamparado. Receio que a fome possa matar muitos como nós antes do coronavírus", disse ele.

Todos os monumentos também estão fechados no país e isso teve um impacto para muitos que ganham dinheiro com o turismo.

Tejpal Kashyap, fotógrafo no icônico Portão da Índiabetano é confiavelDéli, disse que nunca viu uma queda tão acentuada no trabalho.

"As últimas duas semanas foram ruins, mesmo antes da quarentena. Quase não havia turistas. Agora, não posso nem voltar para minha cidade e nem trabalhar. Estou preso aquibetano é confiavelDéli e constantemente preocupado com minha famíliabetano é confiavelUttar Pradesh", disse ele.

Motoristasbetano é confiavelserviçosbetano é confiavelcarona como Uber e Ola também estão sofrendo.

Joginder Chaudhary, que dirige um táxi para os funcionáriosbetano é confiaveluma companhia aéreabetano é confiavelDéli, diz que o governo precisa dar "algum alívio a pessoas como eu".

"Entendo a importância do bloqueio. O coronavírus é perigoso e precisamos nos proteger. Mas não posso deixarbetano é confiavelpensarbetano é confiavelcomo vou sustentar minha família se o bloqueio continuar por semanas", disse ele.

E alguns nem ouviram falarbetano é confiavelcoronavírus.

Um engraxate, que não quis dar seu nome, disse que vinha "polindo os sapatos das pessoas na estação ferroviáriabetano é confiavelAllahabad há anos, mas ninguém aparece agora".

Ele disse que nem sabe por que as pessoas pararambetano é confiavelviajar.

"Não sei o que está acontecendo. Hojebetano é confiaveldia, muitas pessoas não chegam à estação. Sei que há algum toquebetano é confiavelrecolher, mas não sei por quê", afirmou.

Vinod Prajapati, que vende garrafasbetano é confiavelágua na mesma área, intervém na conversa.

"Eu sei tudo sobre o coronavírus. É muito perigoso, o mundo inteiro está lutando. A maioria das pessoas que têm dinheiro ficambetano é confiavelambientes fechados. Mas para pessoas como nós, a escolha é entre segurança e fome. O que devemos escolher?" ele pergunta.

*Vivek Singh colaborou com informações e fotos

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