'Não há nada que o Brasil ganhe se metendo num vespeiro no Oriente Médio', diz ex-chancelerbet sbTemer:bet sb

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Aloysio Nunes: 'Os países do Oriente Médio estão entre os maiores importadores nossosbet sbprodutos do agronegócio'

A mesma posiçãobet sbapoio aos americanos foi depois reiterada pelo presidente Jair Bolsonaro — e o MRE lançou uma circular interna pedindo a diplomatas brasileiros que não participassembet sbqualquer demonstração públicabet sbcondolências pela mortebet sbSoleimani.

Crédito, Arthur Max/AIG-MRE

Legenda da foto, 'Em trocabet sbquê você altera uma linha que caracteriza há décadas o perfil internacional do Brasil?', questiona Nunes

A chancelaria brasileira fez mais um gestobet sbafastamento do Irã ao cancelar uma reunião que a encarregadabet sbnegócios da embaixada brasileirabet sbTeerã, Maria Cristina Lopes, realizaria nesta quarta (08).

Na segunda-feira, a diplomata já tinha sido convocada pelo governo iraniano a prestar esclarecimentos sobre a nota do Itamaratybet sbapoio aos EUA.

Aloysio Nunes comandou o Itamaratybet sbmarçobet sb2017 até o fimbet sb2018, no governobet sbMichel Temer (MDB). Ele lembra que o Brasil tem interesses comerciais no Oriente Médio — os países da região, inclusive o Irã, estão entre os principais compradoresbet sbprodutos agrícolas brasileiros.

"Não há nada, nada, que o Brasil ganhe com isto, nos metendo num vespeiro no Oriente Médio. Onde nós temos muitos interesses sim. De natureza comercial, além dos interesses políticos. Os países do Oriente Médio estão entre os maiores importadores nossosbet sbprodutos do agronegócio", diz ele.

"Nós estamos nos metendo num vespeirobet sbuma região onde há interesses estratégicos, geopolíticos, religiosos, que formam um quebra-cabeça inextricável (que não pode ser desembaraçado) para quem não entra lá com uma ideia simples na cabeça. E a ideia simples é a defesa da paz, do diálogo, do direito internacional. Que nos permitia andar naquele formigueiro sem sermos molestados. É o que nós temos feito ao longo das últimas décadas", diz ele.

"Eu mesmo fiz uma viagem, nos últimos tempos da minha gestão. Fui a Ramallah (na Cisjordânia), fui a Amã (capital da Jordânia), fui a Beirute (capital do Líbano), fui a Jerusalém. Conversei com as mais altas autoridadesbet sbcada um desses países sem nenhuma… sem que ninguém questionasse a posição tradicional do Brasilbet sbtemas como a solução dos Dois Estados (no conflito entre judeus e palestinos), da resolução pacífica (de conflitos), do respeito às resoluções das Nações Unidas", diz Nunes.

"Portanto, para uma região complexa, ideias simples. Nós não temos nada a ganhar (abandonando a neutralidade que caracteriza a política externa brasileira), diz o ex-chanceler.

Jair Bolsonaro comentou a escaladabet sbtensões entre os EUA e o Irã algumas vezes ao longo da semana — ebet sbvárias ocasiões criticou as relações mantidas pelo governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) com a república islâmica.

Disse, também, que o Brasil trabalha para manter a paz. "Nós temos que seguir as nossas leis. Nós não podemos extrapolar. Mas acredito que a verdade tem que fazer parte do nosso dia a dia, porque nós queremos a paz no mundo", disse Bolsonaro, na quarta-feira (08).

No dia anterior, Bolsonaro disse a repórteres que deseja manter as relações comerciais do Brasil com o país do oriente médio. "Temos comércio com o Irã e vamos continuar (...). Eu quero saber uma coisa: o Irã adotou alguma medida contra nós? Eu acho que não", disse o presidente.

A reportagem da BBC News Brasil também procurou o Itamaraty por meio da assessoriabet sbimprensa do órgão, para comentários sobre as críticas feitas por Aloysio Nunes. A pasta respondeu apenas que já manifestou-se "sobre os acontecimentos no Iraque e a luta contra o terrorismo na nota nº 1/2020", mencionada neste texto.

'Até mais ideológico que o PT'

Para Aloysio Nunes, que também foi senador pelo PSDBbet sbSão Paulo (2011-2019) e ministro da Justiça no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (2001-2002), a única explicação para o alinhamento do Brasil a Washington é um "impulsobet sbnatureza ideológica".

