A menina judia que escapou dos nazistas graças à ajudawww casadeapostas comum estranho nos Alpes franceses:www casadeapostas com

Uma delas era Edith, mãe das garotas, capturada enquanto tentava obter documentos falsos para ela e para Huguette. Edith acabaria deportadawww casadeapostas comoutubro e enviada à câmarawww casadeapostas comgás ao chegar ao campowww casadeapostas comAuschwitz — algo que as irmãs só saberiam mais tarde, depois do fim da guerra.

Aos 15 anos, Huguette conseguira chegar a Lyon para viver com Marion,www casadeapostas com23. Dessa vez, as duas irmãs tinhamwww casadeapostas comse mudar novamente.

No invernowww casadeapostas com1943, no entanto, as montanhas dos Alpes eram um lugar arriscado para se esconder. Soldados alemães recém-chegados do front russo estavam hospedados no Hotel des Glaciers, tambémwww casadeapostas comVal d'Isère. Eles pilhavam hotéis e restaurantes e queimavam chalés no casowww casadeapostas comencontrar alguém que tivesse sido convocado (e deixadowww casadeapostas comir) para trabalharwww casadeapostas comfábricas alemãs. Locais ainda se referem à ocupação nazista como uma épocawww casadeapostas com"terror".

A SS também estava à espreitawww casadeapostas combuscawww casadeapostas comestranhos que fossem suspeitos. Por isso, a escolhawww casadeapostas comVal d'Isère como destino é algo que até hoje intriga Huguette, aos 92 anoswww casadeapostas comidade. Uma possibilidade é que Marion tivesse sido orientada a ir para os Alpes por seu futuro marido, Pierre Haymann, membro da resistência francesa. Mas as irmãs se encontraramwww casadeapostas comgrave perigo quando, pouco antes do Natal, Huguette escorregou e quebrou a perna.

O médico da aldeia afirmou que o rompimento era tão grave que a adolescente teriawww casadeapostas comser transferida ao hospitalwww casadeapostas comBourg St Maurice, no vale ali perto. Assustadawww casadeapostas comque a transferência fizesse com que as meninas fossem identificadas, Marion entrouwww casadeapostas compânico e deu um soco na cara do médico.

Em uma manhã nubladawww casadeapostas comSan Francisco, nos EUA, Huguette respira fundo e continua contando a históriawww casadeapostas comcomo sobreviveu ao Holocausto, sob os cuidados daquele mesmo médico.

"Acho que fiquei lá por seis meses, não lembro ao certo — só me lembrowww casadeapostas comque era seguro", ela diz.

Antes, nem Huguette nem Marion aceitavam falarwww casadeapostas comseu período passado nos Alpes. Só resta uma fotografia daquela época, guardadawww casadeapostas comuma velha mala na casawww casadeapostas comMarion — que morreuwww casadeapostas com2010 —, que mostra a jovemwww casadeapostas compé diantewww casadeapostas comum chalé na montanha nevada.

É só agora, 76 anos depois, que Huguette decidiu que quer quewww casadeapostas comhistória seja contada.

As duas irmãs haviam nascidowww casadeapostas comBerlim nos anos 1920 e fugiram da Alemanha para a França com os paiswww casadeapostas com1933, pouco depoiswww casadeapostas comHitler ascender ao poder.

Marion tinha documentos falsificados, mas Huguette, não. Seus pais tomaram o cuidadowww casadeapostas combatizá-la, para evitar que tivesse a letra "J"www casadeapostas comjudia marcadawww casadeapostas comseu documentowww casadeapostas comindentidade, mas este atestava que ela havia nascidowww casadeapostas comBerlim — informação que seria suficiente para que ela fosse presa e enviada à morte quando chegasse ao hospitalwww casadeapostas comBourg St Maurice com a perna quebrada.

Huguette lembra que, naquele dia, o médico explicou que, sem os devidos cuidados, ela acabaria com uma perna mais curta que a outra. "Respondi que era melhor mancar do que estar morta", ela conta.

Surpreendentemente, o médico se ofereceu para cuidar dela, durante seis meses, na casa dele.

Para ela, é um mistério por que um completo estranho arriscouwww casadeapostas comvida para cuidarwww casadeapostas comuma adolescente. Se ele tivesse sido flagrado, ele ewww casadeapostas comfamília seriam mortos ou detidos.

"Quando voltei a Val d'Isère nos anos 1970 para encontrá-lo e agradecê-lo, já era tarde demais", ela conta. "A viúva dele atendeu a porta e disse que ele estava morto. Foi isso. E hoje eu não consigo lembrarwww casadeapostas comseu nome completo."

Uma rápida busca no Google reativawww casadeapostas commemória e revela o nome do médicowww casadeapostas compoucos segundos. A principal rotatóriawww casadeapostas comVal d'Isère é Rond-Point Dr Pétri. O médico, confirma Huguette, se chamava Frédéric Pétri e moravawww casadeapostas comum grande chalé comwww casadeapostas commãe ewww casadeapostas comirmã. "Ele era muito gentil", lembra ela. "Ele me carregava para o jardim quando o clima estava bom."

