O homem que ajudou Putin a chegar ao poder na Rússia há 20 anos:bet zzz

Um 'deputado brilhante'

Valentin Yumashev teve um papel fundamental para alçar Vladimir Putin à presidência da Rússia. O ex-jornalista que se tornou oficial do Kremlin raramente dá entrevistas, mas concordoubet zzzcontarbet zzzhistória à BBC.

Yumashev foi um dos assessoresbet zzzmaior confiançabet zzzBoris Yeltsin – inclusive, se casou com a filhabet zzzYeltsin, Tatyana. Como chefebet zzzgabinete, Yumashev deu a Putin seu primeiro emprego no Kremlin,bet zzz1997.

"Anatoly Chubais (nome importante da cúpula do governobet zzzYeltsin) me disse que conhecia um gestor forte, que seria um bom adjunto", lembra Yumashev.

"Ele me apresentou a Vladimir Putin e começamos a trabalhar juntos. Percebi imediatamente o trabalho fantásticobet zzzPutin. Ele era brilhante na formulaçãobet zzzideias, na análise e na argumentaçãobet zzzseus pontos."

Perguntei: houve algum momentobet zzzque você pensou que esse homem poderia ser presidente?

"Yeltsin tinha vários candidatosbet zzzmente, como Boris Nemtsov, Sergei Stepashin e Nikolai Aksenenko. Yeltsin e eu conversamos muito sobre possíveis sucessores. Em algum momento, falamosbet zzzPutin.

"Yeltsin me perguntou: 'O que você achabet zzzPutin?'. Acho que ele é um excelente candidato, respondi. E que você deveria considerá-lo. Está claro pela maneira como trabalha que ele está pronto para tarefas mais difíceis."

O passadobet zzzPutin na KGB foi algum empecilho?

"Muitos agentes da KGB, como Putin, deixaram a organização, percebendo que ela estava desacreditada. O fatobet zzzele ser ex-KGB não significava nada. Putin havia se mostrado um liberal e um democrata, com vontadebet zzzcontinuar as reformasbet zzzmercado."

Sucessão silenciosa

Em agostobet zzz1999, Boris Yeltsin nomeou Vladimir Putin primeiro-ministro. Era um sinal clarobet zzzque Putin estava sendo preparado para chefiar o Kremlin.

Ainda faltava um ano para Yeltsin deixar o cargo, masbet zzzdezembrobet zzz1999, ele tomou a decisão inesperadabet zzzlargar o poder.

"Três dias antes do Ano Novo, Yeltsin chamou Putin àbet zzzresidência no campo. Ele me pediu para estar presente, assim como seu novo chefebet zzzgabinete, Alexander Voloshin. Ele disse a Putin que não ficaria (no cargo) até julho, mas sim 31bet zzzdezembro."

"Apenas um pequeno grupobet zzzpessoas sabia: eu, Voloshin, Putin e a filhabet zzzYeltsin, Tatyana. Yeltsin nem contou à esposa."

Yumashev foi encarregadobet zzzescrever o discursobet zzzrenúnciabet zzzYeltsin.

"Foi um discurso difícilbet zzzescrever. Era evidente que o texto entraria na história. A mensagem era importante. Foi por isso que escrevi a famosa frase: 'Perdoem-me'".

"Os russos sofreram tantos choques e estresses nos anos 90. Yeltsin teve que falar sobre isso".

Na vésperabet zzzAno Novobet zzz1999, Boris Yeltsin gravou seu último pronunciamentobet zzzTV.

"Foi um choque para todos os presentes. Exceto para mim, que havia escrito o discurso. As pessoas começaram a chorar. Foi um momento sensível."

"Mas era importante que as notícias não vazassem. Ainda faltavam quatro horas para o anúncio oficial. Então, todas as pessoas na sala estavam trancadas, não tinham permissão para sair. Peguei a fita e fui até a estaçãobet zzzTV. O discurso foi transmitido ao meio-dia".

Vladimir Putin tornou-se presidente interino. Três meses mais tarde, venceu a eleição.

Um membro 'da Família'?

Valentin Yumashev é frequentemente referido como um membro "da Família": o círculo mais próximo a Boris Yeltsin que exerceria influência sobre ele no final dos anos 90.

Yumashev descarta a existência da "Família", classificando-a como "um mito, uma invenção".

Mas há poucas dúvidasbet zzzque, nos anos 90, com o presidente Yeltsin passando por problemasbet zzzsaúde, o líder do Kremlin depositou cada vez maisbet zzzconfiançabet zzzum círculo estreitobet zzzparentes, amigos e figuras do empresariado.

"A comitivabet zzzPutin não exerce influência assim", explica o cientista político Valery Solovei sobre a atualidade.

"Existem duas categoriasbet zzzpessoas às quais Putin se inclina: amigosbet zzzinfância, como os irmãos Rotenberg; e aqueles que serviram na KGB soviética."

"Mas ele não superestima a lealdade deles. Yeltsin confiavabet zzzmembrosbet zzzsua família. Putin não confiabet zzzninguém."

'Não me arrependo: os russos ainda confiambet zzzPutin'

Putin está no poder há 20 anos, seja como presidente ou primeiro-ministro. Nesse período, ele solidificou um sistemabet zzzpoder que girabet zzztorno dele. Sob seu comando, a Rússia se tornou um estado cada vez mais autoritário, com menos direitos e liberdades democráticas.

"Yeltsin acreditava que tinha uma missão, e Putin também", diz Solovei. "Yeltsin se via como Moisés: ele queria levar seu país para fora da escravidão comunista."

"A missãobet zzzPutin é voltar ao passado. Ele quer vingar o que chamabet zzz'a maior catástrofe geopolítica do século 20', a queda da União Soviética. Ele ebet zzzcomitiva, ex-oficiais da KGB, acreditam que a destruição da União Soviética foi o trabalho dos serviçosbet zzzinteligência ocidentais".

O Vladimir Putinbet zzzhoje é quase irreconhecívelbet zzzcomparação com a figura liberal que Yumashev conheceu no início.

Então, o ex-chefebet zzzPutin se arrependebet zzzter lhe dado um emprego?

"Não me arrependo", diz Yumashev, acrescentando: "Está claro que os russos ainda confiambet zzzPutin".

Ainda assim, Yumashev acha que a renúnciabet zzzBoris Yeltsin deve servirbet zzzlição para todos os presidentes russos: "É muito importante deixar o cargo e abrir caminho para os jovens. Para Yeltsin, isso foi incrivelmente importante".

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