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Cuidadorjean santos blazecasas abandonadas vira profissãojean santos blazealtajean santos blazemeio à crise na Venezuela:jean santos blaze
"Ganho mais que muita gente que passou anos e anosjean santos blazeuma universidade. Ainda assim, o dinheiro não dá pra nada. Está tudo muito caro", lamenta ela, que pediu para não ser identificada.
Alguém para acender a luz
A maioria dos que abandonam o país deixa as chaves com algum familiar ou um vizinho - alternativas economicamente mais viáveis para muita gente, sem a necessidadejean santos blazerecorrer a cuidadores.
Naturaljean santos blazeCaracas, Luisa* vivejean santos blazeum bairro na região sudeste cidade,jean santos blazeum edifício que está "praticamente desocupado".
"O apartamento aqui ao lado,jean santos blaze60 m², esteve vazio por quatro anos. Uma vizinha vinha toda noite acender as luzes e voltava pela manhã para apagá-las."
Ela explica que muita gente adota essa estratégia para tentar evitar que a casa seja invadida ou expropriada. "Minha mãe tinha vários apartamentosjean santos blazeCaracas. Um deles foi expropriado pelo governo e outro, invadido", diz.
O governojean santos blazeNicolás Maduro anunciou recentemente a realizaçãojean santos blazeum censo para verificar quantas propriedades estão hoje desocupadas no país. A oposição, alémjean santos blazemuitos proprietáriosjean santos blazeimóveis, veem o anúncio como uma ameaçajean santos blazepossível expropriação das casas daqueles que decidiram sair do país.
Luisa, que é advogada, explica que o código penal venezuelano considera delito a invasão a um domicílio, mas ressalta que essa é uma lei "que simplesmente não se cumpre".
"A lei também prevê o dobro da pena para quem promove a invasão, que, neste caso, é o próprio governo venezuelano", opina.
A crise econômica pela qual a Venezuela passa já forçou 4 milhõesjean santos blazepessoas a abandonarem o país,jean santos blazeacordo com os números do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Muitos proprietários preferiram deixar as chavesjean santos blazesuas casas com pessoasjean santos blazeconfiança a tentar vender ou alugal o imóvel.
"Não quis vender porque os preços caíram muito. O valor da minha casa, por exemplo, caiu pertojean santos blaze40%", afirma Fabiana*, venezuelana que hoje vive no Peru.
Colocar para alugar também não é uma opção. "Você precisajean santos blazeum sujeitojean santos blazeconfiança como inquilino, sob o riscojean santos blazeque alguém acabe ocupando ou invadindo o imóvel."
Aprovada na administraçãojean santos blazeHugo Chávez, a Lei Contra o Despejo e a Desocupação Arbitráriajean santos blazeDomicílios,jean santos blaze2011, determina que não pode haver despejo forçado sem que antes se garanta uma moradia para a parte afetada, já que este seria um direito socialjean santos blazequalquer cidadão.
Também por isso, pouca gente se arrisca a alugar seus imóveis para terceiros.
Entre US$ 50 e US$ 100 mensais
"As pessoas querem alugar porque, quando a casa fica muito tempo vazia, ela acaba se deteriorando. Mas, como as leis venezuelanas não protegem o proprietário, muitos preferem correr o riscojean santos blazeter casa destruída", afirma Emiliana Romero, fundadora da Casa Viva, empresa que se dedica a cuidar das casasjean santos blazevenezuelanos que deixaram o país por causa da crise.
Emiliana teve a ideiajean santos blazecriar o negócio quando voltou à Venezuela depoisjean santos blazevários anos vivendo no exterior.
"Quando cheguei, meu apartamento estavajean santos blazeruínas. E então me ocorreu que, assim como o meu, daveriam existir milharesjean santos blazeimóveisjean santos blazesituação parecida."
A demanda, ela diz, é alta - mas conseguir novos clientes é difícil. "Funciona no boca a boca, porque aqui ninguém vai dar as chavesjean santos blazecasa a quem não confia. Existe muita desconfiança hoje na Venezuela", explica.
A empresa cobra entre US$ 50 e US$ 100 por mês para cuidarjean santos blazeum imóvel. Um percentual desse dinheiro vai para a pessoa encarregada da limpeza duas vezes por mês.
"Vou pela manhã abrir a casa e ver o que está faltando. Digo então à senhora que me ajuda com a limpeza quais os espaços que devemos priorizar e se há infiltração ou algum outro problema. Volto à tarde para fechar o imóvel e verificar se está tudojean santos blazeordem", ela conta.
Ela mesmo reconhece, entretanto, que US$ 50 é, para muitos venezuelanos, "muito dinheiro". "O venezuelano empobreceu muito, independentemente da classe social."
'Parece uma casajean santos blazerepouso'
Luisa prefere acionar os vizinhos a pedir alguém da família para cuidarjean santos blazesua casa.
"Um vizinho consegue saber mais rapidamente se algo estranho está acontecendo na casa e pode recolher com regularidade a correspondência, o que é importantíssimo. Quando os papéis começam a se acumularjean santos blazefrente à porta, os potenciais invasores podem perceber que o apartamento está vazio."
Estela* vive desde a infânciajean santos blazeum edifício com 84 apartamentos no centrojean santos blazeCaracas. Hoje, metade dele está vazio. "Parece uma casajean santos blazerepouso. Todos os jovens foram embora", diz a senhorajean santos blaze80 anos.
Ela toma conta do apartamentojean santos blazeum vizinho. "Todos os dias acendo e apago as luzes. Abro as janelas para que entre um poucojean santos blazear. Só não cuido da limpeza, mas eles contrataram uma pessoa especificamente para isso."
O proprietário, que vive nos EUA, costuma pagar-lhe US$ 2 por mês.
Um paísjean santos blaze"todeiros"
Emiliana Romero elogia a criatividade do venezuelano e a vontadejean santos blazeseguirjean santos blazefrente mesmo nos momentos mais difíceis.
"Na Venezuela somos hoje todos "todeiros": fazemosjean santos blazetudo. Usamos a criatividade para fazer algum dinheiro. Como os salários são muito baixos, ter um emprego não é suficiente."
A empreendedora diz ainda que há outras vertentes nascendo do negócio. "Tenho um amigo que está cuidandojean santos blazebarcos. É dentista, mas, como precisa se virar e adora barcos, começou a cuidarjean santos blazeumjean santos blazeum senhor que foi embora e percebeu que também há muitas embarcações abandonadas."
Outro negócio que tem crescido exponencialmente, ela acrescenta, é ojean santos blazecuidadoresjean santos blazeidosos, dando assistência aos mais velhos deixados por aqueles que não conseguiram levá-los. "Existe oportunidadejean santos blazetoda crise, o importante é saber aproveitá-las."
*Os nomes foram mudados a pedido dos entrevistados.
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