Um sitewww casadeapostas comgenealogia revela que Pétri acabou se tornando prefeitowww casadeapostas comVal d'Isère. Mas ele nunca contou ao público que havia escondido (e cuidado de) uma garota judia durante a guerra.

A filha dele, Christel, não se surpreende com a revelação. "Ele era movido por uma paixão, não por engessar pernas quebradas, mas por cuidarwww casadeapostas comgente", ela conta. "Era profundamente generoso e durante toda a vida fez o que pôde pelos demais."

Hoje, Val d'Isère se estende por quase 5 km por um estreito altiplano na montanha. Mas, nos anos 1940, era um lugar pequeno, com menoswww casadeapostas com150 habitantes. "A casa do meu pai era na rua principal", explica Christel. "Esconder uma menina judia ali era algo perigoso."

Christel tenta entender por que as duas irmãs escolheram se esconderwww casadeapostas comuma aldeia tão minúscula. Ela acha que a resposta pode estar relacionada ao motivo que trouxe seu próprio pai a Val d'Isère.

Em 1938, o jovem médico, apaixonado por esporteswww casadeapostas cominverno, decidiu se juntar a amigos que haviam construído um resort ali, alguns anos antes. Como muitos dos homens que comandavam os hotéis e escolaswww casadeapostas comesqui por ali, Pétri nascera na Alsácia, região do leste da França que antes da Primeira Guerra Mundial havia sido ocupada pelos alemães.

Christel acha que isso embutiu no pai um desgosto pela Alemanha que foi depois reforçado pelos dois anos que ele passou como prisioneirowww casadeapostas comum campowww casadeapostas comguerra pertowww casadeapostas comStuttgart,www casadeapostas com1940 a 42, já na Segunda Guerra.

Quando os alemães chegaram aos Alpes,www casadeapostas comsetembrowww casadeapostas com1943, os jovens homens e mulhereswww casadeapostas comVal d'Isère usaram as melhores armas que tinham: os esquis. Com seus conhecimentos das montanhas, eles criaram uma redewww casadeapostas comresistência. Um dos membros do grupo era Germain Mattis, instrutorwww casadeapostas comesqui que acabou preso pelos alemãeswww casadeapostas com1944 e mortowww casadeapostas comum campowww casadeapostas comconcentração aos 27 anos.

Essa pode ter sido a razãowww casadeapostas comMarion ter escolhido Val d'Isère como esconderijo. Seu futuro marido, Pierre Haymann, não só era membro da resistência, como também tinha raízes familiares na Alsácia. É bem possível que ele tivesse conexões no resort.

Confiando no médico Pétri, Marion deixouwww casadeapostas comirmã se recuperando da perna quebradawww casadeapostas comVal d'Isère e seguiu viagem rumo a Toulouse, onde estava Pierre. Foi só seis meses depois,www casadeapostas com1944, que ela voltou ao local. Agora grávida, ela contou que escapou por pouco da SS no caminho.

Na tentativawww casadeapostas comconhecer mais as atividadeswww casadeapostas comresistência nazistawww casadeapostas comVal d'Isère, a reportagem da BBC enviou diversos e-mails a locais e deixou postagens na páginawww casadeapostas comFacebook do resort. Só recebeu uma resposta,www casadeapostas comRoby Joffo, cujo tio, Joseph Joffo, escreveu um dos mais conhecidos livros franceses sobre o Holocausto, Os Meninos que Enganavam os Nazistas.

O paiwww casadeapostas comRoby, Jenri, e seu tio Mauricio (os irmãos mais velhoswww casadeapostas comJoseph Joffo), também estavam tentando se manter incógnitoswww casadeapostas comVal d'Isère durante o invernowww casadeapostas com1943 e 44, embora se sentissem seguros o bastante para trabalharwww casadeapostas comum cabeleireiro na rua principal,www casadeapostas comfrente ao chaléwww casadeapostas comPétri. As duas famílias, Joffo e Pétri, se mantêm próximas até hoje.

Roby assegura que havia mais judeus se escondendo no vale naquela época. Ele telefona a conhecidoswww casadeapostas comVal d'Isère para perguntar a respeito, mas ninguém parece ter mais informações.

O Holocausto na França

Cercawww casadeapostas com75 mil judeus foram deportados da França para camposwww casadeapostas comconcentração entre 1940 e 1944. Sówww casadeapostas com1995 que o então presidente Jacques Chirac admitiu a responsabilidade francesa. "Aquelas horas escuras para sempre mancharão nossa história, e insultamos nosso passado e nossas tradições", ele declarou. "Sim, a loucura criminosa dos ocupantes foi secundada pelos franceses, pelo Estado francês."