"É a ideiabet sbque o Trump é o nosso aliado,bet sbque estamos sobre a proteção do mesmo Deus, o Deusbet sbTrump, para combater o globalismo, o comunismo, o laicismo, essas coisas. Que são, como você sabe (na visão deles), destruidoras da civilização ocidental. Não tem outra razão, a não ser a motivação ideológica", avalia o ex-ministro.

"Ou seja, se criticava o PT por determinadas atitudes da política externa, que respondiam somente à ideologia, mas estamos indo muito além, no atual governo. E num tema da maior delicadeza, que é o tema da guerra e da paz. Nos afastandobet sbuma linha da qual nunca nos afastamos, mesmo quando os EUA nos pressionaram para estar do lado deles, nas batalhas que eles travaram mundo afora", diz ele.

"Acho que é até por isso que o governo norte-americano nos respeita, ou nos respeitava. Nunca foi (o governo brasileiro) caudatário (da política externa dos EUA). (...) Tirando a época do PT,bet sbalgumas fases, onde prevaleceu um certo antiamericanismo ginasiano, desde o Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior, 1845-1912) o Brasil sempre estimou a importânciabet sbtermos boas relações, relações produtivas com os Estados Unidos", diz.

Pacifismo é tradiçãobet sbnossa política externa, diz professor

Um alinhamento tão forte aos Estados Unidos não é adotado pelo Brasil desde a redemocratização, nos anos 1980, diz Leandro Consentino, professorbet sbciência política e relações internacionais do Insper.

"É algo inédito, na Nova República (desde 1988), um alinhamento automático tão forte a um lado, o dos Estados Unidos. Já tivemos no passado pontosbet sbalinhamento aos EUA, nos governosbet sbEurico Gaspar Dutra (1946-1951) e Castelo Branco (1964-1967). Mas desde a redemocratização, o perfil da política externa brasileira tem sido mais pragmático", diz Consentino.

"Desde então, temos buscado uma relação boa com os Estados Unidos, mas mantendo o nosso espaçobet sbmanobra", diz ele.

Crédito, AIG - MRE

Legenda da foto, Nunes no Muro das Lamentações,bet sbJerusalém,bet sbmarçobet sb2018: Brasil era bem-visto por todos na região

A tradição da política externa brasileira está assentadabet sbtrês pilares: universalismo, respeito ao direito internacional e pacifismo, diz o professorbet sbrelações internacionais da Escolabet sbAdministraçãobet sbEmpresasbet sbSão Paulo (EAESP) da FGV, Guilherme Casarões.

Na avaliação dele, os três fundamentos são comprometidos pela adesão da política externa brasileira aos planosbet sbDonald Trump.

"Universalismo consistebet sbter uma boa relação com todos os países, ou com o maior número possívelbet sbpaíses. O Brasil nunca se prendeu a nenhum ladobet sbnenhuma briga e nunca fechou portas para ninguém. E isto vem sendo rompido com o governo Bolsonaro. Essa é uma decisão que Ernesto Araújo já abriu (tornou pública),bet sbmaneira óbvia, quando disse que o universalismo 'tirava a alma' da política externa brasileira", diz ele.

"A outra questão é o multilateralismo, isto é, o respeito ao direito internacional. A açãobet sbTrump foi super polêmica. Fazer o assassinatobet sbum líderbet sbuma organização estatal, é algo raro na história recente. É diferentebet sblutar contra o terrorismo — e os EUA mataram o (Osama) Bin Laden (da Al-Qaeda,bet sb2011), mataram o (Abu Bakr) al-Baghdadi (do Estado Islâmico,bet sb2019), mas nesse caso estamos falando do líder da força militarbet sbum país", diz ele.

"E por fim tem o terceiro pilar, o pacifismo, isto é, a ideiabet sbque o governo brasileiro, ou o Brasil, não se envolvebet sbconflitos internacionaisbet sbmaneira direta. O repúdio a qualquer ação militar,bet sbqualquer natureza, sempre foi uma marca da política externa brasileira, e isso também está sendo colocadobet sblado", diz Casarões.

"Esta última é uma das marcas mais importantes da política externa brasileirabet sbtodo o período republicano. Fora as duas guerras mundiais, o Brasil nunca participoubet sbnenhuma ação militar iniciada fora do contexto das Nações Unidas", diz Casarões.

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