Só duas autoridades francesas foram condenadas por crimes contra a humanidade. Uma foi Paul Touvier, chefewww casadeapostas cominteligência local que serviu sob Klaus Barbie. O outro foi Maurice Papon, presowww casadeapostas com1998 por ter participado da deportaçãowww casadeapostas com1,7 mil judeuswww casadeapostas comBordeaux. O alemão Barbie, porwww casadeapostas comvez, foi extraditado da Bolívia à Françawww casadeapostas com1983 e condenado por crimes contra a humanidade.

Christel diz que não se surpreende pelo silênciowww casadeapostas comtorno daquele períodowww casadeapostas comVal d'Isère. Ela diz que ninguém nunca fala a respeito do que aconteceu durante a guerra, motivo pelo qual até mesmo famílias que ainda moram ali não têm ideiawww casadeapostas comque membros da resistência francesa agiam na região.

A guerra dividiu comunidades, explica Jane Metter, que pesquisa esse período na Universidade Queen Mary,www casadeapostas comLondres. Para os que colaboraram com o regime nazista e os que resistiram a ele, "a única formawww casadeapostas comcontinuar a conviver com seus vizinhos no pós-guerra era esquecer o que havia acontecido".

O atowww casadeapostas comFrédéric Pétri,www casadeapostas comter escondido Huguette, era algo "100% perigosowww casadeapostas comse fazer", e algo que não necessariamente seria aplaudido após a libertação francesa, uma vez que a região era "altamente católica, conservadora ewww casadeapostas comdireita".

Os arquivoswww casadeapostas comAnnecy, pertowww casadeapostas comVal d'Isère, estão repletoswww casadeapostas comcartas escritas a autoridades durante a guerra, muitas vezes anonimamente, denunciando as pessoas por seus atoswww casadeapostas comresistência.

Dois meses depois que as irmãs foram embora dali, Val d'Isère foi libertada dos nazistas. Mas a resistência local continuouwww casadeapostas comação, apoiando seus companheiros na Itália, que ainda estava ocupada pelos alemães. Novamente Pétri colocariawww casadeapostas comvidawww casadeapostas comrisco por um completo estranho:www casadeapostas comuma noitewww casadeapostas cominvernowww casadeapostas comnovembrowww casadeapostas com1944, ele foi resgatar um grupowww casadeapostas comsoldados britânicos que havia ficado retido pela neve nas montanhas.

Quando Pétri alcançou o grupo britânico, só havia um sobrevivente do frio extremo. Alfred Southon mal conseguia respirar, mas Pétri se recusou a abandoná-lo. Carregou-owww casadeapostas comsuas costas até chegar a seu chalé e, com a ajuda da mãe, cuidou dele até que se recuperasse.

Mais uma vez, essa iniciativa talvez se mostrasse impopularwww casadeapostas comVal d'Isère, já que muitos franceses se ressentiam do que viam como abandono britânico a eleswww casadeapostas commomentos da guerra. Assim como Pétri havia se silenciado sobrewww casadeapostas comajuda a Huguette, ele tampouco mencionouwww casadeapostas comajuda ao soldado britânico — até que o próprio Southon se tornasse uma celebridade dentro do Reino Unido,www casadeapostas com1953, quandowww casadeapostas comhistória foi contadawww casadeapostas comum documentáriowww casadeapostas comrádio da BBC.

Marion se casou com Pierre e, depois da guerra, estabeleceu-sewww casadeapostas comParis com seus dois filhos pequenos, François e Sylvie, alémwww casadeapostas comHuguette. O casamento durou pouco, e Marion mais tarde recomeçou a vidawww casadeapostas comLondres, com seu segundo marido, Joe Judah, e seu terceiro filho, Tim.

Em 1947, Huguette foi a San Francisco encontrar-se com seu pai, que havia sobrevivido à guerra vivendo escondidowww casadeapostas comParis. Nos EUA, ela apaixonou-se por James Carleton e teve um filho, Norman. Desde então mora lá.

Uma bandeja prateada que pertencia awww casadeapostas commãe adorna hojewww casadeapostas comelegante casa.

Huguette agora anseia que a bravura e a gentilezawww casadeapostas comPétri sejam reconhecidas. A reportagem da BBC entrouwww casadeapostas comcontato com o Yad Vashem, Centrowww casadeapostas comMemória do Holocaustowww casadeapostas comJerusalém, para perguntar se este consideraria reconhecer Pétri como os chamados "justos entre as nações" — listawww casadeapostas comindivíduos não judeus que arriscaram suas vidas para ajudar judeus durante os anos do Holocausto.

O Yad Vashem explica que esse reconhecimento pode levar anos.

A história da Segunda Guerra ainda persegue a França. A decisãowww casadeapostas comHuguettewww casadeapostas comrevisitar o período mais difícilwww casadeapostas comsua vida dá também a Val d'Isère a chancewww casadeapostas comfazê-lo, mas ainda não está claro se a cidade estará pronta para isso.

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